Paulo Moreira Leite
Ideia para zerar o déficit público: cobrar multa toda vez que determinados economistas publicassem artigos tendenciosos e errados sobre a economia brasileira. Piadinhas pedantes seriam punidas com pagamentos adicionais.
Ia entrar tanto dinheiro que daria até para diminuir o impostometro, outra obsessão dessa turma. Em plena crise mundial, a agência de classificação Standard & Poor’s acaba de elevar a nota de risco soberano de longo prazo do Brasil de BBB- para BBB, e a nota de risco de longo prazo da moeda de BBB+ para A. Ao mesmo tempo, a S& P reafirmou as notas de curto prazo para país de A-3 para moeda estrangeira e A-2 para a moeda local. Conforme a agencia, a perspectiva do país é estável. Conclusão: ao contrário do que nossos sábios diziam, a economia brasileira não só está bem – relativamente – mas está sendo promovida na avaliação internacional.
No mês passado, outra agência, a Fitch, confirmou a nota de risco BBB do Brasil, com perspectiva estável. O rating BBB do Brasil foi obtido em abril, quando a Fitch elevou a nota soberana de crédito do país, que era BBB-. Em agosto, a agência japonesa R&I Japan também elevou a nota do Brasil. A agência Moody’s também fez o mesmo movimento em junho passado ao elevar a nota brasileira de “Baa3″ para “Baa2″.
Vamos combinar: a economia está em queda livre no mundo e não se pode dizer que o Brasil é uma ilha de prosperidade em meio ao colapso internacional. Crescemos 7,5% em 2010 e agora o pais está em guerra para fechar o ano com 3%.
A discussão não é essa mas saber se o governo fez o possível para dar respostas coerentes com a as mudanças na conjuntura.
Sabemos que as agencias de risco não são monumentos à sabedoria. Erram muito. Perderam boa parte de sua credibilidade em 2008, quando davam atestado de boa saúde a bancos que estavam à beira do precipício. Mas as profecias apocalípticas de determinados economistas são inesquecíveis. Nos primeiros meses do ano, diziam que a inflação iria explodir, que as medidas macroprudenciais não iriam funcionar e que era preciso jogar os juros nas alturas.
A inflação não explodiu e, nos piores meses, ficou muito próximo da meta. Os juros não foram às alturas. Ainda bem: se tivesse seguido tais conselhos, o Banco Central teria jogado o Brasil numa recessão grega.
(Na época, escrevi que era isso nossos sábios gostariam, pois têm uma idéia fixa de derrubar o crescimento. Eles observam que crescimento prolongado mantém o desemprego baixo e acreditam que isso é ruim para a inflação, pois as empresas precisam contratar mais funcionários e não podem pagar salários baixos. Neste caso, nossos economistas abandonam seus pruridos de quem acredita no mercado, apenas no mercado, e pedem intervenção do Estado para dar um jeito na situação. Deveriam pagar uma multa em dobro por espírito anti-social).
Em agosto, formou-se um novo coral de indignados quando o Banco Central cortou os juros em 0,5. Dizia-se que era pura interferencia política do Planalto, sem razão técnica. Mais uma vez se ouvia um coralzinho fúnebre sobre a autonomia da instituição. Vamos recordar o tamanho dos absurdos.
O BC dizia que a Europa estava afundando – coisa que nossos sábios, mais uma vez, não eram capazes de enxergar mas mesmo assim não perderam o tom nem a agressividade. O BC também dizia que havia espaço para derrubar os juros. Outro motivo para tomar pancada.
Aprendi, com um antigo presidente do Banco Central, que hoje se dedica a distribuir profecias negativas, que o pessimismo costuma render mais do que as boas noticias. “Quando mais pessimista for sua análise, mais altos serão seus honorários. Ninguém quer ser pego de surpresa.” Faz sentido.
Mesmo assim, diante de tal retrospecto, estes economistas poderiam pelo menos assumir um pouco de humildade para dizer que erraram, erraram, erraram…
Leia entrevistas e textos que o blogue publicou sobre o assunto:
Aqui, um executivo da construção civil explica a queda dos juros
Aqui, recorda-se o costume de maldizer a sorte quando a economia vai bem
Aqui, comenta-se as críticas a decisão de reduzir os juros
Leia mais em: O Esquerdopata Ideia para zerar o déficit público: cobrar multa toda vez que determinados economistas publicassem artigos tendenciosos e errados sobre a economia brasileira. Piadinhas pedantes seriam punidas com pagamentos adicionais.
Ia entrar tanto dinheiro que daria até para diminuir o impostometro, outra obsessão dessa turma. Em plena crise mundial, a agência de classificação Standard & Poor’s acaba de elevar a nota de risco soberano de longo prazo do Brasil de BBB- para BBB, e a nota de risco de longo prazo da moeda de BBB+ para A. Ao mesmo tempo, a S& P reafirmou as notas de curto prazo para país de A-3 para moeda estrangeira e A-2 para a moeda local. Conforme a agencia, a perspectiva do país é estável. Conclusão: ao contrário do que nossos sábios diziam, a economia brasileira não só está bem – relativamente – mas está sendo promovida na avaliação internacional.
No mês passado, outra agência, a Fitch, confirmou a nota de risco BBB do Brasil, com perspectiva estável. O rating BBB do Brasil foi obtido em abril, quando a Fitch elevou a nota soberana de crédito do país, que era BBB-. Em agosto, a agência japonesa R&I Japan também elevou a nota do Brasil. A agência Moody’s também fez o mesmo movimento em junho passado ao elevar a nota brasileira de “Baa3″ para “Baa2″.
Vamos combinar: a economia está em queda livre no mundo e não se pode dizer que o Brasil é uma ilha de prosperidade em meio ao colapso internacional. Crescemos 7,5% em 2010 e agora o pais está em guerra para fechar o ano com 3%.
A discussão não é essa mas saber se o governo fez o possível para dar respostas coerentes com a as mudanças na conjuntura.
Sabemos que as agencias de risco não são monumentos à sabedoria. Erram muito. Perderam boa parte de sua credibilidade em 2008, quando davam atestado de boa saúde a bancos que estavam à beira do precipício. Mas as profecias apocalípticas de determinados economistas são inesquecíveis. Nos primeiros meses do ano, diziam que a inflação iria explodir, que as medidas macroprudenciais não iriam funcionar e que era preciso jogar os juros nas alturas.
A inflação não explodiu e, nos piores meses, ficou muito próximo da meta. Os juros não foram às alturas. Ainda bem: se tivesse seguido tais conselhos, o Banco Central teria jogado o Brasil numa recessão grega.
(Na época, escrevi que era isso nossos sábios gostariam, pois têm uma idéia fixa de derrubar o crescimento. Eles observam que crescimento prolongado mantém o desemprego baixo e acreditam que isso é ruim para a inflação, pois as empresas precisam contratar mais funcionários e não podem pagar salários baixos. Neste caso, nossos economistas abandonam seus pruridos de quem acredita no mercado, apenas no mercado, e pedem intervenção do Estado para dar um jeito na situação. Deveriam pagar uma multa em dobro por espírito anti-social).
Em agosto, formou-se um novo coral de indignados quando o Banco Central cortou os juros em 0,5. Dizia-se que era pura interferencia política do Planalto, sem razão técnica. Mais uma vez se ouvia um coralzinho fúnebre sobre a autonomia da instituição. Vamos recordar o tamanho dos absurdos.
O BC dizia que a Europa estava afundando – coisa que nossos sábios, mais uma vez, não eram capazes de enxergar mas mesmo assim não perderam o tom nem a agressividade. O BC também dizia que havia espaço para derrubar os juros. Outro motivo para tomar pancada.
Aprendi, com um antigo presidente do Banco Central, que hoje se dedica a distribuir profecias negativas, que o pessimismo costuma render mais do que as boas noticias. “Quando mais pessimista for sua análise, mais altos serão seus honorários. Ninguém quer ser pego de surpresa.” Faz sentido.
Mesmo assim, diante de tal retrospecto, estes economistas poderiam pelo menos assumir um pouco de humildade para dizer que erraram, erraram, erraram…
Leia entrevistas e textos que o blogue publicou sobre o assunto:
Aqui, um executivo da construção civil explica a queda dos juros
Aqui, recorda-se o costume de maldizer a sorte quando a economia vai bem
Aqui, comenta-se as críticas a decisão de reduzir os juros
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