AS RUAS DIZEM NÃO À DEMOCRACIA DOS BANQUEIROSIndignados norte-americanos protestaram nesta 5ª feira em vários pontos do país, reafirmando sua vitalidade no aniversário de dois meses do Occupy Wall Street . Repressão violenta em Nova Iorque fez 300 prisões. http://occupystreams.org/item/occupy-nyc-liberty-plaza .
Também na Itália, em mais de 60 cidades, milhares de
pessoas foram às ruas contra o diretório ortodoxo liderado por Mario Monti. 'Não ao governo dos banqueiros': gritavam os estudantes em Roma e Turim, duramente reprimidos. Na Grécia, não foi diferente. Protestos contra o arrocho do FMI mobilizaram pelo menos 15 mil pessoas, atacadas com bombas e cassetetes. Na Espanha, a 48 horas de eleições que devem selar a vitória do extremismo neoliberal, os indignados voltaram ontem à Praça do Sol, em Madrid e em todo o país, buscando nas ruas a alternativa ao regresso do PP, de Aznar, ao poder. Não exagera quem vê nessas manifestações sintomas de uma confronto consciente, crescente e sem volta entre as ruas e os banqueiros. Pelo menos nesse momento, o conflito passa ao largo do sistema partidário e do arcabouço legal que se rendeu à hegemonia das finanças na Europa. Mario Draghi, do BCE; Mario Monti, premiê italiano, e Papademos, da Grécia, são todos ex- funcionários do banco Goldman Sachs. (LEIA MAIS.)
Victor Mallet em Madri e Richard Milne e David Oakley em Londres
Financial Times, 17.11.2011
A Espanha foi empurrada para o centro da crise da dívida da zona do euro na quinta-feira, quando investidores forçaram para cima o custo dos empréstimos feitos pelo país três dias antes de uma eleição geral que, segundo pesquisas, vai derrubar do poder o Partido Socialista.
O Tesouro espanhol emitiu 3,6 bilhões de euro em papéis que vencem em dez anos com taxa de risco média de 6,975%, a maior desde 1997 e considerada insustentável.
Em outro dia de recordes no mercado, o prêmio demandado por investidores para a dívida espanhola de 10 anos em relação aos papéis da Alemanha — uma medida da expectativa de risco — atingiu 499 pontos. O prêmio da França passou dos 200 pontos antes que compras pesadas do Banco Central Europeu relaxassem as tensões.
“Meu maior medo é que o mercado de papéis de governos da zona do euro está quebrado e vai ser impossível consertar”, disse um estrategista de crédito do Citi, Matt King.
Esta semana, mesmo países com classificação de risco AAA [a mais alta], como a França, a Holanda, a Finlândia e a Áustria viram a taxa de risco de seus papéis subir. “Atravessamos o Rubicão nesta crise”, disse Richard McGuire, estrategista do Rabobank. “Os mercados estão precificando a quebra do euro, no momento em que os países centrais sofrem”.
Os investidores não parecem ter se acalmado com a perspectiva de um novo governo espanhol para substituir o do socialista José Luis Rodríguez Zapatero, nem com a indicação de Mario Monti, ex-comissário europeu, como novo primeiro-ministro da Itália, com um ministério de tecnocratas sem mandato.
“Estamos sob cerco, mas vamos sair desta”, disse a militantes, num comício, Mariano Rajoy, líder do Partido Popular, de centro-direita, homem que se espera seja eleito primeiro-ministro depois das eleições gerais de domingo.
Num discurso no Parlamento italiano em que apresentou seus planos de reforma econômica, o sr. Monti disse que “sacrifícios” serão repartidos quando seu governo tratar de equilibrar o orçamento, o que promete fazer até 2013. Centenas de estudantes protestaram em Milão, a capital financeira da Itália, contra o que chamaram de “governo de banqueiros” do sr. Monti.
O sr. Rajoy prometeu manter os alvos de redução do déficit e implementar uma vasta gama de reformas econômicas se vencer a eleição. Criticando a crença europeia de que tecnocratas poderão resolver esta crise, ele disse na quarta-feira que políticos, não tecnocratas, são aqueles “que fizeram as grandes coisas no curso da história”.
A Grécia também tem um tecnocrata como primeiro-ministro, Lucas Papademos. “Eu acredito em democracia e em bons políticos”, disse o sr. Rajoy.
A Hungria, por sua vez, buscou na quinta-feira o apoio do Fundo Monetário Internacional, uma mudança de 180 graus em menos de 18 meses, depois que o país se negou a aprofundar sua cooperação com o FMI.
Budapeste disse que buscaria um acordo “de segurança” que não provocaria aumento da dívida do estado. Acredita-se que o governo está em busca de uma linha de liquidez de precaução — um programa redesenhado pelo qual o FMI busca proteger países ameaçados por crises financeiras.
O forint, que tem estado sob forte pressão em dias recentes, imediatamente subiu mais de 2% contra o euro e as ações húngaras subiram 4%.
Additional reporting by Neil Buckley in London
Leia também:
Economist: Notas de 500 euros vão rechear colchões
Gilson Caroni Filho: A luta contra a barbárie capitalista
Paulo Nogueira Batista: Bem que eu avisei
Financial Times: O último que sair apaga a luz
Goldman Sachs aposta no fim da zona do euro
Bancos franceses podem empurrar Europa de volta à crise total
Também na Itália, em mais de 60 cidades, milhares de
pessoas foram às ruas contra o diretório ortodoxo liderado por Mario Monti. 'Não ao governo dos banqueiros': gritavam os estudantes em Roma e Turim, duramente reprimidos. Na Grécia, não foi diferente. Protestos contra o arrocho do FMI mobilizaram pelo menos 15 mil pessoas, atacadas com bombas e cassetetes. Na Espanha, a 48 horas de eleições que devem selar a vitória do extremismo neoliberal, os indignados voltaram ontem à Praça do Sol, em Madrid e em todo o país, buscando nas ruas a alternativa ao regresso do PP, de Aznar, ao poder. Não exagera quem vê nessas manifestações sintomas de uma confronto consciente, crescente e sem volta entre as ruas e os banqueiros. Pelo menos nesse momento, o conflito passa ao largo do sistema partidário e do arcabouço legal que se rendeu à hegemonia das finanças na Europa. Mario Draghi, do BCE; Mario Monti, premiê italiano, e Papademos, da Grécia, são todos ex- funcionários do banco Goldman Sachs. (LEIA MAIS.)
(Carta Maior; 6ª feira, 18/11/ 2011)
Mercados já precificam a quebra do euro
Espanha empurrada para o centro da crise do euroVictor Mallet em Madri e Richard Milne e David Oakley em Londres
Financial Times, 17.11.2011
A Espanha foi empurrada para o centro da crise da dívida da zona do euro na quinta-feira, quando investidores forçaram para cima o custo dos empréstimos feitos pelo país três dias antes de uma eleição geral que, segundo pesquisas, vai derrubar do poder o Partido Socialista.
O Tesouro espanhol emitiu 3,6 bilhões de euro em papéis que vencem em dez anos com taxa de risco média de 6,975%, a maior desde 1997 e considerada insustentável.
Em outro dia de recordes no mercado, o prêmio demandado por investidores para a dívida espanhola de 10 anos em relação aos papéis da Alemanha — uma medida da expectativa de risco — atingiu 499 pontos. O prêmio da França passou dos 200 pontos antes que compras pesadas do Banco Central Europeu relaxassem as tensões.
“Meu maior medo é que o mercado de papéis de governos da zona do euro está quebrado e vai ser impossível consertar”, disse um estrategista de crédito do Citi, Matt King.
Esta semana, mesmo países com classificação de risco AAA [a mais alta], como a França, a Holanda, a Finlândia e a Áustria viram a taxa de risco de seus papéis subir. “Atravessamos o Rubicão nesta crise”, disse Richard McGuire, estrategista do Rabobank. “Os mercados estão precificando a quebra do euro, no momento em que os países centrais sofrem”.
Os investidores não parecem ter se acalmado com a perspectiva de um novo governo espanhol para substituir o do socialista José Luis Rodríguez Zapatero, nem com a indicação de Mario Monti, ex-comissário europeu, como novo primeiro-ministro da Itália, com um ministério de tecnocratas sem mandato.
“Estamos sob cerco, mas vamos sair desta”, disse a militantes, num comício, Mariano Rajoy, líder do Partido Popular, de centro-direita, homem que se espera seja eleito primeiro-ministro depois das eleições gerais de domingo.
Num discurso no Parlamento italiano em que apresentou seus planos de reforma econômica, o sr. Monti disse que “sacrifícios” serão repartidos quando seu governo tratar de equilibrar o orçamento, o que promete fazer até 2013. Centenas de estudantes protestaram em Milão, a capital financeira da Itália, contra o que chamaram de “governo de banqueiros” do sr. Monti.
O sr. Rajoy prometeu manter os alvos de redução do déficit e implementar uma vasta gama de reformas econômicas se vencer a eleição. Criticando a crença europeia de que tecnocratas poderão resolver esta crise, ele disse na quarta-feira que políticos, não tecnocratas, são aqueles “que fizeram as grandes coisas no curso da história”.
A Grécia também tem um tecnocrata como primeiro-ministro, Lucas Papademos. “Eu acredito em democracia e em bons políticos”, disse o sr. Rajoy.
A Hungria, por sua vez, buscou na quinta-feira o apoio do Fundo Monetário Internacional, uma mudança de 180 graus em menos de 18 meses, depois que o país se negou a aprofundar sua cooperação com o FMI.
Budapeste disse que buscaria um acordo “de segurança” que não provocaria aumento da dívida do estado. Acredita-se que o governo está em busca de uma linha de liquidez de precaução — um programa redesenhado pelo qual o FMI busca proteger países ameaçados por crises financeiras.
O forint, que tem estado sob forte pressão em dias recentes, imediatamente subiu mais de 2% contra o euro e as ações húngaras subiram 4%.
Additional reporting by Neil Buckley in London
Leia também:
Economist: Notas de 500 euros vão rechear colchões
Gilson Caroni Filho: A luta contra a barbárie capitalista
Paulo Nogueira Batista: Bem que eu avisei
Financial Times: O último que sair apaga a luz
Goldman Sachs aposta no fim da zona do euro
Bancos franceses podem empurrar Europa de volta à crise total
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