*Lula dá a receita: "as pessoas não desejam simplesmente votar a cada quatro anos; querem interação diária com os governos locais e nacionais, e participar da definição de políticas públicas.Se as instituições democráticas utilizassem as novas tecnologias de comunicação como instrumento de diálogo e não, apenas, para propaganda, elas passariam a respirar ar mais fresco" (Lula, no New York Times)
***CNT: Dilma lidera para 2014 e vence qualquer um no 2º turno. Conclusão: eles vão radicalizar * Crise da mídia eleva a tensão no país (aqui ).
‘O domínio ideológico da escola econômica neoliberal tem o poder de impedir grandes mudanças. Essa predominância constitui um verdadeiro "bloqueio ideológico" que, somado a debilidades do Estado atual, produzem uma grande dificuldade de governos de fazer política. Você não tem mais um Estado capaz de fazer política. O Estado americano, por exemplo, não passa de um comitê de empresas. O neoliberalismo não é um produto de Reagan ou Thatcher; é produto da derrota da luta social. A primeira coisa que Reagan e Thatcher fizeram foi derrotar os sindicatos. O Brasil precisa não apenas retomar sua industrialização, mas fazer sua reintegração produtiva no mundo. Nessa reacomodação interna e externa, deve inclusive rever questões como o protecionismo. Não é nada fora de propósito a presidente exigir das empresas que vão explorar o Pré-Sal um alto grau de conteúdo nacional. Os planos para o futuro, todavia, não podem prescindir de uma atenção especial à educação - não propriamente a educação técnica, mas a humanista, aquela que dê elementos para o cidadão entender e julgar. A democracia não pode se resumir ao voto. A cidadania é o exercício permanente de participação. É importante a consolidação de uma cultura democrática de debate em espaços de "controvérsia e discussão", a exemplo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social" (Luiz Gonzaga Belluzzo, por Inês Nassif, no especial '10 Anos do CDES'. Acesse o ícone nesta pág. e acompanhe o Seminário Internacional Sobre Desenvolvimento).
Pesquisa mostra o pessimismo como causa da queda de Dilma
Eduguim
A 114ª rodada da pesquisa CNT/MDA, que foi a campo entre 7 e 10 de julho, contrasta fortemente com a 113ª, levada a campo entre 1 e 5 de junho. Entre as datas de conclusão das duas pesquisas, passaram-se 35 dias. Nesse período, no cenário mais provável para a eleição de 2014 Dilma Rousseff perdeu 19,4 pontos percentuais, Marina Silva ganhou 8,2 pontos, Aécio Neves perdeu 1,8 pontos e Eduardo Campos ganhou 3,7 pontos.
A aprovação do desempenho pessoal de Dilma caiu 24,4 pontos, indo de 73,7% na pesquisa anterior para 49,3% nesta, e a desaprovação ao seu governo subiu de 20,4% para 47,3%, uma alta de 26,9 pontos, ou 131,8% de aumento na desaprovação à presidente da República.
Já a aprovação ao governo caiu de 54,2% para 31,3%, perda de 22,9 pontos devido, sobretudo, ao aumento dos percentuais de ruim (que foi de 5,5% para 13,9%) e péssimo (que foi de 3,5% para 15,6%).
A própria pesquisa explica a razão de piora tão acentuada no capital político de Dilma Rousseff e de seu governo. Há piora em pontos altamente sensíveis das expectativas do brasileiro em relação ao futuro, sobretudo na percepção do que ocorrerá com o mercado de trabalho, no qual a expectativa de aumento do desemprego saltou de 11,5% em junho para 20,4% em julho.
A expectativa em relação a queda do nível de renda ficou praticamente igual (8,5% em junho e 8,8% em julho). A expectativa sobre piora na saúde também (24,2% em junho e 25,7% em julho). A expectativa sobre piora na educação, idem (de 17% em junho e 18,1% em julho).
Mas é em outra área que causa alarme pelo imediatismo de suas oscilações na qualidade de vida das pessoas que ocorreu outra grande piora de expectativas: na segurança pública, os que acham que ela vai piorar passaram de 17,1% para 24,1%.
Nesse aspecto, os protestos de rua em junho aparecem como os indutores dessa sensação de piora na economia e na segurança.
Com 84% de aprovação a manifestações de rua que se concentraram com muito mais força em críticas ao governo federal e à sua titular, a queda de Dilma e de sua administração nem chega a ser tão ruim quanto poderia, o que se explica pelo entendimento de parcela minoritária da população de que o que está ruim nessa área também se deve a governos estaduais e municipais.
Eis que o medo do desemprego desponta como o principal problema para a imagem do governo federal e para a da sua titular. Os protestos de rua conferiram credibilidade aos vaticínios que a grande mídia vinha fazendo sobre piora na economia e, consequentemente, no meio de sobrevivência de todos: o emprego.
A percepção sobre segurança pública afeta menos o governo federal porque ele divide a responsabilidade com governos estaduais e municipais. Dessa maneira, o melhor caminho para Dilma e seu governo recuperarem aprovação está em conseguir impedir que os problemas na economia que os transtornos de junho ainda irão gerar se reflitam no nível de emprego. Se houver piora nesse setor, a coisa vai ficar feia.