Curva perigosa à direita – dizia uma das placas.
O Conservadorismo é o grande vencedor das manifestações.
Isso não é paradoxal.
Não há protesto de 100 mil, 500 mil a favor.
O Movimento Passe Livre foi para a rua protestar contra o Haddad e contra Dilma.
A violência da PM de São Paulo e a Rede Globo multiplicaram o fenômeno.
A Globo percebeu o sentido anti-Haddad e anti-Dilma do protesto e o encampou, apoiou, cobriu e lhe deu tela plana, com LSD e em HD.
A Globo passou a cobrir a anomia, o des-Governo até derrubá-lo.
Como dizia aquele amigo, velho comunista, que não caiu na esparrela do PPS: isso aí não dá em nada, ou derruba o Governo.
Acertou.
Derrubou o Governo Dilma e botou no lugar outro Governo Dilma.
O trabalho político passou a se desenvolver na arena da Copa das Confederações.
Por que a Copa passou a ser o alvo ?
Porque a Globo ganha com ela de qualquer jeito e em qualquer lugar: no Maracanã, na África do Sul ou na Coreia.
E para os conservadores e a Globo, a Copa tem uma maldição de origem: o Lula trouxe a Copa e a Dilma a realizará.
O Governo se deixou cercar.
O Governo se trancou na Economia.
E a Economia, como a Guerra, é sub-capítulo da Política (já ouvi isso em algum lugar).
O Governo Dilma não tem canal de voz ou de expressão.
É um leão sem dentes.
Sem microfone.
As redes sociais, claro, aglutinaram os manifestantes.
Mas, Facebook não é urna.
As manifestações se diziam apartidárias e horizontais.
Sem líderes.
Não há 100 mil pessoas apartidárias nas ruas.
A Globo deu o Partido e os líderes.
O partido da oposição e os líderes, seus âncoras pretensamente objetivos.
Esses jovens, fora os chamado “vândalos”, são brancos, estudantes e de classe média.
Ele tem uma renda maior do que os da Classe C que o Lula e a Dilma levaram para a classe média.
Eles devem muito pouco ou quase nada a esse processo de mobilidade social que levou 40 milhões de pessoas à classe media.
Eles já estavam lá.
Eles estão há pelo menos uma geração.
Eles nasceram na classe média.
Eles não respeitam os partidos, os políticos ou a democracia.
E, muitas vezes, nem os pais nem os professores.
Eles “just do it”.
Eles são mais eles.
E não tem nenhum apreço por esses que chegaram agora à classe média.
Esses “arrivistas”.
Esses “penetras” que enchem os aeroportos, os shopping centers, que se sentam ao meu lado na faculdade.
E daqui a pouco vão querer um carro igual ao que papai me deu.
E, imagine !, o emprego que era para ser meu !
Esses manifestantes cresceram com um sentimento difuso de anti-política, anti-partidos, anti-Governo.
Isso se deve, em boa parte, à generalizada despolitização da sociedade brasileira.
Uma juventude que pensa que JK é tônico muscular.
Isso se deve à entre aspas politização fecha aspas, na Globo, do julgamento do mensalão, que mais do que punir o PT foi a fogueira em que ardeu a política.
A ideologia predominante nos altos escalões da Justiça contaminou o país: a política é o pecado.
A virtude está nas Leis, ou melhor, nos Juízes.
Tudo o que cheira a soberania popular fede.
Essa rebelia “desorientada” se valeu da ignorância.
Esses manifestantes – e, na verdade, milhões de brasileiros – não conhecem o Brasil.
Não sabem o que acontece no Brasil.
Por exemplo, não sabem que há 30 anos não se investia em transportes.
Há 20 anos, em São Paulo, o paiol de toda crise, se constroi um metro à velocidade de um quilômetro e meio por ano.
Esse déficit de informação se deve a erro estratégico capital, desses que se inscrevem no centro do sistema sanguíneo de um povo, por gerações.
Por exemplo: ser o último país do mundo a abolir a escravidão.
Outro, derrubar o presidente João Goulart, eleito segundo as regras da Constituição, e instalar um regime militar.
Outro erro grave – de que muitos devemos nos penitenciar – foi derrubar o presidente Collor, cujos pecados poderiam ter sido corrigidos pela Lei e pela Política.
Mas, se cometeu o erro de derrubar o primeiro presidente eleito pelo povo depois do regime militar.
A redemocratização começou por se negar.
Outro erro estratégico, que entope as nossas veias, foi não fazer a reforma agrária simultaneamente à libertação dos escravos, como quiseram dois grandes brasileiros, José Bonifácio e Joaquim Nabuco.
Outro erro estratégico, capital, uma dose maciça de colesterol no sangue.
Foi não criar um sistema estatal – de preferência – ou publico de comunicação de massa.
Informar é obrigação do governante.
E o governado tem o direito de ouvir e, constitucional, ser ouvido.
Nenhuma Democracia do mundo permitiria que a lei que regula a rádio-difusão não se atualizasse desde 1963.
Desde 1994, a Globo controla 80% de toda a verba da televisão aberta.
Em 1994, ela tinha 80% da audiência.
Hoje, tem 45% da audiência.
Mas, não faz diferença.
Os 80% só os mesmos e o bolo da grana aumentou.
E agora ?
O Governo Dilma perdeu.
Vê-se no seu rosto.
O Movimento Passe Livre à aquele personagem de Stendhal que não percebeu que estava no meio de uma batalha de Waterloo.
Dilma pode até ser reeleita, diante da indigência que assola o outro lado.
Mas, dificilmente, ela ressurgirá com a força que o Lula ressurgiu do mensalão.
Lula depois do mensalão preservou o centro de sua política: a inclusão social.
A sobrevivência da Presidenta Dilma corre o risco de se dar – apenas – no espaço conservador do sistema político e parlamentar.
E, nesse cercado de federalistas, udenistas e ruralistas, os jovens manifestante e a Globo convivem muito bem – e em harmonia.
Dilma terá que renunciar a boa parte de seu keynesianismo, porque o mercado perdeu o “instinto animal”- precisa de juros !
Ela terá que mudar a política econômica, caminhar para “ortodoxia” dos credores, porque o ambiente econômico internacional não ajuda – sopra contra.
Dilma terá que tirar dinheiro do PAC para atender às demandas populistas.
Ela não fará uma reforma política para combater o Caixa Dois – porque é disso que se trata -, porque há 19 anos o Congresso imobiliza a reforma política.
“Ouvir as voz das ruas” só seria possível numa Assembleia Constituinte exclusiva.
E, depois, um referendo.
Fora disso, a “voz das ruas” sumirá naquele salão do Athos Bulcao que liga a Câmara e o Senado.
Emudecerá
E a Dilma acabará mais perto do Michel Temer do que do Lula.
O Brasil vai parar ?
Não !
Os mesmos ingredientes também estruturais que farão do Brasil uma Nação prospera estarão preservados.
O rumo é o mesmo.
O que mudou foi o plano de voo.
Mudaram os passageiros.
E o comandante.
Vai mudar tudo.
Desde que tudo continue tudo como estava.
Há 200 anos.
(Já ouvi isso em algum lugar.)
Clique aqui para ler “Dilma, a Assembléia Constituinte, Vivinha da Silva”.
Aqui para ler “Vem aí o voto distrital. Cerra ganhou”.
E aqui para ler “Plebiscito sem Constituinte dá em que ?”.
Paulo Henrique Amorim
O Conservadorismo é o grande vencedor das manifestações.
Isso não é paradoxal.
Não há protesto de 100 mil, 500 mil a favor.
O Movimento Passe Livre foi para a rua protestar contra o Haddad e contra Dilma.
A violência da PM de São Paulo e a Rede Globo multiplicaram o fenômeno.
A Globo percebeu o sentido anti-Haddad e anti-Dilma do protesto e o encampou, apoiou, cobriu e lhe deu tela plana, com LSD e em HD.
A Globo passou a cobrir a anomia, o des-Governo até derrubá-lo.
Como dizia aquele amigo, velho comunista, que não caiu na esparrela do PPS: isso aí não dá em nada, ou derruba o Governo.
Acertou.
Derrubou o Governo Dilma e botou no lugar outro Governo Dilma.
O trabalho político passou a se desenvolver na arena da Copa das Confederações.
Por que a Copa passou a ser o alvo ?
Porque a Globo ganha com ela de qualquer jeito e em qualquer lugar: no Maracanã, na África do Sul ou na Coreia.
E para os conservadores e a Globo, a Copa tem uma maldição de origem: o Lula trouxe a Copa e a Dilma a realizará.
O Governo se deixou cercar.
O Governo se trancou na Economia.
E a Economia, como a Guerra, é sub-capítulo da Política (já ouvi isso em algum lugar).
O Governo Dilma não tem canal de voz ou de expressão.
É um leão sem dentes.
Sem microfone.
As redes sociais, claro, aglutinaram os manifestantes.
Mas, Facebook não é urna.
As manifestações se diziam apartidárias e horizontais.
Sem líderes.
Não há 100 mil pessoas apartidárias nas ruas.
A Globo deu o Partido e os líderes.
O partido da oposição e os líderes, seus âncoras pretensamente objetivos.
Esses jovens, fora os chamado “vândalos”, são brancos, estudantes e de classe média.
Ele tem uma renda maior do que os da Classe C que o Lula e a Dilma levaram para a classe média.
Eles devem muito pouco ou quase nada a esse processo de mobilidade social que levou 40 milhões de pessoas à classe media.
Eles já estavam lá.
Eles estão há pelo menos uma geração.
Eles nasceram na classe média.
Eles não respeitam os partidos, os políticos ou a democracia.
E, muitas vezes, nem os pais nem os professores.
Eles “just do it”.
Eles são mais eles.
E não tem nenhum apreço por esses que chegaram agora à classe média.
Esses “arrivistas”.
Esses “penetras” que enchem os aeroportos, os shopping centers, que se sentam ao meu lado na faculdade.
E daqui a pouco vão querer um carro igual ao que papai me deu.
E, imagine !, o emprego que era para ser meu !
Esses manifestantes cresceram com um sentimento difuso de anti-política, anti-partidos, anti-Governo.
Isso se deve, em boa parte, à generalizada despolitização da sociedade brasileira.
Uma juventude que pensa que JK é tônico muscular.
Isso se deve à entre aspas politização fecha aspas, na Globo, do julgamento do mensalão, que mais do que punir o PT foi a fogueira em que ardeu a política.
A ideologia predominante nos altos escalões da Justiça contaminou o país: a política é o pecado.
A virtude está nas Leis, ou melhor, nos Juízes.
Tudo o que cheira a soberania popular fede.
Essa rebelia “desorientada” se valeu da ignorância.
Esses manifestantes – e, na verdade, milhões de brasileiros – não conhecem o Brasil.
Não sabem o que acontece no Brasil.
Por exemplo, não sabem que há 30 anos não se investia em transportes.
Há 20 anos, em São Paulo, o paiol de toda crise, se constroi um metro à velocidade de um quilômetro e meio por ano.
Esse déficit de informação se deve a erro estratégico capital, desses que se inscrevem no centro do sistema sanguíneo de um povo, por gerações.
Por exemplo: ser o último país do mundo a abolir a escravidão.
Outro, derrubar o presidente João Goulart, eleito segundo as regras da Constituição, e instalar um regime militar.
Outro erro grave – de que muitos devemos nos penitenciar – foi derrubar o presidente Collor, cujos pecados poderiam ter sido corrigidos pela Lei e pela Política.
Mas, se cometeu o erro de derrubar o primeiro presidente eleito pelo povo depois do regime militar.
A redemocratização começou por se negar.
Outro erro estratégico, que entope as nossas veias, foi não fazer a reforma agrária simultaneamente à libertação dos escravos, como quiseram dois grandes brasileiros, José Bonifácio e Joaquim Nabuco.
Outro erro estratégico, capital, uma dose maciça de colesterol no sangue.
Foi não criar um sistema estatal – de preferência – ou publico de comunicação de massa.
Informar é obrigação do governante.
E o governado tem o direito de ouvir e, constitucional, ser ouvido.
Nenhuma Democracia do mundo permitiria que a lei que regula a rádio-difusão não se atualizasse desde 1963.
Desde 1994, a Globo controla 80% de toda a verba da televisão aberta.
Em 1994, ela tinha 80% da audiência.
Hoje, tem 45% da audiência.
Mas, não faz diferença.
Os 80% só os mesmos e o bolo da grana aumentou.
E agora ?
O Governo Dilma perdeu.
Vê-se no seu rosto.
O Movimento Passe Livre à aquele personagem de Stendhal que não percebeu que estava no meio de uma batalha de Waterloo.
Dilma pode até ser reeleita, diante da indigência que assola o outro lado.
Mas, dificilmente, ela ressurgirá com a força que o Lula ressurgiu do mensalão.
Lula depois do mensalão preservou o centro de sua política: a inclusão social.
A sobrevivência da Presidenta Dilma corre o risco de se dar – apenas – no espaço conservador do sistema político e parlamentar.
E, nesse cercado de federalistas, udenistas e ruralistas, os jovens manifestante e a Globo convivem muito bem – e em harmonia.
Dilma terá que renunciar a boa parte de seu keynesianismo, porque o mercado perdeu o “instinto animal”- precisa de juros !
Ela terá que mudar a política econômica, caminhar para “ortodoxia” dos credores, porque o ambiente econômico internacional não ajuda – sopra contra.
Dilma terá que tirar dinheiro do PAC para atender às demandas populistas.
Ela não fará uma reforma política para combater o Caixa Dois – porque é disso que se trata -, porque há 19 anos o Congresso imobiliza a reforma política.
“Ouvir as voz das ruas” só seria possível numa Assembleia Constituinte exclusiva.
E, depois, um referendo.
Fora disso, a “voz das ruas” sumirá naquele salão do Athos Bulcao que liga a Câmara e o Senado.
Emudecerá
E a Dilma acabará mais perto do Michel Temer do que do Lula.
O Brasil vai parar ?
Não !
Os mesmos ingredientes também estruturais que farão do Brasil uma Nação prospera estarão preservados.
O rumo é o mesmo.
O que mudou foi o plano de voo.
Mudaram os passageiros.
E o comandante.
Vai mudar tudo.
Desde que tudo continue tudo como estava.
Há 200 anos.
(Já ouvi isso em algum lugar.)
Clique aqui para ler “Dilma, a Assembléia Constituinte, Vivinha da Silva”.
Aqui para ler “Vem aí o voto distrital. Cerra ganhou”.
E aqui para ler “Plebiscito sem Constituinte dá em que ?”.
Paulo Henrique Amorim