Eis o trecho do discurso antológico do ex-presidente Lula sobre reportagens recentes de Veja e Época, que tentam, desesperadamente, ligá-lo à Operação Lava Jato, e também forçar empresários a fazer delações contra ele ou contra a presidente Dilma Rousseff; "Ah, lá na Operação Lava, tão esperando que alguém cite o nome do Lula. Ah, porque o objetivo é pegar o Lula. Aí vêm essas revistas brasileiras que são um lixo, não valem nada, falando a mesma coisa", disse ele, no Primeiro de Maio; "Convoquem um congresso de empresários e dá um prêmio para citar o meu nome. Oferece quem dá mais. Quem sabe seja mais fácil resolver o problema"; Lula disse ainda que conheceu vários grupos de comunicação falidos e que não se negou a ajudá-los; por fim, fez um desafio; "pois é o seguinte, não me chame pra briga, porque eu sou bom de briga e eu gosto dessa briga"
Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 1 de maio de 2015
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Aécio, isso não é conversa. São seus votos como deputado.
Por indicação do boletim da Federação dos Petroleiros, fui atrás do relatório do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) dos parlamentares da legislatura 1999-2003, a última da qual Aécio
Neves participou como deputado, no Governo Fernando Henrique.
Em 10 matérias de interesse dos trabalhadores o senhor votou contra eles em seis, viajou duas em missão oficial, fugiu de votar em uma e apenas em uma deu um voto favorável, assim mesmo hipócrita, porque foi a que proibia o nepotismo que, em Minas, praticaria a rodo.
Alguns dos seus votos, senador:
1 – Absteve-se flexibilização da CLT – altera o artigo 618 da CLT, estabelecendo a prevalência de convenção ou acordo coletivo de trabalho sobre a legislação infraconstitucional. Isto é, autorizando um sindicato “camarada” do patronato a abrir mão de direitos já conquistados em lei;
2- Votou a favor da criação do Fator Previdenciário, este mesmo que o senhor diz agora que vai “discutir” com os trabalhadores para ver abolido. Conversa mole, não é?
3- Votou pelo fim do Regime Jurídico Único no serviço público, para reabrir a possibilidade de regime de contratação pela CLT no serviço público, sem direito à negociação, estabilidade ou aposentadoria integral.
4 – Votou pela redução do prazo para trabalhadores rurais reclamarem seus direitos trabalhistas;
5- Votou a favor de projeto que privilegia pagamento de juros em detrimento às despesas com pessoal, custeio, investimento em infra-estrutura e principalmente nas áreas sociais.
6 – Votou contra projeto que garantia critérios objetivos de avaliação para fins de dispensa de servidor estável por insuficiência de desempenho e contra a garantia a ele de ampla defesa
Quem quiser ver os dez, clique aqui.
Foi feito dez anos antes de Aécio ser candidato à Presidência e é até generoso com suas qualidades de articulador. Não é campanha eleitoral, portanto.
São fatos. É história, não historinha.
Este é o Aécio de verdade, não o de mentirinha que os marqueteiros botam prometendo na televisão.
Ah, e vem mais aí, sempre com documentos, senador, porque este “blog sujo” é limpíssimo.
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Dilma aprovou mais leis favoráveis aos trabalhadores do que Lula, diz Diap
Política de aumento real para salário mínimo, lei que amplia aviso prévio para 90 dias e lei que cria certidão de débito trabalhista são alguns exemplos.
Brasília - O governo da presidenta Dilma Rousseff aprovou mais leis e políticas públicas favoráveis aos interesses dos trabalhadores do que o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: foram pelo menos 14 proposições criando ou recuperando direitos, contra nove do seu antecessor. Quem afirma é o jornalista e analista político Antônio Augusto Queiroz, diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o órgão que assessora mais de 900 entidades sindicais dos trabalhadores com o objetivo de transformar em normas legais as reivindicações predominantes, majoritárias e consensuais da classe.
Os dados, segundo ele, contrariam a visão predominante no movimento sindical, de que o governo Lula privilegiou mais os trabalhadores do que sua sucessora. “A percepção do movimento em relação ao governo da presidenta Dilma é um tanto quanto distorcida. Talvez pelo fato dela não ter dialogado diretamente com a mesma frequência que o Lula, deu a impressão de que deixava em segundo plano esses atores importantes”, avalia o diretor do Diap.
Para o analista político, Dilma designou integrantes da sua equipe, com poder de decisão, para dialogar com os trabalhadores e movimentos sociais, especialmente dentre os quadros do Ministério do Trabalho e da Secretaria Geral da Presidência da República. E isso resultou em avanços significativos para a classe. “Nós temos um conjunto de leis em favor dos trabalhadores, tanto quantitativa quanto qualitativamente, muito mais consistente do que no governo Lula, ainda que algumas tenham sido iniciadas no governo dele”, afirma.
Como exemplos concretos, ele cita a Lei 12.382/11, que institui a política de aumento real para o salário mínimo até 2015, e a Lei 12.506/11, que amplia o aviso prévio de 30 para 90 dias. E também a Lei 12.382/11, que cria a Certidão Negativa de Débito Trabalhista. “Essa lei exige que qualquer prestador de serviço ou qualquer empresa que venda produtos ao governo apresente uma certidão negativa de débitos trabalhistas, um salto fabuloso”, esclarece.
A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 72, a PEC das Domésticas, é outra medida legislativa conquistada pelo governo Dilma que o analista político destaca. “A PEC das Domésticas fecha um ciclo do ponto de vista de corrigir distorções e injustiças da classe trabalhadora. Os trabalhadores do campo e da cidade já tinham os mesmos direitos, mas os domésticos estavam apartados desses direitos”, justifica.
Ele acrescenta, ainda, a PEC 81, que determina a desapropriação, sem qualquer indenização, de propriedades empresas urbanas ou rurais em que se constate a prática de trabalho escravo ou análogo. E comemora a criação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) que matriculou mais de 7,5 milhões em cursos técnicos e de qualificação em mais de 400 áreas do conhecimento. “A criação do Pronatec é um salto extraordinário do ponto de vista de dar condição de empregabilidade a um contingente expressivo de pessoas que, sem essa oportunidade, dificilmente ingressaria no mercado de trabalho”, argumenta.
Para o analista, foi este conjunto de leis aprovadas com empenho do governo da presidenta que permitiu que, mesmo em um quadro de crise econômica mundial, o Brasil conseguisse atingir a marca de 20 milhões de empregos com carteira assinada formalizados nos últimos 12 anos. “Isso significa dar cidadania a um número de trabalhadores que equivale à população do Chile. Não é algo que se possa subestimar”, destaca ele.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
O emprego e a urna
O avanço da extrema direita numa Europa com 26 milhões de desempregados mostra o quanto é perigosa a agenda que pretende replicar aqui o arrocho praticado lá.
Berço do Renascimento e das ideias libertárias, a Europa se transformou em um enorme depósito de desempregados.
Vinte e seis milhões de trabalhadores foram cuspidos do mercado de trabalho pelo arrocho neoliberal que se arrasta por seis anos.
Vinte e cinco por cento dos eleitores do continente responderam à desordem dando seus votos às ideias xenófobas, de extrema direita, eurocéticas e fascistas nas eleições deste domingo, na renovação do parlamento europeu.
O conservadorismo brasileiro faz olhar de paisagem.
A mídia trata o terremoto como um sismo em terras distantes.
Um assunto estranho a sua pauta.
Não é.
Os interesses que modularam o funeral do Estado Social europeu nas últimas décadas, e jogaram a pá de cal nesta crise, estão mais do que nunca atuantes na disputa presidencial em curso no Brasil.
O palanque conservador nomeia o arrocho fiscal, de consequências sabidas, como a principal alavanca corretiva para os gargalos da economia brasileira.
Trata-se de recuar o Estado para o mercado agir e a sociedade prosperar.
É a ‘contração expansiva’.
Bordão do discurso ortodoxo, ela resultou no estado de sítio econômico imposto à Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda etc
A semeadura foi colhida nas urnas de domingo.
A extrema direita capturou um em cada quatro votos depositados nas urnas.
Seu lema remete à legenda dos salvadores da pátria dos anos 30.
Suásticas de ilustrativa rigidez prometiam então substituir a desordem econômica alarmante por uma ordem policial atuante.
Nenhuma outra dimensão da luta política condensa de forma tão significativa o conflito de interesses subjacente às eleições brasileiras de 2014 quanto a pergunta:
- Que futuro os candidatos reservam ao emprego no país? (leia a arguta análise Wanderley Guilherme dos Santos; nesta pág) .
A economia brasileira terá que criar 6,7 milhões de vagas nos próximos cinco anos. Pouco mais de 1,2 milhão por ano, para responder ao aumento da população economicamente ativa.
O cálculo é da Organização Internacional do Trabalho, a OIT.
No ciclo de governos do PT (de 2003 a 2013), o Brasil criou cerca de 15,8 milhões de empregos.
Os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso deixaram um saldo de apenas 800 mil vagas na economia.
Assim: um corte de milhão de vagas no primeiro mandato e um acréscimo de 1,8 milhão de empregos nos quatro anos seguintes.
A criação média de empregos no Brasil sob a presidência do PSDB, portanto, foi de 100 mil postos por ano.
No ciclo de governos progressistas (2003/2013) foi de 1,5 milhão/ano.
Ao mês, o PT gerou mais vagas do que cada ano de mandato tucano.
As condições econômicas foram distintas, pode-se argumentar.
Sem dúvida.
Assim como é forçoso recordar: desde 2007/2008 o mundo mergulhou na maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos.
O que teria sido do país se os sábios banqueiros do PSDB estivessem no comando da economia então?
Não estavam e 11 milhões de empregos foram criados no período: quase 1,6 milhão de vagas por ano.
Ignorar a lógica econômica que condicionou o resultado das eleições europeias é perturbador.
Os mercados festejaram.
As bolsas europeias subiram com força na segunda-feira e nesta terça, enquanto os números consolidados dimensionavam os talhos no futuro da democracia.
A Frente Nacional (FN), de extrema direita, passará a dispor de 24 cadeiras parlamentares, tendo alcançado cerca de 25% dos votos na França – 18 pontos acima do último pleito (leia a análise de Eduardo Febbro, de Paris; nesta pág.).
Na Inglaterra, o direitista Partido da Independência se tornou a bancada mais forte, ultrapassando o Partido Trabalhista de David Cameron (leia a análise de Marcelo Justo, de Londres; nesta pág.)
Na Áustria, o Partido da Liberdade (FPÖ) conquistou 20,5% dos votos em todo o país.
Nos países escandinavos, as propostas da extrema direita abriram espaços inéditos no Parlamento de Estrasburgo, no qual 140 dos 751 assentos serão ocupados por deputados para os quais o ideário chauvinista e antissemita não é estranho.
O coletivo dos professores banqueiros do PSDB --e seu ativo retransmissor midiático-- está longe de endossar o nacionalismo de uma Europa machucada pelo alto preço da subordinação a uma moeda manejada em benefício de Berlim, Bruxelas e da alta finança.
Mas as ideias econômicas que alimentam seus candidatos formam costelas do mesmo espinhaço a partir do qual ganharam vida própria os Le Pen, o Aurora Dourada, os Nigel Farage e assemelhados.
A saber:
a) o país vive uma pressão inflacionária decorrente do excesso de demanda;
b) este deriva do abusivo aumento do poder de compra dos trabalhadores, puxado pelo reajuste real de 60% do salário mínimo nos governos Lula/Dilma;
c) a renda das famílias cresce ininterruptamente há mais de 4 anos ;
d) sustenta o insustentável: a expansão da demanda interna --atendida, em mais de 20%, no caso de manufaturados, pelas importações;
e) a solução para o estresse macroeconômico, somatizado em alta de preços, passa por um tratamento de choque: alta dos juros, arrocho fiscal do Estado, desemprego e achatamento salarial.
A mídia cuida de dar a esse receituário um sentido de urgência, travestido na narrativa diuturna de um país aos cacos.
Ingredientes objetivos evocados no confronto político de uma época muitas vezes são idênticos dos dois lados da disputa.
O que distingue as margens do rio é menos a sua composição e mais a natureza determinante que se atribui a cada um dos elementos.
Resistir passa por identificar politicamente os fatores que podem diferenciar a qualidade social da transição para um novo ciclo.
Hoje, por exemplo:
- a inflação reflete pressões conjunturais de safra, mas também outras que vieram para ficar, decorrentes de uma mudança estrutural na economia;
- o setor de serviços (telefonia, saúde, energia, bancos etc.), que teve gordas fatias capturadas pelo capital estrangeiro (leia neste blog ‘Um tabu que sangra o Brasil’) elevou sua participação no PIB, de 63% para 68,5% nos últimos oito anos;
- a inflação dos serviços tem crescido acima de 8% ao mês (dois ou três pontos acima da média);
- combate-se isso com mais oferta, fiscalização e, sobretudo, regras de reinvestimento;
- nenhuma ‘abertura comercial’ do tipo ‘deixai o mercado agir por conta própria’ vai resolver: serviços são de difícil importação;
- tampouco a alta dos juros supera o impasse; na verdade, apenas agravará seu outro polo : o enfraquecimento do setor industrial;
- o recuo da industrialização vem de longe: em 1985 o setor fabril produzia 27% da riqueza agregada ao PIB brasileiro; em 1996 a fatia retrocederia oito pontos e mais quatro agora, situando-se em 14%;
- a desindustrialização pesada do ciclo tucano foi impulsionada justamente pela panaceia livre mercadista que se pretende reeditar: privatizações, câmbio desfavorável, juro alto e abertura comercial suicida.
Os governos do PT agiram sobre essa lógica parcialmente. E de forma lenta.
Manteve-se até 2008 a dupla turbina do juro alto e câmbio valorizado.
A política econômica dos últimos anos, no entanto, introduziu um redefinidor potente na equação.
Ele dificulta sobremaneira a aplicação da vacina ortodoxa novamente.
Os programas sociais, o salário recomposto e a forte geração de emprego elevaram o mercado de massa à inédita condição de ator principal do enredo econômico brasileiro.
A centralidade desse novo protagonista vincula o ajuste preconizado pelo conservadorismo a uma taxa de desemprego de teor inflamável equivalente à produzida pela troika na UE.
Tampouco, porém, a nova escala social cabe no figurino da infraestrutura e da logística existente.
Estudos de organismos do Banco Mundial, citados pelo jornal Valor esta semana, indicam que o estoque de infraestrutura existente no país equivale a 16% do PIB.
A média nos países desenvolvidos é de 71% do PIB.
O novo mercado de massa reúne 53% da população, que nos últimos 12 anos elevou, por exemplo, em 182% o número de passageiros nos aviões e fez crescer em 182,5% o trânsito nas rodovias.
Como superar esse descompasso no menor prazo de tempo possível é a pergunta que grita na equação política brasileira, sendo cada vez mais audível nas ruas.
O conservadorismo quer resolver o impasse cortando o mal pela raiz.
Devolvendo a pasta de dente ao tubo do desemprego e do arrocho saneador.
Foi a solução endossada pela socialdemocracia europeia com as consequências contabilizadas no último domingo.
Cabe ao campo progressista brasileiro aprofundar a lógica oposta, abraçada pela esquerda que emerge das cinzas da rendição socialdemocrata.
Ou seja, dar ao novo protagonista social o espaço democrático necessário para renovar a correlação de forças do desenvolvimento brasileiro.
A eleição de outubro deve servir a esse credenciamento.
O resto é arrocho.
Vinte e seis milhões de trabalhadores foram cuspidos do mercado de trabalho pelo arrocho neoliberal que se arrasta por seis anos.
Vinte e cinco por cento dos eleitores do continente responderam à desordem dando seus votos às ideias xenófobas, de extrema direita, eurocéticas e fascistas nas eleições deste domingo, na renovação do parlamento europeu.
O conservadorismo brasileiro faz olhar de paisagem.
A mídia trata o terremoto como um sismo em terras distantes.
Um assunto estranho a sua pauta.
Não é.
Os interesses que modularam o funeral do Estado Social europeu nas últimas décadas, e jogaram a pá de cal nesta crise, estão mais do que nunca atuantes na disputa presidencial em curso no Brasil.
O palanque conservador nomeia o arrocho fiscal, de consequências sabidas, como a principal alavanca corretiva para os gargalos da economia brasileira.
Trata-se de recuar o Estado para o mercado agir e a sociedade prosperar.
É a ‘contração expansiva’.
Bordão do discurso ortodoxo, ela resultou no estado de sítio econômico imposto à Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda etc
A semeadura foi colhida nas urnas de domingo.
A extrema direita capturou um em cada quatro votos depositados nas urnas.
Seu lema remete à legenda dos salvadores da pátria dos anos 30.
Suásticas de ilustrativa rigidez prometiam então substituir a desordem econômica alarmante por uma ordem policial atuante.
Nenhuma outra dimensão da luta política condensa de forma tão significativa o conflito de interesses subjacente às eleições brasileiras de 2014 quanto a pergunta:
- Que futuro os candidatos reservam ao emprego no país? (leia a arguta análise Wanderley Guilherme dos Santos; nesta pág) .
A economia brasileira terá que criar 6,7 milhões de vagas nos próximos cinco anos. Pouco mais de 1,2 milhão por ano, para responder ao aumento da população economicamente ativa.
O cálculo é da Organização Internacional do Trabalho, a OIT.
No ciclo de governos do PT (de 2003 a 2013), o Brasil criou cerca de 15,8 milhões de empregos.
Os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso deixaram um saldo de apenas 800 mil vagas na economia.
Assim: um corte de milhão de vagas no primeiro mandato e um acréscimo de 1,8 milhão de empregos nos quatro anos seguintes.
A criação média de empregos no Brasil sob a presidência do PSDB, portanto, foi de 100 mil postos por ano.
No ciclo de governos progressistas (2003/2013) foi de 1,5 milhão/ano.
Ao mês, o PT gerou mais vagas do que cada ano de mandato tucano.
As condições econômicas foram distintas, pode-se argumentar.
Sem dúvida.
Assim como é forçoso recordar: desde 2007/2008 o mundo mergulhou na maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos.
O que teria sido do país se os sábios banqueiros do PSDB estivessem no comando da economia então?
Não estavam e 11 milhões de empregos foram criados no período: quase 1,6 milhão de vagas por ano.
Ignorar a lógica econômica que condicionou o resultado das eleições europeias é perturbador.
Os mercados festejaram.
As bolsas europeias subiram com força na segunda-feira e nesta terça, enquanto os números consolidados dimensionavam os talhos no futuro da democracia.
A Frente Nacional (FN), de extrema direita, passará a dispor de 24 cadeiras parlamentares, tendo alcançado cerca de 25% dos votos na França – 18 pontos acima do último pleito (leia a análise de Eduardo Febbro, de Paris; nesta pág.).
Na Inglaterra, o direitista Partido da Independência se tornou a bancada mais forte, ultrapassando o Partido Trabalhista de David Cameron (leia a análise de Marcelo Justo, de Londres; nesta pág.)
Na Áustria, o Partido da Liberdade (FPÖ) conquistou 20,5% dos votos em todo o país.
Nos países escandinavos, as propostas da extrema direita abriram espaços inéditos no Parlamento de Estrasburgo, no qual 140 dos 751 assentos serão ocupados por deputados para os quais o ideário chauvinista e antissemita não é estranho.
O coletivo dos professores banqueiros do PSDB --e seu ativo retransmissor midiático-- está longe de endossar o nacionalismo de uma Europa machucada pelo alto preço da subordinação a uma moeda manejada em benefício de Berlim, Bruxelas e da alta finança.
Mas as ideias econômicas que alimentam seus candidatos formam costelas do mesmo espinhaço a partir do qual ganharam vida própria os Le Pen, o Aurora Dourada, os Nigel Farage e assemelhados.
A saber:
a) o país vive uma pressão inflacionária decorrente do excesso de demanda;
b) este deriva do abusivo aumento do poder de compra dos trabalhadores, puxado pelo reajuste real de 60% do salário mínimo nos governos Lula/Dilma;
c) a renda das famílias cresce ininterruptamente há mais de 4 anos ;
d) sustenta o insustentável: a expansão da demanda interna --atendida, em mais de 20%, no caso de manufaturados, pelas importações;
e) a solução para o estresse macroeconômico, somatizado em alta de preços, passa por um tratamento de choque: alta dos juros, arrocho fiscal do Estado, desemprego e achatamento salarial.
A mídia cuida de dar a esse receituário um sentido de urgência, travestido na narrativa diuturna de um país aos cacos.
Ingredientes objetivos evocados no confronto político de uma época muitas vezes são idênticos dos dois lados da disputa.
O que distingue as margens do rio é menos a sua composição e mais a natureza determinante que se atribui a cada um dos elementos.
Resistir passa por identificar politicamente os fatores que podem diferenciar a qualidade social da transição para um novo ciclo.
Hoje, por exemplo:
- a inflação reflete pressões conjunturais de safra, mas também outras que vieram para ficar, decorrentes de uma mudança estrutural na economia;
- o setor de serviços (telefonia, saúde, energia, bancos etc.), que teve gordas fatias capturadas pelo capital estrangeiro (leia neste blog ‘Um tabu que sangra o Brasil’) elevou sua participação no PIB, de 63% para 68,5% nos últimos oito anos;
- a inflação dos serviços tem crescido acima de 8% ao mês (dois ou três pontos acima da média);
- combate-se isso com mais oferta, fiscalização e, sobretudo, regras de reinvestimento;
- nenhuma ‘abertura comercial’ do tipo ‘deixai o mercado agir por conta própria’ vai resolver: serviços são de difícil importação;
- tampouco a alta dos juros supera o impasse; na verdade, apenas agravará seu outro polo : o enfraquecimento do setor industrial;
- o recuo da industrialização vem de longe: em 1985 o setor fabril produzia 27% da riqueza agregada ao PIB brasileiro; em 1996 a fatia retrocederia oito pontos e mais quatro agora, situando-se em 14%;
- a desindustrialização pesada do ciclo tucano foi impulsionada justamente pela panaceia livre mercadista que se pretende reeditar: privatizações, câmbio desfavorável, juro alto e abertura comercial suicida.
Os governos do PT agiram sobre essa lógica parcialmente. E de forma lenta.
Manteve-se até 2008 a dupla turbina do juro alto e câmbio valorizado.
A política econômica dos últimos anos, no entanto, introduziu um redefinidor potente na equação.
Ele dificulta sobremaneira a aplicação da vacina ortodoxa novamente.
Os programas sociais, o salário recomposto e a forte geração de emprego elevaram o mercado de massa à inédita condição de ator principal do enredo econômico brasileiro.
A centralidade desse novo protagonista vincula o ajuste preconizado pelo conservadorismo a uma taxa de desemprego de teor inflamável equivalente à produzida pela troika na UE.
Tampouco, porém, a nova escala social cabe no figurino da infraestrutura e da logística existente.
Estudos de organismos do Banco Mundial, citados pelo jornal Valor esta semana, indicam que o estoque de infraestrutura existente no país equivale a 16% do PIB.
A média nos países desenvolvidos é de 71% do PIB.
O novo mercado de massa reúne 53% da população, que nos últimos 12 anos elevou, por exemplo, em 182% o número de passageiros nos aviões e fez crescer em 182,5% o trânsito nas rodovias.
Como superar esse descompasso no menor prazo de tempo possível é a pergunta que grita na equação política brasileira, sendo cada vez mais audível nas ruas.
O conservadorismo quer resolver o impasse cortando o mal pela raiz.
Devolvendo a pasta de dente ao tubo do desemprego e do arrocho saneador.
Foi a solução endossada pela socialdemocracia europeia com as consequências contabilizadas no último domingo.
Cabe ao campo progressista brasileiro aprofundar a lógica oposta, abraçada pela esquerda que emerge das cinzas da rendição socialdemocrata.
Ou seja, dar ao novo protagonista social o espaço democrático necessário para renovar a correlação de forças do desenvolvimento brasileiro.
A eleição de outubro deve servir a esse credenciamento.
O resto é arrocho.
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quinta-feira, 14 de novembro de 2013
PRESIDENTE JANGO RECEBE HONRAS DE CHEFE DE ESTADO
PRESIDENTE JANGO
Cerimônia na Base Aérea de Brasília recebe o corpo do ex-presidente João Goulart, com a presença da presidente Dilma Rousseff, dos ex-presidentes Lula e José Sarney e de diversas autoridades, além da família de Jango (acima, à direita); pelo Twitter, Dilma afirmou nesta manhã que o gesto promovido hoje pelo Estado com a memória do único presidente brasileiro a morrer no exílio "é uma afirmação da nossa democracia"; ouça o discurso de posse feito por João Goulart em 7 de setembro de 1961
247 - O corpo do ex-presidente João Goulart é recebido na manhã desta quinta-feira 14 com honras de chefe de Estado na Base Aérea de Brasília. A cerimônia tem a participação da presidente Dilma Rousseff, dos ex-presidentes Lula e José Sarney e diversas outras autoridades, como ministros e o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AL). A versão oficial da morte de Jango é de um ataque cardíaco, mas há suspeitas de que ele tenha sido envenenado. Mais cedo, Dilma escreveu pelo Twitter que o ato de hoje era uma afirmação da democracia brasileira.
"Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstância ainda a serem esclarecidas por exames periciais. Junto comigo estarão ex-presidentes da República, o presidente do Senado e políticos de todas as vertentes. Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória. Essa cerimônia que o Estado brasileiro promove hoje com a memória de João Goulart é uma afirmação da nossa democracia. Uma democracia que se consolida com este gesto histórico", disse a presidente.
Os restos mortais de Jango foram exumados nesta quarta-feira, num processo que demorou cerca de 17 horas, na cidade de São Borja, no Rio Grande do Sul, fronteira do Brasil com a Argentina. Os trabalhos foram encerrados às 2h24min desta quinta, quando a urna com o caixão de Jango foi retirada do cemitério Jardim da Paz coberta pelas bandeiras do Brasil e de São Borja (veja aqui). Os despojos do ex-presidente têm data marcada para retornar ao município: 6 de dezembro, quando a morte do político completa 37 anos. A Força Aérea Brasileira (FAB) será responsável por esse transporte.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil:
Restos mortais de Jango são recebidos em Brasília com honras militares
Da Agência Brasil
Brasília - Os restos mortais do ex-presidente da República João Goulart foram recebidos hoje (14) com honras militares, pela presidenta Dilma Rousseff. O corpo de Jango, como era conhecido, começou a ser exumado ontem, em São Borja (RS), e será submetido a perícia da Polícia Federal, na capital. A exumação faz parte de uma investigação para esclarecer se a causa da morte de João Goulart foi mesmo um ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as autoridades do regime militar.
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor também acompanharam a cerimônia. Fernando Henrique Cardoso, que se recupera de uma diverticulite, não pode participar da homenagem.
A presidenta Dilma Rousseff disse, em sua conta no Twitter, que a solenidade de honra ao ex-presidente João Goulart “é uma afirmação da democracia” no Brasil, que se consolida com este gesto histórico. “Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstâncias ainda a serem esclarecidas por exames periciais. Junto comigo estarão ex-presidentes da República, o presidente do Senado e políticos de todas as vertentes. Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória”.
Deposto pelo regime militar (1964-1985), Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976, na Argentina. O objetivo da exumação é descobrir se ele foi assassinado. Por imposição do regime militar brasileiro, Goulart foi sepultado em sua cidade natal, São Borja, no Rio Grande do Sul, sem passar por uma autópsia. Desde então, existe a suspeita que a morte de Jango tenha sido articulada pelas ditaduras do Brasil, da Argentina e do Uruguai.
Após os exames, que serão feitos em Brasília e em laboratórios internacionais, os despojos voltarão para São Borja em 6 de dezembro, data de morte do ex-presidente. A exumação é coordenada pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal e ocorrerá em duas etapas.
A primeira etapa é a análise antropológica, que detalhará informações sobre substâncias venenosas que eram usadas no Brasil, na Argentina e no Uruguai e podem ter causado o envenenamento do ex-presidente. Nesse momento, serão reunidos dados médicos e pessoais do ex-presidente. Além disso, será feita a análise do DNA. A segunda etapa constará do exame toxicológico dos restos mortais de Goulart para confirmar se houve envenenamento.
Ouça abaixo o discurso de João Goulart feito em 1961, em que ele pede a união do povo pela luta contra a pobreza:
Abaixo, texto publicado pelo Palácio do Planalto sobre o único presidente brasileiro morto no exílio:
No discurso de posse, Jango pediu união do povo pela luta contra a pobreza
Eleito duas vezes vice-presidente da República, em 1955 e 1960, João Goulart tornou-se Presidente da República em agosto de 1961 com a renúncia de Jânio Quadros. Em sua posse, em 7 de setembro de 1961, Jango afirmou que todo o país deveria se mobilizar na luta pela emancipação econômica, contra a pobreza e contra o subdesenvolvimento.
"Reclamamos a união do povo brasileiro e por ela lutaremos com toda a energia, para, sob a inspiração da lei e dos direitos democráticos, mobilizar todo o País para a única luta interna em que nos devemos empenhar, que é a luta pela nossa emancipação econômica, que é a luta contra o pauperismo, a luta contra o subdesenvolvimento", afirmou.
Já em 13 de março de 1964, em meio às tensões sociais e à pressão externa, o presidente discursou na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, para um público estimado de 150 mil pessoas. Na ocasião, Jango anunciou as reformas agrária, tributária e eleitoral. Ele ainda afirmou contar com a "compreensão e o patriotismo" das Forças Armadas.
"Reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil", disse.
Em 19 de março, realizou-se, no Rio de Janeiro, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, organizada pela Campanha da Mulher pela Democracia (Camde) e Sociedade Rural Brasileira (SBR), entre outras entidades. A marcha tinha como objetivo mobilizar a opinião pública contra a política desenvolvida pelo governo de Jango, que conduziria, de acordo com seus opositores, à implantação do comunismo no Brasil. Em 25 de março ocorreu a Revolta dos Marinheiros, quando marinheiros e fuzileiros navais contrariaram ordens do ministro da Marinha e foram, posteriormente, anistiados por Goulart, acirrando as tensões entre seu governo e os setores militares.
No dia 30 de março, o presidente compareceu a uma reunião de sargentos, discursando em prol das reformas pretendidas pelo governo e invocando o apoio das forças armadas. Em 31 de março de 1964, o comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais, iniciou a movimentação de tropas em direção ao Rio de Janeiro. A despeito de algumas tentativas de resistência, o presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de oposição ao movimento militar que o destituiu. O novo governo foi reconhecido pelo presidente norte-americano, Lyndon Johnson, poucas horas após tomar o poder.
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quinta-feira, 27 de junho de 2013
LULA CONVOCA MOVIMENTOS SOCIAIS PARA IR ÀS RUAS
Em encontro na sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, ex-presidente adotou discurso de líder de massa: disse que é hora de trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças, enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda; foram convidados os grupos Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União da Juventude Socialista (UJS), o Levante Popular da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude (Conjuve)
247 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula intensificou os encontros com os movimentos sociais mais próximos do PT para tratar da onda de protestos. A mensagem passada surpreendeu os jovens de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União da Juventude Socialista (UJS), o Levante Popular da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude (Conjuve). Em vez de pedir conciliação para acalmar a crise no governo Dilma Rousseff, Lula disse que o momento é de “ir para a rua”.
Na última terça-feira, o ex-presidente convidou cerca de quinze lideranças para um encontro na sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O Movimento Passe Livre (MPL) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto não foram convidados.
“O (ex-)presidente queria entender essa onda de protestos e avaliou muito positivamente o que está acontecendo nas ruas”, disse ao Globo o integrante da UJS, que conta majoritariamente com militantes do PCdoB, André Pereira Toranski.
Segundo um outro líder, ele “colocou que é hora de trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças. Enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda. Ele agiu muito mais como um líder de massa do que como governo. Não usou essas palavras, mas disse algo com “se a direita quer luta de massas, vamos fazer lutas de massas”.
segunda-feira, 25 de março de 2013
"A SAÍDA É FREAR A ECONOMIA. É DEMITIR MESMO"
A frase acima é do economista Alexandre Schwartsman (esq.), ex-diretor do Banco Central e um dos pit bulls do sistema financeiro na defesa dos juros altos; assim como ele, Ilan Goldfajn (dir.), economista-chefe do Itaú Unibanco, também defende, abertamente, mais desemprego para conter a inflação; "não dá para fazer omeletes sem quebrar os ovos", diz; será que existe o risco de que esse discurso seja ouvido em Brasília?
25 DE MARÇO DE 2013 ÀS 07:01
247 - Os pit bulls do sistema financeiro estão nervosos. Enfurecidos. Exigem, de qualquer maneira, uma ração maior de juros, que poderá trazer, como resultado imediato, um aumento do desemprego. E já nem fazem mais questão de esconder os seus propósitos. Pedem, abertamente, a demissão de trabalhadores, como forma de reduzir o consumo e tentar fazer arrefecer a inflação.
Um desses personagens é Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, que depois teve curta passagem como economista-chefe do Santander, onde nem mesmo os espanhóis conseguiram administrar seus excessos verbais. Schwartsman exige demissões já. "A saída é frear a economia", afirma. "É demitir mesmo", completa, sem deixar claro se essa recomendação valeria para ele ou para pessoas próximas.
Mais contido na forma, mas não no conteúdo, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, que também passou pelo BC, adota o mesmo discurso. "A inflação não cai num passe de mágica. Não cai porque o Banco Central resolve falar mais duro. Cai com o encontro do crescimento da oferta com o crescimento da demanda. É preciso fazer escolhas. Não dá para fazer omeletes sem quebrar os ovos", diz ele, repetindo uma frase da ex-ministra Zélia Cardoso de Mello.
A posição desses dois economistas, no entanto, é questionada pelo ex-ministro Delfim Netto, um dos mais próximos conselheiros da presidente Dilma Rousseff. "A empregada doméstica virou manicure ou foi trabalhar num call center. Agora, ela toma banho com sabonete Dove. A proposta desses gênios é fazer com que ela volte a usar sabão de coco aumentando os juros", afirma.
Em Brasília, até agora, tem prevalecido uma outra estratégia de política econômica. Com a redução dos juros, o governo federal, que é o maior devedor da economia, passa a ter uma folga fiscal, que permite desonerar vários setores da economia. Graças a isso, foram reduzidos impostos incidentes sobre a cesta básica e também reduzidas as tarifas de energia.
De todo modo, o latido dos pit bulls para que o Banco Central adote o remédio antigo de alta dos juros é cada vez mais forte.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Espanha e Portugal fazem greve conjunta inédita
Milhões de trabalhadores da Península Ibérica aderem ao movimento que pediu uma mudança na política de ajuste fiscal. Também houve paralisação na Itália, Grécia, Malta e Chipre, enquanto que em outros 20 países europeus os cidadãos realizaram marchas contra as políticas de austeridade. Parlamentos foram alvo de manifestantes, que questionam orçamento com menos gastos sociais. A reportagem é de Naira Hofmeister e Guilherme Kolling, direto de Madri.
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O roteiro da novela "mensalão" e seus próximos capítulos
O brasileiro comum domina e aprecia as telenovelas. Não por acaso, foi esta a linguagem escolhida para a narrativa do julgamento do “mensalão”. Há herói e vilão, protagonistas e coadjuvantes. O processo foi fatiado em “capítulos”. Os réus, agrupados em “núcleos”. Agora, os roteiristas discutem o capítulo final: prisão imediata dos condenados sob suspeita de acordarem asilo político com governos de esquerda ou a dilatação do espetáculo até às vésperas das eleições presidenciais de 2014. Mas há uma audiência não passiva que também quer emplacar o seu: a anulação do processo na Corte Interamericana de Direitos Humanos. O artigo é de Najla Passos.
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O brasileiro comum domina e aprecia as telenovelas. Não por acaso, foi esta a linguagem escolhida para a narrativa do julgamento do “mensalão”. Há herói e vilão, protagonistas e coadjuvantes. O processo foi fatiado em “capítulos”. Os réus, agrupados em “núcleos”. Agora, os roteiristas discutem o capítulo final: prisão imediata dos condenados sob suspeita de acordarem asilo político com governos de esquerda ou a dilatação do espetáculo até às vésperas das eleições presidenciais de 2014. Mas há uma audiência não passiva que também quer emplacar o seu: a anulação do processo na Corte Interamericana de Direitos Humanos. O artigo é de Najla Passos.
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quarta-feira, 2 de maio de 2012
Repúdio mundial a cortes sociais no Dia do Trabalho
*Hollande se impõe no debate final das eleições francesas, realizado na noite de 4ª feira:"Serei o presidente da justiça: a crise golpeou sobretudo os mais fracos, enquanto os privilegiados tem sido demasiadamente protegidos", disse o candidato socialista, François Hollande, num debate nervoso e hipnotizante, como se duas 'europas' se enfrentassem num acerto de contas com o ciclo neoliberal, antes do passo seguinte da história. Sarkozy respondeu: "Há uma diferença entre nós; eu quero menos pobres; você quer menos ricos". Hollande fulminou então o candidato conservador: "Pois agora [ao final de seu mandato], há muito mais pobres e os ricos são mais ricos. Você defende os privilegiados; eu defendo as crianças da República"(leia a análise de Eduardo Febbro).
Milhares de pessoas saíram às ruas terça-feira nas manifestações do Dia Internacional do Trabalho realizadas nos diferentes países da América Latina, reivindicando melhorias salariais e das condições de trabalho, em alguns casos e, em outros, apoio a políticas governamentais.No México, as comemorações do Dia do Trabalho se converteram em um ato contra os partidos PAN e PRI. Os trabalhadores foram chamados a dar um voto de castigo aos “partidos que quebraram a nação”. Muitos manifestantes utilizaram a máscara que se tornou ícone da resistência cidadã contra os centros do poder mundial.
La Jornada
Milhares de pessoas saíram às ruas terça-feira nas manifestações do Dia Internacional do Trabalho realizadas nos diferentes países da América Latina, reivindicando melhorias salariais e das condições de trabalho, em alguns casos e, em outros, apoio a políticas governamentais. No Chile, a jornada culminou com distúrbios provocados por encapuzados e um saldo de 20 detidos e seis policiais feridos.
Em Caracas, milhares de venezuelanos marcharam pacificamente pelas ruas centrais da cidade, divididos entre os seguidores do presidente Hugo Chávez, que viajou de novo a Cuba na segunda-feira, e os opositores. As mobilizações começaram desde cedo em um ambiente festivo e marcado pelas campanhas políticas para a eleição presidencial de 7 de outubro.
Os partidários do governo reafirmaram seu apoio a Chávez e à promulgação de uma nova lei do trabalho que prevê a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, pagamento em dobro para trabalhadores demitidos injustificadamente, eliminação de contratação de terceiros e aumento da licença maternal para seis meses, normas que o ministro da Energia, Rafael Ramírez, considerou como ferramentas extraordinárias com as quais nossos trabalhadores passarão a contar para a construção do socialismo. O presidente Chávez, por sua parte, enviou por meio do Twitter uma saudação revolucionária a “todos e todas dignos trabalhadores da pátria bolivariana. Viva a classe operária! Viva o 1º de maio!”.
Em La Paz, com o apoio dos movimentos sociais e protestos da Central Operária Boliviana, o presidente Evo Morales insistiu na necessidade de pensar na Bolívia, fazendo alusão aos setores que reclamam aumentos salariais exorbitantes e aos que rechaçam a jornada de trabalho de oito horas.
Os empregados sindicalizados equatorianos também marcharam divididos entre os apoiadores e os opositores das políticas laborais do governo. Em Quito, ocorreram as principais concentrações com o opositor Frente Unitária dos Trabalhadores e a Confederação de Trabalhadores do Setor Público, que apoia o governo do presidente Rafael Correa. Correa esteve nesta última marcha, onde propôs radicalizar as políticas trabalhistas e pediu apoio à revolução cidadã, mas sem lançar pedras e sim com paz e votos.
O presidente peruano Ollanta Humala, por sua vez, anunciou um aumento do salário mínimo, de 253,7 para 281,9 dólares, e se comprometeu a avançar em uma estratégia contra o trabalho infantil e a buscar uma igualdade salarial entre homens e mulheres. Não faltaram críticas por parte da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru, que denunciaram que Humala mantém o mesmo sistema de exploração da época de Alberto Fujimori (1990-2000).
Em São Paulo, os sindicatos reuniram milhares de trabalhadores e reivindicaram como uma vitória a crítica feita pela presidenta Dilma Rousseff contra os bancos privados pelos altos custos do crédito. Em São Luiz, no Maranhão, ocorreu um protesto pelo assassinato por pistoleiros do jornalista Décio As, o quarto repórter assassinado este ano no Brasil.
No Chile, a Central Unitária de Trabalhadores reuniu cerca de 40 mil pessoas na comemoração em Santiago, que começou pacificamente e terminou com graves distúrbios e detenção de vinte manifestantes, além de seis policiais feridos. Os distúrbios ocorreram quando as marchas já estavam se dispersando e apareceram encapuzados que entraram em choque com a polícia. Os trabalhadores caminharam ao lado dos estudantes em meio à muita dança e música, com bandeiras e cartazes com demandas de melhorias nas condições de trabalho e melhores salários, relatou Enrique Gutiérrez, correspondente do La Jornada.
Paraguai, Uruguai, Argentina, Colômbia e os países centroamericanos também foram palco de mobilizações. No México, as comemorações do Dia do Trabalho se converteram em um ato contra os partidos PAN e PRI. Os trabalhadores foram chamados a dar um voto de castigo aos “partidos que quebraram a nação” e a cobrar a fatura por suas políticas, vetando seus candidatos. “Não dê teu voto ao PRI-PAN. Os indignados do México também votam”, diziam alguns dos cartazes e faixas carregados pelas dezenas de milhares de trabalhadores de sindicatos independentes durante a mobilização realizada na capital e em outras cidades do país. Muitos manifestantes utilizaram a máscara que se tornou ícone da resistência cidadã contra os centros do poder mundial.
Tradução: Katarina Peixoto
Em Caracas, milhares de venezuelanos marcharam pacificamente pelas ruas centrais da cidade, divididos entre os seguidores do presidente Hugo Chávez, que viajou de novo a Cuba na segunda-feira, e os opositores. As mobilizações começaram desde cedo em um ambiente festivo e marcado pelas campanhas políticas para a eleição presidencial de 7 de outubro.
Os partidários do governo reafirmaram seu apoio a Chávez e à promulgação de uma nova lei do trabalho que prevê a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, pagamento em dobro para trabalhadores demitidos injustificadamente, eliminação de contratação de terceiros e aumento da licença maternal para seis meses, normas que o ministro da Energia, Rafael Ramírez, considerou como ferramentas extraordinárias com as quais nossos trabalhadores passarão a contar para a construção do socialismo. O presidente Chávez, por sua parte, enviou por meio do Twitter uma saudação revolucionária a “todos e todas dignos trabalhadores da pátria bolivariana. Viva a classe operária! Viva o 1º de maio!”.
Em La Paz, com o apoio dos movimentos sociais e protestos da Central Operária Boliviana, o presidente Evo Morales insistiu na necessidade de pensar na Bolívia, fazendo alusão aos setores que reclamam aumentos salariais exorbitantes e aos que rechaçam a jornada de trabalho de oito horas.
Os empregados sindicalizados equatorianos também marcharam divididos entre os apoiadores e os opositores das políticas laborais do governo. Em Quito, ocorreram as principais concentrações com o opositor Frente Unitária dos Trabalhadores e a Confederação de Trabalhadores do Setor Público, que apoia o governo do presidente Rafael Correa. Correa esteve nesta última marcha, onde propôs radicalizar as políticas trabalhistas e pediu apoio à revolução cidadã, mas sem lançar pedras e sim com paz e votos.
O presidente peruano Ollanta Humala, por sua vez, anunciou um aumento do salário mínimo, de 253,7 para 281,9 dólares, e se comprometeu a avançar em uma estratégia contra o trabalho infantil e a buscar uma igualdade salarial entre homens e mulheres. Não faltaram críticas por parte da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru, que denunciaram que Humala mantém o mesmo sistema de exploração da época de Alberto Fujimori (1990-2000).
Em São Paulo, os sindicatos reuniram milhares de trabalhadores e reivindicaram como uma vitória a crítica feita pela presidenta Dilma Rousseff contra os bancos privados pelos altos custos do crédito. Em São Luiz, no Maranhão, ocorreu um protesto pelo assassinato por pistoleiros do jornalista Décio As, o quarto repórter assassinado este ano no Brasil.
No Chile, a Central Unitária de Trabalhadores reuniu cerca de 40 mil pessoas na comemoração em Santiago, que começou pacificamente e terminou com graves distúrbios e detenção de vinte manifestantes, além de seis policiais feridos. Os distúrbios ocorreram quando as marchas já estavam se dispersando e apareceram encapuzados que entraram em choque com a polícia. Os trabalhadores caminharam ao lado dos estudantes em meio à muita dança e música, com bandeiras e cartazes com demandas de melhorias nas condições de trabalho e melhores salários, relatou Enrique Gutiérrez, correspondente do La Jornada.
Paraguai, Uruguai, Argentina, Colômbia e os países centroamericanos também foram palco de mobilizações. No México, as comemorações do Dia do Trabalho se converteram em um ato contra os partidos PAN e PRI. Os trabalhadores foram chamados a dar um voto de castigo aos “partidos que quebraram a nação” e a cobrar a fatura por suas políticas, vetando seus candidatos. “Não dê teu voto ao PRI-PAN. Os indignados do México também votam”, diziam alguns dos cartazes e faixas carregados pelas dezenas de milhares de trabalhadores de sindicatos independentes durante a mobilização realizada na capital e em outras cidades do país. Muitos manifestantes utilizaram a máscara que se tornou ícone da resistência cidadã contra os centros do poder mundial.
Tradução: Katarina Peixoto
Fotos: La Jornada
domingo, 2 de outubro de 2011
Trabalhadores e estudantes preparam grande marcha em NY
Sindicatos do setor siderúrgico, de professores, de transportes e serviços manifestam apoio ao movimento Ocupa Wall Street. Trabalhadores e estudantes preparam uma grande marcha em Nova York, para a próxima quarta-feira. Repressão da polícia fortalece caráter nacional do movimento que já estaria em 100 cidades dos EUA. “Conhecemos a devastação causada por uma economia onde os trabalhadores, suas famílias, o meio ambiente e nossos futuros são sacrificados para que uns poucos privilegiados possam ganhar mais dinheiro em cima do trabalho de todos, menos do deles”, diz presidente do maior sindicato industrial de trabalhadores da América do Norte.
David Brooks - La Jornada
O sindicato nacional dos trabalhadores do setor siderúrgico (USW), com 1,2 milhões de filiados, anunciou sábado (1°) sua solidariedade ao movimento Ocupa Wall Street, na mais recente expressão do crescente apoio de organizações e personalidades nacionais a este movimento. No mesmo dia, centenas de manifestantes foram detidos em uma marcha na maior repressão massiva dos 15 dias de manifestações no centro financeiro desta cidade contra a cobiça dos empresários do setor. Por outro lado, elevando o perfil nacional deste ainda incipiente movimento, ocorreu uma ação Ocupa Wall Street no centro de Los Angeles com centenas de pessoas pedindo justiça econômica e denunciando a cobiça dos banqueiros.
Na tarde de sábado, 700 manifestantes foram detidos, segundo números da polícia, na ponte Brooklyn, quando cerca de 1.500 pessoas faziam uma marcha desde a chamada Praça Liberdade, onde está localizada a sede do movimento há duas semanas, a apenas duas quadras de Wall Street. Os manifestantes acusaram a polícia de montar uma armadilha para eles ao permitir que ingressassem na ponte para só depois encurralá-los e começar a detê-los. Entre os detidos, estaria inclusive uma criança. A polícia negou que tenha preparado uma armadilha e assegurou que só deteve quem não obedeceu as ordens de não invadir a passagem para os automóveis.
Caminhões preparados
No entanto, algumas horas antes a polícia já havia despachado para a região uns 20 caminhões para o transporte de presos. Foi um movimento planejado contra os manifestantes, disse o New York Times, que também informou que uma de suas jornalistas freelancer enviou uma mensagem dizendo que estava sendo presa na ponte. Tudo isso seguramente terá um efeito adverso para as autoridades, já que a prisão de 80 manifestantes há apenas uma semana ajudou a elevar o caráter nacional do protesto e provocou maior apoio, além de denúncias formais contra a polícia.
Por outro lado, Leo Gerard, presidente internacional de maior sindicato industrial de trabalhadores da América do Norte, o United Steelworkers (USW), declarou apoio e solidariedade de seu sindicato ao movimento Ocupa Wall Street. “Os homens e mulheres valentes, muitos deles jovens sem emprego, que vem se manifestando por quase duas semanas em Nova York estão falando por muitos em nosso mundo. Estamos fartos da cobiça empresarial, da corrupção e da arrogância que tem provocado dor para muita gente por demasiado tempo”.
Gerarr acrescentou que seu sindicato está enfrentando os mesmos capitães das finanças. “Conhecemos diretamente a devastação causada por uma economia global onde os trabalhadores, suas famílias, o meio ambiente e nosso futuro são sacrificados para que uns poucos privilegiados possam ganhar mais dinheiro sobre o trabalho de todos, menos o deles”.
Ao mesmo tempo, outros sindicatos de Nova York, como o dos professores (UFT), dos trabalhadores do setor de serviços (SEIU), Workers United, e o de transporte (TWU) anunciaram que participarão de uma marcha em solidariedade ao movimento Ocupa Wall Street na próxima quarta-feira.
O presidente da seção sindical de Nova York do TWU, John Samuelson, explicou em um programa de televisão que apoiam os manifestantes porque “estão cantando a mesma canção e travando a mesma batalha que nosso sindicato tem lutado ao longo dos últimos 18 meses”.
Por sua vez, Richard Trumka, presidente da central operária nacional AFL-CIO, pela primeira vez também expressou sua simpatia pelos jovens do Ocupa Wall Street, ainda que não possa, por si mesmo, manifestar apoio público sem prévio acordo com os filiados nacionais da central. Ele disse a John Nichols, do The Nation, que “Wall Street está fora de controle” e que “chamar a atenção para isso e protestar pacificamente é uma forma muito legítima de ação”. E acrescentou: “creio que estar nas ruas e chamar a atenção sobre esses assuntos é, às vezes, o único recurso que se tem. Deus sabe, alguém pode ir ao Congresso e falar com muita gente, sem que nada jamais ocorra”.
Personalidades nacionalmente reconhecidas como Michael Moore, Noam Chomsky, a atriz Susan Sarandon, o humorista Stephen Colbert e o filósofo Cornel West, elevaram o perfil do protesto com suas visitas e/ou expressões de apoio nos últimos dias.
Do outro lado do país, centenas de pessoas marcharam sábado em uma ação chamada “Ocupa los Angeles”, em sintonia com o movimento Ocupa Wall Street, informou o jornal Los Angeles Times. Os manifestantes chegaram ao centro da cidade com faixas e cartazes denunciando a corrupção do sistema político e a avareza empresarial, ecos do acampamento montado perto de Wall Street.
Os ativistas informaram que ações semelhantes estão ocorrendo em Boston, Chicago, Austin e que em dezenas de cidades estão sendo planejadas outras manifestações. Segundo o último levantamento, já há mais de 100 cidades na lista do Ocupa que, supostamente, estão desenvolvendo algum tipo de ação (ver www.occupytogether.org/).
Aparentemente, alguns começam a acreditar no que afirmava uma consiga dos acampados de Ocupa Wall Street: “O poder do povo é maior que o dos que estão no poder”.
Tradução: Katarina Peixoto
Na tarde de sábado, 700 manifestantes foram detidos, segundo números da polícia, na ponte Brooklyn, quando cerca de 1.500 pessoas faziam uma marcha desde a chamada Praça Liberdade, onde está localizada a sede do movimento há duas semanas, a apenas duas quadras de Wall Street. Os manifestantes acusaram a polícia de montar uma armadilha para eles ao permitir que ingressassem na ponte para só depois encurralá-los e começar a detê-los. Entre os detidos, estaria inclusive uma criança. A polícia negou que tenha preparado uma armadilha e assegurou que só deteve quem não obedeceu as ordens de não invadir a passagem para os automóveis.
Caminhões preparados
No entanto, algumas horas antes a polícia já havia despachado para a região uns 20 caminhões para o transporte de presos. Foi um movimento planejado contra os manifestantes, disse o New York Times, que também informou que uma de suas jornalistas freelancer enviou uma mensagem dizendo que estava sendo presa na ponte. Tudo isso seguramente terá um efeito adverso para as autoridades, já que a prisão de 80 manifestantes há apenas uma semana ajudou a elevar o caráter nacional do protesto e provocou maior apoio, além de denúncias formais contra a polícia.
Por outro lado, Leo Gerard, presidente internacional de maior sindicato industrial de trabalhadores da América do Norte, o United Steelworkers (USW), declarou apoio e solidariedade de seu sindicato ao movimento Ocupa Wall Street. “Os homens e mulheres valentes, muitos deles jovens sem emprego, que vem se manifestando por quase duas semanas em Nova York estão falando por muitos em nosso mundo. Estamos fartos da cobiça empresarial, da corrupção e da arrogância que tem provocado dor para muita gente por demasiado tempo”.
Gerarr acrescentou que seu sindicato está enfrentando os mesmos capitães das finanças. “Conhecemos diretamente a devastação causada por uma economia global onde os trabalhadores, suas famílias, o meio ambiente e nosso futuro são sacrificados para que uns poucos privilegiados possam ganhar mais dinheiro sobre o trabalho de todos, menos o deles”.
Ao mesmo tempo, outros sindicatos de Nova York, como o dos professores (UFT), dos trabalhadores do setor de serviços (SEIU), Workers United, e o de transporte (TWU) anunciaram que participarão de uma marcha em solidariedade ao movimento Ocupa Wall Street na próxima quarta-feira.
O presidente da seção sindical de Nova York do TWU, John Samuelson, explicou em um programa de televisão que apoiam os manifestantes porque “estão cantando a mesma canção e travando a mesma batalha que nosso sindicato tem lutado ao longo dos últimos 18 meses”.
Por sua vez, Richard Trumka, presidente da central operária nacional AFL-CIO, pela primeira vez também expressou sua simpatia pelos jovens do Ocupa Wall Street, ainda que não possa, por si mesmo, manifestar apoio público sem prévio acordo com os filiados nacionais da central. Ele disse a John Nichols, do The Nation, que “Wall Street está fora de controle” e que “chamar a atenção para isso e protestar pacificamente é uma forma muito legítima de ação”. E acrescentou: “creio que estar nas ruas e chamar a atenção sobre esses assuntos é, às vezes, o único recurso que se tem. Deus sabe, alguém pode ir ao Congresso e falar com muita gente, sem que nada jamais ocorra”.
Personalidades nacionalmente reconhecidas como Michael Moore, Noam Chomsky, a atriz Susan Sarandon, o humorista Stephen Colbert e o filósofo Cornel West, elevaram o perfil do protesto com suas visitas e/ou expressões de apoio nos últimos dias.
Do outro lado do país, centenas de pessoas marcharam sábado em uma ação chamada “Ocupa los Angeles”, em sintonia com o movimento Ocupa Wall Street, informou o jornal Los Angeles Times. Os manifestantes chegaram ao centro da cidade com faixas e cartazes denunciando a corrupção do sistema político e a avareza empresarial, ecos do acampamento montado perto de Wall Street.
Os ativistas informaram que ações semelhantes estão ocorrendo em Boston, Chicago, Austin e que em dezenas de cidades estão sendo planejadas outras manifestações. Segundo o último levantamento, já há mais de 100 cidades na lista do Ocupa que, supostamente, estão desenvolvendo algum tipo de ação (ver www.occupytogether.org/).
Aparentemente, alguns começam a acreditar no que afirmava uma consiga dos acampados de Ocupa Wall Street: “O poder do povo é maior que o dos que estão no poder”.
Tradução: Katarina Peixoto
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terça-feira, 6 de setembro de 2011
CABEÇAS CALVAS E GRISALHAS AO LADO DA JUVENTUDE E DAS BANDEIRAS VERMELHAS
CABEÇAS CALVAS E GRISALHAS AO LADO DA JUVENTUDE E DAS BANDEIRAS VERMELHAS Bandeiras republicanas, da luta antifranquista e bandeiras da União Geral dos Trabalhadores voltaram às ruas de Madrid neste terça-feira, em passeata que uniu desde o Partido Comunista Espanhol à esquerda anticapitalista. A juventude dos indignados estava presente, mas cabeças calvas e grisalhas sugeriam um novo perfil, não apenas dos manifestantes, mas talvez da luta política.Em Madrid, assim como na Itália, onde os sindicatos paralisaram o sistema de transportes nesta terça-feira, contra o arrocho fiscal de Berlusconi, trabalhadores, centrais sindicais e partidos de esquerda voltaram às ruas para rejeitar propostas de salvação dos mercados que arruínam a sociedade. O protesto espanhol dirigia-se à reforma constitucional liderada pelo PSOE e pela direita do PP. O objetivo é quase um chavão no discurso conservador nos dias que correm: acalmar mercados nervosos, que escalpelam Estados endividados com a machadinha do juro cortante para financiar a dívida pública. Zapatero e o PP de Aznar uniram-se com o propósito de incluir a meta de equilíbrio fiscal na Carta espanhola. Equilíbrio fiscal em si é saudável. Trata-se de uma deformação disseminada pela direita equiparar o keynesianismo ao endividamento temerário do Estado, reduzido assim a um vassalo da senhoriagem rentista. Não há nada de Keynes e muito menos de esquerda nisso.Na verdade,esse foi o modelo implantado pelo ciclo neoliberal, com sua agenda de Estado mínimo, isenção fiscal para os endinheirados e endividamento máximo para financiar políticas públicas intransferíveis aos mercados. Colocou-se assim a máquina pública e o sistema fiscal a serviço dos juros, em vez de servir ao interesse público. O que se pretende agora, na exaustão de uma engrenagem saturada no socorro aos mercados financeiros, é dobrar a aposta na vassalagem, cortando gastos sociais para acalmar credores ressabiados com o risco de um calote.É contra isso que as cabeças grisalhas comunistas voltaram às ruas de Madrid na tarde desta 3º feira, ao lado da juventude, mas resgatando as bandeiras vermelhas e o brasão da luta republicana ao lugar que lhes compete na história. A importância dessas mobilizações não deve ser exagerada. Mas os sinais são auspiciosos. Eles indicam que a travessia para uma nova esquerda converge ao único lugar onde essa tarefa poderá adquirir a velocidade requerida pela gravidade da hora: a fusão de novas e velhas bandeiras nas ruas do mundo. |
Bandeiras republicanas, da luta antifranquista e bandeiras da União Geral dos Trabalhadores voltaram às ruas de Madrid neste terça-feira, em passeata que uniu desde o Partido Comunista Espanhol à esquerda anticapitalista. A juventude dos indignados estava presente, mas cabeças calvas e grisalhas sugeriam um novo perfil, não apenas dos manifestantes, mas talvez da luta política.Em Madrid, assim como na Itália, onde os sindicatos paralisaram o sistema de transportes nesta terça-feira, contra o arrocho fiscal de Berlusconi, trabalhadores, centrais sindicais e partidos de esquerda voltaram às ruas para rejeitar propostas de salvação dos mercados que arruínam a sociedade. O protesto espanhol dirigia-se à reforma constitucional liderada pelo PSOE e pela direita do PP. O objetivo é quase um chavão no discurso conservador nos dias que correm: acalmar mercados nervosos, que escalpelam Estados endividados com a machadinha do juro cortante para financiar a dívida pública. Zapatero e o PP de Aznar uniram-se com o propósito de incluir a meta de equilíbrio fiscal na Carta espanhola. Equilíbrio fiscal em si é saudável. Trata-se de uma deformação disseminada pela direita equiparar o keynesianismo ao endividamento temerário do Estado, reduzido assim a um vassalo da senhoriagem rentista. Não há nada de Keynes e muito menos de esquerda nisso.Na verdade,esse foi o modelo implantado pelo ciclo neoliberal, com sua agenda de Estado mínimo, isenção fiscal para os endinheirados e endividamento máximo para financiar políticas públicas intransferíveis aos mercados. Colocou-se assim a máquina pública e o sistema fiscal a serviço dos juros, em vez de servir ao interesse público. O que se pretende agora, na exaustão de uma engrenagem saturada no socorro aos mercados financeiros, é dobrar a aposta na vassalagem, cortando gastos sociais para acalmar credores ressabiados com o risco de um calote.É contra isso que as cabeças grisalhas comunistas voltaram às ruas de Madrid na tarde desta 3º feira, ao lado da juventude, mas resgatando as bandeiras vermelhas e o brasão da luta republicana ao lugar que lhes compete na história. A importância dessas mobilizações não deve ser exagerada. Mas os sinais são auspiciosos. Eles indicam que a travessia para uma nova esquerda converge ao único lugar onde essa tarefa poderá adquirir a velocidade requerida pela gravidade da hora: a fusão de novas e velhas bandeiras nas ruas do mundo. |
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segunda-feira, 4 de julho de 2011
Mensagem de Anonymous aos meios de comunicação de massa
Conversadores e enroladores do corporativismo midiático, isso não é filmiinho. Vocês enganaram o povo, manchando o nosso nome com todos os tipos de falácias.
Primeiros vocês nos ignoraram; depois nos trataram como lixo social, disseram que desapareceríamos depois das eleições, que ninguém nos apóia, que somos minoria desprezível. Nos rotularam como violentos; como terroristas; também ideologicamente.
Vocês mentiram.
Conhecemos o problema de vocês. O caro quarto poder, já não tem nenhum poder sobre o povo. Agora, o único lastro de vocês é dinheiro no bolso.
Refazer o ‘jeitão’ do negócio de vocês custa caro, não é mesmo?
Exponhamos claramente o que está acontecendo: os meios de vocês são agora parte de conglomerados transnacionais, cujo supremo interesse é manter o status quo desse sistema agonizante, para continuar a ganhar dinheiro a custa de cansar o povo. Claro. Os trabalhadores do negócio de vocês já sabem disso. Ninguém acredita em vocês. A informação segue seu curso, apesar de vocês.
Enquanto brincam de criar opinião do alto de suas colunas, arrogando-se a verdade absoluta, suas calúnias e manipulações são desmascaradas e denunciadas implacavelmente – muitas vezes, ainda antes de emitidas ou publicadas –, para expor a impostura a todo o planeta.
Imaginaram que abandonaríamos o povo espanhol à estratégia óbvia de vocês, de desgastá-lo?
Vocês ainda não entenderam. Somos o mesmo povo, deixando aqui um aviso a vocês. Nós não apenas fazemos. Nós explicamos o que acontecerá. Porque depende de vocês unirem-se à mudança ou serem esquecidos por ela.
Somos os grevistas; os desempregados; os professores; os profissionais dos excluídos; as famílias sem teto; os trabalhadores ‘cortados’; os idosos esquecidos; os jovens educados, mas sem oportunidades; o trabalhador alienado; a secretária desrespeitada; os que ocupam casas desocupadas que vocês ridicularizaram; os ganhadores com consciência; os perdedores com dignidade.
Somos a chispa que desperta cada sinapse, como neurônios, que compõem hoje um só pensamento. Despertamos; invencíveis; com razão e razões.
Daremos a eles o que mais importa: nosso futuro; somos seus únicos herdeiros e donos legítimos. Não somos mercadoria na mão de ninguém.
Vocês podem continuar a mentir e a ignorar a revolução global. Vocês são irrelevantes. Dia 19 de junho o povo fez história e continuará a fazê-la. Cada vez mais países juntam-se às reivindicações do 15M, inclusive no interesse deles mesmos.
Nesse momento, as marchas cidadãs aproximam-se da capital, aumentando a cada passo.
A informação continua fluindo e não importa o que vocês façam para evitá-lo. Pretendem lutar contra a vontade humana? Pior, então, será a queda de vocês. E nossa vitória será celebremente épica. Porque a paz é nosso caminho. E não há vitória maior que vencer sem guerra.
Somos anônimos; somos legião. Não esquecemos. Não perdoamos. Esperem e verão,
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Postado por RIZOMA BEATRICE
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