Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Valmir Assunção: Revista Veja cavou a própria cova

 *EUROPA: cidadãos atingem o limite da tolerância com as imposições das finanças
  **Inglaterra: policiais aderem à greve do setor público nesta 5ª feira:
o arrocho do engomadinho David Cameron revolta até seu principal instrumento de governo: as forças de repressão**Espanha: passeatas em todo o país contra o desmonte do sistema educacional (leia a análise de um ano do movimento dos indignados, por Oscar Guisoni, de Madrid) ** Grécia à deriva: desemprego atinge recorde de 22,7%**mal-estar social : apenas 54% dos 17 milhões de desempregados da UE tem acesso a algum auxílio público** nesta 5ª feira, economistas da 'Rede Desenvolvimentista' debatem a crise global e seus impactos no  Brasil e AL; assista online nesse momento: (
http://www.rtv.unicamp.br/aovivo/canal3/)
“Por diversas vezes, relatei casos de matérias levianas publicadas pela revista Veja, principalmente no que tange ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, sindicatos de trabalhadores, com o objetivo de criminalizar a luta pela terra, a luta dos trabalhadores brasileiros em geral”. A avaliação é do deputado Valmir Assunção (PT-BA), em artigo,  coordenador do Núcleo Agrário da Bancada do PT na Câmara.
Revista Veja cavou a própria cova
Por Valmir Assunção*
Por diversas vezes, relatei casos de matérias levianas publicadas pela revista Veja, principalmente no que tange ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, sindicatos de trabalhadores, com o objetivo de criminalizar a luta pela terra, a luta dos trabalhadores brasileiros em geral.
Eis que, neste momento, a própria imprensa traz denúncias, através de conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, de envolvimento de jornalistas desta revista com criminosos, no caso, o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Esse caso é interessante, por que esta revista, que sempre apregoou a ética como seu carro-chefe, de repente, vê sua credibilidade esparramada no chão, sendo alvo inclusive de investigações da CPI do Cachoeira e da Polícia Federal.
A reportagem veiculada pelo Domingo Espetacular, da Record, neste último domingo, é estarrecedora. Carlinhos Cachoeira revela ser mais que uma simples fonte da revista; articula notas, reportagens, dentre outras informações com o aval do editor chefe da revista.
Carlinhos Cachoeira tinha o poder, segundo as interceptações, de deliberar sobre a finalidade e o lugar das reportagens da Veja, beneficiando, desta forma, negociatas com seu parceiro Cláudio Abreu, executivo da construtora Delta; é o caso da pressão para demissão da cúpula do Ministério dos Transportes: por meio do que Cachoeira passava para ser publicado na Veja, vários funcionários do ministério foram afastados.
Desta forma, Cachoeira conseguiu pelo menos cinco capas desta revista. Sem falar dos objetivos ideológicos, dentro da função que a revista Veja atribuiu para si mesma de panfleto da direita brasileira.
Não há formas de defender a continuidade de circulação desta revista. Exemplos trazidos pela revista Carta Capital desta semana nos dizem que, na Inglaterra, casos de grampos ilegais sob a batuta de Rupert Murdoch podem findar com um grande império midiático daquele país, pois o mesmo cometeu crimes.
A revista Veja se envolveu com criminosos em uma situação em que a ética jornalística foi seriamente ferida.
Esta revista cavou sua própria cova!


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ALVOS DE PRECISÃO EGÍPCIA



A praça Tahrir, no centro do Cairo, sugere uma dessas rotatórias inóspitas,como tantas outras, destinadas a ordenar o fluxo do trânsito nas grandes metrópoles  subdesenvolvidas,  pouco ou nada pensadas para o convívio humano. Mas desde fevereiro deste ano, quando foi palco  de 18 dias consecutivos  de protestos  gigantescos que derrubaram o ditador  amigo das potências,  Hosni  Mubarak,  a praça Tahrir  ingressou definitivamente no panteão dos símbolos libertários do nosso tempo. Na sua textura inóspita o povo egípcio plantou uma das mais vigorosas sementes da primavera política que sacode o norte africano e todo o Oriente Médio. Desde a última 6ª feira, a semeadura tem sido regada pelo sangue derramado em novos confrontos que, a partir de Tahrir, espalham-se por  todo o país com um saldo devastador nas últimas 72 horas: 33 mortos pela repressão do Exército; 1.500 feridos e a renúncia  do gabinete civil que desde a queda de Mubarak  ordena a transição democrática, subordinado à mão dura militar. A uma semana das eleições parlamentares, a sociedade egípcia está farta dessa tutela que pretende se sobrepor  à nova institucionalidade, esvaziando-a na prática, a exemplo do que os mercados financeiros fazem  com as democracias maduras de uma Europa em transe.  No Egito, o definhamento opera pelo canal do  adiamento das eleições presidenciais; na zona do euro, com a captura do Estado pela lógica financeiro, tornando ornamental a rotatividade do poder. A principal  singularidade egípcia  está na eficácia das grandes mobilizações de massa. Armadas de alvos claros,  cirúrgicos e avessos às tergiversações  conservadoras  --mas permeados de intensa capilaridade junto a organizações civis e partidos políticos, ao contrário do mito da 'revolução digital'-- ,  elas arremetem contra o despotismo de plantão com uma contundência pavorosa para os seus ocupantes. Foi  assim que Tahrir derrubou Mubarak em 11 de fevereiro, após 18 dias de protestos que custaram 300 mortos e cinco mil feridos. É assim que ela se volta agora contra o cabresto militar, unificando partidos e vozes em uma exigência clara, incontornável, de rápida aderência popular: fim da tutela --ou como se ouve em Tahrir, 'deixem-nos respirar; deixem-nos viver'. A  articulação e a objetividade das jornadas  nascidas na praça política mais eficaz do mundo  talvez tenham algo a ensinar aos indignados do resto do planeta, ainda carentes da mesma habilidade para traduzir  o descontentamento social em alvos progressivos, práticos, de precisão egípcia.   
(Carta Maior; 2ª feira; 21/11/ 2011)

sábado, 15 de outubro de 2011

"Contra o poder financeiro, político, militar e midiático"

 
 *OCUPAR A AGENDA DA CRISE** POLITIZAR A ECONOMIA** AMPLIAR A DEMOCRACIA**  82 países apoiam a marcha deste sábado,dia 15, pelo fim da ordem neoliberal
 
** o que está em jogo: assista 'Inside Job' ( http://vimeo.com/25278394) e a  convocatória dos indignados espanhóis: http://15october.net/where/ 
 
* *LULA : o discurso emocionado ao receber o Prêmio World Food Prize, dia 12, nos EUA ** o vídeo na íntegra:  http://www.youtube.com/watch?v=LT0j9AN6T-A&feature=player_embedded
 
**a maior greve bancária em 20 anos entra no seu 18º dia com mais de 9.100 agencias paradas, 46% da rede brasileira
 
** banqueiros  voltam a negociar e elevam a proposta de reajuste para 9%
 
**BRESSER PEREIRA: 'governo deve administrar com mão de ferro o setor financeiro' (leia entrevista  exclusiva a Maria Inês Nassif; nesta pág)
 
**dia 18/10: 'Ocupe o Copom': manifesto pela queda dos juros une CUT, Fiesp, Abimaq, metalúrgicos,   economistas** informações e adesões:  http://www.brasilcomjurosbaixos.com.br/
  

Brasileiros aderem a chamado de mobilização global dia 15

 

Chamados a participar de uma mobilização mundial contra modelo econômico-político dominante, jovens brasileiros resolveram aderir e adaptar os eixos internacionais à realidade do país. A convocatória veio da Espanha, dos movimentos que levantaram a bandeira da “democracia real já” e protestam contra os efeitos da crise econômica. Pelo menos 42 cidades brasileiras devem particiar da mobilização global neste sábado.

Chamados a participar de uma mobilização mundial, jovens brasileiros resolveram aderir e adaptar os eixos internacionais à realidade do país. A convocatória veio da Espanha, dos movimentos que levantaram a bandeira da “democracia real já” e protestam contra os efeitos da crise econômica. Os protestos também se referenciam em movimentos de outros locais como Grécia, Chile, Estados Unidos e países do Oriente Médio, que de maneiras distintas estão realizando manifestações massivas.

Segundo o site http://15october.net/es/, atividades públicas já
foram marcadas neste dia em 951 cidades de 82 países de todos os continentes. De maneira genérica, a mobilização global centra fogo no que parece coincidir em vários desses levantes: a crítica aos regimes políticos e ao modelo econômico.

“Unidos em uma só voz, faremos saber aos políticos e às elites financeiras a quem eles servem, que agora somos nós, as pessoas, quem decidiremos nosso futuro”, afirma o chamado. E completa: as pessoas não são “mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros”, e estes, por sua vez, não os representam.

No Brasil
A partir de uma garimpagem na internet, é possível descobrir as cidades brasileiras que planejam atividades. O site http://www.cartamaior.com.br/templates/www.democraciarealbrasil.org/ aponta 41 locais com eventos divulgados no site do Facebook. O número de pessoas confirmadas, apesar da pouca precisão desta fonte de informação, passa de 11 mil.

Cada cidade está organizando de maneira independente suas mobilizações. Em São Paulo, o grupo que está se reunindo há quase um mês anunciou um acampamento no Vale do Anhangabaú. Está prevista a concentração a partir das 10 horas do sábado, seguida de uma passeata até o local de instalação das barracas. Lá, ocorrerão grupos de discussão sobre educação, meio ambiente, saúde e transporte, debates com o tema “o que é democracia real”, atividades culturais e assembleias organizativas.

O manifesto paulista, além de situar os levantes no mundo, critica a desigualdade social como “principal marca deste país, desde que ele existe como tal”. O material também afirma que o movimento é auto-organizado, autofinanciado, autônomo de empresas, Estado, governos e partidos políticos, apesar de contar com participantes de algumas organizações.

As bandeiras elencadas refletem também as manifestações ocorridas durante todo o ano. A quantidade de vezes que esses movimentos saíram às ruas demonstra algumas mudanças também no cenário nacional. Só em 2011 foram realizadas marchas contra o aumento das passagens de ônibus, do dia internacional de luta da mulher, contra a homofobia, da maconha, da liberdade, das vadias, contra Belo Monte, contra o novo Código Florestal, da consciência negra, contra corrupção, do Fora Ricardo Teixeira, entre outras. A maioria delas aconteceu em 10 cidades, sendo que se chegou a atingir 40 locais diferentes, com números de participantes acima do que não se via há algum tempo.

As ocupações também foram instrumentos mobilizadores. Em São Paulo, a ocupação da Fundação Nacional das Artes (Funarte), com o lema “é hora de perder a paciência” se destacou. Por pautas específicas e pelo investimento de 10% do PIB para educação pública, o movimento estudantil realizou ocupações de reitorias na onda das greves dos técnico-administrativos na UFPR, UEM, UFSM, UFSC, UFRB, UFAL, UFMT, UnB, UFES, UFRGS, UFAM, UFRJ, UFF, com conquistas pontuais. No sindicalismo, algumas outras categorias como trabalhadores da construção civil, do Correios e bancários também fizeram grandes greves.

As organizações políticas, os protagonistas e as pautas de todas essas mobilizações não estão concentradas em um único programa. O 15 de outubro é, no entanto, uma evidência que mesmo diante das incertezas dos desdobramentos da crise econômica mundial, parte da população está se organizando para buscar respostas coletivas, nas ruas.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

AS RUAS NÃO TEM 'CLAREZA'. QUEM A TEM?






*911 cidades em 82 países apoiam a marcha deste sábado,dia 15, pelo fim da ordem neoliberal** convocatória feita pelos indignados espanhóis: http://15october.net/where/ ** solução ortodoxa: governo direitista de Portugal vai de mais-valia absoluta: decreta aumento de meia hora da jornada de trabalho no país, sem pagamento correspondente**a maior greve bancária em 20 anos entra no seu 18º dia com mais de 9.100 agencias paradas, 46% da rede brasileira** banqueiros tiveram aumento de lucros de 28% em 2010, oferecem 8,4% de reajuste**BRESSER PEREIRA: 'governo deve administrar com mão de ferro o setor financeiro' (leia entrevista  exclusiva a Maria Inês Nassif; nesta pág)**dia 18/10: 'Ocupe o Copom': manifesto pela queda dos juros une CUT, Fiesp, Abimaq, metalúrgicos,   economistas** informações e adesões:  http://www.brasilcomjurosbaixos.com.br/
  
Muitos se perguntam de que servem as mobilizações de rua se seus participantes - jovens em sua maioria - não tem 'clareza' (os banqueiros a teriam, por suposto) do que fazer diante do gigantismo de impasses que ameaçam a própria sobrevivência do sistema financeiro mundial. As ruas nunca deram respostas técnicas para impasses históricos. O papel das ruas nesse momento é justamente libertar a economia da fraudulenta camisa-de-força 'técnica' que circunscreve a busca de alternativas aos limites dos interesses geradores da crise.(LEIA MAIS)
(Carta Maior; 6ª feira, 14/10/ 2011)

domingo, 2 de outubro de 2011

Trabalhadores e estudantes preparam grande marcha em NY


Sindicatos do setor siderúrgico, de professores, de transportes e serviços manifestam apoio ao movimento Ocupa Wall Street. Trabalhadores e estudantes preparam uma grande marcha em Nova York, para a próxima quarta-feira. Repressão da polícia fortalece caráter nacional do movimento que já estaria em 100 cidades dos EUA. “Conhecemos a devastação causada por uma economia onde os trabalhadores, suas famílias, o meio ambiente e nossos futuros são sacrificados para que uns poucos privilegiados possam ganhar mais dinheiro em cima do trabalho de todos, menos do deles”, diz presidente do maior sindicato industrial de trabalhadores da América do Norte.

O sindicato nacional dos trabalhadores do setor siderúrgico (USW), com 1,2 milhões de filiados, anunciou sábado (1°) sua solidariedade ao movimento Ocupa Wall Street, na mais recente expressão do crescente apoio de organizações e personalidades nacionais a este movimento. No mesmo dia, centenas de manifestantes foram detidos em uma marcha na maior repressão massiva dos 15 dias de manifestações no centro financeiro desta cidade contra a cobiça dos empresários do setor. Por outro lado, elevando o perfil nacional deste ainda incipiente movimento, ocorreu uma ação Ocupa Wall Street no centro de Los Angeles com centenas de pessoas pedindo justiça econômica e denunciando a cobiça dos banqueiros.

Na tarde de sábado, 700 manifestantes foram detidos, segundo números da polícia, na ponte Brooklyn, quando cerca de 1.500 pessoas faziam uma marcha desde a chamada Praça Liberdade, onde está localizada a sede do movimento há duas semanas, a apenas duas quadras de Wall Street. Os manifestantes acusaram a polícia de montar uma armadilha para eles ao permitir que ingressassem na ponte para só depois encurralá-los e começar a detê-los. Entre os detidos, estaria inclusive uma criança. A polícia negou que tenha preparado uma armadilha e assegurou que só deteve quem não obedeceu as ordens de não invadir a passagem para os automóveis.

Caminhões preparados
No entanto, algumas horas antes a polícia já havia despachado para a região uns 20 caminhões para o transporte de presos. Foi um movimento planejado contra os manifestantes, disse o New York Times, que também informou que uma de suas jornalistas freelancer enviou uma mensagem dizendo que estava sendo presa na ponte. Tudo isso seguramente terá um efeito adverso para as autoridades, já que a prisão de 80 manifestantes há apenas uma semana ajudou a elevar o caráter nacional do protesto e provocou maior apoio, além de denúncias formais contra a polícia.

Por outro lado, Leo Gerard, presidente internacional de maior sindicato industrial de trabalhadores da América do Norte, o United Steelworkers (USW), declarou apoio e solidariedade de seu sindicato ao movimento Ocupa Wall Street. “Os homens e mulheres valentes, muitos deles jovens sem emprego, que vem se manifestando por quase duas semanas em Nova York estão falando por muitos em nosso mundo. Estamos fartos da cobiça empresarial, da corrupção e da arrogância que tem provocado dor para muita gente por demasiado tempo”.

Gerarr acrescentou que seu sindicato está enfrentando os mesmos capitães das finanças. “Conhecemos diretamente a devastação causada por uma economia global onde os trabalhadores, suas famílias, o meio ambiente e nosso futuro são sacrificados para que uns poucos privilegiados possam ganhar mais dinheiro sobre o trabalho de todos, menos o deles”.

Ao mesmo tempo, outros sindicatos de Nova York, como o dos professores (UFT), dos trabalhadores do setor de serviços (SEIU), Workers United, e o de transporte (TWU) anunciaram que participarão de uma marcha em solidariedade ao movimento Ocupa Wall Street na próxima quarta-feira.

O presidente da seção sindical de Nova York do TWU, John Samuelson, explicou em um programa de televisão que apoiam os manifestantes porque “estão cantando a mesma canção e travando a mesma batalha que nosso sindicato tem lutado ao longo dos últimos 18 meses”.

Por sua vez, Richard Trumka, presidente da central operária nacional AFL-CIO, pela primeira vez também expressou sua simpatia pelos jovens do Ocupa Wall Street, ainda que não possa, por si mesmo, manifestar apoio público sem prévio acordo com os filiados nacionais da central. Ele disse a John Nichols, do The Nation, que “Wall Street está fora de controle” e que “chamar a atenção para isso e protestar pacificamente é uma forma muito legítima de ação”. E acrescentou: “creio que estar nas ruas e chamar a atenção sobre esses assuntos é, às vezes, o único recurso que se tem. Deus sabe, alguém pode ir ao Congresso e falar com muita gente, sem que nada jamais ocorra”.

Personalidades nacionalmente reconhecidas como Michael Moore, Noam Chomsky, a atriz Susan Sarandon, o humorista Stephen Colbert e o filósofo Cornel West, elevaram o perfil do protesto com suas visitas e/ou expressões de apoio nos últimos dias.

Do outro lado do país, centenas de pessoas marcharam sábado em uma ação chamada “Ocupa los Angeles”, em sintonia com o movimento Ocupa Wall Street, informou o jornal Los Angeles Times. Os manifestantes chegaram ao centro da cidade com faixas e cartazes denunciando a corrupção do sistema político e a avareza empresarial, ecos do acampamento montado perto de Wall Street.

Os ativistas informaram que ações semelhantes estão ocorrendo em Boston, Chicago, Austin e que em dezenas de cidades estão sendo planejadas outras manifestações. Segundo o último levantamento, já há mais de 100 cidades na lista do Ocupa que, supostamente, estão desenvolvendo algum tipo de ação (ver www.occupytogether.org/).

Aparentemente, alguns começam a acreditar no que afirmava uma consiga dos acampados de Ocupa Wall Street: “O poder do povo é maior que o dos que estão no poder”.

Tradução: Katarina Peixoto

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Mídia golpista convoca protestos de rua

Por Altamiro Borges

Testando o clima político, a mídia demotucana tem atiçado os seus leitores, telespectadores e ouvintes para sentir se há condições para a convocação de protestos de rua contra o governo Dilma. O mote dos filhotes de Murdoch seria o do combate à corrupção, o da “ética”. A experiência a copiar seria a da “revolução dos indignados” na Espanha.

Na prática, o objetivo seria o de reeditar as “Marchas com Deus”, que prepararam o clima para o golpe de 1964, ou o finado movimento Cansei, de meados de 2007, que reuniu a direita paulistana, os barões da mídia e alguns artistas globais no coro do “Fora Lula”. Até agora, o teste não rendeu os frutos desejados. Mas a mídia golpista insiste!

Visão conspirativa?

A idéia acima exposta pode até parecer conspirativa, amalucada. Mas é bom ficar esperto. Nos últimos dias, vários “calunistas” da imprensa têm conclamado a sociedade, em especial a manipulável “classe média”, a se rebelar contra os rumos do país. Parece algo articulado – “una solo voz”, como se diz na Venezuela sobre a ação golpista da mídia.

O primeiro a insuflar a revolta foi Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El País, num artigo de 11 de julho. O repórter, que adora falar besteiras sobre o Brasil, criticou a passividade dos nativos, chegando a insinuar que impera no país a cultura de que “todos são ladrões”. Clamando pela realização de protestos de rua, ele provocou: “Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam”.

O Globo e Folha

Logo na sequência, dia 17, O Globo publicou reportagem com o mesmo tom incendiário. O jornal quis saber por que o povo não sai às ruas contra a corrupção no governo Dilma. Curiosamente, o que prova as péssimas intenções da famiglia Marinho, o diário só não publicou as respostas do MST, que desmascaram as tramas das elites (leia aqui).

Já nesta semana, o jornal FSP (Folha Serra Presidente) entrou em campo para reforçar o coro dos “indignados”. No artigo “Por que não reagimos”, de terça-feira (19), o colunista Fernando de Barros e Silva, que nunca escondeu a sua aversão às forças de esquerda, relembrou a falsa retórica udenista do falecido Cansei:

O resmungo dos “calunistas”

“Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que a indignação resulta apenas numa carta enviada à redação ou numa coluna de jornal. Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo?”.

Hoje, 21, foi a vez de Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa do PSDB”. Após exigir que Dilma seja mais dura contra a corrupção, ela cobra uma reação da sociedade. “A corrupção virou uma epidemia... E os brasileiros que estudam, trabalham, pagam impostos e já pintaram a cara contra Collor, não estão nem aí? Há um silêncio ensurdecedor”.

Seletividade da mídia

Como se observa, o discurso é o mesmo. Ele conclama o povo a ir às ruas contra a corrupção... no governo Dilma. De quebra, ainda tenta cravar uma cunha entre a atual presidenta e o seu antecessor. A corrupção seria uma “herança maldita” de Lula. A intenção não é a de apurar as denúncias e punir os culpados, mas sim a de sangrar o atual governo.

Na sua seletividade, a mídia demotucana nunca convocou protestos contra o roubo da privataria tucana ou contra a reeleição milionária de FHC. Ela também nunca se indignou e exigiu que sejam desarquivadas as quase 100 CPIs contra as maracutaias do governo do PSDB de São Paulo. Para a mídia golpista, o discurso da ética é funcional. Só serve para os inimigos!

Acorda Dilma!

É bom a presidenta Dilma ficar esperta. O tempo está se esgotando. A fase do “namorico” com a mídia acabou. Das denúncias de corrupção, que já sangram o governo há quase dois meses, a imprensa partidarizada já passou para a fase da convocação de protestos de rua. Como principal partido da oposição, a mídia retomou a ofensiva. E o governo se mantém acuado, paralisado, sem personalidade.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Agenda para um espanhol indignado


O correspondente do jornal espanhol El País no Brasil não se conforma. Diz que não entende como aqui não há um movimento dos jovens indignados, como no seu país. Com tanta corrupção, diz ele, certamente leitor assíduo da velha mídia e menos da realidade concreta. Palocci, Ministério dos Transportes, processo do mensalão. Onde está a juventude brasileira? Perdeu a capacidade de se indignar? Está corrompida? Está envelhecida? Não tem os valores morais da juventude do velho continente?

Ele se indigna no lugar da nossa juventude, com um país carcomido pelos hábitos corruptores da velha politica populista e patrimonialista. Aderiu ao Cansei.

Dá pena. Ele não entende nem o nosso país, nem o dele. Acha que os jovens se indignam com a corrupção, na forma que a velha mídia a trata, como mercadoria de denúncia contra o Estado, a política, os governos, etc. etc.

Se comparasse a situação do seu país e do nosso poderia entender bem um ou até mesmo os dois países. Sugerimos uma agenda para sua visão obnubilada.

Por que não compara a popularidade do Zapatero com a do Lula? Por que será que um é enxotado – até mesmo por editorial do seu jornal, chegado ao PSOE, que diz que se ele quer fazer algo de vem pra Espanha, deve ir embora imediatamente – e o outro saiu do governo com 87% de popularidade e 4% de rejeição, mesmo tendo toda a mídia contra? O que é indignante: ter Zapatero como dirigente máximo do país ou a Lula?

Não lhe indigna saber que o seu país, que foi colonizador, se apropriando das riquezas produzidas pelos escravos neste país, que continua a explorar mediante os grandes bancos, petroleiras, companhias de telecomunicação a este continente, se encontra, há já quase 4 anos em crise. Enquanto nós, explorados, dominados, submetidos aos organismos internacionais que vocês apoiam, saímos a quase três anos da crise. Não lhe indigna isso?

Não lhe indigna que aqui todos os imigrantes podem se legalizar e ser tratados com igualdade de direitos, enquanto no seu país semanalmente chegam embarcações com centenas de pessoas provenientes da África – que vocês ajudaram a espoliar -, vários deles já mortos, e são presos e devolvidos a seu continente de origem, tratados como seres inferiores, rejeitados, humilhados e ofendidos?

Não lhe indigna que aqui, com muito menor quantidade de recursos, estamos próximos do pleno emprego, enquanto no seu país o desemprego bate recordes, chega a praticamente 50% para os jovens? Em condições que as elites ricas esbanjam dinheiro pelo mundo afora? Não lhe indigna isso?

Daria para continuar falando muito mais. Se lhe indignassem essas coisas, teria saído com os jovens espanhóis que continuam a ocupar ruas e praças, indignados, eles sim, com tudo isso que passa no seu país. Eles defendem os imigrantes, os desempregados, todos vítimas principais do governo que seu jornal apoiou até ontem.

Não lhe indigna que Lula seja um líder mundial, que vá à África propor medidas de luta contra a fome, enquanto o seu país rejeita os africanos e continua a explorar os recursos daquele continente?

Creio que, no fundo, o que indigna ao jornalista espanhol é que seu país perdeu a competição para sediar os Jogos Olímpicos, derrota com que não se conforma, então tenta desvalorizar o Rio e o Brasil, com denúncias reiteradas e multiplicadas sobre problemas de insegurança pública, de atraso nas obras da Copa e das Olimpíadas.

O que indigna é sua incapacidade de não compreender nem o seu país, nem o país sobre o qual ele deveria fazer cobertura que permitisse que os leitores compreendessem o Brasil. Mas ele não compreende sequer o seu país, como vai compreender o nosso?

É indignante realmente. Estivesse na Espanha, estaria com os jovens indignados, contra um governo como o que tem eles, com uma mídia como a que tem eles.
Postado por Emir Sader às 17:59