Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

SERRA ESCULACHADO. JA VAI TARDE...DEMOROU..

Vá se tratar, candidato Serra!



Leia manifesto que será enviado ao candidato do PSDB a prefeito de SP, José Serra. Se você concordar com seus termos, deixe comentário de apoio
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Senhor José Serra,
Quem lhe escreve não é só o signatário deste manifesto, mas a maioria de um povo que o elegeu prefeito de São Paulo em 2004 e que, em 2008, atendeu indicação sua e votou em Gilberto Kassab. Trata-se de uma maioria de 52% do eleitorado paulistano que, em recente pesquisa do instituto Datafolha, diz que não repetiria aqueles votos “de jeito nenhum”.
O senhor deve – ou deveria – ter ficado surpreso com essa pesquisa. Afinal, por que kassab, o prefeito que os paulistanos rejeitam, tem “só” 42% de rejeição e o senhor tem 52%?
A sua rejeição, candidato, cresce mais do que a do governante que São Paulo não suporta mais porque este ao menos fica de boca fechada, enquanto que o senhor aparece todo dia na televisão exaltando uma administração sobre a qual a opinião da maioria dos paulistanos ficou evidente na pesquisa em questão.
Claro, candidato, que o senhor dirá que sou apenas um “petista” e me mandará “para o Haddad”, assim como tem feito com tantos jornalistas e repórteres os quais, à menor pergunta incômoda, o senhor destrata e humilha. E, mais claro ainda, dirá que se alguém que o rejeita como eu lhe dá um conselho, este deve ser seguido ao contrário.
Engana-se, senhor candidato. O senhor deveria me ouvir. Digo-lhe, com pureza d’alma, que, para quem não quer que o senhor vença a eleição, sua conduta truculenta e mal-educada é bem-vinda, pois com ela a sua imagem se deteriora a cada dia. Todavia, tal conduta, ainda que suicida, esbofeteia São Paulo.
De sábado para cá, senhor Serra, tomei metrô duas vezes. A seguir, relato a diferença de sua propaganda para a vida real.
Na primeira, a composição chegou à estação “rateando”, aos solavancos, bem devagar. Os passageiros entraram nos vagões lotados, um calor desgraçado, ar-condicionado defeituoso. O condutor fechou as portas e o trem continuou parado. Minutos depois, seguiu viagem até a estação seguinte, quando o condutor, pelo alto-falante, mandou todo mundo descer.
Naquele momento, candidato, centenas de pessoas saíram protestando, ouviam-se gritos de “olha a propaganda do Serra aí, gente!”.
Na segunda viagem de metrô de sábado para cá, agora em horário de pico, após esperar a passagem de QUATRO trens, consigo embarcar. O mesmo calor, o mesmo ar-condicionado quebrado ou insuficiente. Uma senhora passa mal. Mais protestos. Novamente ouvem-se gritos sobre a sua propaganda que mostra um metrô que ninguém jamais viu.
Na região da Avenida Paulista, não se consegue andar cem metros sem ser abordado por um pedinte – em geral, crianças – ou sem tropeçar em algum morador de rua desfalecido no chão, seja por drogas, seja por álcool, seja pelo torpor de problemas mentais.
Nos semáforos, crianças ou esmolam ou tentam roubar os motoristas. São milhares de crianças abandonadas por toda cidade. Famílias inteiras dormindo ao relento. Favelas surgindo em qualquer terreno, inclusive nos bairros para os quais o senhor dá prioridade, os bairros ditos “nobres”.
Na extremidade Sul da avenida paulista, na avenida Bernardino de Campos, ao lado da igreja de Santa Generosa, surgiu uma favela onde, antes, era um estacionamento. As famílias vivem lá sem água encanada, sem luz, sem esgoto, em uma situação horrorosa. Já aparecem por lá tipos mal-encarados em conduta suspeita.
Dia desses, crianças desse “acampamento” começaram a tentar assaltar motoristas no semáforo da esquina, abertamente. Crianças pequenas, adolescentes, candidato…
Na madrugada de sábado para domingo, ainda no Paraíso, durante a madrugada, um tiroteio, gritos, sirenes, correria.
Poderia dizer da Saúde, da Educação, de tudo mais que está em estado de miséria na capital paulista, mas estaria chovendo no molhado.
A quase totalidade dos paulistanos sabe do desastre em curso na cidade, à exceção do senhor mesmo e de uma parcela do eleitorado que não raciocina porque se deixou engabelar por sua estratégia de ficar citando “mensalão” e José Dirceu em vez de nos dar alguma satisfação sobre tudo isso.
O senhor, candidato Serra, poderia ter a decência de parar de ficar falando em assuntos que nada têm que ver com a administração de São Paulo, como o julgamento do mensalão e o ex-ministro José Dirceu, e se ater ao que nos interessa, aos paulistanos, que é a administração da cidade. Até porque, todos já perceberam que sua conduta não passa de escapismo.
Não, não tenho esperança de que o senhor venha a se sensibilizar com este apelo para que adote uma conduta menos acintosa ao povo que o elegeu tantas vezes, mas tenho certeza de que, ao lhe escrever este texto, expresso opinião majoritária de uma cidade que está sendo reiteradamente esbofeteada por suas estratégias políticas.
A rejeição de que o senhor padece, repito, é maior do que a de seu preposto, Kassab, porque o senhor fala mais do que ele, que não dá satisfação a ninguém, e trata as queixas como se fossem produto de falta do que fazer. A campanha vai terminando sem que o senhor tenha reconhecido um único problema, limitando-se a exaltar o que a maioria diz que está péssimo.
Além disso, candidato, venho fazer outro apelo. Este, de cunho pessoal. Peço para que procure ajuda psicológica. Digo isso após ouvir resposta que o senhor deu em entrevista à rádio CBN, quando, perguntando sobre como combater violência nas escolas, disse que pretende identificar, entre incontáveis milhares de estudantes, os que possuam “potencial criminoso”.
Candidato, estamos falando de crianças e adolescentes que, mais do que autores, são vítimas da violência. A sua proposta, candidato, a exemplo de tantas outras, é uma sandice – na verdade, parece produto de sério desequilíbrio mental.
Como o senhor irá identificar “potencial criminoso” entre os alunos da rede municipal de ensino? Pela cor da pele? Pelo vestuário? E, uma vez identificado o “criminoso em potencial”, como o senhor irá tratá-lo? Aliás, uma pergunta: a ciência já descobriu como detectar “potencial criminoso” em milhares e milhares de crianças e adolescentes?
Certamente, candidato, ainda não é possível fazer o senhor entender que sua obsessão com “mensalão” e José Dirceu não lhe trará votos entre uma população que pede propostas para melhorar o que o senhor mesmo fez piorar. Todavia, depois que São Paulo chutar o seu traseiro no próximo domingo, sugiro que reconsidere a sugestão de ir se tratar.
Atenciosamente,
Eduardo Guimarães

SERRA ESTÁ ENTREGUE ÀS TOGAS

*Faltam 7 dias e dois debates; o conservadorismo vai  tentar de tudo: Lula e Dilma, em comício em SP, pedem humildade e empenho para ganhar votos até o fechamento da urna, dia 28.  

  O tucano José Serra esgotou seu repertório antes de terminar a campanha.  Seu maior problema nestes poucos dias que restam da disputa em SP  é: o que mais a dizer ao eleitor  que não o ouviu até agora?  A percepção mais grave  é de que sua narrativa perdeu significado no próprio PSDB.  Pior: a imensa rejeição que atrai tornou-o um ambulante do estorvo para o futuro do partido. FHC e Sergio Guerra vazam desapontamento com a condução das coisas em SP. Serra depende exclusivamente do que mais os integrantes do STF possam fazer por ele.  O tucano está distribuindo milhões de adesivos com o slogan ' Diga não ao mensalão', em parceria com o desfecho desfrutável do julgamento esta semana. Na ante-sala do voto, com uma desvantagem robusta, o recurso reiterativo adiciona pouco à insuficiência acumulada. Por sua própria escolha e pelo afastamento do PSDB, seu futuro político está entregue às togas,  muito mais do que o dos petistas que  demoniza.

Levante Popular da Juventude quer renovar práticas da esquerda
 
 

A sabedoria dos espertalhões.






Os mandachuvas da economia mundial simulam que seu poder é fruto de sua inteligência. Mas só parecem inteligentes por ter poder

No domingo, 14 de outubro, a manchete da Folha de S.Paulo proclama “Intervenções de Dilma e PIB fraco afastam investidores estrangeiros”. No corpo da reportagem, a jornalista Patrícia Campos Mello esclarece que a deplorada queda no ingresso de capitais está concentrada em ações e títulos de dívida, o chamado investimento de portfólio. Entre janeiro de 2011 e agosto de 2012, essa modalidade de investimento estrangeiro apresentou queda de 1,8% para 0,3% do PIB. Já o investimento direto subiu no mesmo período de 2,3% ­para 2,8% do PIB.

Nas palavras da jornalista, esses números transmitem melhor o humor (sic) dos investidores porque (o investimento de port­fólio) são mais voláteis do que o investimento direto estrangeiro, bem como menos influenciados por uma grande operação.

Em seguida, ela organiza um desfile de opiniões de gestores de fundos dedicados à especulação e à arbitragem com os movimentos esperados de juros e câmbio. Certo Ruchir Sharma, chefe da área de Mercados Emergentes do Morgan Stanley, disparou: “É uma decepção, o Brasil terá crescimento de 1,5% a 2%, nem a metade da média dos emergentes. Para completar, o governo adotou medidas intervencionistas que aproximam o Brasil de países como a Venezuela de Chávez e terão efeito negativo a longo prazo”.

O insigne Michel Shaul, presidente da Marketfield Asset Management, entregou o ouro: “O governo implementou uma série de medidas anticapital que podem até ser boas para a população que vai pagar menos juros no cartão de crédito, mas que não agradam ao investidor”. Já um grande investidor estrangeiro que preferiu o anonimato lamentou: “O governo começou a caça às bruxas contra os bancos, as ações despencaram. Dilma espremeu as elétricas e os papéis desabaram”.

O estudo do FMI intitulado Recent Experiences in Managing Capital Inflows, de fevereiro de 2011, reconhece que a volatilidade dos investimentos de carteira não só é elevada como aumentou depois da crise financeira, com consequências indesejáveis na gestão da política econômica ao provocar o desalinhamento nas taxas de câmbio. No pós-crise, os fluxos líquidos de “dinheiro quente” ganharam força com as sucessivas rodadas de injeção de liquidez pelos bancos centrais. O movimento de capitais de curto prazo na busca de rendimentos mais parrudos cresceu rapidamente e alcançou 435 bilhões de dólares entre o terceiro trimestre de 2009 e o segundo de 2010. Ultrapassou, assim, os picos anteriores à crise em países como ­Brasil, Indonésia, Coreia e Tailândia.

Na maioria dos casos, diz o estudo, o influxo de capitais de portfólio foi determinado pelos diferenciais de taxas de juro, crescimento rápido ou posições fiscais e de endividamento saudáveis, num ambiente global de maior apetite pelo risco. “Em sua maioria, os países adotaram medidas de vários tipos para obviar a valorização das taxas de câmbio. As medidas visaram conter os impactos dos movimentos de capitais de curto prazo sobre os mercados de ativos, ao mesmo tempo preservando o ingresso de capitais produtivos e resguardando a economia das súbitas reversões.”

Nos anos 1990, tempos de glória da globalização financeira, a olímpica tranquilidade dos encantadores de serpente fundava-se nas convenientes falácias da liberalização das contas de capital do balanço de pagamentos. A economia brasileira, ensinavam por aqui, vai pegar no tranco, impulsionada pela entrada pródiga de capitais, aqueles que voavam nas asas da globalização.

Os custos dessa aposta, qualquer um sabe, foram: 1. Perda significativa na liberdade de manejar a taxa de câmbio para conter a invasão das importações e impedir a perda de competitividade das exportações. 2. Rápida ampliação do déficit em conta corrente, derivada de um déficit comercial em expansão e de um passivo externo em processo de ampliação. 3.Crescente e perigosa dependência do financiamento forâneo, ou seja, submissão da política econômica e das metas de crescimento da economia aos humores (sic) dos mercados de capitais internacionalizados, que, como é notório, passam abruptamente da euforia à depressão.

Na inesquecível década dos 90, entre tantas loucuras, os apologetas do capitalismo desbragado e seus ideólogos trataram de convencer a população e a si mesmos de que só eles sabiam das coisas, eram detentores do monopólio das boas ideias, aquelas capazes de salvar a humanidade de suas agruras.

Como toda loucura, essa também tem método: os mandachuvas devem sempre simular que seu poder é fruto da inteligência. É preciso ocultar que só parecem inteligentes porque têm poder. Os sábios globais deram de ombros para as advertências dos críticos. Passada a euforia do dinheiro fácil, os chamados emergentes se afogaram na maré vazante dos capitais em fuga e na repetição dos ajustamentos assimétricos entre países de moeda forte e aqueles de moeda fraca.

JANGO CAIU COM APOIO POPULAR. DILMA, DILMA …


A Santa Aliança regressista de Globo, MP e Supremo tem como Finalidade derrubar qualquer Governo trabalhista. No Brasil e na Venezuela, onde há mais liberdade de expresão que aqui.

Informação enviada por Stanley Burburinho, o implacável( quem será ele ?):

Nótícia publicada pela Folha de São Paulo em 09 de março de 2003:

“09/03/2003 – 03h34


JANGO TINHA APOIO POPULAR AO SER DEPOSTO EM 64, DIZ IBOPE


PAULO REDA – Free-lance para a Folha de S.Paulo, em Campinas

Duas pesquisas feitas pelo Ibope às vésperas do movimento militar de 31 de março de 1964, e nunca divulgadas, mostram que o presidente João Goulart contava com amplo apoio popular ao ser deposto, apesar da polarização ideológica que o país enfrentava.

Uma das pesquisas, feita pelo Ibope em três cidades paulistas, apontava que 15% dos ouvidos consideravam o governo Jango ótimo, 30% bom e 24% regular. Para 16%, a administração Goulart era má ou péssima.

A outra pesquisa do acervo do Ibope, que entrevistou eleitores de oito capitais entre os dias 9 e 26 de março de 64, mostra que 49,8% dos pesquisados admitiam votar em Jango caso ele pudesse se candidatar à reeleição, contra 41,8% que rejeitavam a possibilidade.

Esses e outros levantamentos inéditos estão sendo catalogadas no Arquivo Edgard Leuenroth, da Unicamp. A pesquisa que trata especificamente da popularidade de Jango às vésperas do movimento militar foi realizada entre os dias 20 e 30 de março de 1964 e ouviu 950 moradores das cidades de São Paulo, Araraquara e Avaí. Foi feita a pedido da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.

A diretora do Ibope Opinião, Márcia Cavallari, afirmou que os critérios aplicados nesses levantamentos da década de 60 são semelhantes à metodologia das pesquisas recentes do instituto e são perfeitamente confiáveis.

Cientistas políticos e historiadores ouvidos pela Folha de S.Paulo afirmaram que os dados são muito relevantes para discutir as circunstâncias que levaram ao movimento militar de 64. Segundo a professora do Departamento de História da USP Zilda Iokoi, a popularidade de Jango foi um dos aspectos decisivos para a sua deposição . “Como vivíamos um momento de grande polarização ideológica, as forças reacionárias se sentiram ameaçadas”, afirmou.

Para a professora do Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas Maria Celina D’Araújo, as pesquisas do acervo do Ibope são de extrema importância para a compreensão dos motivos que levaram ao movimento militar: “Reforça-se a tese de que o golpe de 64 foi um movimento anticomunista e não contra o governo de Goulart”.

Outra pesquisa feita pelo Ibope no período revela que 59% dos ouvidos eram a favor das medidas anunciadas por Jango no histórico comício da Central do Brasil, no Rio, no dia 13 de março de 64. As propostas incluíam a desapropriação de terras às margens de rodovias e ferrovias e o encampamento das refinarias estrangeiras.

O ex-senador Jarbas Passarinho, que na época era chefe do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia, afirmou que não conhecia os dados, mas que não estranha o fato de Jango ser popular às vésperas do 31 de março. “Desde a década de 50, quando ocupou o Ministério do Trabalho, Jango adotou uma série de medidas populistas, que garantiram a sua boa imagem, principalmente junto às classes mais pobres.”


O Historialismo Pátrio defende a tese de que Jango caiu porque gostava de pernas – de coristas e de cavalos.
Caiu também porque se preparava para dar um Golpe.
Que Golpe ?
Ora, as deduções levam a isso: ao Golpe.
Se popularidade alta fosse antídoto contra Golpe, o Jango não caía.
A Santa Aliança regressista de Globo, MP e Supremo tem como finalidade derrubar qualquer Governo trabalhista.
Sem uma Ley de Medios, a Santa Aliança derruba a Dilma.
Se o Legislativo se mantiver pusilânime e não enfrentar o Supremo, aí, então, fica mais fácil ainda derrubar uma Presidenta com 99% de popularidade.
O lado de lá não vai engolir quatro derrotas consecutivas para Presidente.







Paulo Henrique Amorim

60 GATOS PINGADOS MARCHAM PELO SUPREMO

A retumbante manifestação saiu do fim da praia do Leblon. A praia da Elite e dos globais
Já houve mais marchadeiros na Zona Sul do Rio. Foto de Marcelo Carnaval, de O Globo

Saiu no Globo:

NO RIO, MANIFESTANTES COMEMORAM RESULTADO PARCIAL DO JULGAMENTO DO MENSALÃO


RIO – Se o número de manifestantes não era grande, sobrou bom humor na homenagem “Valeu, STF”, organizada na manhã deste domingo por um grupo de moradores da Zona Sul, na orla do Leblon e Ipanema, para comemorar o resultado parcial do julgamento dos mensaleiros. Ao som de “Se gritar pega ladrão”, de Bezerra da Silva, entre outras músicas alusivas à corrupção, cerca de 60 pessoas, muitas usando toga preta e a máscara do ministro Joaquim Barbosa, percorreram a pé dos postos 12 ao nove, debaixo de sol forte, levando faixas e um cheque gigante de R$ 153 milhões, emitido pelo “Banco do Mensalão” e assinado por “Lalau da Silva”, para simbolizar a devolução do dinheiro supostamente desviado pelo esquema.

(…)

Pelo clima da manifestação, “Valeu, STF” se parecia mais um bloco de carnaval com ares cívicos do que um protesto político. Uma das faixas anunciava que “O Brasil mudou, a pizzaria fechou”. A cada instante, o locutor oficial avisava: quem comprasse a máscara de Joaquim Barbosa por R$ 10, teria direito a participar da chopada de encerramento, no Posto Nove. Medeiros só ficava mais sério quando mencionava as cifras do mensalão.

(…)

A retumbante manifestação saiu do fim da praia do Leblon.
A praia da Elite e dos globais.
O ponto de concentração era uma estátua em homenagem a Zózimo Barroso do Amaral, autor, por muitos anos, de uma coluna social no Jornal do Brasil e no Globo.
Uma espécie de Diário da Elite carioca.
Os manifestantes deste domingo poderiam, ao menos, começar do fim da praia de Copacabana e se concentrar na estatua a Dorival Caymmi, ou, mais adiante, na de Carlos Drummond de Andrade.
Como diria o Dr Tancredo, em política não há coincidências.




Em tempo: como diz o amigo navegante Mauricio, é o que se chama de uma “multidinha”. 


Paulo Henrique Amorim

Os tucanos, do começo ao fim





Os tucanos nasceram de forma contingente na política brasileira, apontaram para um potencial forte, tiveram sucesso por via que não se esperava, decaíram com grande rapidez e agora chegam a seu final.

Os tucanos nasceram de setores descontentes do PMDB, basicamente de São Paulo, com o domínio de Orestes Quercia sobre a secção paulista do partido. Tentaram a eleição de Antonio Ermirio de Morais, em 1986, pelo PTB, mas Quércia os derrotou.

Se articularam então para sair do PMDB e formar um novo partido que, apesar de contar com um democrata–cristão histórico, Franco Montoro, optou pela sigla da social democracia e escolheu o símbolo do tucano, para tentar dar-lhe um caráter brasileiro.

O agrupamento foi assim centralmente paulista, incorporando a alguns dirigentes nacionais vinculados a esse grupo, como Tasso Jereisatti, Alvaro Dias, Artur Virgilio, entre outros. Mas o núcleo central sempre foi paulista – Mario Covas, Franco Montoro, FHC .

A canditadura de Covas à presidência foi sua primeira aparição pública nacional. Escondido atrás do perfil de candidatos como Collor, Lula, Brizola, Uysses Guimaraes, Covas tentou encontrar seu nicho com um lema que já apontava para o que terminariam sendo os tucanos – Por um choque de capitalismo.

O segundo capítulo da sua definição ideológica veio no namoro com o governo Collor, que se concretizou na entrada de alguns tucanos no governo - Celso Lafer, Sergio Rouanet. Se revelava a atração que a “modernização neoliberal” tinha sobre os tucanos. O veto de Mario Covas impediu que os tucanos fizessem o segundo movimento, de ingresso formal no governo Collor - o que os teria feito naufragar com o impeachment e talvez tivesse fechado seu posterior caminho para a presidência.

Mas o modelo que definitivamente eles seguiram veio da Europa, da conversão ideológica e política dos socialistas franceses no governo de Mitterrand e no governo de Felipe Gonzalez na Espanha. A social democracia, como corrente, optava por uma adesão à corrente neoliberal, lançada pela direita tradicional, à que ela aderia, inicialmente na Europa, até chegar à América Latina.

No continente se deu um fenômeno similar: introduzido por Pinochet sob ditadura militar, o modelo foi recebendo adesões de correntes originariamente nacionalistas - o MNR da Bolívia, o PRI do México, o peronismo da Argentina – e de correntes social democratas – Partido Socialista do Chile, Ação Democrática da Venezuela, Apra do Peru, PSDB do Brasil.

Como outros governantes das correntes aderidas ao neoliberalismo – como Menem, Carlos Andres Peres, Ricardo Lagos, Salinas de Gortari -, no Brasil os tucanos puderam chegar à presidência, quando a América Latina se transformava na região do mundo com mais governos neoliberais e em suas modalidades mais radicais.

O programa do FHC era apenas uma pobre adaptação do mesmo programa que o FMI mandou para todos os países da periferia, em particular para a América Latina. Ao adotá-lo, o FHC reciclava definitivamente seu partido para ocupar o lugar de centro do bloco de direita no Brasil, quando os partidos de origem na ditadura – PFL, PP – tinham se esgotado. (Quando o Collor foi derrubado, Roberto Marinho disse que a direita já não elegeria mais um candidato seu, dando a entender que teriam que buscar alguém fora de suas filas, o que se deu com FHC.)

O governo teve o sucesso espetacular que os governos neoliberais tiveram em toda a América Latina no seu primeiro mandato: privatizações, corte de recursos públicos, abertura acelerada do mercado interno, flexibilização laboral, desregulamentações. Contava com 3/5 do Congresso e com o apoio em coro da mídia. Como outros governos também, mudou a Constituição para ter um segundo mandato.

Da mesma forma que outros, conseguiu ser reeleger, já com dificuldades, porque seu governo havia projetado a economia numa profunda e prolongada recessão. Negociou de novo com o FMI, foi se desgastando cada vez mais conforme a estabilidade monetária não levou à retomada do crescimento econômico, nem à melhoria da situação da massa da população e acabou enxotado, com apoio mínimo e com seu candidato derrotado.

Aí os tucanos já tinham vivido e desperdiçado seu momento de glória. Estavam condenados a derrotas e à decadência. Se apegaram a São Paulo, seu núcleo original, desde onde fizeram oposição, muito menos como partido – debilitado e sem filiados – e mais como apêndice pautado e conduzido pela mídia privada.

Derrotado três vezes sucessivas para a presidência e perdendo cada vez mais espaços nos estados, o PSDB chega a esta eleição aferrado à prefeitura de São Paulo, onde as brigas internas levaram à eleição de um aliado, que teve péssimo desempenho.

Os tucanos chegam a esta eleição jogando sua sobrevivência em São Paulo, com riscos graves de, perdendo, rumarem para a desaparição politica. Ninguém acredita em Aécio como candidato com possibilidade reais de vencer a eleição para a presidência, menos ainda o Alckmin. Vai terminando a geração que deu à luz aos tucanos como partido e protagonizaram seu auge – o governo FHC – que, pela forma que assumiu, teve sucesso efêmero e condenou – pelo seu fracasso e a imagem desgastada do FHC e do seu governo – à desaparição politica.
Postado por Emir Sader