Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 16 de outubro de 2011

Ministro Orlando Silva responde aos criminosos da revista Veja

 


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Orlando Silva, Geraldo Alckmin, Bruno Covas - Como cada um reage às denúncias.

Três casos de denúncias de corrupção estão na pauta da imprensa nesta semana, e é curioso a diferença de atitudes e do noticiário a respeito de cada um.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB/SP):
(seus secretários de estado estão envolvidos no escândalo da venda de emendas pelos deputados estaduais de sua base de apoio, na Assembléia Legislativa de São Paulo):

- não apura as denúncias;
- tenta abafar;
- foge da polícia e do ministério público como o vampiro foge da cruz;
- não processa ninguém que faz acusações pesadas;
- não vai e não deixa seus secretários de estado irem ao legislativo prestarem esclarecimentos, nem mesmo sabendo que a maioria da Assembléia é "cúmplice" governista;
- não vai à imprensa, não dá entrevistas coletivas sobre o assunto, mesmo sabendo que a imprensa paulista é parceira do governador (inclusive financeira) e chapa-branca;
- esconde os dados do público e da imprensa (não disponibiliza os dados com transparência na internet - até o ministério público estadual reclama);
- o TCE (Tribunal de Contas de São Paulo) está contaminado de corrupção comprovada entre os conselheiros amigos do governador (confira aqui e aqui);
- Não faz uma auditoria rigorosa (o governo de São Paulo nem tem um órgão de auditoria com o rigor da CGU federal).

Orlando Silva:
(atacado na revista Veja por denúncia verbal, de corruptos que caíram na malha fina do ministério):



- chama a Polícia Federal para colocar tudo em pratos limpos;
- enfrenta seus detratores, anunciando que irá processá-los;
- não cede à chantagens daqueles que ameaçam forjar escândalos;
- apura as denúncias;
- vai a imprensa dar entrevista coletiva olho-no-olho (para todos os veículos, indistintamente), inclusive enfrentando a imprensa declaradamente oposicionista;
- vai ao Congresso por vontade própria para prestar todos os esclarecimentos e enfrentar a oposição olho-no-olho;
- colocou seus sigilos bancários e fiscal à disposição das investigações por autoridades;
- escancara os dados do ministério na internet, nos portais de transparência;
- acionou há muito tempo o TCU (Tribunal de Contas da União);
- acionou há muito temo a CGU (Controladoria Geral da União);

Bruno Covas:
(PSDB/SP, secretário estadual de meio ambiente do governo Alckmin, envolvido no escândalo de vendas de emendas):



- repete o mesmo comportamento de culpado e os mesmos vícios do governador Geraldo Alckmin;
- já fugiu duas vezes de ir ao legislativo se explicar (uma vez fugiu de audiência na comissão de ética, outra vez fugiu da comissão de meio-ambiente);
- deu entrevista um mês antes do escândalo, dizendo que acobertou um prefeito corrupto, e depois não enfrentou a imprensa para tentar se explicar olho-no-olho;

A diferença de comportamento é evidente:

Com o comportamento do ministro Orlando Silva, não há como acabar em pizza. Alguém vai se dar muito mal: ou seus detratores ou ele mesmo, ou seja: quem tiver culpa não escapa, porque as investigações estão escancaradas, e ele mesmo tomando a iniciativa de se colocar a disposição para todos os esclarecimentos.

Já no caso de Geraldo Alckmin e Bruno Covas, é preciso muita reza brava do povo, para não acabar em pizza, porque tudo está sendo feito para abafar; para jogar o lixo para baixo do tapete, eternizando a corrupção impune em São Paulo, como uma corrida de revezamento, onde Maluf passa o bstão para Quércia, que passa Alckmin, que passa para Serra, que devolve para Alckmin.

Ahhh... Não há vídeo de Geraldo Alckmin, porque não existe. Ele, tal qual um avestruz, prefere ficar com a cabeça enfiada em um buraco.

Já a velha imprensa demo-tucana...

Quando Orlando Silva dá entrevista coletiva, sem fugir de nenhuma pergunta, olho-no-olho, essa imprensa, sem saber mais o que dizer, e sem fatos para sustentar, diz que ele "ainda não provou sua inocência".

Quando Alckmin diz que "quem acusa tem provar" e não explica nada, aceitam bovinamente sem qualquer questionamento, e engavetam o assunto nas redações dos jornais, revistas, rádio e TV.

Mesmo que a denúncia que atinge o governo Alckmin tenha partido de um deputado estadual da base de apoio do próprio governador, e mesmo que já há casos comprovados de emendas pra lá suspeitas, com obras suspeitas de superfaturamento, com empreiteiras ligadas ao esquema espalhadas em várias cidades paulistas.

PF investiga suborno de testemunha de acusação, do mesmo esquema que acusa Orlando Silva.

Jaqueline Roriz, Weslian e Joaquim Roriz.
Campanha acusada de tentar subornar falsa testemunha por R$ 200 mil

Para se ver o quanto a Revista Veja está se fiando em fontes corruptas e barra pesada, daquelas que não dá para confiar denúncias apenas na lábia, é bom relembrar esse episódio de 2010:

O ex-policial João Dias Ferreira e o contador Miguel Santos Souza foram presos em abril de 2010 pela Polícia Civil do Distrito Federal, por causa de um esquema para fraudar convênios junto ao Ministério do Esporte.

Hoje, João Dias Ferreira faz denúncias contra o ministro dos esportes, Orlando Silva, na revista Veja, na lábia, sem apresentar provas.

Em 2010, o contador Miguel Santos Souza recebeu oferta de R$ 200 mil do advogado Clauber Madureira Guedes da Silva, para fazer uma denúncia falsa dizendo que teria visto Agnelo Queiroz (PT/DF) manuseando dinheiro (coisa muito semelhante à denúncia que apareceu na revista Veja, agora contra Orlando Silva).

Era campanha eleitoral e disputavam o governo do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) e Weslian Roriz (PSC), mulher de Joaquim Roriz (ele estava impedido de se candidatar pela Justiça Eleitoral, devido à ficha suja).

No dia 15 de setembro de 2010, o contador Miguel prestou depoimento aos policiais civis e entregou uma gravação com 34 minutos de conversa com o advogado Clauber.

Eis alguns trechos transcritos da gravação:

Trecho 1
Advogado — Você não vai assumir nada. Vai simplesmente dizer que viu, sim.

Miguel — Mas viu o quê?

Advogado — Viu o Agnelo (inaudível) manuseando dinheiro.

Miguel — Manuseando dinheiro?

Advogado — É.

Trecho 2
Miguel — Eu quero saber o que que é pra mim fazer (sic) e o que que eu vou receber por isso, o que que eu vou ganhar com isso, né? Isso que eu preciso saber. Porque tudo tem seu preço, né?

Advogado — Lógico.

Miguel — Eu preciso saber o que que é mesmo e tal.

Advogado — O combinado é aquilo que a gente conversou. É aquilo mesmo.

Miguel — Aquilo seria o quê? Você falou R$ 200 mil mais um cargo no primeiro escalão. É no primeiro escalão, no segundo? E como é que eu vou ter certeza que eu vou receber esse dinheiro?

Advogado — Na mão.

Trecho 3
Miguel — Me diz uma coisa, já que a gente está confiando um no outro, eu tô confiando em você… Da onde é que vem mesmo esse dinheiro? Quem é que vai pagar? Só para mim me situar, para mim ter uma ideia, entendeu? É o Roriz? É o pessoal dele? O coordenador de campanha? Quem é?

Advogado — O pessoal dos coordenadores de campanha.

Agnelo, ao ficar sabendo, deu queixa à Polícia Federal, que abriu investigação sobre o caso.

A OAB-DF instaurou processo disciplinar-ético, para apurar a conduta do advogado:



(Do arquivo do Correio Braziliense)

O novo (?) delírio golpista


Você acredita que, em pleno século XXI, com o Brasil atravessando o melhor momento econômico e social de sua história, as forças político-ideológicas que, a serviço da elite branca, já deram golpes de Estado teriam coragem de sabotar o país e depois subjugá-lo a fim de interromper a ascensão social da maioria morena e pobre que começa a ocupar postos de trabalho, vagas nas universidades e até a morar nos bairros de brancos ricos?
A quase totalidade da população brasileira, essa nação de quase duzentos milhões de habitantes, está preocupada hoje apenas em colher os frutos de um processo de desenvolvimento jamais visto aqui. Nunca antes na história deste país ele cresceu e distribuiu renda e oportunidades por tanto tempo seguido. Agora, o povo acha que chegou a sua vez. Como derrotar um partido que é visto pela maioria como autor do novo Brasil?
Na opinião deste blog, as forças progressistas – que incluem todos aqueles que querem que o Brasil deixe de ser uma fazendona com uma imensa Casa Grande habitada por um grupelho ínfimo de famílias brancas de descendência indo-européia e uma vasta Senzala ocupada por 9/10 da população – têm o dever de avaliar com responsabilidade o risco que este blog vê no atual quadro político brasileiro.
Pouco importa que você ache que não há clima para o bom e velho golpismo tupiniquim tendo o Brasil chegado ao atual estágio de importância internacional a que chegou. Diante da tragédia que seria a existência de um plano para abortar o processo de distribuição de renda e de oportunidades em um país marcado pela concentração de renda e pela falta de oportunidades para a maioria afrodescente, todo democrata tem obrigação de parar e pensar.
Recentemente, a politóloga americana Frances Hagopian, estudiosa dos partidos políticos brasileiros, situou o PSDB na centro-direita do espectro ideológico, ou seja, como representante da classe social diminuta, branca e abastada que há quase meio século exigiu e obteve um golpe de Estado a fim de impedir medidas que visavam inclusão social.
Não há muita dúvida, entre os estudiosos da política brasileira, de que o espectro político e ideológico brasileiro divide-se hoje em três grupos: um grupo social-democrata, um grupo democrata-cristão e um terceiro e amplamente minoritário grupo de esquerda radical que vê os outros dois grupos como seus inimigos, mas que acaba se unindo episodicamente à direita por seu adversário de centro-esquerda estar no poder.
O PT lidera uma coalizão de centro-esquerda que abriga legendas de aluguel de direita e até de extrema-direita que se submeteram ao programa social-democrata para não perderem completamente as tetas do Estado. Essa é a grande janela de oportunidade que a direita convicta e representante de classe vê para tentar retomar o poder, pois sabe que são partidos que aderem ao poder, seja ele exercido por quem for, para continuarem pilhando o Estado.
Partidos aliados ao PT como o PP de Jair Bolsonaro e Paulo Maluf representam a garantia petista à elite de que não haverá mudanças bruscas. Além disso, acabam se somando ao governo social-democrata em votações no Congresso. Todavia, são partidos cuja corrupção sempre foi e sempre será parte do próprio DNA e constitui, portanto, um manancial de objetos para denúncias.
Como a elite branca e conservadora sabe que, pela via eleitoral convencional, dificilmente voltará ao poder tão cedo, pode ter optado por um “atalho” político – entenda-se tornar-se a única opção eleitoral após a completa destruição dos adversários. E indícios de que esse pode ser seu plano, não faltam.
O processo eleitoral de 2010 foi assustador.  E o que assustou foi a direita político-partidária e midiática ter ressuscitado o que havia de mais reacionário no Brasil – os preconceitos raciais, sexuais, regionais e ideológicos todos vieram à tona e não saíram mais da agenda nacional. Desde então, o país começou a travar uma guerra incessante contra o preconceito.
Já no dia da eleição em segundo turno, ano passado, a internet viu espalhar-se uma revolta de setores da classe média branca do Sul e do Sudeste contra “nordestinos” que teriam sido os “responsáveis” pela vitória de Dilma Rousseff, apesar de ela ter vencido também no Sudeste. Dali em diante, não há mês em que não sobrevenham notícias de casos de racismo, homofobia e ódio de classe, de tudo que representa o ideário conservador.
Esse soerguimento do preconceito é um fenômeno recente. Não existia antes do processo eleitoral de 2010, apesar de o ideário preconceituoso sempre ter estado lá. Contudo, era dissimulado. Não saía à luz do dia. Resumia-se aos convescotes da elite.
Enquanto a artilharia político-midiático-partidária contra o governo Dilma resumia-se aos escândalos forjados pela direita ideológica que infernizou o governo Lula, achava-se que o golpismo poderia ser contido. Todavia, após nove anos fora do poder, a direita parece querer ir mais longe.
No sábado, o blogueiro Emerson Luis, do blog Nas Retinas, terminou um trabalho que este blog iniciou na semana passada ao cobrir a versão paulistana das “marchas contra a corrupção” que saíram pelas ruas do país no último dia 12 de outubro.  Emerson identificou o DNA tucano nas tais marchas, as convocações daquela militância do PSDB que este blog encontrou e entrevistou durante a manifestação paulistana da última quarta-feira.
Em seguida, para oferecer “alimento” para outras “marchas” que estão sendo programadas para o mês que vem, a direita midiática acaba de forjar novo “escândalo” que, apesar de ter sido construído sobre vento, será um prato cheio para essas novas manifestações “contra a corrupção” organizadas pelo PSDB, o terceiro partido com mais cassações de parlamentares por corrupção, segundo o TSE, superado apenas por PMDB (2º lugar) e pelo DEM (o campeão).
Nessa equação antidemocrática não poderia faltar a boa e velha Igreja Católica, que aqui, em Honduras, no Chile, na Argentina e em todo o resto da América Latina sempre esteve de braços dados com o golpismo de direita. Essa ingerência da religião na política brasileira, após ter ajudado a atirar este país em uma ditadura de vinte anos, parece que volta à cena, até porque a Igreja Católica identifica neste governo estímulo ao crescimento das igrejas evangélicas, que vêm fazendo minguar o “rebanho” católico.
Agora, a última reportagem de capa da revista Veja e reportagem que o programa global Fantástico leva ao ar neste domingo (15 de outubro) contra o ministério dos Esportes denunciam um plano que seria a cereja do bolo dos delírios golpistas da direita nacional: enfurecer a sociedade contra o governo Dilma fazendo o Brasil deixar de ser a sede da Copa do Mundo de 2014.
Alguém consegue imaginar meio mais adequado para derrubar – mesmo que por impeachment – o governo Dilma do que fazer o Brasil não ser mais a sede da próxima Copa do Mundo? Se isso ocorresse por conta de constrangimentos ao governo do país que, então, estaria sob denúncias de corrupção, seria a destruição final e eterna do PT e o início de um reinado de mil anos da direita. Este povo ficaria furioso.
Você não precisa acreditar nessa hipótese para abrir os olhos. Por mais que ache que é um exagero, como cidadão e democrata tem o dever de refletir. É o país dos seus filhos e netos que está em jogo. O processo de distribuição de renda e de oportunidades em curso hoje no Brasil interessa a todos, menos ao topo da pirâmide social que durante cinco séculos manteve a massa a pão e água enquanto nadava em uma riqueza usurpada.