Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

BNDES impulsiona maior presença brasileira na América Latina

Atualizado em  9 de novembro, 2011 - 19:08 (Brasília) 21:08 GMT
Empréstimos do BNDES na América Latina e Caribe cresceram 1.082% entre 2001 e 2010
Há algo em comum em vários projetos de infraestrutura da América do Sul. Projetos que vão da ampliação do metrô de Caracas à construção da uma estrada na Bolívia, passando pela criação de uma hidroelétrica no Peru. Os três têm financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Ampliando o crédito a empresas brasileiras, o banco vem permitindo uma expansão nunca vista das multinacionais do Brasil na região.
A instituição prevê que este ano seus investimentos na região cheguem a cerca de US$ 860 milhões (um novo aumento em relação ao ano prévio), boa parte deles concentrados na América do Sul.
Além disso, o papel do banco estatal também parece despertar questionamentos. Para alguns, esse papel vai muito além do aspecto comercial ou econômico.
"O BNDES é claramente um instrumento brasileiros para ganhar poder e influência na região", afirmou o especialista em América Latina Thiago de Aragão, do centro de análises Arko Advide, com sede em Brasília.

Internacionalização

Uma pergunta essencial é sobre a exata estratégia internacional do BNDES.
A questão ganhou relevância diante de polêmicas recentes em torno de alguns projetos regionais de empresas brasileiras financiadas pelo banco.
"O BNDES é claramente um instrumento brasileiros para ganhar poder e influência na região "
Thiago de Aragão, especialista em América Latina do centro de análises Arko Advice

Um deles foi a construção de uma estrada na Bolívia, executada pela empreiteira OAS. O projeto foi interrompido pelo governo de Evo Morales após uma onda de protestos de grupos indígenas, descontentes com o fato de a via passar por uma reserva ambiental.
"Não é um empréstimo direto para os países. Os empréstimos são oferecidos para as empresas brasileiras que se instalam ou têm projetos em outros países", explicou o embaixador Rubens Barbosa, que preside o conselho do comércio exterior da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo).
A superintendente de Comércio Exterior do BNDES, Luciane Machado, disse que o objetivo é "apoiar a estratégia de internacionalização das empresas brasileiras na região."
Em entrevista à BBC, ela afirmou que os negócios que sustentam o banco são feitos respeitando "as soberanias locais e os processos eleitorais dos respectivos governos".
Mas ela admitiu que a maior inserção das empresas brasileiras em outros países pode dar ao Brasil "mais visibilidade e uma interlocução melhor na região".
"Agora, não estou de acordo com a ideia de que façamos essas operações para conquistar esse tipo de resultado."

Chineses

O financiamento do BNDES para exportar bens e serviços brasileiros se realiza a taxas de interesse que muitos vêm como diferenciadas, para dar competitividade às empresas brasileiras.
No entanto, a superintendente da instituição também rechaça essa afirmação, argumentando que "os interesses que cobra o banco se baseiam na taxa Libor" e são ajustados de acordo com o risco da operação.
Na Bolívia, projeto com financiamento do BNDES foi alvo de protestos por parte dos indígenas

"Em alguns casos podem chegar a 7% e em outros podem ser mais, não é uma taxa fixa."
Um argumento do BNDES é que seu apoio permite às empresas brasileiras competir em licitações com outras multinacionais que também têm respaldo de seus respectivos países.
"Se o Brasil não for capaz de financiar por meio do BNDES as exportações de bens e serviços, os chineses certamente vão fazer isso. Os espanhóis fizeram isso por muito tempo" e "os americanos tradicionalmente com o banco Ex-im", disse Machado.
O apoio do banco brasileiro costuma significar uma vantagem comparativa para as companhias nacionais frente a outras de países latinoamericanos que precisam de instrumentos similares.

'Imagem expansionista'

"É lamentável que outros países não tenham um instituto como o BNDES, que é uma importante maneira de alavancar as empresas brasileiras”, afirmou o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso em entrevista à BBC.
"Institucionalmente, o Brasil se programou melhor que os outros países para isso.'
Além disso, alguns questionam o fato de o Estado brasileiro promover empresas privadas do país no exterior.
"Se o Brasil não for capaz de financiar por meio do BNDES as exportações de bens e serviços, os chineses certamente vão fazer isso"
Luciane Machado, superintendente de Comércio Exterior do BNDES

O ex-presidente boliviano Carlos Mesa disse, em julho, que esse "casamento" privado-estatal brasileiro “é perigoso e cria uma imagem expansionista”, de acordo com uma reportagem do jornal Valor Econômico.
O BNDES foi criado em 1952 para apoiar o desenvolvimento do Brasil, mas seus financiamentos a obras de infraestrutura da região são bastante recentes.

Trampolim

O aumento desses empréstimos ocorreu principalmente durante os governos do PT, primeiro com Lula e agora com Dilma Rousseff.
O BNDES possui hoje uma carteira de US$ 17,2 milhões para o financiamento de obras de infraestrutura na América Latina.
Essa capacidade financeira tem servido como trampolim para o crescimento no exterior de empresas nacionais como a Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Odebrecht.
O banco financia projetos em toda a América Latina, desde gasodutos na Argentina até portos no Pacífico. Além de apoiar empresas brasileiras em Cuba e na República Dominicana e até no continente africano.
Aragão, da Arko Advice, afirma que um requisito básico do BNDES para apoiar projetos é a viabilidade financeira dos mesmos, mas a estratégia por trás é sobre tudo geopolítica.
"O interesse número um do Brasil é se colocar como o país mais influente da região e fazer com que os vizinhos reconheçam o Brasil com um instrumento de desenvolvimento regional. E o BNDES é o instrumento perfeito para isso."

COISA NOSSA. Um país em desconstrução

 Fausto Martin De Sanctis

Qualquer atitude em direção ao fenômeno crime organizado, mais incisiva que seja por parte da magistratura de primeiro grau, e dentro dos limites institucionais, assume propriamente riscos e conotações como se fruto fosse de organismo à margem do Estado. Do Estado de Direito. Ilegalidade, arbitrariedade, saudosismo da ditadura, adoção da Lei e da Ordem, do Direito Penal do Inimigo etc. etc. etc. Inconstitucionalidade. Tratam como se estivéssemos num campo de discricionariedade da atividade judicial que não teria lugar, ainda que preventivamente.


Uma análise minimamente exauriente deve levar em consideração a emergência do fenômeno e a resposta adequada. Acredita-se ingenuamente que tal emergência em algum momento tenha refreado, mas, ao contrário, além de resistir, aumenta substancialmente e sequer se cogita de uma contenção institucional.

O que se observa, de fato, é a grave dilaceração do tecido democrático, uma dor moral (irreparável) aos valores sociais, colocando em perigo ou fulminando práticas políticas salutares e legitimando gravíssimos fatos ilícitos contra o Estado.


Deve-se ponderar que a situação, de tão sistematicamente emergente, tornou-se praxe, e por vezes, possui origem e destino no próprio Estado de “Direito”. Bravamente, por meio de seus Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), com fundamentos sempre bem definidos e convincentes, resiste a qualquer ação de combate ao crime organizado contra a Administração Pública (corrupção) ou a Ordem Econômico-Financeira (colarinho branco), quando não é negada veementemente.


O fenômeno ou a situação é agravado (a) quando, de forma fantástica e generalizada, dissemina-se a ideia de que os costumes dos homens públicos do país dificilmente seriam extirpados da vida da população já que traduziriam algo inerente à sociedade.


Ledo engano.


A reação social, ainda tímida, mas importante e inquietante, cobra uma definição mais adequada que possibilite algum respiro. O ceticismo geral diante da indiferença institucional, travestida de movimentos teatrais espetaculares, tem sido, entretanto, acompanhado de questionamentos da corrente mantenedora do grave fenômeno.

É um sopro de esperança ou um fator de sobrevivência da democracia, cujo foco único é a funcionalidade do aparato estatal. Sua utilidade.


Ao se constatar que sistemas de valores sociais como honra, família, fé e amizade transmudaram-se para vergonha, clã criminoso, heresia e cumplicidade, abraçamos um fenômeno verdadeiramente mafioso que tenta fazer do “vale tudo” da apropriação privada do bem público uma regra consagrada. Pior quando a deturpação dos reais valores caros torna-se operosa, exitosa e perene. A extorsão ou o favorecimento com a grave comunhão de apadrinhados tem sido idôneo o bastante para interferir no ânimo da sociedade que, perplexa, sente sua liberdade moral ruída e o patrimônio público fatiado. Que fazer?


A luta contra um estado tal de coisas é ao mesmo tempo repressiva (julgamentos eficazes) e preventiva (estabelecimento da cultura da licitude no seio da família, escola e comunidade), ou seja, a constituição de um pool antimáfia institucionalizado que reveja leis, nossas instituições e posturas culturais. Necessariamente que torne transparente contratos e convênios públicos, que proteja, de fato, os colaboradores, sejam réus ou testemunhas, que preveja métodos de investigação que levem à verdade e dêem um stop às intimidações e às medidas que visem criar obstáculos ao combate (reforço de penas privativas e medidas de prisão preventiva em certos casos).


O delinquente econômico tem plena ciência, hoje, que os riscos da conduta criminosa (se é que riscos existem) são menores que os efeitos de suas ações, não se recomendando, portanto, penas pecuniárias ou prestação de serviços, cuja prevenção, já assim entendida por importante doutrina internacional, mostra-se ineficaz.


Em xeque está a decência da dignidade.


Que os direitos coletivos sejam verdadeiramente reconhecidos e não suprimidos por uma valorização simplória e cômoda de direitos individuais. Aliás, os direitos do todo, nada mais significam do que um conjunto de direitos individuais coletivizados para o benefício do todo. Os direitos fundamentais clamam um postulado de intervenção que corresponda em deveres de tutela geral.


É ilusório imaginar prescindir-se da função judicial propulsora – e isso independe da imparcialidade – que faz com que o crime praticado por imitação seja obstado e não venerado. Mesmo pessoas bem educadas, em ambiente corrompido, absorvem maus hábitos.


O Superior Tribunal de Justiça, criado pela Constituição de 1988 para desafogar o Supremo Tribunal Federal, s.m.j., tem assumido função deste (paralisando sistematicamente processos judiciais com invocação de inconstitucionalidade que nem a Corte própria assim entende), quando não de Tribunal de Segunda Instância (apreciando prova que não lhe compete). Uma terceira instância que não tem refletido uma jurisprudência remansosa e pacífica. Tribunal da Cidadania, sim, mas principalmente Tribunal da Coletividade. Cabe refletir o seu papel. Devia se constituir em última instância, caso em que o Supremo Tribunal Federal se tornaria, exclusivamente, Corte Constitucional?

O Supremo, também com o respeito e acatamento devidos, tem decidido questões marcantes com grau de inovação e de compaixão únicos, reconhecendo um garantismo particular que pode tornar em salvo conduto geral o delito econômico.


Os advogados, tanto possuem função essencial, que chefiam a Polícia Federal, integram Tribunais e opinam na indicação dos que ocuparão os cargos próprios da magistratura.

Triste magistratura de primeiro grau que, para galgar qualquer cargo legítimo, terá que se valer do apoio de parte de políticos que prestigia e promove a manutenção do delicado e vitorioso fenômeno criminoso avassalador, aviltante e tomador da riqueza e da esperança brasileiras.


O povo que aceita esse fenômeno paga o preço: não prestigia a dignidade, não goza de liberdade, não desfruta de segurança. Tampouco é verdadeiramente soberano.


Fausto De Sanctis



(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.

Estado italiano perde o controle do país




Mercados esfolaram a Itália até o osso nesta 4ª feira, num misto de pânico e oportunismo com o vazio político criado pela demissão branca de Berlusconi, imposta pelo poder financeiro. Il Cavalieri tornou-se disfuncional para a banca credora do país que tem a 3ª maior dívida do mundo, depois do Japão e dos EUA.

E isso diz algo sobre a natureza excludente da lógica que originou a crise mundial e comanda a sua 'convalescença'. Até mesmo um neoliberal populista como o vulgar premiê, outrora adulado pela plutocracia global, passou a ter dificuldade política para implantar todo o arrocho requerido pelo BCE , o FMI e os credores.

Em troca da solvência de uma economia que precisa rolar 300 bi de euros em 2012, os ajustes cobrados de Roma incluem a elevação da idade de aposentadoria para as mulheres; cortes de gastos com a infância e a velhice; novos impostos e privatizações em massa.

O pânico decorre do fato matemático de que a dívida italiana --da ordem de 2 trilhões de euros--é quase seis vezes maior que a da Grécia, por exemplo. Significa que a Itália é irresgatável pelos mecanismos à disposição das lideranças do euro (um fundo de 400 bi de euros, cuja expansão para 1 trilhão depende da adesão chinesa...).

É isso que permite aos credores fazer gato e sapato de Berlusconi e do Estado italiano cobrando juros equivalentes aos que levaram Portugal, Grécia e Irlanda à falência. Só uma guinada histórica daria um cala-boca nos mercados.

Seria preciso o BCE abandonar a ortodoxia e intervir pesado, comprando títulos. Ou seja, assumir um papel regulador das finanças para disciplinar os ganhos e impor perdas aos rentistas com o manejo de uma dupla ferramenta: mais liquidez e menos juros. Mas isso, os 'mercados auto-reguláveis-- vocalizados por Angela Merkel-- esconjuram. É forçoso fazer justiça.

O verdadeiro nome da crise européia não é 'Berlusconi', nem 'Papandreou' ou 'Zapatero', mas, sim, supremacia das finanças desreguladas. Ou, rapto da democracia pelo dinheiro.
Postado por Saul Leblon

ÚLTIMAS DOS REPRESENTANTES DA MASSA CHEIROSA

Tucano ficha-imunda toma posse no senado com presença de Serra

Barrado pela Lei da Ficha Limpa, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) tomou posse nesta terça-feira (8) no Senado.

"A lei não deve atingir fatos do passado", disse Cunha Lima. Ao tomar posse, foi aplaudido de pé (por colegas de crime?). Ele já deve participar de votações de autoridades no plenário.
O tucano disse que não há nenhum incômodo em assumir o mandato mesmo tendo sido barrado. Ele teve a candidatura suspensa porque teve o mandato de governador cassado em 2009 por abuso de poder econômico e político e por conduta vedada a agente público. "Tenho mais do que Ficha Limpa, uma vida limpa. A cassação foi em cima de uma avaliação subjetiva."

Os tucanos José Serra e Sérgio Guerra prestigiaram a posse de Cunha Lima.

A chegada de Cunha Lima reforça a bancada da oposição e tem efeito na correlação de forças do PMDB, que perdeu a vaga que era ocupada por Wilson Santiago e alinhado com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).

Além de Cunha Lima, o Senado também deve empossar mais dois senadores barrados pela Ficha Limpa em 2010.
Leia mais em: O Esquerdopata

Alckmin não quer faxina em São Paulo

Alckmin desiste de decreto que instituiria Ficha Limpa em SP

Geraldo Alckmin desistiu de incluir, no pacote anunciado ontem para aumentar a transparência em sua gestão, decreto que instituiria a Ficha Limpa para o funcionalismo paulista. A medida, já adotada em Minas, forçaria o afastamento de José Bernardo Ortiz, aliado histórico do tucano instalado na FDE. Ele tem condenação em segunda instância.

Sujeira em baixo do tapete

Indicado informalmente à relatoria do Orçamento de 2012 pelo governo paulista, Roberto Engler (PSDB) enviou cartas aos 93 colegas pedindo a lista de emendas a serem contempladas na cota individual de R$ 2 mi. Deu errado: insatisfeita, a base de Alckmin vai escolher a deputada Maria Lúcia Amary (PSDB) para o posto.

Mais dinheiro para os tucanos

Em tempo recorde, o BID aprovou ontem financiamento de US$ 1,15 bi para o trecho norte do Rodoanel. A missão do banco avaliava o projeto desde fevereiro. O montante é o maior já destinado pela instituição para obras viárias no país.Coluna da Renata Lo Prete

A ética do PSDB de Jundiaí e do porcalista Anselmo Brombal


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FHC lança mote de campanha para o PSDB: “Yes, we care”


Nenhum candidato foi lançado, nenhum novo manifesto foi escrito, mas os tucanos presentes ao evento promovido ontem pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV) saíram de lá com a sensação de que algo novo aconteceu. Sim aconteceu! FHC pensa que mora nos EUA..

FHC sugeriu o mote da campanha para as eleições 2012 e 2014 “Yes, we care” (sim, nós cuidamos). como slogan do PSDB.

A tucanada copiou do mote de campanha de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos, "Yes, we can [sim, nós podemos]"......

O QUE QUEREM OS TUCANOS

PRIVATIZAÇÕES
O economista Gustavo Franco, ex-presidente do BC, defendeu a retomada das privatizações e a abertura da economia

MINISTÉRIOS
O ex-presidente do BC Armínio Fraga propôs o corte dos ministérios à metade. O mesmo deve ser feito com cargos de confiança

JUROS
O ex-presidente do BC Pérsio Arida propôs acabar com o crédito subsidiado do BNDES e de outros bancos públicos e aproximar a taxa de juros que eles cobram das do mercado

INVESTIMENTOS
Fraga e o economista Armando Castelar sugeriram aumentar a taxa de investimento público. Para Castelar, ela deve passar dos atuais 2,1% do PIB para algo em torno de 5%, cortando gastos correntes

EDUCAÇÃO
O sociólogo Simon Schwartzman propôs investir mais na qualificação de professores e na melhoria da qualidade de ensino no país

APOSENTADORIAS
Os tucanos sugerem a Reforma da Previdência, com revisão das pensões por morte e da aposentadoria integral do setor público, além de rediscutir a idade mínima para aposentadoria, considerada muito baixa

SAÚDE
Sugestão de André Médici, economista com atuação na área de saúde, prevê ressarcimento pelo SUS dos que usam o sistema tendo plano privado de saúde



"Nós estamos começando a falar com uma nova voz. Agora é a voz dos que querem vencer", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que também falou em união do partido, e tinha ao seu redor alguns dos principais nomes do PSDB, como o senador Aécio Neves, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ex-governador do Estado José Serra (que chegou ao evento de surpresa), o presidente do partido, Sérgio Guerra e o presidente do ITV, Tasso Jereissati.

Em vez de mineiro,Aécio Neves, foi chamado por Guerra, de "o único senador carioca do PSDB", por Aécio morar no Rio.

FHC disse que o PSDB "Tem que ser o partido do carinho e da equidade". Mas o carinho embutia um ataque ao governo petista, que o ex-presidente acusa de não ter estratégia e pecar pela gestão. A equidade também carregava uma crítica ao que FHC chamou de um coletivismo do PT que "não respeita as pessoas". "Não é só querermos mais, é querermos melhor", arrematou.

Melhor em termos de juros, inclusive. O aperto monetário, que foi severo no governo FHC, foi combatido até por aqueles que ocupavam a presidência do Banco Central naquela gestão, como Gustavo Franco e Armínio Fraga. Outro vilão apontado por todos os palestrantes foi a política industrial da administração petista. Fraga atacou a atuação de órgãos do governo em fusões e aquisições, como o Cade e o BNDES.

Tomando o cuidado de não confundir sua crítica ao ataque desferido por Fraga, já que seu banco, o BTG Pactual, apoiou com veemência a tentativa de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour defendida pelo BNDES, Arida se ateve a combater a tática de financiar setores da economia, discricionariamente, por meio de crédito subsidiado. Sua palestra surpreendeu pelo apelo político e foi encampada pelos caciques do partido que o sucederam no púlpito. Arida disse que, se BNDES e Caixa operassem com juros de mercado, a taxa básica seria menor para todos, enquanto os rendimentos da poupança e do FGTS seriam maiores.

FHC e seus Papéis

Com a elegância de sempre, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a escrever nos jornais dominicais. Por mais que o tempo passe, não perde a capacidade de expressão.
Dessa feita, seu objeto foi a corrupção. Com o título “Corrupção e Poder”, a ideia central do artigo é que a corrupção, antes “episódica”, teria se tornado “um sistema” nos governos do PT.
Instalado na época de Lula, sobreviveria no atual, ainda que Dilma “esboce uma reação” contrária. Para FHC, estaríamos “(...) diante de um sistema político que começa a ter a corrupção como esteio, mais que simplesmente diante de pessoas corruptas”.
O texto reflete a dificuldade que o ex-presidente tem de conciliar os dois papéis diferentes a que as circunstâncias o levam. De um lado, ser algo até coerente com sua biografia acadêmica: um ex-presidente que não se ocupa dos embates políticos do cotidiano e intervém na vida nacional apenas quando é necessária uma palavra de sobriedade e sabedoria. De outro, ser uma liderança partidária como as demais, envolvida na luta ideológica com os adversários.
Não é surpresa que enfrente problemas tentando ser as duas coisas, pois os papéis são, mesmo, contraditórios. É impossível querer falar em nome de todos se muitos são vistos como inimigos.
A atração que sente pelo lugar de estadista, acima do bem e do mal, é nítida na sua participação em instituições que congregam “líderes globais independentes”, como diz o material de divulgação de uma delas, os “Anciãos”. Fundada por Nelson Mandela, essa reúne dez personalidades que atuam na defesa de causas sociais e humanitárias, para “oferecer sua influência coletiva e experiência em apoio à paz mundial, contribuir para o enfrentamento das principais causas do sofrimento humano e promover os interesses comuns da humanidade”. Como se vê, nada mais distante do que é a atuação de um líder partidário.
No site da organização, FHC se apresenta como ex-presidente que “implementou importantes programas de reforma agrária, redução da pobreza e que melhoraram significativamente a saúde e a educação (no Brasil); um aclamado sociólogo e advogado global da reforma da política relativa às drogas”.
Exageros à parte, há verdade nesse resumo de sua vasta biografia. E não há nada de mal no orgulho que sente de estar junto a personagens da importância ética e moral dos Anciãos (Desmond Tutu, Kofi Annan, Jimmy Carter, entre outros).
O problema é que Fernando Henrique não consegue dizer não a seus correligionários e à vontade de ser o porta-voz das oposições, nem que seja para apenas externar suas mágoas contra Lula e o PT.
Por mais que o seduzam os grandes fóruns internacionais suprapartidários, não resiste à tentação de desempenhar papéis menores.
O conflito entre o “aclamado sociólogo” e o político é visível no artigo do último domingo. Em “Corrupção e Poder”, mal se percebe o primeiro.
Em alguns momentos, é quase constrangedor, como quando procura justificar a famosa frase do ex-ministro Roberto Cardoso Alves - “é dando que se recebe”-, desculpando-a como inócua: “referia-se a nomeações (...) que eventualmente poderiam levar à corrupção, mas em si mesmas não o eram”.
Como se Fernando Henrique, líder do governo Sarney no Congresso, ignorasse o que se passava ao seu redor e se iludisse achando que a indicação de apadrinhados para cargos no governo fosse um fim em si mesmo.
Em outros, o texto é um exercício de ficção. Sem o dizer, parece querer se referir a seus dois governos quando afirma que “antes, o desvio de recursos roçava o poder, mas não era condição para seu exercício”. E que, “agora”, “os partidos exigem ministérios e postos administrativos para obter recursos que permitam sua expansão”.
Ou se esqueceu ou imagina que ninguém se lembra do que ocorreu naqueles tempos, quando diversos ministérios, alguns dos de maior orçamento, fizeram parte de acordos semelhantes aos que o PT fez quando chegou ao governo. Lula pode ser culpado de muitas coisas, mas não de ter inventado as regras desse jogo.
A corrupção é um problema antigo e relevante de nosso sistema político. Ela existe na administração federal, nos estados e nos municípios, no Legislativo e no Judiciário.
À frente do governo de oito estados e centenas de prefeituras, o PSDB lida com ela no dia a dia. Seu principal intelectual não tem o direito de pretender que ela nasceu ontem e está restrita ao governo federal.
Para o Brasil, melhor seria se FHC fosse um sábio ancião, daqueles que não se permitem ser ligeiros. O primeiro passo para enfrentar a corrupção é acabar com a brincadeira de que ela é culpa dos outros.
Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Contra a intriga, a verdade


Posto aí em cima um trecho da entrevista que dei ontem, à saída da reunião da bancada e da Executiva Nacional do PDT. Nada melhor do que a verdade, ainda mais quando a gente tem um blog onde tudo fica registrado, datado, e assinado. A mim, não vão me confundir os espaços fáceis na imprensa para atacar a honra alheia e também não deixo de pensar o que penso em razão de circunstâncias.
Existe uma campanha contra o Governo Dilma e contra os avanços do trabalho no Brasil. Se há ou não irregularidades em algum convênio do Ministério, deve ser investigado e punido quem o cometeu, repito, se tiver acontecido. Simples assim.
Mas daí a embarcar em campanha denuncista e a fazer “jogadas” de mídia para conquistar posições partidárias ou para promoção pessoal, vai uma distância que é do tamanho do caráter de cada um.
Agradeço aos profissionai da homepage do PDT o envio do vídeo, que ajuda mostrar qual é a verdade.



 

Coronel Teixeira devia ser algemado ao sair do Congresso

Mais uma do coronel Teixeirão e seu jagunço
Getty Images
A arrogância de Ricardo Teixeira está se tornando um insulto ao povo brasileiro. Dizer, em depoimento na Câmara, que o Congresso não deve se preocupar com a soberania nacional diante do "evento único" que é a Copa do Mundo é pra ele sair do plenário algemado.
Esse tipo de pensamento é típico de quem sempre viveu fora da lei. Não por acaso, esse senhor responde a dezenas de acusações de tráfico de influência, suborno, chantagem, corrupção e desvio de dinheiro público. É um gângster, nunca é demais repetir.
Mesmo escanteado e humilhado pela presidente Dilma, não perde a pose de senhor de engenho. Ou cangaceiro, usando uma palavra mais adequada aos seus modos.
Ao lado do secretário-geral Jérôme Valcke, outro jagunço da Fifa, o coronel Teixeirão sustenta com petulância seu discurso truculento. Estão pouco se lixando se os interesses do país vão ser aviltados apenas para garantir os lucros indecentes da "entidade máxima" do futebol mundial.
O Brasil vai torrar R$ 70 bilhões em "investimentos" para viabilizar os US$ 4 bilhões que a Fifa vai embolsar com esse "único evento". E ainda ficam, os capitães do mato, dando chibatadas nas nossas leis, governantes e torcedores.
É um verdadeiro bando tomando de assalto um país. Mereciam ser deportados a pontapés. Aí, sim, eles aprenderiam o que é soberania nacional.
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Em relação a polêmica da "meia-entrada", Jérôme Valcke sugeriu a criação 
de uma categoria especial, a categoria 4 com ingresso a preço popular
(Foto: Leonardo Prado/ Agência Câmara)
Secretário da Fifa afirma que outros países abriram brechas e autorizaram a venda de cerveja nos estádio durante os jogos. Ele pede que Brasil faça o mesmo.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (8), o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, admitiu que a Fifa "não gosta" da ideia de meia-entrada, mas disse que é um problema técnico e não financeiro. Ele admitiu que há possibilidade de ingresso "popular", sugerindo uma categoria especial que teria direito a ingressos a US$ 25 (cerca de R$ 43).
Valcke afirmou que a possibilidade foi discutida em conversa que teve com a presidente Dilma Rousseff para discutir o projeto da Lei Geral da Copa de 2014. Na ocasião, ele disse ter concordado com uma reivindicação da presidente, que era a meia-entrada para maiores de 60 anos, em respeito ao Estatuto do Idoso. Valcke afirmou que a Fifa não quer mexer em leis nacionais. Por isso, ele sugeriu a criação da categoria especial (chamada categoria 4).
A ideia é separar 10% dos ingressos a essa categoria, da qual fariam parte idosos e estudantes. O secretário-geral advertiu, entretanto, que será preciso encontrar uma forma de esses ingressos com preços mais baixos não serem comprados por cambistas nem por pessoas que possam pagar o preço normal. Já o ministro Aldo Rebelo afirmou que não há nenhum impasse que não possa ser resolvido com negociações.
Comércio de cerveja
Sobre a polêmica em abrir ou não uma brecha para venda de cerveja nos estádios durante a Copa, já que no Brasil é proibido, Valcke afirmou que até na Rússia e no Catar, países em que a venda de bebida alcoólica é rigorosamente proibida em estádios, houve uma exceção para a Fifa. “Foi considerado que a Copa é um evento particular e que excepcionalmente o álcool seria comercializado nos estádios”, afirmou.
“Temos esse acordo com nossa parceira Budweiser, de venda de álcool controlada nos estádios. A venda controlada significa, por exemplo, que a cerveja é vendida em copos de plástico e não em garrafas ou latas, que podem ser utilizadas como armas”, disse ele.
Ambulantes
Valcke disse que a Fifa não vai interferir no comércio de ambulantes nas proximidades dos estádios. Ele explicou que haverá um perímetro de segurança de aproximadamente um quilômetro em torno dos estádios, no qual as marcas dos patrocinadores da Copa serão protegidas. Entretanto, segundo ele, essa regra se aplica a empresas e não a vendedores ambulantes.
 

O rapto da democracia





MISTO DE PÂNICO E OPORTUNISMO NA EUROPA NESTA 4ª FEIRA:mercados esfolam  a Itália o quanto podem nesta manhã de 4ª feira** reina um misto de pânico e oportunismo com o vazio de poder criado pela demissão branca de Berlusconi imposta ontem pelo poder financeiro** credores da dívida italiana exigem  juros equivalente aos que levaram Portugal e Irlanda à falência** o pânico decorre do  fato matemático de que a dívida italiana --da ordem de 2 trilhões de euros--  é seis vezes maior que a da Grécia, por exemplo, ** significa que a Itália é irresgatável pelos mecanismos à disposição da UE** por isso os credores fazem gato e sapato de Berlusconi e do Estado italiano** só uma guinada histórica daria um cala-boca nos mercados: o BCE  abandonar sua identidade ortodoxa e intervir pesado comprando títulos do Tesouro italiano** ou seja, assumindo claramente o papel de um regulador de liquidez, capaz de impor perdas e disciplinar ganhos dos rentistas, coisa que os 'livres mercados' ,vocalizados por Angela Merkel, repudiam.

A Europa assiste nesse momento, com anuência catatônica dos partidos e da mídia, à ação desmedida e auto-atribuída dos mercados financeiros de nomear e demitir governos, impondo-lhes metas e políticas que reduzem o Estado, a economia e a sociedade a meros dentes da engrenagem reprodutora do capital a juro.   

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No Brasil, como demonstra a editora de Política de Carta Maior, Maria Inês Nassif, em análise nesta pág., é a mídia que se arroga, de forma mais ostensiva, o papel desse poder paralelo, avocando-se a prerrogativa de inocentar e condenar ministros de Estado, a ponto de tornar o governo Dilma, perigosamente, refém de seus interesses e interditos.

Na Europa, de forma desconcertante, as causas da crise são omitidas na dissecação de um colapso cuja origem e manutenção remete ao poder desmedido das finanças desreguladas. Sua supremacia monopolizou a tal ponto a agenda política que hoje encara-se como inevitável responder ao colapso neoliberal com doses adicionais de seu veneno.

A mesma lógica auto-propelida alimenta a eterna pauta da corrupção política no Brasil. A ausência de uma presença estatal forte no financiamento das campanhas eleitorais torna partidos, eleitores e eleitos reféns do dinheiro privado. A mesma mídia que usurpa espaços e prerrogativas das instituições democráticas, permite-se, porém, rebaixar a discussão das alternativas a essa distorção para reiterar seu papel auto-atribuído de juiz e jurado das escolhas da sociedade.

Nos dois casos um poder coercitivo ilegítimo submete a cidadania a desígnios sedimentados à margem do discernimento social. Em nome da eficiência, na Europa, e da transparência, no Brasil, comete-se o rapto da democracia para instituir uma chantagem permanente e ardilosa contra a sociedade. A lição européia é clara: todos os governantes que cederam a essa lógica foram engolidos por ela
Postado por Saul Leblon

América Latina, pé de página para os EUA


Quando ganhou, como todo presidente norteamericano, Bush filho também disse, em 2000, que a América Latina se tornaria ”um compromisso fundamental” da sua presidência. No seu livro de memorias, “Pontos de decisão”, ele dedica menos de 0,5% das 497 páginas dedicadas ao continente. Nenhuma referência ao Brasil.

Na sua biografia política, ”Minha vida”, Clinton dedica umas 10 páginas do total de 957 à America Latina, cerca de 1% do livro, quase todas referidas a Haiti e a Cuba.

Madeleine Albright, ex-Secretaria de Estado, no seu livro “Madade Secretary”, dedica uma dezenas de páginas à América Latina, do total de 562, com alguns parágrafos dispersos sobre Cuba e o Haiti.

Condoleezza Rice vem de publicar o seu, “Nenhuma honra mais alta”. 98% do total de 766 páginas são dedicadas ao Oriente Médio, à Russia, à Ásia e apenas 2% - umas 15 páginas - à América Latina.

Enquanto isso, os EUA exportam 3 vezes mais para a América Latina do que a China. 43% das exportações totais dos EUA vem para a América Latina e o Caribe, que é fonte cada vez mais importante de petróleo e é a região com mais impacto em temas como a imigração e o narcotráfico. No entanto, Clinton escreve, no último número da revista Foreign Policy, “O século do Pacífico”, que “o futuro da geopolítica se decidirá na Asia e não no Afeganistão”.

Os EUA, junto com a direita latino-americana – a partidária e a midiática – não tem o que propor ao continente. Nem alternativas por parte das direitas locais, nem alternativas econômicas por parte dos EUA sempre em recessão.

Cabe ao continente – que para os EUA são um pé de página nas biografias dos seus ex-dirigentes – aproveitar-se da hegemonia que o modelo dominante na região adquire, para avançar na consolidação dos processos de integração regional e na construção de modelos alternativos ao neoliberalismo que a direita e os EUA impuseram aos nossos países.
Postado por Emir


O que a manchete do Post nos diz sobre nosso tempo



por Luiz Carlos Azenha

O New York Post, tabloide de Rupert Murdoch, é a caricatura de um tabloide de Rupert Murdoch e, de certa forma, do jornalismo de nosso tempo. Mais escancarado, obviamente, já que o Post depende do que vende nas ruas.
Numa era de sociedades ‘encharcadas’ de infotainment e de neurônios sob o cerco feroz de múltiplas mensagens, o Post aperfeiçoou o “jornalismo do grito”: manchetes emocionais, que apelam ao mínimo denominador comum e servem para ‘informar’ escondendo o essencial.
Numa era de incertezas, certezas absolutas, sem nuances ou contextualização.
Qualquer pessoa que visite o acampamento do Occupy Wall Street, numa praça próxima da bolsa de valores de Nova York, vai se surpreender com a tranquilidade, a limpeza e a organização dos manifestantes.
O Post, porém, vem fazendo uma intensa campanha pela desocupação do espaço, ora afirmando que o movimento atrapalha o comércio da região, ora dizendo que tira a tranquilidade dos moradores de uma área essencialmente de escritórios.
O “ápice” da campanha, pelo menos até agora, foi a manchete acima, baseada numa briga entre dois manifestantes.
“Os animais do Occupy Wall Street enlouquecem”, diz o título, para justificar o trocadilho: Zoo-cotti!
Zuccotti Park é o nome do espaço ocupado pelo acampamento. Aliás, é propriedade privada de uma empresa chamada Brookfield Properties, que provavelmente fez a praça ali para poder usar os “air rights”, direitos de construção, em outro lugar.
No interior do tabloide, além das fotos da briga, um texto assinado por Kevin Fasick e Bob Fredericks diz: “Passou do simples caos à pura insanidade. A violência e a depravação continuaram a se acumular no protesto do Occupy Wall Street ontem, quando policiais prenderam 16 pessoas por tentar bloquear a entrada da Goldman Sachs e uma mulher do Alabama se apresentou para relatar outro doentio ataque sexual no Zuccotti Park”.
“Três outros manifestantes foram presos no Zuccotti por se negar a tirar máscaras, inclusive um homem que vestia uniforme militar dizendo que era fuzileiro naval. Usar máscaras durante um protesto é ilegal”, diz ainda o texto.
“Filth”, “horde”, “defiant” são palavras associadas aos manifestantes no tabloide.
“Estamos seriamente sugerindo que se um grupo jihadista ou neonazista entrasse no protesto receberia a mesma indulgência?”, diz uma declaração atribuída a um morador no texto de um editorialista. “Ou a Klu-Klux-Klan!”, disse outro.
No mesmo texto: “‘Grandes pacotes, sem identificação’ estão sendo entregues no parque, ’sem que ninguém cheque o conteúdo’, foi notado. Esta é uma área que — como resultado da proximidade do World Trade Center 4 e da Freedom Tower — está em alerta máximo e na qual buscas aleatórias em grandes containers é a norma”.
[Seriam as famosas armas de destruição em massa do Saddam?, pergunto]
Na mesma página, outro editorialista escreve: “Está se tornando claro durante as últimas semanas que existe ilegalidade no coração do Occupy Wall Street. Ele criou pequenos espaços desgovernados em cidades de todo o país, para os quais os sem-teto, usuários de drogas e criminosos estão se dirigindo”.
Mais adiante: “Os manifestantes pelos direitos civis fizeram seus protestos pacificamente e com dignidade. A diferença entre eles e os do Occupy que desafiam a polícia é a diferença entre heróis do auto-sacrifício e punks e reclamões ideologicamente bêbados”.
Os dois editorialistas, aliás, “militam” nas fileiras da National Review, um bastião dos neocons nos Estados Unidos.
O curioso é que todo o palavreado neofascista — de defesa da ordem e da limpeza social, das forças de segurança e dos cidadãos de bem — se consolida em um tempo de desordem, de angústia social, de desemprego, de aprofundamento da desigualdade  e de risco de colapso econômico.
Talvez não seja coincidência.

Leia também:
Ricardo Maciel: Abusos da PM nas ruas se reproduzem na USP

Osso duro de roer


Quem ouviu ou leu o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, dizer ontem que só sai do governo se for “abatido a tiros”, por certo experimentou um déjà vu – não faz nem um mês, ainda, que o ex-ministro do Esporte Orlando Silva proferiu frase análoga, dizendo-se “indestrutível”. O ritual das seis demissões anteriores de ministros “por corrupção” parece ir se cumprindo.
Surge, então, a grande pergunta: em que o ministro bola da vez diferiria dos outros que a mídia “sangrou” e abateu “a tiros” exatamente como ele diz que ela terá que fazer para derrubá-lo por se considerar um “osso duro de roer”?
Ao explicar este caso surge a oportunidade de desfazer um equívoco cometido por esta página durante a agonia de Orlando Silva, quando se disse, aqui, que o PC do B teria ameaçado deixar o governo caso a presidente Dilma demitisse o ex-ministro do Esporte: o partido jamais disse isso, apenas insinuou ao prometer que não indicaria um substituto para o lugar do demitido.
O PDT fez diferente, ao menos na retórica: acaba de afirmar, literalmente, que deixa o governo se o seu ministro for demitido da forma como foram os anteriores, ou seja, sem provas, o que fez com que cinco dos seis demitidos deixassem o governo sem que lhes tivesse sido feita ao menos uma acusação formal, ainda que, em dois desses casos, agora, há poucos dias, tenham sido abertos processos, aparentemente para preencher uma lacuna no discurso da oposição midiática.
Seja como for, é positiva a atitude de Lupi. A mídia desencadeou uma guerra contra o governo Dilma e este não tem mais para onde recuar.
Escrevo, nesta quarta-feira, poucas horas antes de embarcar para Porto Alegre, onde participarei de evento do Gabinete Digital do governo Tarso Genro. Enquanto escrevo, assisto ao programa Ana Maria Braga, que sucedeu o Bom Dia Brasil. Estou de queixo caído. Por um momento, senti-me na Venezuela de 2002 – estive lá naquele ano.
Após o telejornal opinar furiosamente sobre as acusações a Lupi e ao governador petista Agnelo Queiróz, a apresentadora se encarrega de “traduzir” o ataque antipetista da Globo aos governos petistas de Brasília e do país. Foram mais de vinte minutos atacando o ministro Lupi e o governador Queiróz. Sem contraponto, sem dúvida. Insinuações covardes e levianas, porque sem base probatória.
Por que escândalo no Distrito Federal oriundo de um denunciante, sem qualquer prova, difere de escândalo em São Paulo, oriundo também de um denunciante e igualmente sem prova? Por que as denúncias do deputado estadual do PTB Roque Barbiere contra o governo tucano não são repercutidas como as que pesam contra o governo petista?
Lupi foi o primeiro a dizer que há um ataque denuncista organizado contra o governo Dilma e o PDT foi o único partido a anunciar previamente e sem mais delongas que, se demissão do seu ministro ocorrer sem provas, deixa o governo.
O PC do B e Orlando Silva, portanto, recuaram. O partido indicou o substituto de Silva que disse que não indicaria e o demitido, à diferença do que prometera, pediu demissão. Não se pode culpá-los, porém. Ficou evidente que não fizeram isso para se proteger, mas para proteger Dilma do desgaste entre a base aliada que seria demitir publicamente o auxiliar.
Se Carlos Lupi, o PDT e sobretudo Dilma resistirem, porém, será uma surpresa devido à presidente, que, durante o processo de fritura do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento afirmou que ele “se precipitou” ao pedir demissão pois teria seu “apoio”, mas acabou cedendo de novo à mídia.
Tudo, portanto, resume-se a uma só variável: será que, como Lupi, Dilma também percebeu que há um processo de sabotagem de seu governo que não irá parar até que chegue nela mesma? Bem, aí vai um regalo para os otimistas: o ministro do Trabalho, em sua fala sobre ser “osso duro”, insinuou que a presidente despertou. Tomara.
PS: durante esta quarta-feira poderá haver algum atraso na liberação de comentários.

23 coisas que eles não falam para vocês sobre o capitalismo

O número poderia ser infinito, mas para começo de conversa, o autor – Ha-Joong Chan, sul-coreano, que trabalha em Cambridge – seleciona 23. (23 things they don’t tell yu about capitalism", Penguin Books, Londres, 2011). Cada um pode acrescentar as suas. As dele são:
1. Não há isso que chamam de livre comércio.
2. As empresas não deveriam ser dirigidas em função do interesse dos seus donos.
3. Muita gente nos países ricos é paga acima do que deveria.
4. As máquinas de lavar mudaram o mundo mais do que a internet.
5. Assuma o pior sobre o povo e você vai obter o pior.
6. Maior estabilidade macroeconômica não fez a economia mundial mais estável.
7. As políticas de livre comércio raramente tornam ricos os países pobres.
8. O capital tem uma nacionalidade.
9. Nós não vivemos numa era pós-industrial.
10. Os EUA não têm o mais alto nível de vida do mundo.
11. A África não está condenada ao subdesenvolvimento.
12. Os governos podem punir os vencedores.
13. Tornando os ricos mais ricos não se torna os outros ricos.
14. Os executivos norteamericanos são pagos em excesso.
15. As pessoas nos países pobres são mais empreendedoras do que nos países ricos.
16. Mais educação, por si só, não faz um país mais rico.
17. O que é bom para a General Motors não é necessariamente bom para os EUA.
18. Não somos suficientemente tontos para deixar as coisas para o mercado.
19. Apesar do fim do comunismo, nós ainda vivemos em economias planificadas.
20. A igualdade de oportunidades pode não ser justa.
21. Governo forte torna as pessoas mais abertas para as transformações.
22. O mercado financeiro precisa se tornar menos e não mais eficiente.
23. Uma boa política econômica não necessita de bons economistas.
Emir Sader
No Bolg do Emir