Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O pior inimigo do governo Dilma

A queda do sexto ministro de Dilma sob acusação de corrupção ocorre no âmbito de um processo kafkiano iniciado em março deste ano. Sabia-se que a imprensa continuaria se opondo ao governo federal caso a candidata de Lula se elegesse, mas os consideráveis esforços dela para distender o clima político tornam o ataque midiático inexplicável, sem razão, daí a alusão à obra de Franz Kafka.
Dilma começou a governar claramente convencida de que se não fizesse provocações à mídia e à oposição não sofreria processo similar ao que acompanhou cada dia da gestão de seu antecessor.
Ela desafiou a ira da militância fazendo afagos à imprensa tucana, afagos que todos os que se interessam por política sabem quais foram – aniversário da Folha, Ana Maria Braga, Hebe Camargo etc., com direito aos famosos almoços com barões da mídia aos quais Lula jamais acedeu. Por atos e declarações, também tirou do horizonte a temida lei da mídia, que esta e a oposição não aceitam sequer discutir. Desmanchou-se em mesuras ao líder máximo da oposição e da imprensa, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, chegando a lhe dar créditos que não merece pelo sucesso econômico do Brasil hoje.
O que mais a mídia e a oposição querem?
A resposta é simples: o poder. E não é só o poder pelo poder, mas para voltarem a roubar o patrimônio nacional como fizeram juntinhas (mídia e oposição) à época da privataria, quando barões da mídia como a família Mesquita apuraram-se a receptar o saque tucano na telefonia, neste caso comprando parte da operadora de telefonia celular BCP.
O poder que a mídia tem hoje deriva de sua fortuna incalculável, um tesouro que, centavo por centavo, veio sendo surrupiado da nação  ao longo do século passado, sobretudo durante a ditadura militar, quando essas famílias que controlam a comunicação no país receptaram bilhões de dólares desviados pelos ditadores para construírem a máquina de comunicação que usariam para tentar manipular o povo do qual haviam usurpado todos direitos civis.
É o poder de manipular as instituições e, ainda em grande medida, a opinião pública. E é um poder que se fundamenta na posse de muito dinheiro, de volumes de riqueza que só são possíveis auferir em grandes negociatas como as privatizações.
Há nove anos fora do poder, a fonte secou. As operações desses impérios de comunicação muitas vezes são deficitárias. Essas empresas não sobrevivem sem dinheiro público e hoje só quem lhes doa dinheiro dos nossos impostos são os governos estaduais, que gerem orçamentos infinitamente menores do que o governo federal, o que lhes deixa pouco espaço para roubar.
O Santo Graal da mídia é o Pré Sal. Será com facilitação de negociatas com as reservas petrolíferas que seu e$toque de poder será reposto. Todos sabem das negociações entre José Serra e as petroleiras internacionais que vazaram através do Wikileaks. O tucano lhes prometera regime de concessão para explorarem as recém-descobertas reservas petrolíferas do país, ou seja, prometeu que ganhariam infinitamente mais com o petróleo que extraíssem.
Não haverá gentileza deste governo, pois, que faça a mídia parar de tentar inviabilizá-lo. Recusar-se a dotar o país de um marco regulatório para as comunicações tampouco adiantará. A única forma de Dilma se compor com a imprensa é através do suborno, como faz o governo Alckmin, por exemplo, ao gastar milhões e milhões de reais em assinaturas dos jornais e revistas que denunciam sem parar seus adversários políticos e que o protegem de escândalos como o das emendas parlamentares.
A sucessiva queda de ministros, portanto, se funcionar deixará o PSDB e os abutres internacionais em imenso débito com Folhas, Estadões, Vejas e Globos, certamente permitindo novas incursões das empresas “jornalísticas” em negócios estranhos à própria atividade, como na época da telefonia celular privatizada.
Desta feita, incursionarão pelo setor petrolífero.
As tropas de choque da mídia e da oposição na internet ou os militontos da oposição de ultra-esquerda logo se apressarão a bradar que esta é uma “teoria conspiratória”, como se o primeiro passo de toda conspiração não fosse desacreditar qualquer suspeita de que esteja ocorrendo. Acredita quem quer…
Quem acha que nada significa o fenômeno de ministros caírem em efeito dominó sob denúncias da imprensa como a de uma carona de avião ou a de acumulação questionável de cargos públicos enquanto escândalos muito piores envolvendo governos tucanos são ignorados, como o caso recente envolvendo o ex-assessor do então ex-governador José Serra João Faustino, que se encontra preso no Rio Grande do Norte, sugiro que interrompa a leitura deste post.
Se você continua lendo é porque sabe que o processo que vem desmontando o ministério de Dilma é hipócrita. Todavia, assim mesmo você pode estar entre os piores inimigos de seu governo se está entre os que dizem frases como “Quanto mais a mídia bate em Dilma, mais ela se torna popular” ou como “Dilma tem mesmo que se livrar de ministros picaretas”.
Nem a própria Dilma continua acreditando no que já chegou a acreditar, que ganha alguma coisa com as denúncias da imprensa. Ela bem que tentou, desta vez, segurar o ministro bola da vez. E isso porque a teoria de que se torna mais popular a cada denúncia contra seus ministros é um delírio, não existe. Nenhuma pesquisa sobre sua popularidade mostra isso. Hoje, ela tem menos aprovação do que no início de seu governo.
Administrativamente, este governo está sendo literalmente sabotado. Ou, para os que não partilham dessa teoria, está ao menos sendo paralisado. Por seis vezes neste ano, algum ministério ficou praticamente acéfalo durante semanas a fio, com o titular de cada pasta usando cada minuto para se defender.
O estilo Dilma de administrar explica a razão pela qual ela já se deixou enganar por essa história de que ganharia alguma coisa com esse processo. Seu estilo enérgico estimula bajuladores em seu entorno a dourarem a pílula, a só dizerem o que ela quer ouvir. E o que ela ainda parece querer ouvir é que há como evitar o confronto político, como se a mera rendição tivesse o poder de suspender a sabotagem.
Entre as teorias que empanam a visão da presidente está a de que a mídia quereria defenestrar apenas os ministros “da cota de Lula”, ou seja, aqueles que dizem que foram “impostos” pelo ex-presidente à sucessora, o que matéria do Estadão divulgada ontem desmente.
A matéria “Depois dos aliados, mídia chega à cota pessoal de Dilma” acusa Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Ele teria sido escolha dela e não de Lula, mas, assim mesmo, está sendo acusado pela imprensa por atuação como consultor entre 2009 e 2010, uma acusação análoga à que sofreu Antonio Palocci, a primeira peça do dominó político em que se converteu o ministério deste governo.
E tem gente achando que não tem nada demais nesse processo.
Dilma já acordou. Tentou manter Lupi, mas esbarrou em um problema que ela mesma criou para que seus auxiliares resistam ao bombardeio. Ao não declarar apoio aos alvos da mídia, dando apenas declarações genéricas sobre querer analisar com calma as denúncias, termina por legitimá-las, retirando-lhes um caráter político que só ela não vê ou finge que não vê, achando que, assim, evitará briga. Daí o alvo da artilharia, sentindo-se sem apoio, pula fora.
Enquanto isso, lideranças políticas da oposição como José Serra e colunistas de veículos como Veja ou Globo já pedem o impeachment da presidente por crime de responsabilidade, porque se um ministro cai o problema é dele, mas se seis caem sucessivamente vai ficando claro que quem os escolheu, escolheu mal. Ao menos para o espectador desavisado.
Você não entende por que o ministério de Lula não passou por processo semelhante se alguns dos que estão caindo hoje já eram ministros àquela época? Para entender, tomemos o caso de Lupi. As denúncias são antigas. Por que nunca foram Levantadas? É óbvio que a mídia achava que não adiantaria tentar forçar queda em série de ministros porque o titular do governo não se curvaria.
A única forma de enfrentar um processo que cada vez mais vai ficando claro que haverá de chegar à própria Dilma, será reagindo. Haveria que reagir denunciando a seletividade da imprensa, que esconde escândalos dos governos estaduais da oposição enquanto infla acusações contra o governo central. E, sobretudo, enviando ao Congresso o marco regulatório das comunicações.
Quem impede que isso aconteça é o entorno da presidente. Alguém está lhe vendendo que é possível governar assim, com ministros caindo em série, porque, após caírem todos os “da cota de Lula”, o processo será estancado. Assim, esses bajuladores estão empurrando o governo para o precipício. O entorno da presidente Dilma é hoje seu pior inimigo, pior do que a oposição e a imprensa juntas.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dilma questiona Comissão de Ética e mantém Lupi.

Por Hugo Bachega e Jeferson RibeiroBRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff manteve Carlos Lupi no cargo de ministro do Trabalho nesta quinta-feira, mesmo com recomendação da Comissão de Ética da Presidência da República de exonerá-lo do posto em meio a denúncias de irregularidades na pasta e contra ele.
Dilma tem resistido a demitir Lupi para não perder mais margem de manobra na reforma ministerial esperada para o início de 2012. Se substituísse Lupi agora, a presidente sofreria pressão para manter um nome indicado pelo partido do ministro, o PDT, na pasta.
Lupi tem conseguido se manter no cargo apesar de diversas denúncias, mas sofreu um forte revés na quarta-feira, quando a Comissão de Ética Pública decidiu recomendar à Dilma a exoneração do ministro por ter considerado desvio de ética do ministro os casos de irregularidades de convênios e cobrança de propina no Ministério do Trabalho, divulgados pela imprensa.
Segundo o grupo, as explicações dele ao Congresso e à própria comissão foram "não satisfatórias" e "inconvenientes".
A permanência de Lupi foi acertada após reunião entre ele e Dilma pela manhã desta quinta e foi definida mesmo com a publicação de nova denúncia envolvendo o ministro.
Na reunião, Dilma afirmou que pedirá à Comissão de Ética "os elementos que embasaram a decisão e a sugestão" de exoneração de Lupi, informou a Presidência da República.
O próprio Lupi também pedirá uma explicação sobre as bases da decisão da comissão, inclusive a ata e a degravação, e pedirá uma reconsideração da sugestão.
A manobra de manter Lupi, no entanto, pode afetar a imagem de Dilma, que tem se esforçado na mensagem de ser menos tolerante com o que considera "malfeitos". Desde junho, cinco ministros deixaram o governo diante de denúncias de irregularidades.
FATO NOVO, DENÚNCIA NOVA
O presidente da Comissão, Sepúlveda Pertence, disse que o pedido de Dilma "é um fato novo" e que não iria se manifestar. Questionado se era possível haver uma reunião extraordinária para analisar o pedido da presidente, ele disse à Reuters que "pode ser que sim".
O próximo encontro da comissão está marcado para janeiro, mas as explicações pedidas por Dilma não exigem uma reunião formal do grupo para um posicionamento.
Nesta quinta-feira, reportagem do jornal Folha de S.Paulo apontou que Lupi teria acumulado por cinco anos dois cargos de assessor parlamentar em dois diferentes órgãos públicos - a Câmara dos Deputados, em Brasília, e a Câmara Municipal, no Rio de Janeiro.
Sobre a nova denúncia, Lupi disse à Dilma que irá apresentar explicações, segundo a Presidência.
Antes, o Ministério do Trabalho já havia sido alvo de denúncias de um suposto esquema de cobrança de propina de organizações não-governamentais (ONGs) conveniadas com a pasta, num esquema que serviria para abastecer o caixa do PDT.
O ministro também foi acusado de ter pegado "carona" em avião providenciado por um empresário e dirigente de ONG, que meses depois assinou convênios com o ministério. Ele também foi acusado de ter sido funcionário fantasma da Câmara por quase seis anos.
Desde junho, seis ministros deixaram o governo Dilma, cinco deles saíram em meio a denúncias de irregularidades - Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).
(Edição de Eduardo Simões)

Dilma peita
o Sepúlveda, o Ético

Pertence: o Palocci é um santinho e o Lupi ...
O passarinho pousou na janela lá de casa e mandou avisar.

A Presidenta mandou um ofício ao Ético Pertence – clique aqui para ler por que ele condenou o Lupi depois de ter absolvido o Palocci – para saber em que ele se baseou para condenar o Lupi.

(Lupi, espera um pouco para pedir para sair.

Deixa a Presidenta fritar o Ético.)


Paulo Henrique Amorim

Dilma tem motivos para ignorar a Comissão de Ética da Presidência

Os membros daquela Comissão decidiram, por unanimidade, não só pela recomendação de demissão de Lupi, mas, também, por adverti-lo publicamente por ter considerado que usou avião de ONG que recebeu dinheiro da pasta que administra, conforme denúncia da revista Veja.
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), reagiu à decisão da Comissão acusando-a de “perseguir” Lupi e lembrando que em 2007, quando ele assumiu a pasta do Trabalho, ainda no governo Lula, o mesmo órgão o censurou publicamente por acumular a presidência do PDT e o cargo no governo, o que o obrigou a deixar o cargo partidário.
É de se discutir se um ministro de Estado deve deixar de ser político ou de exercer atividades partidárias conquanto não o faça durante o expediente, mas aí pode estar evidenciada uma severidade com Lupi que inexistiu com os cinco outros ministros do governo Dilma que perderam o cargo neste ano sem que a mesma Comissão de Ética tivesse feito recomendação semelhante.
Dilma demitiu cinco ministros que a Comissão não condenou, apesar de que a versão oficial é a de que foram eles que pediram demissão. Terá havido leniência da Comissão com aqueles ministros ou só o atual é que tem indícios consistentes contra si?
Se a Comissão de Ética tem razão agora ao recomendar a demissão de Lupi certamente também estava certa ao não condenar os cinco outros ministros que perderam o cargo neste ano. E se não os condenou, só pode ter sido por tê-los julgado inocentes.
Quando a Comissão de Ética errou? E se errou antes ao não pedir a demissão dos que se demitiram ou foram demitidos, não pode estar errada também agora?
Há, portanto, uma boa dose de controvérsia na decisão unânime da Comissão de Ética de recomendar à presidente Dilma que demita um auxiliar que até então ela vinha se recusando a demitir em meio a um tiroteio político.
Pode até ser que a presidente acate a decisão da Comissão e que, pela primeira vez, demita um ministro em vez de lhe “aceitar” a demissão, como ocorreu com os outros ministros que deixaram seu governo.
Como o PDT reagirá a demissão como essa? A declaração de Paulinho indica que poderá não aceitar nada bem. E como a recomendação do órgão de controle pode estar contaminada pela política, que não se estranhe se a presidente não demitir o ministro. Até porque, estaria reconhecendo que falhou.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

a mídia seletiva contra Lupi

Todos sabem de minhas divergências com o Ministro Carlos Lupi sobre a condução do partido. Mas não me associo, como desde o início venho dizendo, à campanha de manipulação midiática que se desenvolveu em torno deste caso.
Por isso, posto aí em cima a entrevista que dei à saída da reunião do PDT, na terça-feira, gentilmente
cedido pelo site do partido.
E aí ao lado, a reprodução da matéria que saiu no mesmo dia, na revista Época, sobre um dos aviões usados pelo Ministro em sua viagem, cedido por um empresário que confirma a informação. Seja ou não fato suficiente para anular as demais informações, nada, praticamente, saiu em outros veículos.
Não pode existir justiça em julgamentos onde uma parte da verdade seja selecionada e, não interessando às prentensões políticas da mídia, passe a ser  ignorada, escondida e omitida do julgamento público.
Você pode ler aqui a matéria e formar melhor seu julgamento.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Santayana e Lupi: uma questão de confiança

Santayana e Lupi:
por Mauro Santayana


O senador Pedro Taques, ao falar ontem, durante o depoimento do Ministro Carlos Lupi, foi ao ponto, ao separar, no exame dos fatos, o problema jurídico do problema político. O Senado não é órgão policial; não lhe cabe saber se as leis penais foram, ou não, violadas pelos servidores públicos, entre eles os ministros de Estado. Desse cuidado se encarregam os órgãos próprios, como a CGU e a Polícia Federal. O Senado é  instituição política e deve zelar pelo cumprimento do contrato social de que a Constituição é a ata, para lembrar a curta definição de Frei Caneca.


A partir dessa premissa, Taques, que é um homem novo na política e no Senado, mas servidor público curtido no combate ao crime, como membro do Ministério Público Federal, recomendou a seu partido que deixe de integrar o poder executivo federal. O Senador Christovam Buarque, seu colega de legenda, acompanhou-o nesse raciocínio. Ambos, como recomenda a boa norma, não fizeram o julgamento moral de Lupi, ao contrário: ponderaram que mantêm, até o  momento, sua confiança no Ministro.


Ao adotarem a postura prévia de separar uma coisa, a ação política, da outra, a denúncia sem provas concretas, de atos criminosos atribuídos a Lupi, os dois parlamentares impuseram regras éticas e lógicas ao debate.


Sentiu, o Senador Taques, que a permanência de Lupi no Ministério, por mais méritos tenha o político fluminense, enfraquece o governo. A conclusão do Senador Christovam Buarque, que falou em seguida, é a mesma. Há, na atitude dos dois senadores, à parte a natural preocupação ética, boa sabedoria política. Se o partido insiste no apoio incondicional a Lupi, responsabiliza-se pela possível negligência do Ministro em viajar em aeronaves cedidas por A ou B, e, mais ainda, em fazê-lo na companhia de donos de ONGs, como o Sr. Adair Meira é identificado pela imprensa. Se o dirigente da Pró-Cerrado foi o responsável ou não pelo aluguel da aeronave, pouco importa. Ministro de Estado, em missão oficial, viaja em aviões de propriedade pública ou com aluguel pago pelo Erário. Ao não ter em mãos os documentos de apoio a suas explicações, o Ministro pode ter sido inocente, mas lhe faltou vigilância sobre a equipe responsável pelos aspectos logísticos da agenda e das viagens.


Se a direção nacional do PDT acompanhar a sugestão dos dois senadores – personalidades da mais alta responsabilidade no partido que Brizola fundou -, o Ministro, que se vem  defendendo das acusações com firmeza, estará autorizado a deixar o cargo, sem qualquer desgaste moral,  em obediência ao partido que o indicou; se não quiser exonerar-se, convencido de que essa é a melhor atitude, e contar com o assentimento da Chefe de Governo, terá que deixar o partido, dentro das regras costumeiras da política. O melhor, para ele e para o partido, será acatar a sugestão: o partido renuncia à sua participação no poder executivo e o Ministro, disciplinadamente, deixa o governo para cuidar de sua defesa nas instâncias próprias.


Não se pode, no entanto, desprezar a advertência do Senador Inácio Arruda, a de que as acusações  não visam a atingir particularmente o Sr. Lupi, mas, sim, a desgastar a autoridade da presidente da República. Ao acossar o governo e pedir a demissão de ministros, o propósito da oposição é o de levar à opinião pública uma imagem da Presidente como hesitante e cercada de corruptos, alguns mais e outros mais ou menos. Daí o conselho de Arruda, a nosso ver equivocado, de que Lupi deve resistir em seu cargo. A sua permanência, ao contrário da percepção do senador pelo Ceará, concorrerá mais para as críticas à Presidente, do que a sua saída. A exoneração, a pedido ou não, dos outros ministros, não debilitou o governo;  fortaleceu-o. Não consta que a troca de ministros tenha reduzido o apoio parlamentar ao Planalto.


Aparentemente nada a ver, mas como vivemos em mundo a cada dia menor, vale lembrar uma frase do jornalista grego Takis Theodoropoulos, publicado por Le Monde na edição de 12 deste mês,  a propósito da grave situação de seu país:


“O sentimento de injustiça, fundado sobre a imunidade da classe política e de sua clientela privilegiada, reforçado por uma magistratura preguiçosa, quase sempre corrompida e perdida no labirinto de uma produção inflacionária de leis e de decretos, ameaça o contrato social, já corroído pelo empobrecimento violento da classe média”.


A descrição é dramática, e muito próxima da realidade brasileira, da que estamos nos distanciando – a partir da eleição de Lula e de nossos esforços – a fim de nos livrarmos do neoliberalismo.


Recorde-se que a Constituição de 1988 foi a mais democrática da nossa história, mas com ambigüidades que a tornaram vulnerável à ação depredadora do governo de Fernando Henrique com suas emendas  adquiridas – e o verbo é esse mesmo – de uma  Congresso que, não obstante o testemunho da resistência de uma minoria, já não representava a sociedade, mas, sim, as grandes corporações econômicas e financeiras. Assim, ele conseguiu romper o compromisso republicano da não reeleição dos presidentes em exercício e, mediante a mudança do conceito de empresa nacional, entregou aos estrangeiros setores estratégicos da economia brasileira.


Não se atribua hesitação à Presidente: ela não pode, é evidente, governar em obediência aos jornais e revistas. Mas, tal como faziam – e continuam fazendo – os governantes responsáveis,  não pode deixar de saber o que diz a imprensa, e de buscar explicações. Não as tendo, atua em  conseqüência. A cada mudança de ministro, ao contrário do que possam esperar seus adversários,  fortalece-se o governo e, com ele, a figura da Presidente da República. Queira ou não queira a oposição.

Por que o PT não defendeu Lupi ? Porque tem medo do PiG

Se depender dele, coitada ...

Que o senador Cristovão Buarque, do partido de Lupi, tenha feito o jogo do PiG, não surpreende: Buarque foi o primeiro traíra da era Lula.

Demitido do Ministério da Educação, mudou-se para a pseudo oposição e atrapalhou a re-eleição de Lula em 2006.

Ajudou a levar a eleição para o segundo turno, com a decisiva ajuda do jornal nacional do Ali Kamel – clique  aqui para ler “O primeiro golpe já houve – falta o segundo”.

Buarque abriu a porta para Bláblárina Silva, que, demitida, aderiu ao Cerra, com a roupagem do Verde (que mais tarde abandonou, também).

Também não surpreende que Eduardo Suplicy tenha feito o jogo do PiG, e tentar levar Lupi ao cadafalso: Suplicy é um tucano tipicamente paulista, ainda que filiado ao PT.

Não se tem notícia de nenhum ato de Suplicy, em sua longa carreira política, que despertasse apreensão na elite paulista.

Agora, amigo navegante, por que o PT não foi ao Senado defender enfaticamente o Ministro Lupi, do Governo Dilma ?

Porque o PT tem medo do PiG (*).

Especialmente da Globo.

E, de todas as crises de ministros da Presidenta, em nenhuma ficou tão claro que se tratava de uma batalha entre o Ministro e o PiG.

Inicialmente a Veja, esse detrito de maré baixa, e, depois, todo o PiG e seus colonistas (**)).

O PiG queria a cabeça do Lupi.

E, pouco a pouco, se aproximar da cabeça presidencial.

O “crime” do Lupi é uma irrelevância.

Não caracteriza um “malfeito”.

É, sim, uma demonstração de que o Ministro é um mau administrador e se deixou enredar num episódio condenável.

O Ministro achou que podia enfrentar o Golpe do PiG com meia duzia de bravatas.

E não se preparou para enfrentar a grave crise em que meteu o Governo.

Mas, e dai?

Clique aqui para ler a carta da mulher do Lupi.

Nada disso justifica a demissão, nas circunstâncias em que o PiG determinasse.

E por que o PT se omitiu ?

Porque o Ministro Bernardo é do PT !

Porque, diante da batalha PiG x Lupi, o PT do Bernardo piscou e fugiu.

Coragem teve o senador Inácio Arruda, que convidou o Lupi para integrar o movimento do Congresso pela Ley de Medios.

O PT enfiou a Ley de Medios no programa do Partido.

Mas, na hora de entrar na jaula, com a Globo … bem, aí, prevalece a oratória de Cícero: a do senador Suplicy.

É o que de melhor tem o PT para enfrentar o Golpe.

Se depender do PT-Suplicy, o PiG derruba a Dilma fácil, fácil.

Clique aqui para ler: PHA – o Brasil na Comunicação é uma “ditadura perfeita”.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A carta da mulher do Lupi. Ou o PiG é um nojo !


Faz tempo que querem pegar o Lupi


O Conversa Afiada recebeu esse e-mail do Max, assesor de imprensa do Ministro Lupi e filho do Oswaldo Maneschi, que foi assessor de imprensa do Brizola e é dileto amigo deste ansioso blogueiro:

Prezado Paulo Henrique

Em primeiro lugar gostaria de agradecer o espaço no CAfiada para o meu texto. Como se não bastasse o Lupi já ter os inimigos que tem, arrumei mais alguns, principalmente na Veja, por conta do texto. Mas a nossa avaliação é que guerra é guerra, e como tal, precisamos todos utilizar as ferramentas (e porque não armas) que temos. E como você vem acompanhando, não está fácil. Por isso não lhe falei antes. Muito obrigado.

Segundo, lhe encaminho um outro texto, desta vez da também jornalista Angela Rocha, ou para os mais próximos, Dona Angela. Esposa do Lupi. Há 30 anos. Fique à vontade com o texto.

Um texto emocionante e completamente desnudo de tudo. Acho que ele mostra muito bem o outro lado da guerra política, e os verdadeiros atingidos nessa porcariada toda que o PIG faz hoje. Acordos políticos e funções nomeadas, recuperam-se. Mas a vida e a família, como diria o velho Maneschão, combativo companheiro, o buraco é mais embaixo.

Abraços Paulo Henrique. Continue contribuindo de sua trincheira para um debate amplo sobre nossa sociedade. Durante os últimos cinco anos aqui em Brasília com Lupi senti muitas vezes vergonha de ter escolhido a carreira de Jornalista. Mas quando me arrependo, dou uma navegada no seu Blog ou bato um papo com o velho e lembro que vale a pena, porque os picaretas, apesar de falarem mais alto, são minoria.

Max Monjardim


Caso Lupi: a outra versão da história


Você tem direito de ter a sua verdade. Para isso você precisa conhecer todas as versões de uma história para escolher a sua. A deles é fácil, é só continuar lendo a Veja, O Globo, assistindo ao Jornal Nacional. A nossa vai precisar circular por essa nova e democrática ferramenta que é a internet.


Meu nome é Angela, sou esposa do Ministro do Trabalho e Emprego Carlos Lupi. Sou jornalista e especialista em políticas públicas. Somos casados há 30 anos, temos 3 filhos e um neto. Resolvi voltar ao texto depois de tantos anos porque a causa é justa e o motivo é nobre. Mostrar a milhares, dezenas ou a uma pessoa que seja como se monta um escândalo no Brasil.


Vamos aos fatos: No dia 3 de novembro a revista Veja envia a assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho algumas perguntas genéricas sobre convênio, ONGS, repasses etc. Guarda essa informação.


Na administração pública existe uma coisa chamada pendência administrativa. O que é isso? São processos que se avolumam em mesas a espera de soluções que dependem de documentos, de comprovações de despesas, prestação de contas etc. Todo órgão público, seja na esfera municipal, estadual ou federal, tem dezenas ou centenas desses.


Como é montado o circo? A revista pega duas pendências administrativas dessas, junta com as respostas da assessoria de imprensa do ministério dando a impressão de que são muito democráticos e que ouviram a outra parte, o que não é verdade, e paralelamente a isso pegam o depoimento de alguém que não tem nome ou sobrenome, mas diz que pagou propina a alguém da assessoria do ministro.


No dia seguinte toda a mídia nacional espalha e repercute a matéria em todos os noticiários, revistas e jornais. Nada fica provado. O acusador não tem que provar que pagou, mas você tem que provar que não recebeu. Curioso isso, não? O próprio texto da matéria isentava Lupi de qualquer responsabilidade. Ele sequer é citado pelo acusador. Mas a gente não lê os textos, só os títulos e a interpretação, que vêm do estereótipo “político é tudo safado mesmo”.


Dizem que quando as coisas estão ruins podem piorar. E é verdade. Na terça-feira Lupi se reúne na sede do PDT, seu partido político em Brasília para uma coletiva com a imprensa. E é literalmente metralhado não por perguntas, o que seria natural, mas por acusações. Nossa imprensa julga, condena e manda para o pelotão de fuzilamento.


E aí entra em cena a mais imprevisível das criaturas: o ser humano. Enquanto alguns acuados recuam, paralisam, Lupi faz parte de uma minoria que contra ataca. Explode, desafia. É indelicado com a Presidenta e com a população em geral. E solta a frase bomba, manchete do dia seguinte: “Só saio a bala”. O que as pessoas interpretaram como apego ao cargo era a defesa do seu nome. Era um recado com endereço certo e cujos destinatários voltaram com força total.


Era a declaração de uma guerra que ainda não deixou mortos, mas já contabiliza muitos feridos. Em casa, passado o momento de tensão, Lupi percebe o erro, os exageros e na quinta-feira na Comissão de Justiça do Congresso Nacional presta todos os esclarecimentos, apresenta os documentos que provam que o Ministério do Trabalho já havia tomado providências em relação às ONGs que estavam sendo denunciadas e aproveita a oportunidade para admitir que passou do tom e pede desculpas públicas a Presidenta e a população em geral.


A essa altura, a acusação de corrupto já não tinha mais sustentação. Era preciso montar outro escândalo e aí entra a gravação de uma resposta e uma fotografia. A resposta é aquela que é repetida em todos os telejornais. Onde o Lupi diz “não tenho nenhum tipo de relacionamento com o Sr Adair. Fui apresentado a ele em alguns eventos públicos. Nunca andei em aeronave do Sr Adair”.


Pegam a frase e juntam a ela uma foto do Lupi descendo de uma aeronave com o seu Adair por perto. Pronto. Um novo escândalo está montado. Lupi agora não é mais corrupto, é mentiroso.


Em algum momento, em algum desses telejornais você ouviu a pergunta que foi feita ao Lupi e que originou aquela resposta? Com certeza não. Se alguém pergunta se você conhece o Seu José, porteiro do seu prédio? Você provavelmente responde: claro, conheço. Agora, se alguém pergunta: que tipo de relacionamento você tem com o Seu José? O que você responde? Nenhum, simplesmente conheço de vista.


Foi essa a pergunta que não é mostrada: que tipo de relacionamento o Sr tem com o Sr Adair? Uma pergunta bem capciosa. Enquanto isso, o próprio Sr Adair garante que a aeronave não era dele, que ele não pagou pela aeronave e que ele simplesmente indicou.


Quando comecei na profissão como estagiária na Tribuna da Imprensa, ouvi de um chefe de reportagem uma frase que nunca esqueci: “Enquanto você não ouvir todos os envolvidos e tiver todas as versões do fato, a matéria não sai. O leitor tem o direito de ler todas as versões de uma história e escolher a dele. Imprensa não julga, informa. Quem julga é o leitor”.


Quero deixar claro que isso não é um discurso para colocar o Lupi como vítima.  O Lupi não é vítima de nada. É um adulto plenamente consciente do seu papel nessa história. Ele sabe que é simplesmente o alvo menor que precisa ser abatido para que seja atingido um alvo maior. É briga de cachorro grande.


Tentaram atingir o seu nome como corrupto, mas não conseguiram. Agora é mentiroso, mas também não estão conseguindo, e tenho até medo de imaginar o que vem na sequência.


Para terminar queria deixar alguns recados:


Para os amigos que nos acompanham ou simplesmente conhecidos que observam de longe a maneira como vivemos e educamos os nossos filhos eu queria dizer que podem continuar nos procurando para prestar solidariedade e que serão bem recebidos. Aos que preferem esperar a poeira baixar ou não tocar no assunto, também agradeço. E não fiquem constrangidos se em algum momento acompanhando o noticiário tenham duvidado do Lupi. A coisa é tão bem montada que até a gente começa a duvidar de nós mesmos. Quem passou por tortura psicológica sabe o que é isso. É preciso ser muito forte e coerente com as suas convicções para continuar nessa luta.


Para os companheiros de partido, Senadores, Deputados, Vereadores, lideranças, militantes que nos últimos 30 anos testemunharam o trabalho incansável de um “maluco” que viajava o Brasil inteiro em fins de semana e feriados, filiando gente nova, fazendo reuniões intermináveis, celebrando e cumprindo acordos, respeitado até pelos adversários como um homem de palavra, que manteve o PDT vivo e dentro do cenário nacional como um dos mais importantes partidos políticos da atualidade. Eu peço só uma coisa: justiça.


Aos colegas jornalistas que estão fazendo o seu trabalho, aos que estão aborrecidos com esse cara que parece arrogante e fica desafiando todo mundo, aos que só seguem orientação da editoria sem questionamento, aos que observam e questionam, não importa. A todos vocês eu queria deixar um pensamento: reflexão. Qual é o nosso papel na sociedade?


E a você Lupi, companheiro de uma vida, quero te dizer, como representante desse pequeno nucleozinho que é a nossa família, que nós estamos cansados, indignados e tristes, mas unidos como sempre estivemos. Pode continuar lutando enquanto precisar, não para manter cargo, pois isso é pequeno, mas para manter limpo o seu nome construído em 30 anos de vida pública.


E quando estiver muito cansado dessa guerra vai repousar no seu refúgio que não é uma mansão em Angra dos Reis, nem uma fazenda em Goiás, sequer uma casa em Búzios, e sim um pequeno sítio em Magé. Que corrupto é esse? Que País é esse?

Lupi tem que ficar

Sardenberg foi quem autorizou a BrOi na Anatel

O ansioso blogueiro assistiu a trechos da sabatina do Ministro Lupi no Senado.

O buzilis da questão é:

1) Lupi usou dinheiro do Erário para ir ao Maranhão ?

Resposta: não.

2) Lupi usou o Ministério do Trabalho para beneficiar o empresário porque é dono do avião em que viajou?

Não.

O resto, como diria o Nelson Rodrigues, é o luar de Paquetá.

Se o amigo navegante fosse Ministro do Trabalho andaria de avião sem saber quem é o dono ?

Não.

Não é correto.

Como não foi correto o Ministro Sardenberg do Governo impoluto do Farol de Alexandria usar avião da FAB para passear em Fernando de Noronha.

E o Supremo o absolveu por 6 a 5 porque, segundo o Supremo, ministros merecem um tratamento  especial …

Viva o Brasil !

Como não é correto o Senador Heráclito Fortes andar para cima e para baixo no jatinho do banqueiro condenado.

Mas, isso não justifica mandar o Lupi embora.

Lupi chamuscou a imagem do Governo Dilma ?

Sim.

Dilma deveria trocá-lo na próxima reforma ministerial.

Provavelmente sim.

Dilma deveria ceder à Veja ?

Não.

Agora, amigo navegante, o PiG é nocivo não porque denuncie corrupção.

Lupi não meteu a mão no Erário.

Lupi não comprou ambulância super-faturada.

Tem que ficar.

Em tempo: a última intervenção na sabatina foi a do Senador tucano de São Paulo e filiado ao PT, Eduardo Suplicy, o que lhe garantiu trânsito livre no PiG. Breve será entrevistado no “Entre Caspas” da Globo News.

Paulo Henrique Amorim

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Osso duro de roer


Quem ouviu ou leu o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, dizer ontem que só sai do governo se for “abatido a tiros”, por certo experimentou um déjà vu – não faz nem um mês, ainda, que o ex-ministro do Esporte Orlando Silva proferiu frase análoga, dizendo-se “indestrutível”. O ritual das seis demissões anteriores de ministros “por corrupção” parece ir se cumprindo.
Surge, então, a grande pergunta: em que o ministro bola da vez diferiria dos outros que a mídia “sangrou” e abateu “a tiros” exatamente como ele diz que ela terá que fazer para derrubá-lo por se considerar um “osso duro de roer”?
Ao explicar este caso surge a oportunidade de desfazer um equívoco cometido por esta página durante a agonia de Orlando Silva, quando se disse, aqui, que o PC do B teria ameaçado deixar o governo caso a presidente Dilma demitisse o ex-ministro do Esporte: o partido jamais disse isso, apenas insinuou ao prometer que não indicaria um substituto para o lugar do demitido.
O PDT fez diferente, ao menos na retórica: acaba de afirmar, literalmente, que deixa o governo se o seu ministro for demitido da forma como foram os anteriores, ou seja, sem provas, o que fez com que cinco dos seis demitidos deixassem o governo sem que lhes tivesse sido feita ao menos uma acusação formal, ainda que, em dois desses casos, agora, há poucos dias, tenham sido abertos processos, aparentemente para preencher uma lacuna no discurso da oposição midiática.
Seja como for, é positiva a atitude de Lupi. A mídia desencadeou uma guerra contra o governo Dilma e este não tem mais para onde recuar.
Escrevo, nesta quarta-feira, poucas horas antes de embarcar para Porto Alegre, onde participarei de evento do Gabinete Digital do governo Tarso Genro. Enquanto escrevo, assisto ao programa Ana Maria Braga, que sucedeu o Bom Dia Brasil. Estou de queixo caído. Por um momento, senti-me na Venezuela de 2002 – estive lá naquele ano.
Após o telejornal opinar furiosamente sobre as acusações a Lupi e ao governador petista Agnelo Queiróz, a apresentadora se encarrega de “traduzir” o ataque antipetista da Globo aos governos petistas de Brasília e do país. Foram mais de vinte minutos atacando o ministro Lupi e o governador Queiróz. Sem contraponto, sem dúvida. Insinuações covardes e levianas, porque sem base probatória.
Por que escândalo no Distrito Federal oriundo de um denunciante, sem qualquer prova, difere de escândalo em São Paulo, oriundo também de um denunciante e igualmente sem prova? Por que as denúncias do deputado estadual do PTB Roque Barbiere contra o governo tucano não são repercutidas como as que pesam contra o governo petista?
Lupi foi o primeiro a dizer que há um ataque denuncista organizado contra o governo Dilma e o PDT foi o único partido a anunciar previamente e sem mais delongas que, se demissão do seu ministro ocorrer sem provas, deixa o governo.
O PC do B e Orlando Silva, portanto, recuaram. O partido indicou o substituto de Silva que disse que não indicaria e o demitido, à diferença do que prometera, pediu demissão. Não se pode culpá-los, porém. Ficou evidente que não fizeram isso para se proteger, mas para proteger Dilma do desgaste entre a base aliada que seria demitir publicamente o auxiliar.
Se Carlos Lupi, o PDT e sobretudo Dilma resistirem, porém, será uma surpresa devido à presidente, que, durante o processo de fritura do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento afirmou que ele “se precipitou” ao pedir demissão pois teria seu “apoio”, mas acabou cedendo de novo à mídia.
Tudo, portanto, resume-se a uma só variável: será que, como Lupi, Dilma também percebeu que há um processo de sabotagem de seu governo que não irá parar até que chegue nela mesma? Bem, aí vai um regalo para os otimistas: o ministro do Trabalho, em sua fala sobre ser “osso duro”, insinuou que a presidente despertou. Tomara.
PS: durante esta quarta-feira poderá haver algum atraso na liberação de comentários.

sábado, 5 de novembro de 2011

Demita de uma vez o próximo ministro, presidenta Dilma

Diante da sexta denúncia da imprensa contra mais um ministro de Vossa Excelência, este blog vem pleitear que o país, desta vez, seja poupado de processo similar aos cinco desgastantes processos anteriores que culminaram com a rendição de seu governo ao clamor da imprensa após semanas de humilhação pública dos acusados e de paralisação da administração pública.
Não se questiona, aqui, a prerrogativa de Vossa Excelência de nomear e demitir auxiliares e de resistir ou não a ultimatos como o que um colunista da revista Veja acaba de fazer ao dizer que a senhora irá “descobrir” que “não pode” manter ministros no cargo quando “a imprensa” se decide a derrubá-los e que, por isso, deve demitir logo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Cinco experiências anteriores bastam para provar que se tornou inviável Vossa Excelência resistir, pois qualquer suspeita levantada pela imprensa cedo ou tarde gera um desenlace que, se ocorresse com qualquer governo além do governo federal, inviabilizaria a administração pública em qualquer nível (federal, estadual e municipal) assim como vai inviabilizando a do país.
Ao perguntar a qualquer pessoa o que lhe vem à cabeça quando se menciona o governo de Vossa Excelência, a resposta fatalmente será “Queda de ministros por corrupção”. Isso a despeito da existência de uma corrente de pensamento que ainda trata cada uma dessas quedas como fato isolado em vez de como parte de um processo que começou por volta do quarto mês de seu governo e não parou mais.
Como essa corrente de pensamento é a que tem prevalecido nas considerações e decisões de Vossa Excelência, presidenta, apesar de suas declarações anteriores à queda do ex-ministro Orlando Silva de que outros ministros que deixaram o cargo o fizeram por iniciativa própria, não há por que perder mais tempo. A demissão do ex-ministro do Esporte provou que não era bem assim.
Não faltou a Orlando Silva e ao seu partido disposição para resistir. O que lhes faltou foi o apoio de Vossa Excelência, que, após um pronunciamento inicial, não mais saiu a público denunciando o processo de sabotagem político-administrativa de seu governo que a nova denúncia comprova que está em curso, até por força de ter sido feita em um espaço de tempo ridiculamente pequeno entre a denúncia anterior e a atual.
Eis o script que o país se habituou a ver: o ministro-alvo irá negar as acusações, seu partido protestará, Vossa Excelência manifestará confiança no acusado e professará fé no “princípio civilizatório de presunção da inocência”, alguns aliados do governo dirão que é melhor demitir, o Ministério Público se curvará e denunciará o acusado mesmo sem provas, o Judiciário o seguirá e, ao fim, outro ministro cairá.
Não se nega o direito constitucional de Vossa Excelência de agir como bem entender em relação aos seus auxiliares e adversários políticos. O que se questiona, aqui, é a paralisação da administração federal por semanas antes da capitulação. A sociedade inteira, assim, acaba prejudicada por incompetência ou por desonestidade do Poder Executivo (como querem a imprensa e a oposição) ou por fraqueza política desse Poder (como prefere este blog).
Nesse aspecto, o colunista da revista Veja que lhe fez um ultimato que tantos outros iguais a ele farão nos próximos dias, tem razão. Vossa Excelência “não pode” manter ministros que a imprensa e a oposição queiram derrubar. Não estão inventando nada.
Sendo assim, demita logo mais esse ministro, presidenta. O desgaste político e administrativo será infinitamente menor e a parcela da sociedade menos afeita à política, aquele setor que demora mais para tomar conhecimento de fatos como esse, talvez nem fique sabendo de nada se Vossa Excelência obedecer mais celeremente ao “clamor da imprensa”.