Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Por que será que as lideranças gregas não vieram discutir com o príncipe da sociologia?


*Crédito cresce em novembro e atinge 52,6% do PIB (era a metade disso ao final do ciclo tucano)** país cria 46 mil  empregos em novembro, 8% acima de 2011 (no ano já foram criadas 1,8 milhão de vagas com carteira assinada) * custo do  crédito cai pelo 9º mês consecutivo tangido pelos bancos estatais ** inadimplência das famílias brasileiras recua. 

ADEUS ANO VELHO; FELIZ ANO NOVO...

"No ano que vem, para alegria de muitos e tristeza de poucos, voltarei a andar por este país. Vou andar pelo Brasil porque temos ainda muita coisa para fazer, temos de ajudar a presidenta Dilma e trabalhar com os setores progressistas da sociedade" (Lula, na posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, nesta 4ªfeira, 19-12, quando reafirmou a disposição de retomar as Caravanas da Cidadania para mobilizar o país e discutir o passo seguinte da luta pelo desenvolvimento)

Políticas de austeridade de hoje nos condenam a uma recessão perpétua, diz líder da esquerda grega em encontro com Lula
Alexis Tsipras, presidente do Syriza, principal partido de esquerda grego, defende uma conferência europeia sobre a dívida soberana, organizada nos mesmos moldes que a Conferência de Londres de 1953 que perdoou quase 63% da dívida da Alemanha no pós-guerra.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou na manhã desta terça-feira (18) com Alexis Tsipras, líder do partido de esquerda grego Syriza. Tsipras, junto com sua delegação, visitou a sede do Instituto Lula, em São Paulo, num encontro que durou cerca de uma hora e meia.
A conversa girou em torno da crise internacional, que castiga duramente a Europa e a Grécia em especial. “Viemos de um país que foi eleito como cobaia da crise europeia”, disse Tsipras logo no início do encontro. Lula, que na semana passada esteve em Paris no “Fórum pelo progresso social”, concordou com Tsipiras que as políticas de austeridade estão castigando ainda mais os trabalhadores europeus e é necessário retomar o caminho do crescimento para sair da crise e evitar que ela se espalhe por outras regiões do globo.
Crítico das políticas de austeridade que têm onerado os trabalhadores, em especial a juventude, Tsipras disse que resolveu iniciar sua viagem internacional pelo Brasil porque considera que aqui o governo de Lula provou para o mundo que é possível ter sucesso enfrentando a crise com caminhos alternativos. Lula perguntou se o povo grego acredita que a crise está terminando e Tsaris foi taxativo ao dizer que não. “Nos últimos três anos, recebemos 140 bilhões de euros em empréstimos. Desse valor, só 19 bilhões foram para a economia real. Esses empréstimos estão nos condenando a uma recessão perpétua, porque não temos a menor possibilidade de pagar essa dívida”. E ele lembrou ainda que há um problema político, porque este é um ano eleitoral na Alemanha e Angela Merkel, a chanceler alemã e líder europeia nas políticas de austeridade, não quer aceitar que o problema fracassou.
Tsaris disse a Lula que o remédio da austeridade não está funcionando na Europa e, mesmo assim, os governos só fazem aumentar a dose desse remédio. O grego propôs uma Conferência Internacional para debater esses problemas, como a conferência feita em 1953 e que perdoou quase 65% da dívida alemã no pós-guerra. “A Europa tem que trilhar o crescimento para superar a crise, precisamos de um plano Marshall de investimentos, uma mudança na política de impostos, que recaem fortemente sobre os trabalhadores e a classe média, e um programa de investimento na infraestrutura do país”.
“O povo está sendo barbaramente atingido por esta crise. A renda média sofreu uma redução de aproximadamente 40%, o PIB caiu 25 pontos nos últimos quatro anos e a taxa oficial de desemprego já é de 26%. Entre os jovens, passa de 50%.” Tsipras ainda citou estatísticas europeias de que, neste momento, um terço da população grega vive abaixo da linha de pobreza. “Não seria exagero dizer que a Grécia, um país no coração da Europa, em desenvolvimento, com renda per capita de país desenvolvido, neste momento enfrenta uma crise humanitária”, lamentou.
Lula lembrou que no seminário “Fórum pelo progresso social” organizado em conjunto em Paris pela Fundação Jean-Jaurès e pelo Instituto Lula, o mesmo assunto foi debatido. “Segundo discussões de economistas aqui no Brasil e no seminário que fizemos em Paris, o problema da Grécia teria sido resolvido com 40 bilhões de dólares no ano de 2009. E agora necessitamos muitas vezes esse valor”. E concordou com a visão de Tsaris de que, resolvido o problema político, fica mais fácil resolver o problema econômico desta crise.
“Eu fui candidato a presidente em 89 aqui no Brasil e, naquela época, a dívida da Itália ja era de 120% do PIB. Isso nunca foi problema, porque a Itália tinha dívida cara, mas os títulos eram de longo prazo. A dívida dos EUA é maior que o PIB americano, mais de 17 trilhões de dólares, e isso não traz nenhuma preocupação? Por que de repente a dívida dos países mais pobres da Europa ficou problemática? Essa dívida estava na mão de quem? De bancos franceses — a grega especialmente — e de bancos alemães. Se eles tivessem pensado politicamente, teriam resolvido essa crise no seu nascimento. De 2008 até agora já foram colocados 9,5 trilhões de dólares para salvar o sistema e o problema não esta resolvido. Quando, na verdade, parte desse dinheiro poderia ser gasto para retomar produção e crescimento econômico”. E finalizou retomando uma frase que já havia dito em Paris: “A impressão que eu tenho, muito cuidadosa, é que o atual conjunto de lideranças da Europa são todos filhos do Estado de Bem-Estar social e que não estavam habituados a viver essa tempestade. Falta algum tipo de governança global que possa regular o sistema financeiro”. Para Lula, a capacidade do FMI e do Banco Mundial de ajudar a Europa nesta crise é pequena, porque são instituições que foram criadas para atuar em crises de países pobres, não nos ricos.
E terminou com uma mensagem de otimismo para os gregos, recordando o que aconteceu aqui no Brasil. “Eu lembro que no dia 22 de dezembro de 2008 eu entrei em rede nacional para fazer um pronunciamento à nação brasileira. Havia um clima de terror, dizendo que o povo não ia comprar porque estava com medo de perder o emprego. Fui para a TV e fiz um pronunciamento dizendo que era verdade que tinha o início de uma crise, e que essa crise no Brasil seria uma marolinha. Mas que, se o povo não fosse às compras, aí sim a crise ia chegar no Brasil. O que aconteceu naquele momento? Pela primeira vez na história do Brasil, as classes C, D e E consumiram mais que as classes A e B.’ Lula lembrou ainda que, mesmo na crise atual, neste ano foram gerados mais de um milhão de empregos formais no Brasil e a massa salarial cresceu 4,8%.

Para baixar fotos em alta resolução, visite oPicasa do Instituto Lula:https://picasaweb.google.com/116451107798979983687/LulaSeEncontraComAlexisTsiprasLiderancaDaOposicaoNaGrecia#
Para mais informações sobre o Fórum para o Progresso Social, visite o site do Instituto Lula:http://www.institutolula.org/modelo-economico-do-brasil-oferece-raio-de-esperanca-diz-imprensa-internacional-apos-forum-na-franca/



GURGEL VAI PARA CIMA DE LULA. OLHA O GOLPE !


“Suposto chantagista e prevaricador pode ser submetido a crime de responsabilidade pelo Senado federal”.

Saiu no G1:

GURGEL DIZ QUE ‘TOMARÁ PROVIDÊNCIAS’ SOBRE DEPOIMENTO DE MARCOS VALÉRIO


O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quarta-feira (19) que vai avaliar e “tomar providências” sobre as declarações de Marcos Valério a respeito do suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema do mensalão.

Em depoimento dado em setembro, Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como o “operador” do mensalão, disse que Lula autorizou empréstimos dos bancos Rural e BMG para o PT, com o objetivo de viabilizar o esquema, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”. Além disso, de acordo com o jornal, Valério afirmou no depoimento que despesas pessoais do ex-presidente foram pagas com esse dinheiro.
 


Se o Procurador Geral fosse do PT, a notícia sairia assim no PiG (*), segundo amigo navegante especialista em detecção de fraudes:
O suposto chantagista e prevaricador Roberto Gurgel pode ser submetido a julgamento pelo Senado Federal por crime de responsabilidade. O pedido foi feito pelo Senador Fernando Collor, presidente de Comissão Mista do Congresso, ao Presidente do Congresso Nacional, Senador José Sarney. O suposto prevaricador e chantagista Roberto Gurgel é suspeito de conluio com possíveis criminosos envolvidos na Operação Vega da Polícia Federal.
O brindeiro Gurgel vive 48 horas febris.
Se não entrar para História em 2012, nunca mais.
Enquanto o senador Collor voltava a acusá-lo de chantagista e prevaricador, ao encaminhar representação contra ele, o brindeiro Gurgel, primeiro, ameaçou prender o Dirceu e transformá-lo no peru de Natal da ceia dos filhos do Roberto Marinho (eles não tem nome próprio).
Agora, ameaça o presidente Lula.
Isso, no dia seguinte à visita dos oito governadores que foram lá dizer “mexeu com o Lula mexeu comigo”.
A senha (ou a provocação ao) do Golpe já tinha sido dada: jamais na História do Supremo um ministro ameaçou um Presidente da Câmara de cadeia.
Jamais.
É o Golpe em curso.
O brindeiro Gurgel e sua sólida mediocridade são apenas um mesquinho instrumento dele.
Aquilo que fica no centro da cebola que a Hannah Arendt descobriu no julgamento de Jerusalem.
É o Golpe paraguaio do Judiciário.
Está escrito: o Golpe é para reverter a decisão do povo.
E Lula é o símbolo mais expressivo do povo que derrotou (parcialmente, como se vê) a Casa Grande.
E a “mais Grande” das Casas é o prédio do Supremo.
(Em segundo lugar, é o Projac.)



Em tempo: que a presidenta Dilma não se iluda. Ela está na mira. Nem o Cardozo a salvará.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Pizza na CPI foi a gota d’água



A CPI do Cachoeira terminou em pizza, segundo os petistas e seus aliados membros da Comissão. E eles estão mais do que certos. PMDB e PSDB fizeram uma negociata que gerou a revoltante impunidade daquele que pode ser considerado o sócio oculto do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Seria ocioso repisar, detalhadamente, o envolvimento escandaloso de um governador de Estado com um criminoso como Cachoeira. A profusão de fatos que comprovam a sociedade entre o tucano e o bicheiro é por todos conhecida, mas, para não passar em branco, vamos a alguns desses fatos.
  • A Polícia Federal captou conversas entre o governador e o bicheiro em que marcavam reuniões e confraternizavam.
  • Perillo e Cachoeira transacionaram um imóvel de alto valor com pagamento adicional “por fora”.
  • A Polícia Federal captou conversas de membros da quadrilha afirmando que Perillo nomearia pessoas para cargos no governo de Goiás e essas nomeações aconteceram.
  • Comprovou-se entrega de altas somas por emissários de Cachoeira no Palácio do governador tucano.
Isso não é tudo, mas deveria ser o suficiente para qualquer cidadão decente se indignar com a união entre PSDB e PMDB na CPI para proteger o quadrilheiro que governa Goiás e o empreiteiro Fernando Cavendish, da cota peemedebista. Contudo, os que trabalham pela impunidade do governador e do empreiteiro perderam qualquer traço de vergonha na cara.
Pode-se dizer, portanto, que o esquema criminoso em Goiás sobreviveu, pois um dos seus dois chefes não só não terá que responder por seus crimes como continua no comando de uma administração pública infestada de corruptos.
Enquanto isso, o Ministério Público não apresenta conclusão alguma sobre o inquérito que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, só abriu contra Perillo porque este pediu (!?), apesar de tudo que foi enumerado acima.
A isso, soma-se o engavetamento, pelo mesmo Gurgel, de investigação da Polícia Federal que terminou com a prisão de Cachoeira e o desmonte parcial de seu esquema criminoso, sem que, até hoje, o procurador-geral tenha dado qualquer explicação para sua omissão em instalar a investigação.
E nem vamos falar da Privataria Tucana, da lista de Furnas, do envolvimento de Policarpo Jr., da Veja, com o esquema Cachoeira e outros escândalos recheados de provas que o Ministério Público e o Legislativo acobertam.
Vai muito mal, o Brasil. Enquanto uns são acobertados e ainda tripudiam sobre as leis e o Direito, outros são condenados à prisão sem provas, com base em suposições. O Judiciário afronta o Legislativo usurpando sua competência, o Ministério Público atua de forma nitidamente partidária, poupando uns e acusando outros.
O governo Dilma, por sua vez, age como se não fosse com ele. Não trabalha pela regulação da comunicação e não exerce o seu direito de protestar contra a impunidade dos adversários políticos e a politização do Ministério Público e do Judiciário, gerando, assim, ao menos um fato político.
Isso sem falar na nomeação de procuradores-gerais e juízes do STF tendenciosos pela presidente da República, o que gera temor de que ela pode continuar nomeando de olhos fechados.
Os resultados políticos desse “pragmatismo” da presidente e do seu partido está sendo a destruição do Estado de Direito e a solidificação da corrupção no Brasil, com a solidificação de uma classe de inimputáveis que pode roubar à vontade com o beneplácito do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
Enquanto cidadãos como este que escreve se expõem à sanha de pistoleiros das quadrilhas que aprisionaram parte do Estado ao promoverem ações na Justiça, manifestações etc., o governo fica de quatro, com a língua de fora, esperando um chamado da imprensa aliada ao crime organizado para lhe dar gostosas e sorridentes entrevistas.
O Brasil, pois, precisa de um líder político corajoso. Sem reação, a direita midiática retomará o poder e dele não sairá nunca mais, pois, nessa batida, todo aquele que se opõe frontalmente será acusado e condenado sem provas.
Não se esqueça, leitor, de que venho anunciando há anos o golpismo que poucos governistas negam hoje. Diziam que “não havia clima” para golpe. Quando eu dizia que havia outras formas de golpear a democracia, esgrimiam com as pesquisas. Ora, de que adianta pesquisa e voto se o político não puder disputar eleição ou se, eleito, for apeado do cargo?
Era para o PT estar levando sua militância às ruas, a presidente estar discursando contra a impunidade dos adversários e condenação sem provas de seus aliados, mas não. O partido se limita a declarações soltas, alguns comunicados que não geram consequências pela timidez e a presidente nem abre a boca.
O que é que estamos fazendo aqui, então? De que adianta nos expormos dessa forma se o governo e o partido do governo não ecoam a indignação de milhares de pessoas que todos já viram nesta página clamando por reação?
Este blogueiro gasta dinheiro que não tem para manter um blog e um movimento social, fazer intermináveis ligações telefônicas, viagens para participar de seminários, lidera ações concretas, interrompe sua atividade profissional remunerada, expõe-se até a ameaças de violência física… E tudo isso para quê?
O PT e seus aliados entre movimentos sociais, sindicatos etc., bem como o governo, teriam meios de reagir. Com o concurso das principais lideranças petistas, sobretudo Lula e Dilma, poderíamos denunciar que está surgindo no Brasil um grupo político inimputável, que pode roubar descaradamente, à vista de todos, e nada acontece.
O que está acontecendo é a ponta do iceberg. Em 2014, a direita midiática completará 12 anos fora do poder e não aceitará que sejam 16. Que Dilma e Lula não se enganem: serão impedidos de disputar a próxima eleição. E se o PT e o governo não se mexerem a partir de agora, que não contem comigo quando o circo pegar fogo.
*
Veja, abaixo, como votaram os senadores e deputados federais sobre o relatório final da CPI do Cachoeira.
Senadores
A favor
Jorge Viana (PT-AC)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Pedro Taques (PDT-MT)
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
Aníbal Diniz (PT-AC)
João Costa (PPL-TO)
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
Contra:
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Sérgio Souza (PMDB-PR)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jayme Campos (DEM-MT)
Alvaro Dias (PSDB-PR)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP)
Marco Antonio Costa (PSD-TO)
—–
Deputados
A favor
Cândido Vacarezza (PT-SP)
Odair Cunha (PT-MG)
Paulo Teixeira (PT-MG)
Íris de Araújo (PMDB-GO)
Ônix Lorenzini (DEM-RS)
Glauber Braga (PSB-RJ)
Miro Teixeira (PDT-RJ)
Rubens Bueno (PPS-PR)
Jô Moraes (PCdoB-MG)
Contra
Luiz Pitiman (PMDB-DF)
Carlos Sampaio (PSDB-SP)
Domingos Sávio (PSDB-MG)
Gladson Cameli (PP-AC)
Maurício Quintela Lessa (PR-AL)
Sílvio Costa (PTB-PE)
Filipe Pereira (PSC-RJ)
Armando Vergílio (PSD-GO)
César Halum (PSD-TO)

Caso Escola Base: Rede Globo é condenada a pagar R$ 1,35 milhão


A Rede Globo foi condenada a pagar R$ 1,35 milhão para reparar os danos morais sofridos pelos donos e pelo motorista da Escola Base de São Paulo. Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada e Maurício Monteiro de Alvarenga devem receber, cada um, o equivalente a 1,5 mil salários mínimos (R$ 450 mil). Entenda o caso abaixo


Dezoito anos atrás, os donos da Escola de Educação Infantil Base, na zona sul de São Paulo, foram chamados de pedófilos. Sem toga, sem corte e sem qualquer chance de defesa, a opinião pública e a maioria dos veículos de imprensa acusaram, julgaram e condenaram Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada, Mauricio Alvarenga e Paula Milhim Alvarenga.
Chegou-se a noticiar que, antes de praticar as ações perversas, os quatro sócios cuidavam ainda de drogar as crianças e fotografá-las nuas. “Kombi era motel na escolinha do sexo”, estampou o extinto jornal Notícias Populares, editado pelo Grupo Folha. “Perua escolar carregava crianças para a orgia”, manchetou a também extinta Folha da Tarde.
caso escola base mídia
Inocentes foram julgados e condenados pela mídia, que estimulou o linchamento popular.
Na esfera jurídica, entretanto, a história tomou outros rumos. As acusações logo ruíram e todos os indícios foram apontados como inverídicos e infundados. Mas era tarde demais para os quatros inocentados. A escola, que já havia sido depredada pela população revoltada, teve que fechar as portas.
Hoje, acumuladas quase duas décadas de reflexão e autocrítica, a mídia ainda não conseguiu digerir o ocorrido e o caso da Escola Base acabou se tornando o calcanhar de Aquiles da imprensa brasileira — é objeto constante de estudo nas faculdades de jornalismo — e motivo de diversas ações judiciais provocadas pelos diretores da escola.
Em uma delas, Paula Milhim, antiga professora e coordenadora pedagógica da Escola Base, tenta pôr as mãos na indenização de R$ 250 mil que ganhou na Justiça paulista. Com a repercussão do caso, Paula perdeu o emprego, se afastou da família, e hoje acumula dívidas em um emprego instável como auxiliar administrativa.

O decreto de Covas

Em função de diversos atrasos para iniciar a ação judicial, a indenização a que Paula tem direito esteve à beira da prescrição. Para piorar, no momento em que a sua defesa estava formada e instrumentalizada, um ataque cardíaco fulminante vitimou o seu advogado e atrasou ainda mais o processo.
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Laércio José dos Santos, seu atual (e terceiro) advogado, só teve acesso ao processo em 1999, após ter expirado o prazo de cinco anos — que consta no Código de Processo Civil para requisição de ação indenizatória.
Antes que a prescrição fosse oficialmente validada, o então governador de São Paulo Mario Covas publicou em 15 de dezembro de 1999 o decreto número 44.536, em que escreveu: “fica autorizado o pagamento administrativo de indenização às vítimas do caso Escola Base, em virtude da responsabilidade civil do Estado por atos cometidos por seus agentes”.
Para justificar a intenção, o decreto cita os princípios da dignidade humana e da inviolabilidade da honra e da imagem das pessoas. Ambos salvaguardados pela Constituição Federal de 1988.
Com a morte de Covas em 2001, mudaram os quadros da Procuradoria-Geral do Estado e do Palácio dos Bandeirantes. Mudou também o entendimento do governo estadual e o decreto oficial passou a ser questionado na Justiça.

Renúncia de prescrição

Em primeira instância, a juíza encarregada acolheu o argumento da advocacia do estado. Ficou decidido que o decreto apenas significava que Covas havia mandado verificar se havia débito com alguma vítima do caso da Escola Base. Entretanto, como a ação havia sido iniciada em 2004, dez anos após o incidente, a indenização teria prescrito e não poderia mais ser cobrada.
A defesa de Paula Milhim recorreu ao TJ-SP, e obteve ganho de causa na 3ª Câmara de Direito Público do Tribunal. A Corte entendeu que a intenção do decreto emitido por Covas, ainda que não diga explicitamente, é determinar a interrupção da prescrição.
“É evidente que esse decreto foi uma maneira que o governador encontrou de garantir, a todas as vítimas, uma recomposição, ainda que parcial, daquilo que foi perdido após o verdadeiro linchamento moral por elas sofrido quando da época dos fatos”, justificou o desembargador José Roberto Cabella, relator da ação.
O Tribunal entendeu que o decreto oficial contém uma renúncia, ainda que tácita, à prescrição. O relator cita também decisões anteriores de outras Cortes nas quais ficou reconhecido que é legítimo o Poder Executivo interromper a prescrição de indenizações por força de atos administrativos. “Não é de hoje que o governo, em casos emblemáticos, reconhece seus erros e tenta, na medida do possível, repará-los”, explicou.

Perspectiva de pagamento

Uma vez reafirmado o direito à indenização, o desafio da defesa de Paula Milhim passa a ser a efetivação desse direito. “Ela vai viver para receber?”, indaga o advogado Laércio José dos Santos.
Como ainda há (a provável) chance de um recurso da Procuradoria-Geral do Estado no STJ (Superior Tribunal de Justiça), a decisão do TJ-SP não é definitiva. Sem a ação ter transitado em julgado, Paula ainda nem entrou na fila dos precatórios do Tribunal.
O advogado Flávio Brando, presidente da Comissão de Dívida Pública da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de São Paulo), afirma que a perspectiva de recebimento dos valores devidos pelo governo paulista é bem pessimista.
“O estado de São Paulo deve aproximadamente R$ 20 bilhões”, diagnostica Brando ao afirmar que somente R$ 2 bilhões já foram depositados.
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O cenário mais otimista para Paula surge se ela conseguir ser enquadrada na fila dos pagamentos preferenciais. Entretanto, mesmo que ganhe mais agilidade seriam liberados apenas R$ 54 mil para depósito nestas condições, o restante só seria quitado após ela seguir normalmente a fila de pagamentos do Tribunal.

Rede Globo é condenada a pagar R$ 1,35 milhão

A Rede Globo foi condenada a pagar R$ 1,35 milhão para reparar os danos morais sofridos pelos donos e pelo motorista da Escola Base de São Paulo. Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada e Maurício Monteiro de Alvarenga devem receber, cada um, o equivalente a 1,5 mil salários mínimos (R$ 450 mil).
caso escola base
Caso Escola Base é o calcanhar de aquiles da imprensa brasileira.
A assessoria de imprensa da Globo afirmou que a emissora “está recorrendo e que não divulga a informação por questão de estratégia jurídica”. Os jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e a revista IstoÉ também já foram condenados.
Em todos os casos já julgados, ainda não houve decisões do Superior Tribunal de Justiça. Segundo o site Espaço Vital, a decisão contra a Globo foi tomada por unanimidade na manhã de quarta-feira pela 7ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP.
O TJ entendeu que a atuação da imprensa deve se pautar pelo cuidado na divulgação ou veiculação de fatos ofensivos à dignidade e aos direitos de cidadania. Em março de 1994, a imprensa publicou reportagens sobre seis pessoas que estariam envolvidas no abuso sexual de crianças, alunas da Escola Base, localizada no Bairro da Aclimação, em São Paulo. Jornais, revistas, emissoras de rádio e de tevê basearam-se em “ouvir dizer” sem investigar o caso. Quando foi descoberto, a escola já havia sido depredada, os donos estavam falidos e eram ameaçados de morte em telefonemas anônimos.
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