Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 2 de março de 2012

O êxito do Brasil e os perigos da hora

FOCO:  Serra escreveu 31 artigos na imprensa nos últimos 12 meses; a cidade de São Paulo, da qual foi prefeito fugaz, não aparece em nenhuma linha: nenhuma (Valor)

 

O manifesto dos militares contra o governo tem o efeito danoso de estimular os nossos adversários externos, que nele começam a ver o retorno aos confrontos entre civis e militares do passado, dos quais eles souberam aproveitar-se. O documento já está sendo usado em São Paulo, contra a candidatura do PT.

Em um de seus inquietantes paradoxos, Chesterton compara dois grandes santos da Igreja, para mostrar que o temperamento antagônico de ambos conduzia a um resultado comum. “São Francisco – dizia o autor de Ortodoxia – era a montanha, e São Domingos de Gusmão, o vale, mas, o que é o vale, senão a montanha ao contrário?”

Em termos lógicos, e nisso o pensador católico foi mestre, o côncavo e o convexo se completam, como as duas partes de uma esfera oca. Seguindo o mesmo raciocínio, a ascensão e a queda, das pessoas, das empresas e – com mais propriedade – das nações, são duas categorias que se integram, no todo histórico. É preciso administrar a ascensão pensando na queda e ver, na queda, a oportunidade de repensar os métodos a fim de recuperar a ascensão.

Tudo indica que o Brasil se encontra em ascensão, mas é preciso ver esse momento com as necessárias cautelas. O mundo passa por um desses espasmos históricos bem conhecidos no passado. A Europa está atônita, daí a sua tentativa de, na demonização dos paises muçulmanos, de cujo petróleo depende, criar um inimigo externo que una os seus países, historicamente adversários. Mas, ainda assim, a crise econômica promovida pela licença de caça que seus governos deram aos bancos, continua a dividi-los.

Ainda que 25 paises tenham concordado com a política de arrocho fiscal determinada pela Alemanha, com o apoio da França, a Inglaterra e a Tchecoslováquia negaram sua assinatura. Os países que engoliram a pílula, começam a cuspi-la de volta, conforme a reação de Rajoy, da Espanha, solicitando flexibilidade na adoção das medidas recessivas, qualquer sinal de solidariedade do grupo. O primeiro ministro anunciou em Bruxelas que só pode prometer a redução do déficit público a 5,8 do PIB. E já surgem divergências entre a Alemanha e o Banco Central Europeu.

A Segunda Guerra Mundial foi um excelente negócio para os Estados Unidos, que dela emergiram como a grande potência hegemônica. Agora, no entanto, alguns dos paises que dela participaram e que contribuíram para a vitória com sangue, começam a sair do círculo de giz, e a constituir uma nova realidade planetária. Muitos desses países, como a Índia e a China, foram impiedosamente colonizados pela Europa, até meados do século 20. O Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul constituem novo pólo de poder, que está atraindo outras nações africanas e asiáticas.

Não se trata, ainda, de uma aliança política. São países bem diferentes, com visões de mundo claramente distintas, mas conscientes de que, se souberem interagir de forma pragmática – no respeito mútuo aos mandamentos de autodeterminação – serão capazes de se defenderem dos projetos de novo domínio anglo-saxão sobre a humanidade.

Durante a Guerra Fria, o pretexto para a intervenção dos Estados Unidos e da Grã Bretanha nos países periféricos era o do combate ao comunismo. Qualquer ação desses países, em sua política interna, que significasse a adoção de medidas de desenvolvimento autônomo, como a reforma agrária, a encampação de empresas estrangeiras que ofereciam serviço público de péssima qualidade, e relações comerciais com os paises socialistas, significava uma traição ao sistema ocidental, “democrático” e “cristão”. Assim, os princípios de autodeterminação dos povos e de não intervenção nos assuntos internos dos Estados foram abandonados, embora a retórica das Nações Unidas continuasse a proclamá-los.

Sendo assim, a América Latina - considerado território de caça de Washington - foi invadida por tropas americana ou por mercenários armados pelos Estados Unidos diversas vezes, isso sem falar na ação ostensiva e clandestina de seus agentes, na preparação dos golpes militares violentos, como ocorreu no Brasil, no Chile, na Argentina, entre outros países.

O Brasil vem sendo elogiado pelos seus êxitos na criação de um grande mercado interno, como resultado da política social e do incentivo às atividades econômicas de Lula e Dilma. Ao mesmo tempo, a partir de 1985, conseguimos manter o sistema democrático, com a realização das eleições conforme o calendário, e a alternância no governo de partidos e de pessoas. É uma hora carregada de perigos. Os Estados Unidos, que se encontram em crise, podem cair na velha sedução de usar dos recursos de que ainda dispõem, a fim de cortar o nosso caminho, como fizeram em 1954, no governo Vargas, e em 1964, com Jango. Não podemos permitir que a luta partidária, legítima e necessária, se deixe influir pelos interesses externos.

Sendo assim, o manifesto dos militares contra o governo tem o efeito danoso de estimular os nossos adversários externos, que nele começam a ver o retorno aos confrontos entre civis e militares do passado, dos quais eles souberam aproveitar-se. O documento já está sendo usado em São Paulo, contra a candidatura do PT.

Qualquer movimento que nos divida, como brasileiros, diante das ameaças estrangeiras, deve ser repudiado pelo nosso sentimento de pátria, comum aos civis e militares.

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

Mídia esconde que maioria aprova cotas “raciais” nas universidades

Muitos se surpreenderão com este post já a partir do título porque o que revela vai de encontro à luta da elite branca brasileira e da mídia que controla para impedirem uma política pública que está revertendo situações esdrúxulas como a de médicos negros serem raríssimos no país, praticamente inexistindo em regiões como São Paulo.
As cotas para negros nas universidades são uma “política afirmativa” de inspiração norte-americana que está fazendo pela maioria dos brasileiros – que é negra ou descendente de negros – o mesmo que fez nos Estados Unidos, país em que negros ocupam muito mais cargos e profissões de maior prestígio e melhor remunerados.
Sempre aparece alguém que se surpreende com a informação de que a maioria dos brasileiros é negra porque este povo foi acostumado pela mídia a pensar que os brancos são maioria no Brasil, já que a televisão distorce a proporção de negros em novelas, telejornais e na propaganda, relegando-os ao esporte e à música.
Vale notar que é provável que os negros sejam muitos mais do que apenas 50%, pois alguns, para se livrarem do estigma da “raça” que faz o negro ganhar salários menores e ser preterido em empregos, declaram-se brancos. Como o Censo do IBGE se baseia em autodeclaração de etnia pelos entrevistados, a população negra deve ser ainda maior.
Esse fato explica outra realidade. Devido aos racistas se valerem de alguns poucos negros que superaram a discriminação, chegaram aos estratos de maior renda e passaram a defender pontos de vista do entorno social branco sobre questões como cotas “raciais” nas universidades, a impressão que fica é que nem os negros querem essa política pública, quando, em verdade, é exatamente o oposto.
A maioria esmagadora dos negros, para não dizer a quase totalidade deles, apóia as cotas “raciais” em universidades. E isso não é uma opinião, mas um fato apurado por algumas das raras pesquisas de opinião sobre o assunto que mostram que a maioria da população brasileira, que é negra, apóia as cotas com a colaboração de reduzido contingente de brancos.
O instituto de pesquisas de opinião Datafolha sondou a visão da sociedade sobre a política afirmativa de cotas para negros nas universidades durante raras oportunidades na década passada e constatou essa realidade que, aliás, é um dos fatores que sustentaram o apoio da maioria dos brasileiros ao PT ao menos nas últimas duas eleições presidenciais.
Pesquisas Datafolha levadas a campo em 2006 e 2008 detectaram, respectivamente, que 65% e 62% dos brasileiros apoiam cotas para negros em universidades públicas apesar de considerarem que tal política pública é humilhante e geradora de reações racistas, o que não impede essa maioria de considerar que cotas são a única forma de um contingente significativo de negros chegar ao ensino superior.
Alguns poucos negros adotaram os interesses dos brancos ao serem aceitos em seus círculos sociais após conseguirem cursar o ensino superior, formarem-se e ganharem dinheiro. E a mídia, que serve à elite branca que quer reservar vagas nas universitárias públicas (e gratuitas) aos seus filhos, instrumentaliza esses que esqueceram as origens.

Conar: Propaganda de cerveja terá de ser mudada


do Instituto Mídia Étnica , sugestão de Luana Tolentino
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) determinou que o grupo responsável pela produção da Devassa altere o polêmico anúncio da cerveja Devassa Negra. Segundo o órgão, a propaganda continha informações e associações ambíguas de teor racista e sexista.  A decisão foi comunicada na última quarta-feira (29) à Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em resposta ao processo instaurado e encaminhado pelo órgão ao Conar e ao Ministério Público.
Além de evidenciar o corpo da mulher negra, o conteúdo continha a seguinte frase: “É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra. Devassa negra encorpada. Estilo dark ale de alta fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado”. O Conar entendeu que as infrações cometidas pela publicidade estão previstas nos artigos do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
Para o ouvidor da Seppir, Carlos Alberto de Souza e Silva Júnior, houve a propagação de veiculação de uma imagem deturpada da mulher negra. “A frase utilizada na peça associa a imagem de uma mulher negra à cerveja, reforçando o processo de racismo e discriminação a que elas estão submetidas historicamente no Brasil e que é caracterizado, entre outras manifestações, pela veiculação de estereótipos e mitos sobre a sua sexualidade”, considerou.

Atuação do Conar

O Conar é uma organização não governamental cujo objetivo é impedir a publicidade enganosa ou abusiva que cause constrangimento ao consumidor ou a empresas. O órgão é formado por publicitários e profissionais de outras áreas. A missão principal é o atendimento à denúncias de consumidores, autoridades, associados ou formuladas pelos integrantes da própria diretoria. Todas as denúncias passam pela avaliação do Conselho de Ética, com garantia de direito de defesa aos responsáveis pelo anúncio. Uma vez que seja confirmada a denúncia, a organização recomenda alteração ou suspensão completa da veiculação do anúncio.
Fonte –  Ibahia
Leia também:
Fátima Oliveira: Duvanier Paiva Ferreira morreu à míngua

Conar: Propaganda de cerveja terá de ser mudada


do Instituto Mídia Étnica , sugestão de Luana Tolentino
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) determinou que o grupo responsável pela produção da Devassa altere o polêmico anúncio da cerveja Devassa Negra. Segundo o órgão, a propaganda continha informações e associações ambíguas de teor racista e sexista.  A decisão foi comunicada na última quarta-feira (29) à Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em resposta ao processo instaurado e encaminhado pelo órgão ao Conar e ao Ministério Público.
Além de evidenciar o corpo da mulher negra, o conteúdo continha a seguinte frase: “É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra. Devassa negra encorpada. Estilo dark ale de alta fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado”. O Conar entendeu que as infrações cometidas pela publicidade estão previstas nos artigos do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
Para o ouvidor da Seppir, Carlos Alberto de Souza e Silva Júnior, houve a propagação de veiculação de uma imagem deturpada da mulher negra. “A frase utilizada na peça associa a imagem de uma mulher negra à cerveja, reforçando o processo de racismo e discriminação a que elas estão submetidas historicamente no Brasil e que é caracterizado, entre outras manifestações, pela veiculação de estereótipos e mitos sobre a sua sexualidade”, considerou.

Atuação do Conar

O Conar é uma organização não governamental cujo objetivo é impedir a publicidade enganosa ou abusiva que cause constrangimento ao consumidor ou a empresas. O órgão é formado por publicitários e profissionais de outras áreas. A missão principal é o atendimento à denúncias de consumidores, autoridades, associados ou formuladas pelos integrantes da própria diretoria. Todas as denúncias passam pela avaliação do Conselho de Ética, com garantia de direito de defesa aos responsáveis pelo anúncio. Uma vez que seja confirmada a denúncia, a organização recomenda alteração ou suspensão completa da veiculação do anúncio.
Fonte –  Ibahia
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A campanha da Sky e a reação de Jandira: “Difamatória e irresponsável”


Enviado por um leitor, com o comentário:
Azenha, veja só o absurdo! Murdoch e  Marinhos!!!!
A reação da deputada Jandira Feghali, em seu blog (sugerido pelo João Pedro Werneck):
A presidente da Frente Parlamentar  Mista em Defesa da Cultura, deputada Jandira Feghali,  reagiu indignada à campanha da empresa SKY que, em nome de seus assinantes,  promove uma campanha contra a Lei 12.485/11, o novo marco regulatório para o setor áudio visual. Veja, abaixo, nota divulgada pela parlamentar:
“Tive conhecimento da Campanha que a empresa SKY está promovendo contra a Lei 12.485/11, novo marco regulatório para o setor de áudio visual. Considero que não há porque alegar inconstitucionalidade ou ilegalidades em uma lei que tramitou no Congresso Nacional por mais de quatro anos, sendo três anos na Câmara e mais de um ano no Senado Federal. Passou pela Comissão de Constituição e Justiça nas duas Casas. Foi amplamente debatida, em cinco audiências públicas com participação dos vários setores sociais interessados no tema.
O novo Marco Regulatório do Setor Audiovisual é um avanço que a sociedade brasileira obteve, garantindo espaços de exibição para  manifestações da cultura brasileira e da produção nacional em espaços públicos concedidos para teletransmissões, conforme dispõe o artigo 21 da constituição, Inciso XI, onde se define como  competência da União  “explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,  que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais”.
A campanha promovida pela Sky é francamente uma disputa por reserva de mercado, camuflada pelo argumento da intervenção estatal no direito de opção do cidadão à programação. A lei não impede que seja ofertada programação estrangeira, mas conforme citei, garante espaço para as manifestações culturais brasileiras. Na prática, três horas e meia por semana de veiculação de conteúdo nacional.  Cabe às empresas dos canais pagos se adequarem, mantendo sua grande atual, mas ampliando o espaço para a produção nacional. Também destaco, que nas disposições transitórias da Lei está estabelecido que os atuais contratos serão mantidos respeitando o princípio de não retroação da Lei, somente em sua renovação é que as empresas deverão se adaptar às novas exigências. Por fim, cabe registrar que a regulamentação da lei ainda está em andamento e, neste sentido, cabe negociação de pontos controversos.
A  Sky tem o direito democrático de demonstrar sua contrariedade com o teor da lei , no entanto, é inadmissível  ver uma empresa fazer campanha se intitulando representante de usuários sem legitimidade para tal e questionando todo o processo legislativo que resultou neste marco legal, ao passar informações incorretas sobre a legitimidade e legalidade da Lei.  Repudio, portanto, esta campanha difamatória e irresponsável.”

Vozes do passado, desafios do presente

Mauro Santayana
 
Os militares que assinaram manifesto de insubmissão ao governo parecem perdidos no passado, mas também presos ao passado se encontram algumas personalidades políticas civis. Os oficiais da reserva, que acompanham os presidentes dos clubes das três armas, não podem contestar a autoridade do Ministro Celso Amorim. Ele tem toda a legitimidade constitucional para exercer o cargo em sua plenitude. Foi nomeado por uma presidente, eleita pelos cidadãos brasileiros, não só para a chefia de governo, mas, principalmente, como Chefe de Estado. Mesmo que não pertençam mais aos quadros da ativa, os militares estão sujeitos ao dever de obediência ao comandante supremo das Forças Armadas, e esse comandante é Dilma Roussef. Sua autoridade é a de todo o povo brasileiro, conforme o sistema republicano que a Constituição Federal consagra.
É hora de entender-se uma coisa singela: os militares não são os tutores políticos e ideológicos da nação. Eles são servidores do povo, e servidores com uma responsabilidade ainda maior, decorrente, mesmo, da grandeza de sua missão. Ao ingressar nas academias militares e alistar-se nos exércitos de terra, mar e ar, os jovens se comprometem a defender o país e suas instituições. Infelizmente esse compromisso foi violado em tempos passados.
A nação reagiu contra o regime militar de 1964. A partir de paciente trabalho em favor da democracia, que envolveu civis e militares, foi possível a transição de 1985 e a nova Carta Política de 1988.
Tratou-se, sim – e não nos envergonhemos, de um lado e de outro – de exaustivas e pacientes conversações, discretas ou públicas, que levaram à anistia recíproca, em 1979, como o primeiro passo para o retorno ao estado de direito. O ato de 1979 levou à restauração das eleições diretas para os governos dos Estados, em 1982, com a vitória da oposição nos mais importantes deles. A partir de então – e isso é História – Tancredo Neves pôde conduzir o processo, tecendo, com habilidade, a aliança política que atraía para o centro os setores mais lúcidos da esquerda e das forças conservadoras. Ele mesmo, em mais de um discurso, deixara claro que não se pretendia a construção de um movimento que fosse governar para sempre. Tratava-se de construir um governo de conciliação e de transição: quando o país se estabilizasse politicamente, com nova constituição, cada um dos grupos políticos da aliança, com suas idéias e convicções, buscaria seu próprio curso.
A oposição, embora tivesse a plena consciência de que não cometera qualquer crime, mas, apenas, exercera o sagrado direito da resistência, anuiu na solução política de que a anistia consistiria no esquecimento dos atos de violência cometidos dos dois lados. As negociações políticas se exercem no campo da possibilidade. O propósito era o de fechar um capítulo penoso da História e dar oportunidade para a conciliação, como, de resto, outros capítulos difíceis haviam sido fechados com o mesmo tirocínio, no passado, desde as insurreições do século 19, com as anistias concedidas por sugestão do maior chefe militar do Império, o Duque de Caxias.
Vale a pena, para entender as razões políticas do pacto que se estabeleceu, ler o item 17, do parecer que o futuro Ministro do STF, José Paulo Sepúlveda Pertence redigiu, em nome da Ordem dos Advogados do Brasil, sobre a lei de anistia proposta pelo Governo:
“Nem a repulsa que nos merece a tortura impede reconhecer que toda amplitude que for emprestada ao esquecimento desse período negro de nossa História poderá contribuir para o desarmamento geral, desejável como passo adiante no caminho da democracia”. O Brasil não se podia dar o luxo de viver em sobressaltos institucionais em cada geração, como vinha ocorrendo em nossa história republicana.
A lei da anistia, examinada e aprovada pelo Congresso Nacional, pode não ter sido a melhor para nenhuma das partes, no momento em que foi promulgada. Tratou-se de um pacto, e nos pactos, cada um dos pactuantes perde, para que todos ganhem. Nós estávamos construindo a paz, e a paz tem os seus custos. É melhor que esses custos tenham sido e continuem sendo políticos. O Supremo Tribunal Federal, como o guardião da nossa Carta Política, confirmou, pçor 7 votos a 2, a constitucionalidade da anistia, ao aprovar o voto do relator da Adin proposta pela OAB, o Ministro Eros Grau. Grau se lembrou que a anistia de 1979 fora aprovada pela mesma OAB, que vinha refutá-la em abril de 2010.
Há, e respeitemos as suas razões, quem pretenda revogar uma lei, resultado de compromisso político nacional, negociado por quem tinha o poder de fato, por um lado, e o poder político, do outro. As pessoas, atingidas pela repressão, diretamente, ou em seus familiares e amigos, têm, em seu sofrimento, o direito sagrado de exigir a punição dos culpados, diretos ou indiretos, pela tortura e a morte das vítimas. Mas o Estado, em sua perenidade como organização política das sociedades nacionais, não tem, nem pode ter, emoções. As ideologias e doutrinas se alternam nos sistemas republicanos, mas a república deve ser, em si mesma, uma realidade blindada contra as paixões.
Sendo assim, embora as organizações sociais e partidos políticos possam, dentro das liberdades civis de um país democrático, pedir a revogação de uma ou outra lei, os servidores do Estado, que participem da mesma opinião, estão obrigados ao obsequioso silêncio. Eles acompanham, em seus deveres, o juramento prestado pelo Chefe de Estado, que é o de cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis.
Alega-se que outros países – e, no caso, o exemplo maior é o da Argentina – já revogaram leis semelhantes, mas temos que examinar as nossas próprias razões e interesses. Desde a Independência, mesmo com os embates sangrentos internos, nós sempre nos orientamos pela idéia de que o papel da política é o de construir a paz, e que – para lembrar uma frase de Tancredo – a lei deve ser a organização social da liberdade. Foi com o propósito de assegurar a liberdade permanente do povo brasileiro que se negociou a anistia. Tampouco podemos admitir a interferência da OEA – a mesma OEA que bem conhecemos – e de órgãos secundários da ONU, em nossos assuntos internos. A OEA, como todos sabemos, autorizou a invasão de países latino-americanos soberanos, a serviço de Washington, e a ONU autorizou a invasão do Iraque pelos Estados Unidos. Assim como repudiamos a intervenção desses organismos internacionais em outros países, com razões muito mais fortes, não admitimos que venham impor suas decisões contra a soberania nacional. E mesmo que houvesse todas as razões para essa interferência – o que não é o caso – não podemos admitir a violação do princípio da auto-determinação dos povos. Quando admitimos essa violação por um bom motivo – e repetimos, não é o caso – temos que admiti-la sob qualquer pretexto.
Reabrir um confronto entre militares e civis, que se fechou com os entendimentos de há 33 anos, é um erro que, nesta fase de turbulência histórica no mundo, não nos podemos permitir. Permiti-lo será enfraquecer-nos no momento em que devemos reunir todos os esforços a fim de garantir a soberania nacional, diante da escancarada cobiça externa sobre os nossos imensos recursos, naturais e humanos. Mordendo os próprios dentes dentro dos lábios fechados, temos que pensar nisso, e ver o Brasil para além de nosso efêmero tempo de vida.

Vídeo bomba: Cerra não sabe o nome do Brasil


O Antonio Melo e o Rovai acharam essa obra prima.

Vejam o que diz o Bruno, editor do C Af:

Paulo,

O Cerra não tem limites mesmo.

O cara não consegue ficar sem falar besteira.

Dá uma olhada neste vídeo: ele chama o Brasil de Estados Unidos do Brasil.


Saiu no Blog do Rovai:

Estados Unidos do Brasil: o país em que o Serra vive


O meu amigo Antônio Mello, que ainda tem paciência para ver jornais televisivos apresentados por jornalistas como o Boris Casoy, flagrou ontem uma cena sensacional. O ex-candidato por duas vezes a presidência da nossa República Federativa chamando-a de Estados Unidos do Brasil. Mello, editou o vídeo e colocou no youtube.


Este blogueiro sujo não tem dúvida de que o país de Serra é outro. No tal Estados Unidos do Brasil a capital é Miami, sonegação de imposto por empresas como a Daslu é um jeito de enfrentar a sanha arrecadatória do Estado, eficiência é privatizar, povo é um detalhe e o paraíso é as Ilhas Cayaman.


O mais tem no país do Serra? Se você tiver sugestões, acrescente nos comentários. Com certeza a definição vai melhorar.


Segue o vídeo:


Globo tenta manter controle da TV paga. E de tudo


Fausto
faustoishi@ig.com.br

Enviado em 01/03/2012
A TV Globo faz jornalismo isento (para os tucanos); lá se pratica a liberdade de imprensa (para a família Marinho); nela os negros tem o mesmo espaço que os brancos (para fazer faxina); seu compromisso com a verdade é a sua marca registrada (provou que bolinha de papel causa traumatismo craniano); é a única emissora que possui código de ética interno (vide eleição Collor vs. Lula); se não sai no Jornal Nacional não é notícia (a CPI da Privataria Tucana não saiu); é uma televisão que respeita a família brasileira (sexo ao vivo no BBB); é uma empresa que defende a democracia (apoiou a ditadura de 64); é contra qualquer forma de censura (mas esconde “A Privataria Tucana”); combate a violação dos direitos humanos em Cuba e no Irã (em Guantânamo e no Pinheirinho pode); condena a invasão de propriedades (menos a praça pública que ela ocupava); Rede Globo tudo a ver… Plim! Plim!



Saiu na Folha desta quinta-feira:

Grupo pressiona reguladores na implementação da nova lei do setor para preservar influência na Net e na Globosat

Legislação veta domínio nas duas empresas; regra obriga Globo a ficar fora do controle da Net

JULIO WIZIACK

DE SÃO PAULO

A nova lei de TV paga, aprovada em agosto de 2011, restringe a atuação de uma mesma empresa nos segmentos de distribuição de pacotes, de um lado, e programação de canais, de outro.

O princípio, formulado para barrar o domínio do mercado por poucas empresas, está sob risco agora, quando se trava uma disputa para sua implementação.

As Organizações Globo tentam manter um grau de influência na Net -a distribuidora cujo controle passou para as mãos do bilionário mexicano Carlos Slim- e ao mesmo tempo credenciar-se como programadora independente, via Globosat.

No acordo de acionistas em que transferiu o controle da Net para a Embratel, de Slim, a Globo manteve o direito de indicar representantes para o conselho da distribuidora de TV paga, que domina 38% do mercado hoje.

Para a Anatel, a agência reguladora das teles, o arranjo não configura saída total da Globo do controle da Net. A agência exigiu a apresentação de um novo acordo de acionistas, no prazo de um ano, prevendo a retirada da Globo do controle da Net.

Sem desvencilhar-se completamente da Net, a Globo não poderia ter a Globosat classificada como programadora independente pela Ancine -agência federal que zela pela cota de conteúdo nacional na TV paga, uma outra inovação da lei.

COTAS PARA NACIONAIS

A regra diz que todo pacote de programação a ser distribuído no país a partir de abril -prazo para que a lei entre em vigor- terá de incluir um canal produzido por empresas nacionais a cada três.

Caso seja considerada programadora independente, a Globosat (que reúne canais como GNT e Multishow) poderia oferecer 11 canais nacionais; 12 é o máximo previsto pela lei.

Se for considerada uma empresa coligada da Net, a Globosat só poderia oferecer oito canais nacionais.

As Organizações Globo, segundo a Folha apurou, pressionam a Anatel para que adote regras mais flexíveis, baseadas na Lei das S.A., pela qual a presença da Globo na Net não configuraria ingerência no controle.

A Ancine decidiu adotar a Lei das S.A. na sua regulamentação, que está sob consulta pública até este mês.



A Globo quer tudo.
Só para ela.
É a favor da livre concorrência, mas só ela pode ganhar dinheiro.
Paulo Henrique Amorim

O PAÍS QUE O BRASIL PODERIA SER

VOTOS OU BOMBAS: eleições parlamentares no Irã terminam hoje às 12 hs (horário de Brasília)** elevada abstenção , dizem analistas,sancionaria planos de ataque americano-israelense contra o país** RECEITA PARA O DESASTRE: reunida em Bruxelas, na 5ª feira, cúpula do euro reafirma receita para o desastre na UE: mais arrocho sobre a sociedade e maior liquidez para a banca (leia reportagem do correspondente Eduardo Febbro sobre a resistência social na UE, onde o desemprego atinge niveis recordes; nesta pág)*DILÚVIO ESPECULATIVO: governo anuncia taxação de 6% sobre captações externas com prazo inferior a 3 anos (leia reportagem de Najla Passos, nesta pág)** medida é insuficiente: boa parte do dinheiro especulativo entra como investimento produtivo direto, isento de taxação**passivo externo líquido total do Brasil, sujeito a fugas repentinas de capital, já é superior a US$ 750 bi, o dobro das reservas*ciclo de liquidez mundial põem em xeque a livre conversibilidade de capitais (LEIA MAIS AQUI) 

O BNDES aprovou na 4ª feira um empréstimo de R$ 1,5 bilhão ao Senai. Somados a outros R$ 400 milhões da própria instituição, os recursos  vão financiar um programa destinado a praticamente dobrar o número de vagas em cursos profissionais, chegando a 4 milhões por ano, em 2014. Além de duplicar vagas, o dinheiro é suficiente também para ampliar o total de escolas da rede, com a construção de 53 novos Centros de Formação Profissional, seis institutos de Tecnologia, sete institutos de Inovação e 79 unidades móveis. Apertem os cintos: tudo isso está sendo feito com o equivalente a menos de 10% do superávit fiscal recorde obtido em janeiro ; foram R$ 20,8 bilhões integralmente destinados ao pagamento de juros aos rentistas da dívida pública brasileira.  A economia feita pelo governo  com essa finalidade cresceu mais de 46%, comparado a janeiro de 2011. Numa aproximação grosseira, pode-se inferir que  se 50% desse valor fosse canalizado em benefício da educação profissionalizante seria possível abrir quase 10 milhões de vagas em bons centros de ensino (e não há motivo para que não contemplassem também uma formação humanista),  beneficiando maciçamente a juventude pobre do país. Hoje, de cada três crianças que ingressam na escola pública, apenas uma chega ao final do ensino médio.Outras duas ficam pelo caminho, incorporando-se ao mercado de trabalho sem qualquer amparo ou formação. Insista-se, são cálculos rudimentares. Mas eles ilustram  o país que o Brasil poderia ser  e, sobretudo, um pedaço dos obstáculos que o  condenam à inércia incremental, insuficiente para construir a sociedade justa que seu povo exige e merece.

Dilma critica “tsunami monetário” promovido por países desenvolvidos

Para a presidenta, a injeção irresponsável de dinheiro na economia mundial prejudica países emergentes, como o Brasil, tornando suas indústrias menos competitivas. Dilma Rousseff prometeu a criação de novos mecanismos para impedir o que classificou como “canibalização dos mercados emergentes”. Segundo Dilma, só os países da comunidade européia despejaram no mercado internacional, até hoje, US$ 4,7 trilhões de dólares, o que considerou uma política monetária “absolutamente inconseqüente”

Brasília - A presidenta Dilma Rousseff criticou, nesta quinta (1), a política cambial adotada pelos países desenvolvidos que, para tentar driblar a crise em que estão metidos, injetam dinheiro na economia mundial de forma irresponsável.

Para a presidenta, a alta emissão de moeda, nos moldes que vem sendo praticada por países da Europa e pelo Japão, provoca o que ela chamou de “tsunami monetário” nos mercados emergentes, como é o caso do Brasil, prejudicando a competitividade das indústrias nacionais.

“Nós vamos continuar desenvolvendo este país, defendendo a sua indústria e impedindo que os métodos de saída da crise dos países desenvolvidos impliquem na canibalização dos mercados emergentes”, afirmou.

Segundo Dilma, só os países da comunidade européia despejaram no mercado internacional, até hoje, US$ 4,7 trilhões de dólares, o que ela disse considerar uma política monetária “absolutamente inconseqüente” do ponto de vista do que ela produz sobre os mercados internacionais.

E, ao discursar para os empresários e sindicalistas que participavam de uma cerimônia no Palácio do Planalto, prometeu providências, que poderão resultar em novos ajustes na política cambial brasileira. “Nós teremos que criar outros mecanismos de combate aos processos que vão ser desencadeados por esses US$ 4,7 trilhões”, afirmou.

A presidenta, entretanto, descartou a possibilidade de adotar uma política que provoque a desvalorização do real. Ela garantiu que o Brasil irá continuar apostando no crescimento econômico associado à redução da pobreza e ao combate à desigualdade.

“Hoje as condições de concorrência são adversas, não porque a indústria brasileira não seja produtiva, não porque o trabalhador brasileiro não seja produtivo, mas porque tem uma guerra cambial, baseada numa política monetária expansionista, que cria condições desiguais de competição”, justificou.

Ela disse também ter consciência de que, para que o Brasil continue a crescer com bases sociais, será preciso acelerar a economia. “Nós estamos trabalhando para que a taxa de investimentos no Brasil cresça e ultrapasse, pela primeira vez na década, os 20% do PIB”.

Para a presidenta, se o país quisesse apenas criar mais empregos, era só conseguir que a taxa do Produto Interno Bruto (PIB) fosse maior do que a taxa de crescimento da população. “Mas não é isso que nem os trabalhadores, nem os empresários e, muito menos, o governo quer. Nós queremos também que a distribuição de riquezas no Brasil se dê de forma constante. E aí, sim, nós seremos uma sociedade desenvolvida”.

As críticas da presidenta aos países desenvolvidos foram muito bem recebidas pelos sindicalistas que, momentos antes, cobraram, reiteradamente, a redução imediata dos juros e a taxação do capital especulativo.

“Nós precisamos discutir a crise da desindustrialização, que é grave, é rápida e nós precisamos dar respostas. As indústrias estão passando dificuldades e os trabalhadores estão perdendo seus empregos. Por que não taxar os especuladores internacionais que vêm aqui só ganhar dinheiro?”, questionou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, também defendeu a taxação do capital especulativo e cobrou, ainda, a redução dos juros. “Nós precisamos cuidar do câmbio para garantir que os recursos venham para o país, mas para a geração de empregos e crescimento, e não para a especulação financeira”.

Segundo ele, as máquinas dos bancos centrais dos países europeus estão rodando dinheiro sem parar. “Com as altas taxas de juros praticadas no Brasil, é aqui que eles vão querer despejar esse dinheiro todo, desestabilizando nossa economia”.