Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Quando panela de rico bate, panela de pobre esvazia

Panela

É incrível como, no Brasil, basta rico soltar um peido que o país para.
Na noite da última terça-feira, um bando de moradores de bairros “nobres” de algumas capitais combinou pela internet de fazer um “panelaço” durante o programa partidário do PT, garantido ao partido e aos seus simpatizantes, militantes e eleitores pela Carta Magna. Esse protesto, impossível de quantificar, foi parar no Jornal Nacional.
Segundo o insuspeito Estadão, em São Paulo as panelas soaram em “bairros nobres, como Higienópolis, Jardins, Perdizes, Bela Vista, Tatuapé, Vila Romana, Ipiranga, Morumbi, Pinheiros, Praça da Árvore, Vila Mariana, Pompéia e Itaim Bibi.
Confira, aqui, a lista de bairros da capital paulista, segundo a igualmente insuspeita revista Veja. São centenas. Eu não contei. Mas olhe o link, depois, e diga se precisa…
Por aí dá para se ter uma ideia de quão poucos cidadãos – que mal sabem onde fica a cozinha de seus imensos apartamentos – fizeram essa manifestação de egoísmo contra um partido cuja obra social marcou tanto este país que o mesmo partido já elegeu QUATRO presidentes da República em sequência.
No Rio, os “panelaços” também se reduziram a bairros “nobres” da Zona Sul, como Copacabana, Leme, Lagoa, Ipanema e Botafogo. Já em bairros populares da Zona Norte, como o Grajaú, algum desavisado que aderiu às manifestações da elite ouviu de volta gritos em favor de Lula – sempre segundo o Estadão.
Lula não se elegeu em 2002, reelegeu-se em 2006, elegeu a sucessora em 2010 e esta reelegeu-se em 2014 à toa. Sim, claro que Dilma Rousseff perdeu popularidade, mas esse fenômeno decorre do medo do terrorismo econômico – que conseguiu prejudicar a economia – e, tão logo a economia entre nos eixos, as coisas irão mudar.
A menos que a sabotagem continue e alcance seu objetivo, claro. Mas sabotar a economia é um jogo que a elite pode jogar por um tempo, mas que não irá jogar mais quando a água começar a lhe bater na bunda.
O mesmo aconteceu em outras capitais, segundo o Estadão. Em Florianópolis e Porto Alegre o jornal também relata que o “panelaço” ficou mesmo lá nos bairros de rico.
Por que rico protesta contra o PT? Não é por medo do terrorismo econômico. Eles sabem que não estão perdendo nada. O problema dessa gente é aturar pobre em aeroporto, shoppings, universidades e até, ousadia das ousadias, em restaurantes e casas noturnas da moda.
Precisa ser cego e surdo para dizer que não sabe quanto as pessoas mais pobres melhoraram de vida desde 2003. As lojas estão cheias de pobres comprando celulares, televisões de última geração; o desemprego, mesmo tendo subido um pouco, ainda é um dos mais baixos da história; a quantidade de universitários praticamente dobrou nos últimos 12 anos…
Mas boa parte dessas pessoas está com medo. A inabilidade do governo ao promover o ajuste fiscal soou mal e conferiu verossimilhança a uma cantilena sobre desastre econômico que vinha sendo martelada havia anos, mas todos os analistas mais importantes – incluindo aí FMI, Banco Mundial e agências de classificação de risco – preveem melhora a partir do ano que vem.
Então por que os ricos batem panela? Por que atacam um ex-presidente que, segundo o Datafolhanão só melhorou a vida da imensa maioria como também é considerado por essa maioria como o melhor presidente da história?
É oportunismo, caro leitor. O PSDB, freguês do PT há quatro eleições presidenciais seguidas, quer obter lucro eleitoral enquanto pode, por isso estimula um grupelho de endinheirados de bairros “nobres” a servir de massa de manobra. Gente preconceituosa, elitista, que acha que se tirar os benefícios do pobre elegendo um governante pró ricos, vai sair ganhando.
Não vai. Este país está à beira de uma convulsão social há muito tempo. Só ainda não ocorreu de o morro descer para o asfalto para cobrar a nossa descomunal dívida social graças a alguém que essa elite cretina execra. Ele mesmo, Lula.
Se não fosse a distensão social promovida pelos governos do PT a partir de 2003, essa gente que bate panela para tirar direitos e oportunidades de pobre talvez nem estivesse aqui para contar a história, pois se – ou quando – o morro descer, vai cobrar a dívida social à bala.
Essa história de rico bater panela quando pobre melhora de vida, vem de longe. Faz algum tempo, a Folha de São Paulo publicou reportagem muito interessante que mostra que essa forma de protestar foi criada no Chile no estertor do governo Salvador Allende, pouco antes de Pinochet dar o golpe.
O resultado daquilo todo mundo conhece.
Rico escolheu um jeito esdrúxulo de se manifestar politicamente. O ato de bater panelas sugere protesto contra a fome, que foi justamente o que os governos do PT combateram. E que tanto desagradou aos paneleiros.
Quando rico bate panela para defender seus interesses políticos, pobre ou remediado deve abrir o olho. Rico não se manifesta no interesse dos de baixo. Essa classe social tão barulhenta não quer ver mais pobres em aeroportos ou universidades, quer ver menos. Tem ojeriza ao povo.  Não entre no jogo de uma gente que tanto mal já fez ao Brasil.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Protesto de coxinha. Golpe é o teu nome Esse ministério não aguenta o tranco. O tranco se chama Globo, zé !

Números finais dos protestos de domingo (sugestão de Júlio César Cruzeta, no Twitter)


Escalar o zé da Justiça para defender o Governo de um Golpe que a #globogolpista convocou, orientou e multiplicou é dar ao Felipão a tarefa de enfrentar a Alemanha.

Primeiro, que o zé não tem autoridade moral.

Advogado de Imaculado Banqueiro (ver no ABC do C Af).

Segundo, o zé fechou o Ministério da Justiça.

O Ministério não serve pra nada.

A Polícia Federal deita e rola.

E dentro dela, PF, reina a mais completa desorganização hierárquica: cada delegado é uma PF individual.

Um Estado Policial dentro de um Estado.

O zé …

O zé ?

Ora, ele assegura a republicana autonomia dos delegados.

Sobretudo dos delegados aecistas.

O pacote anti-corrupção que o zé anunciou no domingo – como se os protestos fossem contra a corrupçao – não está sob a responsabilidade dele, mas do Ministro Adams, que, também negocia, em lugar do zé, os acordos de leniência – veja entrevista de Adams ao Conversa Afiada.

O Ministro Rossetto, que desculpe o Conversa Afiada, saiu de onde ?

Que papel desempenhou na vida pública, em âmbito nacional ?

Que obras políticas realizou sob as vistas do povo brasileiro ?

Qual sua representatividade ?

Quantos votos ele tem ?

Foi governador ?

Senador ?

Quem o conhecia fora do Rio Grande do Sul ?

A que grupo do PT ele pertence ?

Ao minoritário !

Ele é o porta-voz do Governo, aquele que às 11h00 e às 16h00 deveria receber os repórteres pigais, as natuzas tucanhêdes para enfrentar o Golpe na cara, todo dia, duas vezes por dia ?

O Ministro Rossetto tem todas as virtudes – e não são poucas -  para ser um quadro de retaguarda, de pano de fundo, mas não é a pessoa adequada para enfrentar crises abertas, escancaradas, de Golpe de Estado.

Para enfrentar a #globogolpista.

É espantoso o zé vir com o trololó de que “eles têm todo o direito de se manifestar”, “que democracia é assim mesmo”, a presidenta está felicíssima porque não houve baderna, tudo ocorreu na Santa paz !

Ora, me poupe !

O protesto é o Golpe, o impítim do Fernando Henrique.

Que não foi dessa vez, mas será em abril, no protesto que a Fel-lha do HSBC já convoca.

Eles querem botar um milhão, dois milhões, três milhões na rua !

Fazer a ruptura.

Rachar o Brasil ao meio.

Encurralar a Dilma dentro do Palácio.

Os pobres, a maioria, voltam ao gueto.

A minoria tenta ir a Miami – agora, com o dólar a R$4, fica mais difícil.

A minoria da minoria, bota o dinheiro no HSBC …

E o zé vem tratar de tentativa de Golpe de Estado de “atos contra a corrupção”.

Corrupção de quem, cara pálida ?

Da Privataria Tucana ?

Da compra da reeleição pelo Príncipe da Privataria.

Da Operação Banqueiro.

Das ambulâncias superfaturadas ?

Do Trensalão ?

Por que o zé não falou assim no domingo:

“A Polícia Federal, sob o meu comando, começa amanhã a apurar a compra da reeleição do Fernando Henrique. Vamos tentar abrir o cofre do Serjão ! Vocês não querem combater a corrupção ? Então, vamos começar pelo “se der m …”

Ora, me poupe, zé !

Essa é a turma do terceiro turno, do quarto turno.

Eles não engoliram a derrota.

Tem muito pouco a ver com corrupção: eles querem é suprimir a soberania popular.

E instalar o governo da #globogolpista, com o Ministro Gilmar de Primeiro Ministro !

Parlamentarismo com voto distrital do Cerra !

A verdade, amigo navegante, é que esse ministério não aguenta o tranco.

E quem não faz gol, leva.

O resto é o trololó do ministro que se bernardiza a passos rápidos e diz que vai consultar a sociedade – SEM PRAZO ! – para fazer a Ley de Medios.

Aqui pra nós, Presidenta, que ninguém nos ouça, a senhora não soube escalar o time.

Ou melhor, esse time da senhora não presta para o Brasil depois da eleição.

É um time escalado na consagradora vitória popular de novembro do ano passado.

Mas, não dá para enfrentar o que veio depois: o Eduardo Cunha e a tentativa de Golpe de Estado nas ruas de São Paulo.

Vamos aos protestos golpistas.

Primeiro, que a Fel-lha, como sempre, errou.

Ela disse que o protesto de São Paulo teve menos gente que a Parada Gay: a Parada Gay teve 270 mil e o protesto 210 mil.

Está errado.

O ansioso blogueiro consultou o Profeta Tirésias, que a Dilma não consulta, porque prefere o General Aloysio Oliva (ver no ABC do C Af) e o zé da Justiça.

O Profeta é experiente.

Já fez greve, campanha, passeata, eleição.

E o cálculo dele é simples.

Se o nosso, de sexta-feira, teve 30 mil, o deles deve ter tido de 300 mil a 400 mil.

“Porque eles têm dez vezes mais motivos para ir às ruas derrubar o Governo do que nós para defender o ajuste que não ferra os ricos”, disse o Profeta.

Sobre ferrar os ricos, é necessário recorrer ao Flávio Dino e à Jandira Feghali.

Ao Profeta, portanto:

- O número de São Paulo não está fora do previsível. A classe média de São Paulo não aceitou a derrota.

- E ela é desse tamanho mesmo.

- Dá pra encher a Avenida Paulista.

- Mas, se você estivesse na Freguesia do Ó ou na periferia da cidade e não ligasse na GloboNews nem ia saber que tinha protesto na Paulista.

- O resto foi o previsto: Brasília, Avenida Atlântica no Rio, Farol da Barra na Bahia, e Boa Viagem em Recife. Tudo coxinha incendiado pela Globo. Não tinha negro … Nem em Salvador. É mais fácil achar um branco na Nigéria do que em Salvador, e não tinha um negro no protesto na Barra …

- Mas não se pode menosprezar algumas realidades.

- A D. Dilma não esta agradando.

- São Paulo é contra nós desde a Proclamação da República …

- Não tem jeito.

- É a mesma classe média de São Paulo que foi para as ruas em 2013 e não deu em nada.

- Quer dizer, deu sim: ajudou a eleger o Parlamento mais reacionário dos últimos tempos …

- O Governo tem que se concentrar no Norte, Nordeste, Rio e Minas.

- E em quem votou em nós.

- Governar para seus eleitores.

- Não adianta governar para os que batem na panela: eles não votaram e não vão votar em nós, nunca !

- Governar para os pobres, se quiser fazer o sucessor.

- E pode fazer.

- Se ela dialogar com o PT.

- Com o PT majoritário, aquele que ganha eleição.

- O zé Cardozo não ganha eleição desde que tocava piano pra Mamãe.

- Se a Dilma dialogar com o PMDB.

- O PMDB inteiro não vai querer se enforcar com esse que você chama de Imaculado Cunha (ver no ABC do C Af).

- Mas, com o Renan se pode conversar, perfeitamente.

- Pegar os melhores quadros do PCdoB, o Aldo, a Jandira, e botar no Palácio, no centro do Governo.

- Dar a Política ao Jaques Wagner.

- A verdade é que o Governo perdeu a iniciativa.

- Não ataca.

- Não bate.

- E o mais desastroso: não enfrenta o inimigo número 1, a #globogolpista.

- Mas, caro Profeta, o Berzoini …

- Meu filho, dali não sai mais nada, interrompeu o Profeta e desligou o telefone.

Pano rápido.


Paulo Henrique Amorim


 

A "Revolução" da Elite Branca




elite 3

Residente da região da avenida Paulista, onde centenas de milhares de cidadãos organizados se reuniram no último domingo (15/3) para exigir a deposição da presidente Dilma Rousseff, ao sair de casa, por volta do meio dia, para ir registrar imagens, vejo-os saindo dos condomínios ao lado daquele em que resido.

Espalhafatosos e reluzentes em suas “armaduras” verde-amarelas, deixavam imóveis que custam entre 1 e 20 milhões de reais, em média, na região.

Caminho pelas ruas limpas, servidas por coleta de lixo eficiente, por policiamento farto, por todos os serviços públicos e privados de que se possa necessitar. Misturo-me a eles, ouço o que dizem enquanto marchamos, todos, rumo à paulista.

Quando chegamos à extremidade Sul da avenida, noto que aqueles que deixavam suas residências ainda sonolentos e de cabelo molhado, ingressam no shopping que leva o nome da avenida. Vou com eles. Grande parte tinha ido comer alguma coisa antes de ir à cruzada contra o governo que abomina.

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Reflito que, se todos os que moram na região forem se manifestar, somarão centenas de milhares, pois, apesar de ser uma região pequena, a esmagadora maioria das residências é composta de edifícios de 10, 15, 20 andares. Cada condomínio abriga 100, 200 pessoas.

Mas não eram só os habitantes daquela região que vinham chegando à Paulista. Eles também brotavam do chão, vindos dos bairros servidos pelo metrô – ou seja, só os bairros centrais.

Dizem que o governo Alckmin liberou as catracas do metrô para que todos pudessem se manifestar de forma mais econômica. Quem paga? Todos os paulistas, inclusive os que discordam da manifestação.

elite 1
Volto à avenida e eles continuam chegando de suas residências nas ruas transversais ou do subsolo.

Encantam-se com um homem vestido com a bandeira norte-americana, sugerindo coisa diferente do que diziam suas roupas verde-amarelas.


elite 3

Caminho mais alguns passos e vejo uma multidão de camisas amarelas aos berros, xingando, mostrando o dedo, vaiando alguma coisa que parecia estar no céu. Espantado, ergo os olhos e vejo alguém, no alto de um prédio, agitando uma bandeira vermelha do PT.

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A caminhada até manifestação gigantesca me permite afirmar que quem se manifestou contra Dilma Rousseff foi uma classe social de uma região específica de uma cidade que tem 11 milhões de habitantes, o que agiganta qualquer aglomeração humana que for convocada com sucesso.

O Blog produziu um vídeo dessa caminhada que permite comprovar o que diz o parágrafo anterior. Assista-o, abaixo, e tire suas conclusões. Em seguida, assista ao vídeo de entrevista que este blogueiro deu à TV dos trabalhadores






 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

DEFICIENTE NO MARACANÃ VAIA A ELITE BRANCA A Evita Perón se referia a eles como “oligarcas de mierda”.

O amigo navegante chegou de carro ao Maracanã e se dirigiu à entrada de “deficientes físicos”.

Não é autoridade nem cartola – um espectador comum, portador de ingresso como qualquer outro – ou seja, caro.

Um carro elétrico o conduziu até uma cadeira de rodas.

Da cadeira de rodas, ao assento marcado, com a ajuda de um steward.

No intervalo, com a ajuda de um steward, foi ao banheiro de deficientes.

Limpo.

Se quisesse podia se sentar. Lavou as mãos com sabonete e se enxugou com papel.

Na saída, foi levado do assento à cadeira de rodas e, de lá, ao carro elétrico, e ao carro que o esperava.

Essa, a Copa das Copas.

Lá dentro, o amigo navegante se impressionou com a hostilidade à Dilma.

De brasileiros – muitos bêbados – brancos.

Muitos que não assistiam ao jogo: iam lá pra cima tomar Budweiser.

Não havia um negro na plateia de um estádio que fica na porta da favela da Mangueira.

Vaiaram a Dilma e hostilizaram os argentinos com uma agressividade incomum.

O amigo navegante vaiou os que vaiavam a Dilma.

E vaiou os que xingavam os argentinos.

Um argentino, com um filho, no intervalo, perguntou a ele, depois que o viu reagir: por que essa agressividade contra nós ?

A mulher do amigo navegante, ao lado, respondeu: é inacreditável.

São uns ignorantes, disse o amigo. Saíram do Sul dos Estados Unidos, no século retrasado.

Observou o ansioso blogueiro: por isso que a Cristina K não veio ver final: para não ser vaiada por aqueles que a Evita Perón chamava de oligarcas de mierda !


Paulo Henrique Amorim


A ELITE BRANCA SE ESCONDE COMO OS BLACK BLOCS


    Em outubro, a Dilma vai tirar o badalo da elite branca.
    A elite branca vaiou a Presidenta no Maracanã, como tinha feito, também ali, sob a batuta de Cesar Maia, com o Presidente Lula, na abertura dos Jogos Pan-Americanos.

    E a Presidenta Dilma no Itaquerão.

    Foi a elite branca, mesmo, como reafirmou a Presidenta a uma repórter de GloboNews.

    A elite branca tem a Ética dos black blocs.

    Faz vandalismo sem rosto.

    Se escondeu sob o anonimato de 75 mil espectadores no estádio mais bonito do mundo, num entardecer da Cidade Maravilhosa !

    (Ela dá azar quando se pronuncia nos camarotes reservados do Itaúúú.)

    Beltrame tirou o badalo da Sininho.

    A Copa se encerrou gloriosamente como a Copa de todas as Copas !

    As manifestações deram num traque.

    A Dilma vai levantar o capuz da elite branca no primeiro turno das eleições.

    E tirar-lhe o badalo.


    Paulo Henrique Amorim

    quarta-feira, 25 de junho de 2014

    Gilberto Carvalho, Lula e a “elite branca”


    A manifestação raivosa e literalmente obscena contra Dilma Rousseff na Arena Corinthians durante a cerimônia de abertura da Copa foi interpretada de formas diametralmente opostas pelo ministro da

    Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e pelo ex-presidente Lula.

    Para o primeiro, o segundo errou ao avaliar que os insultos partiram da “elite branca”, que pôde pagar, em média, mil reais para assistir à cerimônia, confortavelmente instalada na “área VIP” do estádio.

    A Folha de São Paulo, que faz oposição cerrada a Dilma, não perdeu tempo e estampou o diagnóstico de Carvalho em manchete principal de primeira página – a tese dele reforça a teoria da oposição midiática, de que Dilma “já perdeu”.

    Segundo relatos esparsos de leitores que estiveram no local, porém, os insultos à presidente teriam partido do camarote do Itaú. Carvalho não discute. Acha que, assim mesmo, nos setores populares também há muita gente com raiva dela

    O diagnóstico de Carvalho, que virou manchete na Folha, foi feito durante reunião entre ele e blogueiros, uma reunião à qual este que escreve não pôde comparecer por razões particulares.

    Carvalho diagnosticou que as críticas da mídia ao governo Dilma, que as camadas mais altas da sociedade compraram há muito, começam a “escorrer” para as camadas mais baixas, razão pela qual julga que o ataque à presidente no “Itaquerão” não pode ser debitado só à tal “elite branca”.

    A Folha de São Paulo correu para entrevistar Carvalho, prevendo que poderia obter mais munição contra Dilma. Na segunda-feira (23), publicou a entrevista.

    Nessa entrevista, ele não só reafirmou sua discordância de Lula quanto à origem dos insultos a Dilma, mas aprofundou uma tese à qual Folha tratou de dar grande publicidade: “O PT erra no diagnóstico sobre a insatisfação com o governo”.

    Um trecho da entrevista de Carvalho à Folha revela como ele se contaminou com essa teoria.

    “(…) Quando chego em Curitiba (sic) e encontro um garçom falando que o PT é o mais corrupto da história. Quando vejo em Fortaleza meninos cobrando a questão da corrupção. Quando vi no metrô meninos entrando e puxando o coro do mesmo palavrão usado no estádio, não posso achar que é um fenômeno apenas na cabeça daquilo que está se chamando de elite branca (…)”
    A Folha, espertamente, questionou Carvalho sobre a origem da teoria sobre a “elite branca”. Lembrou que “Foi Lula quem puxou esse discurso”. O ministro diz que “não quer polemizar com Lula” e que seu objetivo foi “alertar” – supostamente o PT e o próprio Lula – para o que chamou de “generalização da insatisfação”.

    Carvalho é um dos ministros mais próximos a Dilma – trabalha em sala contígua à da presidente. É um quadro antigo do PT. Não se entende por que esse alerta teve que ser feito publicamente. Pareceu ingenuidade…

    Seja como for, na terça-feira a Folha publica mais um trecho da entrevista com o ministro. Nesse trecho, ele relata encontro que manteve com um grupo de trinta black blocs – desde que esses espécimes começaram a promover vandalismo, Carvalho tem mantido interlocução com eles na esperança de enfiar algum juízo em suas cabeças vazias.

    O ministro cometeu o mesmo erro que muitos que se aproximaram dessa turma ligada a partidos à esquerda do PT vêm cometendo, o erro de encarar a visão política dessa meninada como visão do povo.

    Não é o caso de Carvalho, é preciso dizer. Ele sabe muito bem que esses protestos violentos são um grande erro. Mas muitos homens e mulheres maduros, já na quinta ou sexta década de vida, deixaram-se seduzir pela juventude e pelo idealismo boboca de pretensos revolucionários, garotos que não fazem a menor ideia do que é lutar de verdade contra a opressão e que se acham verdadeiros “Che Guevaras” por quebrarem algumas vitrines de lojas de carros e caixas-eletrônicos.

    Porém, o que pode ter impressionado Carvalho certamente foi encontrar jovens pobres entre um movimento que teve origem nas universidades, onde professores ligados a partidos de extrema esquerda enfiaram esse lixo importado do Norte do planeta (a tática black bloc) na cabeça dos alunos. Assim, jovens pobres foram no embalo, atraídos pelo clima de rave (festas de estudantes) das “jornadas de junho”. E nada mais.

    A partir da popularização dos protestos, ano passado, alguns líderes de movimentos sociais ligados aos mesmos partidos de esquerda viram oportunidade de colher frutos para suas legítimas demandas.

    A visão de Carvalho se baseia nesse ambiente. A de Lula, em uma vida inteira e em sua origem entre a pobreza.

    Aonde quero chegar: é um erro confundir com o povo esses movimentos da esquerda ultrarradical que admitem em seus protestos o que há de pior na ultradireita, contanto que neonazistas e outros energúmenos ajudem a provocar caos no trânsito e a quebrar tudo.

    O povo mesmo, tem falado muito pouco. Quem é pobre e melhorou de vida, mas vive exposto aos ambientes da elite, acaba indo no embalo. Mas a maioria do povo nem chega perto da elite, seja nas universidades, seja nos locais em que pobres vão lhe prestar serviços.

    Nas grandes cidades, a situação é pior. Sobretudo em Estados como São Paulo, onde a vida piorou muito devido aos governos do PSDB, que deixaram o transporte público chegar a uma situação de caos, que transformaram a escola e os hospitais públicos em lixo.

    Nenhum governo federal conseguirá promover grandes melhoras em áreas que são da competência municipal e estadual.

    Mas veja, leitor, a situação em São Paulo: Fernando Haddad está promovendo uma revolução nos transportes com os corredores de ônibus. Outras medidas simples serão tomadas. Apesar de o governo dele ter problemas para se comunicar, lá pelo quarto ano de governo a população paulistana sentirá a diferença.

    Seja como for, há que fazer o povo entender que o governo federal comanda, precipuamente, a política econômica, estimula investimentos, empreende grandes projetos nacionais, mas a administração cotidiana da saúde, da educação, do transporte público é responsabilidade de prefeitos e governadores.

    Contudo, essas manifestações tresloucadas acabaram empurrando para o governo federal – e, consequentemente, para o PT – uma culpa que até pode ser, também, do partido desse governo, mas que também é de todos os outros partidos.

    Nos grandes centros urbanos como São Paulo, a vida tornou-se um inferno devido ao governo do Estado e aos governos municipais. Governos de todos os partidos. Premidos por grandes dívidas, Estados e municípios não conseguem enfrentar os problemas, que vão se avolumando.

    Contudo, em uma coisa concordam Lula, Gilberto Carvalho e este blogueiro: a comunicação do governo Dilma é que permitiu que a mídia empurrasse para o governo federal uma responsabilidade que não é dele.
    Tendo, porém, a concordar com Lula quanto à questão da “elite branca”. Ela e os pobres que influencia estão longe de ser o povo, estão longe de ser maioria. Mas claro que não será fácil Dilma vencer a eleição presidencial que se avizinha.

    Contudo, se a campanha da reeleição for incisiva contra as críticas injustas, e se souber refrescar a memória dos adultos e mostrar aos garotos o que era o Brasil até 2002, dificilmente  o PSDB conseguirá tirar proveito dessa insatisfação de setores da sociedade.

    Nesse contexto, o sucesso da Copa e os excessos dos revolucionários de butique já estão abrindo os olhos de muita gente.

    Esses cinquentões ou sessentões da academia ou do jornalismo que diziam orgulhosamente que apoiavam os protestos tresloucados contra a Copa, já estão fechando os bicos e fazendo cara de paisagem.

    Esse caso específico da Copa está sendo subestimado pela direita truculenta e pela esquerda abilolada. O Brasil e o mundo já perceberam como têm havido exageros nas críticas ao governo Dilma. O efeito político disso ainda não pode ser mensurado, mas não será pequeno.

    terça-feira, 27 de maio de 2014

    O teto do antipetismo




    Desde 2006, a cada eleição presidencial a cantilena oposicionista-midiática é a mesma: dessa vez, vai. Em 2006, o terremoto do mensalão fez a mídia e seu aparato político, a dita oposição, acreditarem que tinham “matado” Lula – politicamente, por mais que a vontade fosse literal. Em 2010, as teorias eram sobre como o mesmo Lula não conseguiria transferir votos a Dilma.
    Em 2014, a aposta é na queda da aprovação a Dilma e ao seu governo. Uma queda que de fato ocorreu. Porém, o que os entusiastas dessa teoria parecem não enxergar – ou não querer enxergar – é que essa queda não se resume a Dilma; a classe política perdeu aprovação de forma generalizada, tanto à direita quanto à esquerda, passando pelo centro.
    Poucos se dão conta de que, apesar de Dilma não ter mantido a aprovação estratosférica que chegou a ter – e que quem lê este blog sabe que, por aqui, sempre foi vista com reservas –, na última pesquisa Ibope, por exemplo, a presidente da República apareceu com impressionantes 52% de votos válidos contra 48% da oposição todinha somada. Incluindo nanicos.
    Estudo recente feito por esta página mostrou que o desempenho dos pré-candidatos de oposição, ao menos até aqui, não difere em nada das três eleições anteriores. Aliás, aquele estudo revelou que o desempenho de Aécio Neves está até um pouco abaixo da média que costumam ter os candidatos do PSDB na pré-campanha.
    Sim, Dilma apareceu com aprovação e desaprovação empatadas no último Ibope – respectivamente, 47% e 48%. Porém, a divulgação da avaliação só da presidente e a ocultação da de governadores e prefeitos esconde que essa desaprovação atingiu a todos os governantes. Nem por isso é crível que todos os outros chefes de governo não serão reeleitos.
    Mas o mais impressionante é metade da opinião pública apoiar a presidente. Ela, seu padrinho político ou seu partido apanham todo dia na mídia. Supostas “más notícias” da economia tomaram jornais, telejornais, revistas, portais de internet, rádios. E o máximo que conseguiram foi dividirem o país?
    Não vamos nos esquecer de que isso foi alcançado sob o silêncio quase absoluto de Dilma, quem, até que Lula concedesse entrevista a blogueiros pregando que reagisse, praticou quase uma autocensura, deixando que a mídia a esmagasse sem sequer esboçar reação.
    O que aconteceria se Dilma não tivesse se autocensurado? Dificilmente teria perdido tanta aprovação. Só que vem aí a campanha eleitoral na tevê, quando ela, seu padrinho e seu partido terão espaço para dizer tudo aquilo que hoje não pode ser dito em pé de igualdade com o “noticiário” massacrante.
    O que a mídia chama de “discurso do medo” apavorou tanto a mídia e a oposição simplesmente porque é um discurso muito forte. Por que é forte? Porque se baseia em fatos – quais sejam, no que ocorreu no passado e nas propostas oposicionistas do presente, como no caso das “medidas amargas” pregadas por Aécio Neves e Eduardo Campos.
    Este blog acalenta a opinião de que a grande maioria dos brasileiros, incluindo a parte politizada, em média tem memória fraca. Esquece-se do clima que a mídia estabeleceu nas eleições presidenciais anteriores, do nível de ataques de 2006 e 2010. E também de que a força pré-eleitoral da oposição não era menor do que a de hoje.
    Sim, Dilma está mais fraca do que estava Lula em eleições anteriores, mas a oposição também está.
    Mais da metade dos brasileiros que pretendem votar permanece ao lado de Dilma. É impressionante. Esse contingente está resistindo a um massacre da presidente empreendido ao custo de uma quantidade imensa de dinheiro que vem sendo despendido pelos grandes grupos de mídia. E, ainda assim, mais da metade do eleitorado votante resiste.
    Segundo o Ibope, há cerca de 10% de indecisos. Porém, seria preciso uma mordaça em Dilma, em Lula e no PT para que todo esse contingente se decidisse pela oposição. Há o outro lado da moeda que as vítimas da avalanche midiática ainda não analisaram, mas que irão analisar quando os candidatos tiverem espaço na televisão e no rádio.
    A grande esperança da direita midiática é a Copa. A aposta no caos, em alguma tragédia causada pelos grupos cada vez mais desmoralizados que prometem até atacar delegações estrangeiras, porém, é exagerada. Até a colunista da Folha de São Paulo Eliane Cantanhêde, que se dedica a atacar Dilma, Lula e o PT todo dia, acha que quanto mais excessos os grupos que prometem que “não vai ter Copa” cometerem, mais apoio a Copa terá.
    Tudo somado, esses 40% que hoje prometem votar em Dilma certamente ampliar-se-ão em um eventual segundo turno. E quem diz isso não é este que escreve, mas o pré-candidato Eduardo Campos, quem, na última segunda-feira, no programa Roda Viva, disse que Aécio inspira terror nos que se beneficiaram das ações do governo federal.
    Eduardo parece estar descobrindo que, no bastante provável segundo turno, seu eleitorado não o seguirá, caso adira a Aécio. O PSDB, por razões óbvias, continua sendo visto como o partido dos ricos e dos que pensam que são ricos. Como em 2002, 2006 e 2010, caso haja segundo turno dificilmente ele obterá melhores resultados que Geraldo Alckmin e José Serra.
    Aécio diz que se “especializou” em “derrotar o PT” em Minas Gerais, como se o seu desempenho em seu reduto eleitoral bastasse para se eleger presidente. Alckmin também se “especializou” em “derrotar o PT” em São Paulo e, ainda assim, foi surrado por Lula em 2006.
    O antipetismo cresceu, sim, mas bem menos do que o “necessário”. Metade dos brasileiros não deu bola para o massacre de Dilma e a outra metade está muito dividida e dificilmente irá toda para a oposição. A parte que não for será mais do que suficiente para ela se reeleger. O antipetismo atingiu seu teto. E não é alto o suficiente para devolver o poder à elite branca.

    quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

    PARTIDO DA SENADORA ANA AMÉLIA LEMOS QUER OCULTAR INFORMAÇÕES SOBRE TRANSGÊNICOS


    Parlamentares do PP (Primeiro a Propina) iniciaram uma ofensiva na Câmara e no Senado para aprovar um Projeto de Lei que prevê a não obrigatoriedade de rotulagem de alimentos que possuem ingredientes transgênicos, independentemente da  quantidade. 

    Além de representar um abominável retrocesso, a aprovação do PL 4.148, de autoria do deputado ruralista gaúcho Luis Carlos Heinze, perpetraria um verdadeiro atentado à saúde do povo brasileiro, que ficaria sem saber se os alimentos que consome são de origem transgênica. Para piorar, a matéria pode ir à votação em caráter de urgência nesta semana, a pedido do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE).

    A iniciativa conta com o apoio da ex-miss Lagoa Vermelha e candidata da RBS ao governo do RS, senadora Ana Amélia Lemos, cuja carreira foi - e continua sendo - construída na defesa intransigente e incondicional dos interesses comerciais dos seus amigos ruralistas e latifundiários. 

    Clique aqui e envie mensagem aos deputados exigindo a rejeição do nefasto PL.

    segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

    Como era o apartheid…nos EUA

    Autor: Fernando Brito
    apartheideua
    As imagens aí de cima não são da África do Sul, nos tempos do apartheid.
    São também do início dos anos 60, quando Mandela já estava preso por sua luta contra o racismo, mas foram tiradas nos Estados Unidos.
    É algo que não está sendo devidamente lembrado nestes momentos de reflexão sobre a morte de Nelson Mandela.
    O apartheid, nos EUA, tinha outro nome: Leis Jim Crow.
    Elas vigiram por mais de 100 anos, entre a abolição da escravatura, em 1860, e 1965, quando foram revogadas nos estados onde remanesciam, por força da decisão da Suprema Corte.
    Elas impediam o acesso à escola, ao transporte, aos ambientes públicos e até aos banheiros de pessoas negras em igualdade de condições com os brancos.
    1965, repare. Não tem sequer 50 anos.
    Até pouco antes, outra lei informal, a de Lynch – origem da palavra linchamento – era aplicada quase que sem punições a negros acusados de qualquer crime, por espancamento ou por enforcamento.
    Isso não lembra nada a vocês, não, não é mesmo?
    A memória do poder e da mídia são deliberadamente fracas.
    Essa discriminação odiosa – que pode estar abolida nas leis, mas permanece no pensamento de parte significativa da elite americana – nunca impediu a imprensa brasileira de aformar que os EUA eram “o país mais democrático do mundo”.
    Aqui, em nosso país, não faz 30 anos que a Lei Caó tornou o racismo crime inafiançável.
    O que não impede que seja praticado toda hora no Brasil.
    Apagar o ódio, como fez Mandela, não é o mesmo que apagar a memória.

    sábado, 9 de março de 2013

    INGLATERRA PODE ABANDONAR CONVENÇÃO DE DIREITOS HUMANOS


    quinta-feira, 7 de março de 2013

    CHÁVEZ E A FITA MÉTRICA DO CONSERVADORISMO


     O Luto é VermelhoCaracas se veste da cor da revolução e sai em massa às ruas para dizer adeus ao seu líder , mas não aos seus ideais** leia  as análises de Eric Nepomuceno ** Gilberto Maringoni** Antonio Lassance**Eduardo Febbro** Leia também o Especial sobre a Venezuela ** E o depoimento exclusivo do ex-chanceler Celso Amorim sobre Chávez (a Marcel Gomes; nesta pág) **Ortodoxia uiva: inflação recua e BC mantém a Selic onde está: 7,25%

    Quando mede o tempo histórico na América Latina, a régua conservadora reporta uma ambiguidade sugestiva.Nas medidas à esquerda, identifica extensões anacrônicas de um tempo morto. Fantasmas  de um mundo que na sua métrica  não cabe mais.Exceto como detrito histórico.Entre os fenômenos jurássicos estariam lideranças, a exemplo da exercida pelo falecido presidente Chávez -- pranteado agora em massa por um povo a quem favoreceu  um primeiro degrau de cidadania e dignidade.Enquadram-se  nas mesmas polegadas  da régua arestosa  Lula, Evo Morales, Correa, Cristina, Mujica e, mais recentemente, Dilma. Sintomaticamente, a régua não adota o mesmo peso e medida quando se trata de dimensionar constrangimentos estruturais, remanescências acumuladas em séculos de domínio conservador na região. Um caso é a fome.O outro, a estrutura fundiária. E a correspondente agenda da reforma agrária, classificada em editorial de 'O Globo', desta semana, como 'lixo da história'. É notável o esforço para  harmonizar o inenarrável. As veias abertas de uma América Latina que, quanto mais moderna aos olhos de sua elite, mais sangra pelo cotidiano de sua gente pobre. (LEIA MAIS AQUI)

    O legado de Chávez:
     



    domingo, 3 de março de 2013

    Desempenho do PIB não interfere no ânimo do eleitorado


    O fraco crescimento do PIB de 2012 vem se mostrando objeto de esperança dos grupos políticos, econômicos e midiáticos de oposição ao projeto político que governa o Brasil desde 2003. Mais uma vez.
    Em alguma medida, no entanto, fazer essa aposta outra vez chega a espantar. Afinal, não faz muito tempo que foi feita e perdida por quem fez.
    Em 2009, às portas do ano eleitoral de 2010, o discurso tucano-midiático era exatamente o mesmo que o de hoje, só que a situação era muito mais grave. 2008 terminara sob a égide da eclosão da crise econômica das hipotecas norte-americanas que, dali em diante, contaminaria o mundo.
    O desemprego aumentou consideravelmente entre o último trimestre de 2008 e o primeiro de 2009. A produção e as vendas no comércio praticamente ficaram paralisadas, até que o governo começasse a liderar a reação da economia brasileira investindo pesado.
    O ano que precedeu a eleição presidencial de 2010, sob o aspecto do PIB, foi um presente para a oposição. Afinal, em 2009 o Brasil não teve “pibinho”, teve recessão. Isso mesmo, o tamanho da economia brasileira reduziu-se em 0,2% e o nível de emprego, ao fim daquele ano, apenas retornou ao que estava ao fim de 2008, quando a crise internacional explodiu.
    Contudo, a partir do segundo semestre de 2009 já se começava a sentir uma reação da economia como a que já se faz sentir agora e que, ao longo do ano eleitoral de 2010, chegaria a experimentar crescimento próximo ao nível chinês, com aumento do PIB de 7,5%.
    Diante dos resultados ruins do último trimestre de 2008 e do primeiro semestre de 2009, mídia e oposição duvidaram de que fosse possível uma reação e já davam como favas contadas a derrota do “poste” Dilma – outros viriam – não apenas pelo nível de emprego que sofrera a primeira redução em anos, mas por a candidata à sucessão de Lula nunca ter disputado uma eleição na vida.
    O fim dessa história todos conhecemos. Mas o que há para resgatar é a velha discurseira tucano-midiática que se abate sobre o país toda vez que o resultado do PIB não é brilhante, mesmo que indicadores sociais revelem que mais ou menos crescimento não é fator determinante das condições de vida da maioria.
    Se tomarmos como exemplo um editorial da mídia oposicionista de março de 2009, encontraremos uma argumentação igualzinha à que tem sido vista nesses veículos nos últimos tempos.
    Abaixo, editorial da Folha de São Paulo de 11 de março de 2009.
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    FOLHA DE SÃO PAULO
    11 de março de 2009
    Editorial
    Queda vertiginosa
    Recuo no PIB reafirma necessidade de ações anticrise, mas arsenal é limitado pelo pendor à gastança dos governos
    A HISTÓRIA , mais à frente, irá decerto atenuar a sensação de que uma nova era da economia global se impôs, num chofre, entre setembro e outubro, subvertendo o que prevalecia até o instante imediatamente anterior. Mas é essa a impressão que resta depois da divulgação de estatísticas como a do PIB brasileiro.
    A produção de bens e serviços no país crescia num ritmo anualizado de 7% até setembro; entrou em mergulho radical nos três meses seguintes, quando a taxa, se anualizada, resultaria em -13,6%. Não há cenário, previsão, estimativa ou modelo econométrico que parem de pé diante de inversão dessa magnitude. A incerteza sobre o comportamento da atividade econômica, em especial para este ano e o próximo, atingiu proporções ofuscantes.
    Os números do IBGE confirmam que veio da indústria o principal vetor de retração no último trimestre de 2008. O volume da produção fabril decresceu 7,4% em relação ao período imediatamente anterior. As decisões de frear fortemente as linhas de montagem foram concomitantes a outras, destinadas a cortar, também brutalmente, as despesas com aquisição de máquinas, equipamentos e construção civil.
    Esta classe de gastos, os investimentos produtivos, se expandia numa velocidade “chinesa”: suficiente para duplicar o volume de dispêndios em expansão da capacidade produtiva a cada nove anos. Passou-se no quarto semestre, sem direito a fase intermediária, a uma realidade que lembra a Grande Depressão -os investimentos diminuíram ao ritmo, anualizado, de 33%.
    Não se pode, obviamente, tomar a pior fase da crise, até aqui, pelo todo. Dados preliminares acerca dos primeiros dois meses de 2009 mostram que aqueles índices de vertiginosa retração não se repetiram. Em alguns setores, caso da indústria automobilística, há sinais de incipiente recuperação. Nada, contudo, que já possa assegurar crescimento positivo do PIB neste ano.
    Tampouco é recomendável desprezar a notável prosperidade verificada entre 2004 e 2008. Na esteira da bonança global, a economia brasileira mais que dobrou seu ritmo de expansão em relação às duas décadas anteriores. Com saldos comerciais expressivos e entrada maciça de capitais, o Brasil pôde, mediante prudente acumulação de poupança em dólares, aumentar a proteção contra crises externas.
    Infelizmente, essa linha de prudência não abrangeu os gastos de custeio dos governos -federal, estaduais e municipais-, que dispararam no período. Se o poder público tivesse controlado seu pendor natural à gastança, teria agora um arsenal menos limitado para combater os efeitos deletérios da derrocada global.
    —–
    As semelhanças com o presente não são mera coincidência. Era ano pré-eleitoral como este e vínhamos de um fim melancólico do ano anterior, em termos de crescimento e emprego. A única diferença é a de que em março de 2009 as expectativas pareciam menos promissoras do que as de março de 2013.
    Todavia, como já havia expectativa de retomada o discurso era exatamente o mesmo de hoje, de relativizar os sinais de aquecimento na economia dizendo, de uma forma ou de outra, que o modelo econômico em curso – baseado no consumo de massas – estaria “esgotado”.
    Chega a ser risível dizer que o consumo de massas possa estar perto do patamar de estabilização em um país em que tanta gente ainda não consome mais do que o básico do básico. Mas, enfim, é nisso que a direita midiática acredita – ou quer acreditar.
    Enfim, a aposta no ritmo mais fraco da economia se mostra fadada a novo fiasco por duas razões.
    Primeira razão: o país deve retomar o crescimento em 2013 e não no ano eleitoral de 2014, enquanto que no penúltimo ano pré-eleitoral não houve retomada e houve até recessão, o que permitiu à oposição brandir a retração de 0,2% de 2009 na campanha de 2010.
    Segunda razão: assim como o discurso sobre 2009 não empanou a sensação de bem-estar da população em 2010, em 2014 o “pibinho” de 2012 será história e o de 2013 deve ser no mínimo saudável, segundo já reconhecem mesmo os analistas da oposição.
    Por fim, resta dizer que mesmo que a eleição fosse neste ano, com “pibinho” em 2012 e crescimento apenas médio em 2013, dificilmente isso iria interferir na visão que o brasileiro vem mantendo de que o governo impede que a crise chegue a si.
    Trecho do Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) A Década Inclusiva (2001-2011): Desigualdade, Pobreza e Política de Renda permite entender melhor a questão.
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    Numa sociedade de 10 pessoas, se 1 tem renda 10 e os 9 restantes tem renda 0; ou no extremo oposto, se 10 tem a renda igual a 1; o PIB é o mesmo. O PIB é uma medida de bem-estar social que por construção não se importa com as diferenças entre pessoas, apenas com a soma das riquezas produzidas”.
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    Ora, o mesmo estudo mostra que a distribuição da riqueza, seja ela alguns pontos percentuais maior ou menor, é o que importa, pois é o que as pessoas sentem.
    Nesse aspecto, segundo o Ipea, durante a última década o Brasil reduziu a desigualdade, fato que não ocorria de forma contínua e não chegava a índices tão baixos desde 1960, quando a série histórica começou a ser construída.
    “Este é o menor nível de desigualdade da história documentada, embora o Brasil ainda seja desigual”, enfatizou o Pesquisador do Ipea Marcelo Néri. O Índice Gini, que mede a desigualdade, chegou a 0,527 em 2011 e em 2012 chegou a 0,519 – quanto mais próximo de 0, menos desigual é um país.
    Em 2001, o Índice de Gini do Brasil era de 0,61 e, em 1960, era 0,535. Durante a ditadura militar a riqueza se concentrou fortemente, a desigualdade chegou a cair um pouco no início do plano real e depois, ao fim do governo FHC, voltou a subir.
    Há anos que este blog vem dizendo que não é o nível do PIB e não é, apenas, o nível de emprego que mantêm o governo bem avaliado pelo eleitorado, mas a distribuição de renda.
    Há alguns dias, algumas dezenas de manifestantes foram às ruas protestar contra Lula em São Paulo. Na quase totalidade, eram pessoas favorecidas pela sorte e que não se conformam com um fenômeno que a Era Lula-Dilma inaugurou no Brasil: distribuição de renda.
    No imaginário do brasileiro remediado, que hoje é maioria, há uma elite branca e preconceituosa que quer tirar o PT do poder e pôr o PSDB porque é o partido que defende os interesses dos ricos. Até aqui, essa percepção não mudou uma vírgula. E não será “pibinho” que irá operar tal milagre.