Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador Hugo Chávez. Mostrar todas as postagens
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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Marina quer governar com “núcleos vivos” ou núcleos DE vivos?

Não sei que diabo de fetiche é esse que a direita tem por alguns jogos de palavras que, a rigor, não querem dizer coisa alguma.
Querem ver?
Que porcaria é essa de “homens de bem”? É usada por outros autoproclamados “homens de bem” para definir os que consideram seus iguais.
Requisito básico? Ter bens, o que os torna, em vez de “homens de bem”, homens de bens.
De preferência, de muitos bens.
Para muito não me alongar, vamos ao ponto: agora importam, por aqui, expressão inútil, porém pomposa, que, faz tempo, encanta reacionários de países latinos onde o conflito com a direita acirrou-se de forma que nem podemos imaginar por aqui.
Quem trouxe essa belezura para cá? A candidata descolada, claro. Marina, a “nova política” das banqueiras, socialites e de toda uma “geração malhação” que, com papais, mamães e vovôs embonecados infestam shoppings, clubes e “points” invariavelmente ditos “exclusivos”.
Uma turma que, reunida, não enche o maracanã.
A expressão frequentemente usada por Marina em 2010, então chupada da direita latino-americana, voltou à tona. Segundo o Jornal Nacional, nesta semana ela citou uns tais de “núcleos vivos”, dizendo que governará com eles.
Conheci essa droga de expressão lendo o jornal local El Universo durante viagem a Guayaquil, Equador, em 2007. Só que, em vez de “núcleos”, o que se usava por lá era “Fuerzas vivas de la comunidad” ou “de Guayaquil”.
Grandes empresários, donos de veículos de mídia, setores ultraconservadores da Igreja Católica e um opositor do ainda hoje presidente Rafael Correa, o prefeito de então daquela cidade equatoriana, Jaime Nebot, reuniram-se em um evento contra o governo do país.
A direita equatoriana dissera-se “forças vivas da sociedade”, como se uma sociedade fosse composta por mortos e vivos.
Talvez o reaça equatoriano se referisse àquela maioria pobre de seu país que, até então, não vivia, mas sobrevivia, e que o presidente Correa começava a resgatar ao mudar o modelo comercial de extração de petróleo do país, que, naquele ano, era de concessão e mudou para partilha, como seria feito anos depois no Brasil, no caso do pré-sal.
Até então, a maior fonte de divisas equatoriana (o petróleo) ficava com as petroleiras estrangeiras na proporção de 90% para elas e 10% para o país. Correa mudou o modelo e inverteu esses percentuais. Com o modelo de partilha, agora quem ficava com 90% era o Equador.
Contra essa nova realidade, reuniram-se as tais “fuerzas vivas de Guayaquil”.
Destemido, carismático e sem papas na língua, Correa foi aos meios de comunicação no dia seguinte e disparou: “No son fuerzas vivas, son fuerzas DE vivos que saben muy bién por qué no quieren que este Pueblo disfrute de las ganancias del petroleo”.
Anos mais tarde, em 2012, agora na Venezuela, vejo na tevê local o anti Hugo Chávez de plantão, Henrique Capriles Radonski, em plena campanha eleitoral para presidente – que Chávez venceria antes de partir da vida –, referir-se a seus apoiadores como “fuerzas vivas venezolanas”.
Até nisso Marina endireitou.
Resgato, pois, resposta inesquecível de Correa, quem, até hoje, ostenta níveis estratosféricos de popularidade em seu país: Marina, você não quer governar com “núcleos vivos”, mas com núcleos DE vivos que pensam que você os colocará para cuidar do “galinheiro”.
As pesquisas, porém, já mostram que esses núcleos e sua candidata são muito menos “vivos” do que imaginam. Se bobearem, a festa se lhes acabará no próximo domingo.

domingo, 9 de março de 2014

A prova de que não há censura na Venezuela

Horas antes de começar a escrever este texto-denúncia uma pessoa que me segue no Twitter questionou mensagem que postei naquela rede social dizendo que a maioria dos venezuelanos não tem liberdade de expressão no Brasil devido ao fato de que, por aqui, grandes redes de televisão, grandes jornais, grandes rádios ou mesmo grandes portais de internet literalmente censuram tudo que contradiga a versão da oposição ao governo da Venezuela.
Mas como saber a versão da maioria dos venezuelanos? Eles não têm liberdade de imprensa lá”, disse-me o seguidor no Twitter.
Se quiser saber se isso é ou não verdade, sugiro que leia este texto até o fim. Em sua última parte, provo, de uma vez por todas, que não há censura alguma na Venezuela. Pelo contrário, a imprensa de lá pode mentir livremente. E sem consequência alguma.
Contudo, chega a ser surreal. Estamos em plena era da comunicação interplanetária instantânea através da internet. Em qualquer parte do planeta, basta ter acesso a um mísero celular com conexão com a internet – o que, hoje, é mais comum do que ter um forno de micro-ondas – para que se possa verificar o que se passa em qualquer parte do mundo.
Hoje, pode-se acessar livremente a imprensa até de países sob ditaduras – ou sob supostas ditaduras. Em Cuba, tão acusada de restringir liberdade de imprensa, qualquer um consegue acessar o blog da opositora mais famosa daquele regime, a blogueira Yoany Sánchez, que, diuturnamente, ataca o governo. Ainda assim, teimam em dizer que há censura em Cuba.
Mas, de fato, em Cuba não há grandes jornais de oposição e o acesso à internet ainda é dificultado pela situação econômica do país, o que impede que qualquer cubano tenha acesso à rede, tornando internet um privilégio fora do alcance de muitos. Mas, no que diz respeito à Venezuela, é uma piada dizer que não há liberdade de expressão por lá.
Há uma enormidade de jornais impressos, alguns de grande porte, ou de televisões privadas que fazem oposição ferrenha ao governo de Nicolás Maduro tanto quanto faziam ao do falecido Hugo Chávez. As televisões, as rádios e os sites opositores chegam a convocar manifestantes para se rebelarem contra o governo. Os jornais produzem diatribes diárias em editoriais, artigos, cartas de leitores etc.
No Brasil, porém, a grande mídia – Globo à frente – continua vendendo exclusivamente a opinião e a versão da oposição. Há literal censura a qualquer fato positivo sobre o país vizinho e, mais do que isso, a informações sobre o conflito entre governo e oposição que destoem da versão oposicionista. Não há, pois, noticiário sobre a Venezuela, em nosso país; há propaganda política de uma facção violenta e golpista, que está tentando derrubar o governo.
Nos últimos dias, o noticiário brasileiro tem se concentrado fortemente no número de mortos e feridos durante os protestos da oposição contra o governo. Diz a mídia brasileira que há 20 mortos e centenas de feridos, mas não diz que grande parte desses mortos e feridos é composta por governistas atacados pela oposição, muitas vezes em emboscadas de franco-atiradores, posicionados no alto de prédios durante as manifestações.
Esses métodos que estão sendo usados novamente pela oposição venezuelana para culpar o governo pelas vítimas (fatais e não-fatais) de suas ações de sedição foram imortalizados no documentário Puente Llaguno, que mostra como em 2002, em tentativa anterior de golpe, essa mesma oposição assassinou pessoas e também culpou o governo.
Esse documentário vem sendo difundido há anos por ativistas políticos independentes, mas como, ao mesmo tempo, é um documento avassalador para as farsas midiáticas contra a Venezuela, sofre, por parte dos grandes meios de comunicação, uma das censuras mais violentas de que se tem notícia.
Reproduzo, abaixo, o documentário. E sugiro, a quem quer expor a verdade sobre o conflito no país vizinho, que tente difundir ao máximo esse vídeo. Este texto prossegue em seguida.


Se está retomando o texto sem nunca ter assistido a Puente Llaguno, vale explicar que o documentário prova, sem deixar qualquer dúvida, que, em 2002, a oposição fez o que voltou a fazer neste ano, ou seja, gerar mortos e feridos para acusar o governo.
Essa, aliás, foi a base da tentativa de golpe de 2002, que o documentário Irlandês “A Revolução Não Será Televisionada” também denuncia. Abaixo, reproduzo também esse documentário. E prossigo em seguida.



Parece incrível, mas estão tentando fazer novamente na Venezuela o que fizeram em 2002. Exatamente com os mesmos métodos. Inclusive com as mídias dos países vizinhos (como a do Brasil) impedindo que a versão da maioria do povo venezuelano sobre o que está acontecendo naquele país seja conhecida em seu entorno.
Hoje, porém, há uma diferença. Após a tentativa de golpe de 2002, o falecido Hugo Chávez montou um sólido esquema de preservação das instituições e da vontade da maioria de seu povo. Além de uma rede de comunicação capaz de fazer frente à forte máquina midiática oposicionista, que dispõe de 80% dos meios de comunicação privados na Venezuela, há, naquele país, órgãos de inteligência e um verdadeiro exército popular armado.
Mesmo uma tentativa de invasão da Venezuela pelos EUA enfrentaria uma guerrilha bem armada, um exército contrarrevolucionário que resistiria a essa suposta invasão estrangeira. Além disso, as forças armadas venezuelanas expurgaram dos postos-chave todos os militares com pendores golpistas.
Pela força, portanto, a oposição venezuelana não conseguirá derrubar o governo constitucional.
Todavia, nos países vizinhos a situação é muito grave. Há uma máquina de propaganda dos golpistas funcionando a todo vapor. A mídia brasileira, por exemplo, além de praticar censura contra a versão da maioria dos venezuelanos que apoia o governo conta com a preguiça de seu público, acostumado a comprar as versões prontas que vende.
Qualquer pessoa pode acessar os grandes jornais venezuelanos pela internet e verificar se estão realmente sob censura. Uma mera busca no Google daria acesso ao site “Jornais da Venezuela”, que indica todos os grandes periódicos daquele país, com a íntegra do que publicam. E basta conhecimentos médios de espanhol para ver que esses jornais atuam com total liberdade no país vizinho.
Para navegar pela imprensa venezuelana, portanto, clique aqui
Mas, para facilitar a vida do leitor, traduzi editorial publicado no último dia 8 de março pelo maior jornal venezuelano, o El Nacional. O título do editorial, “El Madurazo”, faz alusão ao “Carazo”, uma explosão social espontânea, de grandes proporções, ocorrida em Caracas em 1989, em repúdio a pacote de medidas econômicas neoliberais imposto pelo governo de Carlos Andrés Pérez.
Leia, abaixo, o editorial do periódico El Nacional
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EL Nacional
Caracas, 8 de março de 2014
Ontem, o senhor Maduro condecorou e exaltou postumamente os integrantes da Guarda Nacional Bolivariana que faleceram durante a violenta repressão lançada pelo governo contra os estudantes que tomaram as ruas para protestar contra a bancarrota social e econômica em que se encontra o país, e que afeta os setores mais pobres da sociedade.
O senhor Maduro também condecorou 57 integrantes da Guarda Nacional que, segundo as versões extraoficiais, foram feridos em consequência dos ataques de estudantes e de pessoas residentes da região, gente que saía do metrô rumo ao seu trabalho, idosos que iam comprar alimentos e trabalhadores que seguiam para o trabalho cotidiano.
Tão perigosa aglomeração composta por simples garotos menores de idade, estudantes magricelos e jovenzinhas nada musculosas, além de pessoas do povo famélico, empobrecida e cansada, causou à treinada, disciplinada e militarizada Guarda Nacional nada menos do que 57 feridos. Valha-nos Deus. Estamos tão mal [de policiais]? Por isso o contrabando e o narcotráfico nos ameaçam de morte.
Segundo Maduro, os sargentos foram assassinados pela extrema direita enquanto cumpriam seu dever de defender a paz. Que rapidez a de Nicolás [Maduro] para investigar por sua conta um fato de natureza tão complexa que exige de qualquer equipe de investigação do Cicpc [órgão de inteligência venezuelano] um tempo prudencial e um especial cuidado para montar corretamente as peças do quebra-cabeças policial.
Que pena que Maduro não estava em Dallas quando mataram o presidente Kennedy, porque o FBI e o governo norte-americano teriam poupado tempo e dinheiro.
Já Nicolás [Maduro] cometeu a imprudência e o presumível delito de revelar parte do resumo dos assassinatos ocorridos na esquina de Tracabordo, na Zona de Chacao [bairro de Caracas] – as duas balas são iguais, afirmou –, um ato que está expressamente proibido a qualquer funcionário que tenha acesso ao material.
A procuradora-geral da república se atreverá a chamar a atenção [de Maduro] publicamente?
Enquanto se ocupava de exaltar postumamente os dois sargentos da Guarda Nacional que morreram durante os choques, o senhor maduro fazia vista grossa para os vinte venezuelanos assassinados por comandos policiais e grupos paramilitares que atuam à margem da lei e para os quais os crimes e desmandos não têm lei nem castigo. Esses vinte mortos não são seres humanos, pertencem à escoria de direita fascista e, portanto, é bom que tenham morrido.
Porém, responda, senhor Maduro: o senhor está seguro e em sua consciência não tem dúvida de que esses vinte assassinatos foram cometidos pelo que chama de “direita fascista? E se não for assim? E se o senhor, como todo ser humano, se engana? Não estaria o senhor encobrindo presumivelmente esses crimes?
O que ao senhor incomoda, senhor Maduro, é reconhecer publicamente que os que saíram à rua para protestar estão fartos de passar fome pela permanente escassez de alimentos, por ver morrerem seus familiares porque o senhor foi inepto na importação de medicamentos assim como no cuidado de dotar hospitais de equipamentos, em enfrentar a insegurança descontrolada que enche os necrotérios com centenas de cadáveres, em acabar com o narcotráfico que corrompe os jovens nas favelas, em deixar que as escolas caiam no abandono, em arrasar as terras cultiváveis e converter os camponeses em mendigos urbanos.
O senhor odeia os estudantes e mandou reprimi-los porque os jovens gritavam as demandas do povo contra a pobreza, a escassez, a fome, o inferno e a corrupção. Falavam pelo povo, expunham ao mundo a indigência e o abandono em que o senhor mantém hoje este país que um dia foi próspero e formoso.
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O “El Nacional” é o maior jornal venezuelano, algo como a Folha de São Paulo de lá. Faz parte do Grupo de Diários América, que foi citado no sábado (8) pelo Jornal Nacional como fonte das notícias que o telejornal deu sobre a crise venezuelana.
O grupo de mídia ainda é dono de outros jornais de países sul-americanos, como o El Tiempo, da Colômbia, o El Mercúrio, do Chile, e o Lá Nación, da Argentina. Todos jornais de linha conservadora. O La Nación, aliás, faz oposição cerrada a Cristina Kirschner, na Argentina.
O jornal El Nacional mente descaradamente sobre a situação na Venezuela. Dizia as mesmas coisas durante o golpe de 2002. Há provas concretas de que não são apenas “estudantes magricelos” que estão indo às ruas incendiar até a sede do Ministério Público, jogar bombas e atirar em governistas do alto dos prédios.
Mas não é o que importa, neste texto.
O que importa é que o editorial em questão desmente de forma cabal e insofismável a versão mentirosa de que não há liberdade de imprensa na Venezuela. Esse tipo de diatribe contra o governo está nas televisões, nas rádios, nos portais de internet, em toda parte daquele país. E, creia-me, leitor, o ataque do El Nacional é um dos mais suaves que se faz ao governo venezuelano.



quarta-feira, 13 de março de 2013

Crescem suspeitas sobre morte de Cháves; Venezuela abre inquérito


Nos dias que sucedem a morte de Hugo Chávez está sendo travada uma batalha retórica por todo o mundo em decorrência de declarações do governo venezuelano e de governos de países alinhados ao projeto “bolivariano” no sentido de que o ex-presidente pode ter sido alvo de “envenenamento” por parte de seus inimigos políticos ou, mais especificamente, dos Estados Unidos.
Do lado do governo da Venezuela e dos países aliados, a difusão da suspeita parece obedecer a um ritual bem calculado, como se existissem elementos mais do que simplesmente especulativos. Já pelo lado dos inimigos do governo Venezuelano, sobretudo por parte dos Estados Unidos, a estratégia tem sido a de tentar caracterizar como “loucura” dos adeptos do que chamam de “teoria conspiratória”.
Se for loucura, porém, está afetando gente que sabe muito bem o risco de se fazer uma acusação dessa monta sem maiores evidências. O presidente da Bolívia, Evo Morales, reiterou na última segunda-feira suas suspeitas em torno da morte de Chávez, que, segundo ele, teria sido assassinado por causa de sua oposição ao “império” e ao capitalismo.
Morales assegurou que Chávez ainda era muito jovem e, por isso, questionou: “Como pôde ter perdido tão rapidamente a vida? O império sabe como se infiltrar”, completou Morales, que lembrou que o próprio Fidel Castro já escapou de muitas tentativas de assassinato.
Apesar da tentativa do governo americano, de setores da mídia nacional e internacional e de militantes pró Estados Unidos em redes sociais da internet de ridicularizar a teoria e qualquer um que a leve a sério, os mais importantes meios de comunicação do Brasil e do mundo repercutiram, na última terça-feira, a abertura de inquérito na Venezuela para investigar a natureza do câncer que ceifou em um curto espaço de tempo a vida do líder venezuelano.
O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que Chávez “Tinha a intuição desde o princípio” de que o câncer lhe fora inoculado e lembrou que os EUA “Tinham laboratórios científicos ensaiando como provocar cânceres” na década de 1940 e que “Após 70 anos, quanto não deve ter avançado esse tipo de laboratórios da maldade e da morte?”.
A teoria de que Chávez foi “envenenado”, apesar de uma campanha de desmoralização que vem sofrendo e na qual se vê uso de frases pré-elaboradas,  nas ruas de Caracas, como no Paseo de Los Próceres, onde fica a Academia Militar, local onde o corpo está sendo velado, há cartazes com dizeres como “Quem matou meu comandante?” e “Justiça”.
A ativista política estadunidense-venezuelana Eva Golinger, que vive em Nova Iorque e tem um programa de televisão num canal para a comunidade russa nos EUA, uniu-se aos adeptos da “teoria da conspiração”. Abaixo, vídeo em que, em bom espanhol, ela explica que evidências existiriam.
Já o escritor e historiador americano Willian Blum, autor de obras como Killing Hope: U.S. Military and CIA Interventions Since World War II e deRogue State: A Guide to the World’s Only Superpower , dentre outros, deu a seguinte declaração: “Pessoalmente, acredito que Hugo Chávez foi assassinado pelos Estados Unidos”.
Por telefone, fonte do governo venezuelano que não quer se identificar afirma que já existiriam “evidencias” de “inconformidades” no padrão da moléstia que matou Chávez, inclusive com laudos médicos feitos não apenas por cubanos ou venezuelanos e que afirmariam que o tumor em questão seria de um tipo “nunca visto”, com um poder de alastramento e uma resistência a tratamentos maior do que tudo que se viu até hoje.
“Teoria conspiratória” ou não, ela está hoje nos principais jornais e agências de notícias do Brasil e do mundo e os governos de Cuba e Venezuela não deram sinal algum de arrefecimento em veiculá-la. Pelo contrário, a retórica desses governos vem aumentando e ganhando adeptos entre aliados, ao ponto de ter sido aberta uma investigação formal.
Enquanto isso, em vários grandes jornais do Brasil parece ter baixado certa cautela, o que se explica pelo empenho com que o governo venezuelano e aliados têm difundido a tese. Este Blog, desde a primeira hora, com base em contatos que vem fazendo sugere aos que se apressam em negar o que antes de ser descartado precisa ser investigado, que também se acautelem.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Em guerra com os fatos imprensa latina se desmoraliza dia após dia


Os noticiários políticos e econômicos dos grandes meios de comunicação brasileiros e os do resto da América Latina deram mais um passo no processo de desmoralização em que mergulharam há cerca de uma década e no qual vão mergulhando cada vez mais fundo.
Logo após o anúncio da morte do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, a grande imprensa brasileira foi tomada por um acesso inexplicável de fúria e rancor.
A virulência do noticiário brasileiro se mostrou inexplicavelmente redobrada em relação a alguém que acabara de falecer, o que deveria gerar, se não respeito, ao menos prudente comedimento.
Não foi o que ocorreu. As “análises” dos telejornais – sobretudo os da Globo – sobre a Venezuela pós Chávez retrataram um país mergulhado no caos, na pobreza e na violência.
Imprudente, a dita “imprensa” corporativa pareceu nem suspeitar de que milhões de venezuelanos colocariam suas versões em xeque indo às ruas em comoção pela partida de um líder amado pela esmagadora maioria daquele povo.
Suponho que muitos devem ter presenciado cenas que presenciei nos últimos dias envolvendo pessoas de classe média pouco politizadas e que, como exceção, ainda dão crédito ao que os grandes veículos dizem sobre política, seja sobre a nacional ou a internacional
Muitos estão surpresos com a comoção e o carinho que os venezuelanos estão dedicando a um líder político eternamente acusado pelas mídias brasileira, latina, americana e europeia de tudo de ruim que se possa imaginar.
A pergunta mais recorrente que tem sido vista, é: se Chávez era tão ruim, por que seu povo demonstra tanta dor com a sua partida?
Esse fenômeno não ocorre só no Brasil. Como já foi dito, a grande mídia internacional também sempre vendeu essa história de que Chávez “destruiu” a Venezuela “em 14 anos de governo”, premissa que se choca com o que está sendo visto no país vizinho.
Timidamente, alguns poucos “colunistas” daqui e de toda parte tentam explicar o fenômeno alegando que os povos latinos são ignorantes e, assim, não conseguem avaliar o quanto Chávez era ruim.
Esse, porém, é um discurso perigoso pelo qual só os extremistas midiáticos de direita ousam enveredar. Os mais moderados preferem insinuar.
Apesar de a Venezuela ter produzido os maiores avanços sociais da última década na América Latina, para os “colunistas”, “editorialistas” e até “repórteres” dos grandes veículos de toda parte, isso pouco importa.
Apegam-se aos problemas econômicos que aquele país enfrentou devido à crise econômica internacional, já que depende muito do comércio exterior, ou da exportação de petróleo. E sempre ignorando que os problemas não chegaram ao povo que apoiou Chávez e que hoje chora por ele por ter melhorado drasticamente de vida sob seu governo.
A incompatibilidade sobre o que dizem as grandes mídias e a realidade, porém, não se resume a esse episódio. Aqui no Brasil, a mídia acaba de sofrer nova grave desmoralização por questões econômicas.
Na última quinta-feira, caiu o último de três cavalos-de-batalha midiáticos sobre a economia brasileira lançados entre o fim do ano passado e o começo deste: a produção industrial.
No último trimestre, a indústria brasileira, contrariando todas as previsões midiáticas, cresceu 2,5%. Pouco antes, os alarmismos sobre racionamento de energia e sobre um surto de inflação iminente já tinham caído.
O risco de racionamento que foi vendido como altamente provável, sumiu do noticiário. E a inflação sofreu um tombo sobretudo devido ao barateamento da energia elétrica.
Porém, para usar uma surrada frase de efeito, o fracasso parece que subiu à cabeça da direita midiática. Quanto mais suas previsões furadas se desmoralizam, mais ela reincide nelas.
A crença da direita latina na estupidez popular chega a ser messiânica.
Não é por outra razão que os partidos de direita e os de extrema esquerda que lhes servem de linha auxiliar vão minguando tanto no Brasil quanto no resto de uma América Latina que hoje é a região que mais avança econômica e socialmente em um mundo à beira do abismo.
A direita midiática parece não entender nada. Ao menos é o que dão a entender as suas “análises” desconectadas da realidade.
Incapaz de perceber que, para os povos da região, é assustador que avanços sociais sejam tratados como fatos era fhc
Aqui mesmo no Brasil, o tal de “pibinho” foi alvo de grandes apostas da direita midiática, como se alguns pontos percentuais a menos no Produto Interno Bruto pudessem anular o pleno emprego e o crescimento da renda que se vê nos países governados pela centro-esquerda.
No Brasil, porém, o governo Dilma nada de braçada. Poucos apostam nas chances da oposição no ano que vem, ainda que alguns colunistas se entreguem a devaneios. Já na Venezuela, a oposição direitista trabalha para perder de pouco a eleição do sucessor de Chávez.
Ainda no Brasil, o PSDB e o DEM, os principais partidos, encolheram assustadoramente no Legislativo, ainda que mantenham alguns governos estaduais importantes. Todavia, no quartel-general tucano, São Paulo, as expectativas não parecem promissoras.
Note-se que o parágrafo acima encontra concordância inclusive entre os analistas da grande mídia mais partidários do PSDB e do DEM. Entre outros jornalistas umbilicalmente ligados ao PSDB, a colunista da Folha de SP Eliane Cantanhêde concorda comigo.
É fácil entender a razão desse processo de desidratação da direita midiática latino-americana. Está sem outro discurso que não seja sobre “corrupção” ou o de negar todos os avanços que a região experimentou na última década.
No Brasil, particularmente, o discurso oposicionista-midiático sobre os avanços do país é ainda mais delirante, pois se alterna entre negar os fatos e, logo em seguida, aceitar os avanços mas atribuí-los ao governo Fernando Henrique Cardoso.
Nesse aspecto, vira e mexe eclode uma campanha midiática tentando “ressuscitar” FHC.
Na eleição para prefeito de São Paulo em 2010, a campanha de José Serra ensaiou pôr o ex-presidente na telinha para “avalizar” o candidato tucano, mas logo que viu o resultado ruim dessa estratégia, abandonou-a.
Até hoje, mais de dez anos após a primeira eleição de Lula, a direita midiática ainda não percebeu que ele só chegou ao poder por conta da revolta dos brasileiros com o estelionato eleitoral praticado por FHC em 1998, estelionato que, inclusive, foi endossado pela mídia.
Apesar de os jovens com vinte anos ou menos não terem memória sobre o governo FHC, pais, avós, amigos, professores etc. lembram muito bem de como era ruim este país até 2002 e sabem muito bem quanto o Brasil avançou na década passada. E transmitem o conhecimento aos jovens.
Não existe hoje na América Latina, portanto, um projeto político viável à direita. E mesmo as aventuras golpistas acalentadas por tantos na região, como as experiências em Honduras e Paraguai, não se mostram promissoras e desestimulam novas aventuras iguais.
Vejamos o caso da Venezuela: a saída de Chávez da cena política não aumentou as chances da oposição. Assim, não adianta extirpar um Chávez ou um Lula, porque a consciência política na América Latina já ganhou dinâmica própria.
Até as apostas em criminalização de líderes de centro-esquerda parecem fadadas ao fracasso.
No Brasil, quem aposta em que a criminalização de Lula irá render dividendos políticos, engana-se. Vista como única chance pela direita midiática para vencer em 2014, será entendida como golpe dos ricos contra os pobres, o que elegerá Dilma ainda mais facilmente.
Em resumo, o que está construindo a hegemonia da centro-esquerda na América Latina é a distância abissal que separa a direita midiática do povo. Essa direita trata a volta por cima no emprego e na renda como fatos secundários.
O maior eleitor da centro-esquerda latino-americana é a direita midiática. Se fosse mais comedida, se respeitasse mas o povão, seria muito mais difícil derrotá-la. A arrogância da elite branca e midiática latino-americana é a sua maior inimiga.

O QUE NÃO DÁ MAIS PARA NEGAR. CHÁVEZ E A FITA MÉTRICA CONSERVADORA.

* 30 chefes de Estado e mais de 50 delegações internacionais presentes na cerimonia simbólica desta 6ª feira em homenagem a Chávez**Lula e Dilma já se encontram em Caracas **Joaquim Barbosa impede Dirceu de comparecer **leia  as análises de Lula**Eric Nepomuceno ** Boaventura Santos**Gilberto Maringoni** Antonio Lassance ** Eduardo Febbro** E o depoimento do ex-chanceler  Celso Amorim a Marcel Gomes.

O povo venezuelano escreve a história com seu luto vermelho e hipnotiza os olhos do mundo há mais de 72 horas. A comoção popular em todo o país questiona a mídia  e dá a Chávez a dimensão política que o conservadorismo sempre lhe negou. Filas de até nove horas de espera para o adeus ao líder bolivariano obrigam o governo a adiar o sepultamento , antes marcado para esta 6ª feira. As fotos publicadas por Carta Maior, abaixo, falam mais que mil palavras. Sobretudo, dão voz a um sentimento e a um processo histórico que o jornalismo dominante ocultou até hoje. Agora, não dá mais para negar. (LEIA MAIS AQUI).

Homenagens a Chávez: imagens que falam por si

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O legado de Chávez
 
A América do Sul após Hugo Chávez
 
 

quinta-feira, 7 de março de 2013

Provocar câncer em alguém é fácil como tirar doce de criança


Pouco depois do anúncio oficial da morte de Hugo Chávez pelo presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, este acusou publicamente os Estados Unidos de estarem por trás do câncer que acometeu o ex-presidente e, en passant, aproveitou para atribuir à potência os cânceres que, quase simultaneamente, atingiram vários outros presidentes sul-americanos.
Esse boato encampado pelo provável novo presidente que os venezuelanos elegerão em semanas, porém, não é novo. Há cerca de dois anos, especulou-se largamente sobre a estranha “coincidência” de cinco líderes sul-americanos que não se alinham a Washington terem contraído câncer quase simultaneamente.
Detalhando: Dilma Rousseff, Lula, o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, a presidente argentina, Cristina Kirchner, e o próprio Chávez contraíram câncer quase todos ao mesmo tempo.
Não foi a primeira vez que os Estados Unidos foram acusados de cometer assassinatos políticos sem uso de violência, apelando para a tecnologia. O ex-presidente brasileiro Jango Goulart ou o líder palestino Yasser Arafat foram alguns entre tantos outros que se acredita que tenham sido assassinados pelos norte-americanos dessa forma.
Nesse aspecto, o leitor Carlos Alberto Rocha deixou comentário que, no mínimo, leva à reflexão:
“(…) O assassinato de Arafat foi abafado e contou com a ajuda da tradição muçulmana, que não procede a autópsia dos seus mortos. Mas a disposição de sua viúva Suha e uma criteriosa investigação da TV Al-Jazeera levaram à descoberta do assassinato e a um pedido formal da Autoridade Nacional Palestina para que um comitê patrocinado pela ONU proceda o desdobramento da investigação feita por médicos suíços, que já levou à exumação do corpo do líder palestino.
Após nove meses, um trabalho meticuloso dos especialistas suíços e exame de roupas e objetos que Arafat usou nos dias que antecederam sua morte – roupa, escova de dente e até seu icônico kefiyeh que não tirava da cabeça – revelaram uma quantidade anormal de polonium, um elemento radioativo raro ao qual poucos países têm acesso, ou seja, apenas os do restrito clube atômico (…)”
Os títeres dos EUA na imprensa e os admiradores da potência hegemônica na sociedade civil tratam de ridicularizar a suspeita. Sobre o câncer que acometeu um homem forte e sadio como Chávez, que jamais adoecera gravemente em mais de cinquenta anos de vida, apegam-se a excessos retóricos e generalizações para desmoralizar a teoria.
Nesse aspecto, os casos de Lula e Dilma são emblemáticos. Ela contraiu câncer antes de se tornar presidente e Lula teve a doença justamente na parte do corpo que ele mais forçou ao longo da vida de líder sindical e político, a garganta, sendo sua voz rouca indicativa de que pode até ter nascido com algum problema nela que se agravou pelo esforço repetitivo. Além disso, Lula e Dilma são moderados e mantiveram e mantêm relações civilizadas com os EUA.
Todavia, se isolarmos os casos em que os EUA teriam interesse real em exterminar os que supostamente quem exterminou foi o câncer, não há como descartar uma hipótese como essa.
Em primeiro lugar, alguém seria tão cínico a ponto de afirmar que os americanos não exterminariam um líder político que os confrontasse? Só pode ser uma piada.
Alguém se lembra do soldado americano Bradley Manning, que entregou documentos secretos ao WikiLeaks, sobretudo o vídeo que ficou conhecido como “Collateral Murder” [Assassinato Colateral], em que se veem militares americanos num helicóptero assassinando civis desarmados, dos quais dois eram jornalistas da Agência Reuters, e ferindo duas crianças?
Chávez, não vamos nos esquecer, é o líder político que foi à tribuna da Assembleia Geral da ONU e, ali mesmo, declarou que o então presidente dos Estados Unidos, que acabara de precedê-lo, havia deixado, no local, cheiro de enxofre por ser a encarnação do diabo. E que vinha contrariando todos os interesses geopolíticos ianques, sobretudo no Oriente Médio.
Razões para matar Chávez não faltavam aos EUA. Se tivesse a tecnologia para instilar câncer em adversários, matando-os sem poder ser acusado de tê-lo feito, a potência certamente não hesitaria em usá-la.
Bem, se assim é então vou contar um segredinho a você, leitor: a tecnologia para causar câncer já existe, até porque não é tecnologia, mas um efeito físico advindo do contato humano com substâncias chamadas de cancerígenas.
Trocando em miúdos: basta bombardear o alvo por curto período com doses de intensidade controlada de radiação para ter quase certeza de que essa pessoa contrairá câncer. E o que é mais espantoso é que, aqui, não se faz revelação alguma, pois esse fato é conhecido por qualquer um.
Na mesma viagem aos Estados Unidos em que Chávez insultou o ex-presidente George Bush filho, por exemplo, equipamento colocado num quarto de hotel poderia bombardear o alvo por algumas horas com doses controladas de radiação e o efeito fatalmente poderia ser o câncer.
Dizer que uma potência que leva o homem ao espaço e que desenvolveu os drones, que lhe permitem matar populações inteiras à distância, não teria a tecnologia para induzir câncer em alguém, é piada. Tecnologia há. Motivação, no caso de Chávez, havia – e muita. Se isso de fato ocorreu, porém, é outra história.

CHÁVEZ E A FITA MÉTRICA DO CONSERVADORISMO


 O Luto é VermelhoCaracas se veste da cor da revolução e sai em massa às ruas para dizer adeus ao seu líder , mas não aos seus ideais** leia  as análises de Eric Nepomuceno ** Gilberto Maringoni** Antonio Lassance**Eduardo Febbro** Leia também o Especial sobre a Venezuela ** E o depoimento exclusivo do ex-chanceler Celso Amorim sobre Chávez (a Marcel Gomes; nesta pág) **Ortodoxia uiva: inflação recua e BC mantém a Selic onde está: 7,25%

Quando mede o tempo histórico na América Latina, a régua conservadora reporta uma ambiguidade sugestiva.Nas medidas à esquerda, identifica extensões anacrônicas de um tempo morto. Fantasmas  de um mundo que na sua métrica  não cabe mais.Exceto como detrito histórico.Entre os fenômenos jurássicos estariam lideranças, a exemplo da exercida pelo falecido presidente Chávez -- pranteado agora em massa por um povo a quem favoreceu  um primeiro degrau de cidadania e dignidade.Enquadram-se  nas mesmas polegadas  da régua arestosa  Lula, Evo Morales, Correa, Cristina, Mujica e, mais recentemente, Dilma. Sintomaticamente, a régua não adota o mesmo peso e medida quando se trata de dimensionar constrangimentos estruturais, remanescências acumuladas em séculos de domínio conservador na região. Um caso é a fome.O outro, a estrutura fundiária. E a correspondente agenda da reforma agrária, classificada em editorial de 'O Globo', desta semana, como 'lixo da história'. É notável o esforço para  harmonizar o inenarrável. As veias abertas de uma América Latina que, quanto mais moderna aos olhos de sua elite, mais sangra pelo cotidiano de sua gente pobre. (LEIA MAIS AQUI)

O legado de Chávez: