Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Guerra de mentiras

Já se viu no Oriente Médio uma guerra em que impera tamanha hipocrisia? Uma guerra de tamanha covardia, de moral malvada, com tamanha falsa retórica e vergonha pública? Não me refiro às vítimas físicas da tragédia na Síria. Refiro-me às mentiras e à falsidade dos nossos governantes e da nossa opinião pública – tanto no Oriente como no Ocidente –, em ambos os casos dignas de risos: não são senão uma horrível pantomima mais característica de uma sátira de Swift do que de Tolstói ou de Shakespeare. O artigo é de Robert Fisk.

(*) Publicado originalmente em português no IHU Online.

Enquanto Qatar e Arábia Saudita armam e financiam os rebeldes sírios para derrubar a ditadura alauíta-baazista-xiíta de Bashar al-Assad, Washington não faz nenhuma crítica contra essas nações. O presidente Barack Obama e a sua secretária de Estado, Hillary Clinton, dizem que querem democracia para a Síria, mas o Qatar é uma autocracia, e a Arábia Saudita está entre os mais perniciosos califados ditatoriais do mundo árabe. Os governantes de ambos os Estados herdam o poder de suas famílias, assim como fez Bashar, e a Arábia Saudita é uma aliada dos opositores salafistas waabitas da Síria da mesma forma que foi uma fervorosa defensora do Talibã medieval durante as épocas obscurantistas do Afeganistão.

Certamente, 15 dos 19 sequestradores e assassinos em massa do 11 de setembro de 2001 eram sauditas, razão pela qual, é claro, bombardeamos o Afeganistão. Os sauditas reprimem a sua minoria xiita da mesma forma que hoje desejam destruir a minoria alauíta-xiita da Síria. E assim acreditamos que a Arábia Saudita quer democracia para a Síria?

Depois, temos o Hezbollah xiíta, milícia-partido no Líbano, mão direita xiita do Irã e simpatizante do regime de al-Assad. Durante 30 anos, o Hezbollah defendeu os xiitas oprimidos do sul do Líbano contra as agressões de Israel. Apresentaram-se como defensores dos direitos dos palestinos na Cisjordânia e em Gaza, mas agora que enfrentam o lento colapso do seu inescrupuloso aliado na Síria roubaram a sua língua. Nem eles, nem o seu principesco líder, Sayed Hassan Nasrallah, disseram uma palavra sobre as violações e os assassinatos em massa de sírios pelas mãos dos soldados de Bashar e da milícia shabiha.

Também temos os heróis dos Estados Unidos: Clinton, a secretária de Defesa, Leon Panetta e o próprio Obama. Clinton lançou uma enérgica advertência a Assad. Panetta, o mesmo que mentiu várias vezes para as últimas forças norte-americanas no Iraque sobre a velha história sobre o nexo entre Saddam e o 11 de setembro, anuncia que as coisas se precipitam e estão fora de controle na Síria. Essa foi a situação durante ao menos seis meses. Só agora estão se dando conta? Obama disse na semana passada que, dado o arsenal de armas nucleares que o regime tem, continuaremos deixando claro para Assad que o mundo o está observando.

Pois bem, não foi um jornalzinho chamado A Águia Siberiana que, temeroso do que a Rússia poderia fazer na China, declarou que estava observando o czar da Rússia? Agora chegou a vez de Obama enfatizar a ínfima influência que ele tem sobre os conflitos do mundo. Bashar al-Assad deve estar tremendo de terror dentro de suas botas.

Na realidade, será que o governo norte-americano irá querer abrir os arquivos das atrocidades de al-Assad para vê-los em plena luz do dia? Há poucos anos, o governo Bush enviava muçulmanos a Damasco para que os torturadores de Bashar al-Assad arrancassem as unhas para obter informações, e os mantinha presos a pedido de Washington no mesmo buraco inferno que os rebeldes fizeram voar aos pedaços na semana passada. As embaixadas ocidentais, com muito rigor, enviavam a esses torturadores perguntas para serem feitas nos interrogatórios das vítimas. Assad, vocês sabem, era o nosso bebê.

Também há essa nação vizinha que nos deve tanta gratidão: o Iraque. Na semana passada, perpetraram-se, em um dia, 29 ataques com bomba em 19 cidades, com um saldo de 111 civis mortos e 235 feridos. No mesmo dia, o banho de sangue sírio se consumou com mais ou menos o mesmo número de baixas inocentes. Mas o Iraque já está muito abaixo no plano em que se dá prioridade à Síria. Uma democracia jeffersoniana etc., etc. Então, essa matança ocorrida ao leste da Síria teve pouco impacto, certo? Nada do que fizemos em 2003 tem a ver com o atual sofrimento no Iraque, certo?

E depois estamos nós, os amados progressistas que rapidamente lotamos as ruas de Londres para protestar contra os massacres israelenses de palestinos, com muita razão, é claro. Quando os nossos líderes políticos se comprazem em condenar os árabes pelas suas selvagerias, mas são muito tímidos para dizer uma palavra de crítica morna quando o Exército israelense comete crimes contra a humanidade, ou assiste aos seus aliados fazerem o mesmo no Líbano, as pessoas comuns devem lembrar ao mundo que não são tão covardes quanto os seus políticos. Mas quando a contagem de mortes na Síria alcança 15 mil ou 19 mil, talvez 14 vezes o número de fatalidades decorrentes do feroz ataque de Israel em Gaza em 2008 e 2009, com exceção dos sírios expatriados, apenas um único manifestante sai às ruas para condenar esses crimes contra a humanidade.

Todo esse tempo nos esquecemos da grande verdade: que tudo isso é uma tentativa de esmagar a ditadura síria, não pelo nosso amor aos sírios, nem pelo nosso ódio ao nosso outrora amigo al-Assad, nem pela nossa indignação contra a Rússia, cujo lugar no templo dedicado aos hipócritas está claro quando vemos como ela reage frente a todos os pequenos Stalingrados que existem por toda a Síria.

Não, tudo isso tem a ver com o Irã e o nosso desejo de destruir a república islâmica e os seus infernais planos nucleares – se é que existem –, o que não tem nada a ver com os direitos humanos ou com o direito à vida ou à morte dos bebês sírios. Quelle horreur!

(*) Publicada no jornal Página/12, 31-07-2012. Tradução de Moisés Sbardelotto.

O JUGAMENTO DA HISTÓRIA

No verdadeiro julgamento da história, pouco importa o que cada personagem pensa de si; o fator relevante, de fato, é a posição que ocupa no conflito de interesses que desloca a  fronteira do possível na vida de um povo e de uma época. Objetivamente, no Brasil, nos últimos dez anos, essa fronteira se mexeu --não sem contradições, tampouco à margem de tropeços e fortes resistências-- em direção a um horizonte em que a questão social, os grandes interesses coletivos que essa expressão condensa, passou a ser um divisor relevante na equação política nacional. Isso aconteceu à revelia de alguns dos próprios protagonistas que em dado momento estiveram à frente do processo.Vide a condução da política econômica de 2003 a março de 2006. Não importa. O saldo da década --por contraditório e dolorido que seja-- deslocou a relação de forças: o Brasil é hoje o país menos desigual de sua história, ainda que conserve um legado de barbárie em seu metabolismo. Não se trata de uma contabilidade exclamativa; são estatísticas, não apenas as do IBGE; as urnas referendaram esse saldo inconcluso; primeiro, como uma aposta, em 2002; depois como uma repactuação assertiva, em 2006 e 2010. O julgamento que se estende de hoje até a 1ª quinzena de setembro no STF pretende, a rigor, sustentar que esse percurso cuja capilaridade contagiou o relevo, o discernimento, a auto-estima e o imaginário da sociedade, resumiu-se a uma fraude. Um 'mensalão' de R$ 30 mil per capita, pago a deputados da base aliada, teria sido a alavanca  dos enfrentamentos que moveram a história a partir de 2003. O fato de que pretendam reduzir a potência desse período a um truque judicialmente reversível, ademais de evidenciar um certo desespero, diz quase tudo sobre a disposição passada, e os planos futuros, dos interesses que, nos próximos 45 dias, tentarão reduzir o saldo de uma década a uma miragem. (LEIA MAIS AQUI)





JN dá 19 minutos à acusação do mensalão e 8 segundos à defesa

O colunista da Folha de São Paulo Janio de Freitas usou em artigo de sua lavra publicado na Folha de São Paulo na terça-feira (31.07) uma alegoria da qual este blog tem se valido à exaustão. Os leitores desta página identificarão a semelhança de trecho daquele artigo – trecho que reproduzo abaixo – com o que aqui tem sido dito.
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O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal é desnecessário. Entre a insinuação mal disfarçada e a condenação explícita, a massa de reportagens e comentários lançados agora, sobre o mensalão, contém uma evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus saberes (…)”
Jânio de Freitas, O julgamento na imprensa, Folha de São Paulo, 31.07.12
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Os pistoleiros pagos a peso de ouro pela mídia oligopolista para assassinarem reputações de desafetos políticos dos patrões nem poderão dizer que esse jornalista é “mensaleiro”, pois é membro do conselho editorial do jornal Folha de S. Paulo.
Frase de Freitas sobre a imprensa, imortalizada na Wikipedia, resume a razão pela qual essa imprensa está promovendo legítimo linchamento de todos os réus do mensalão indistintamente, de forma que, como bem disse o jornalista, subentende-se que o julgamento será mera formalidade para uma condenação já decidida.
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Os meios de comunicação brasileiros nunca deixaram de ser parte ativa nos esforços de conduzir o eleitorado. Sua origem e sua tradição são de ligações políticas, como agentes de facções ou partidos
Janio de Freitas
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A comprovar a opinião do eminente jornalista de que a imprensa corporativa e oligopolista atua como agente de facções e partidos está o massacre que o principal telejornal da Globo, o Jornal Nacional, está promovendo contra os réus do mensalão desde segunda-feira, quando anunciou e principiou a ocupar imenso espaço com o julgamento que começa nesta quinta-feira.
Nos primeiros dois dias desta semana, o Jornal Nacional vem entrando no ar com extensas matérias sobre o mensalão. Na segunda-feira, rememorou o caso ao longo de 11 minutos e 30 segundos; na terça, a matéria ocupou 7 minutos e 41 segundos. A esses quase vinte minutos de acusações, o telejornal dedicou inacreditáveis 8 segundos – e só na terça-feira – à defesa de um dos réus, José Dirceu, exibindo frase de seu advogado.
À primeira vista, fica difícil afastar a sensação de que essa meia dúzia de grandes órgãos de imprensa conseguirá que o Supremo Tribunal Federal se submeta aos seus ditames e condene, sem mais delongas, todos os 38 réus por todas as acusações que lhes foram assacadas. Todavia, já surgem indícios de que a Justiça pode não compactuar com a farsa.
O indício de que assim será vem do ministro do STF José Antonio Dias Toffoli, que vem sendo questionado pela mídia por ter servido ao governo Lula e advogado para petistas assim como o ministro Gilmar Mendes serviu ao governo Fernando Henrique Cardoso e advogou para tucanos.
O caso de Gilmar é mais sério, pois, há pouco, envolveu-se em polêmica com o ex-presidente Lula ao denunciar tardiamente, após longo período da ocorrência do fato, que se encontrou com ele e que, naquele encontro, teria sofrido pressão para absolver réus do mensalão. Além disso, a atuação de Gilmar ao longo do governo Lula foi marcada por reiteradas acusações a ele.
O indício de que o STF poderá dar nos autos a resposta à pressão injusta, ilegal e antidemocrática que vem sofrendo da mídia para condenar os réus como ela quer se encontra na decisão de Toffoli de participar do julgamento do mensalão à revelia do que pregam esses órgãos de imprensa.
Aliás, vale relatar que a Folha de São Paulo questionou Toffoli e este nem lhe deu resposta. Ainda assim, é pouco. Esse é só um indício, pois outros juízes podem ceder.
O cerceamento do direito de defesa dos réus do mensalão é flagrante. A mídia tenta criar um clima de fato consumado como o que estabeleceu em outros julgamentos que não passaram de mera formalidade, mas que, ao menos, tinham contra os réus daqueles processos não politizados, como por exemplo o casal Nardoni, provas inquestionáveis, o que inexiste contra parte dos acusados pelo mensalão.
Um blogueiro da Globo chegou a escrever que o STF “apressou” o julgamento do mensalão porque o ex-presidente Lula teria criado a CPI do Cachoeira. E asseverou que não se apressa um julgamento para absolver réus. Ou seja, acusou a Corte de ter agido por motivações políticas quando seu dever é o de atuar de maneira estritamente técnica.
Como se não bastasse, a Globo e seus satélites na grande imprensa vêm tratando o ex-presidente Lula em suas reportagens como se fosse um dos indiciados. O Jornal Nacional chegou a fazer uma montagem gráfica em que uma ficha do ex-presidente sai de um arquivo de onde estavam saindo fichas dos réus de fato no inquérito do mensalão.
A mera hipótese de a Suprema Corte de Justiça do país ser encurralada para decidir como querem grupos empresariais de comunicação constitui grave ameaça à democracia. Como aceitar que empresários, por mais poderosos que sejam, possam obrigar um dos três Poderes a tirar a liberdade e a destruir a honra de cidadãos que, até prova em contrário, são inocentes?
De onde virá a resistência a esse ataque inaceitável à democracia? Quem se levantará em defesa do Estado Democrático de Direito?
Sem imprensa para dar a acusados e acusadores as mesmas oportunidades, só restam as ruas aos setores da sociedade que não aceitam que seja levado a cabo o linchamento de todos os réus do mensalão, até porque quem conhece o caso sabe que, entre os 38 acusados, há prováveis culpados, sim, mas também há prováveis inocentes.
Em 2007, nasceu neste blog a ONG Movimento dos Sem Mídia. Esse Movimento foi criado justamente por conta da pressão da mídia contra o STF evidenciada por espionagem do jornal Folha de S. Paulo contra o ministro Ricardo Lewandowsky, que o jornal relatou que disse ao telefone que a Corte que integra aceitou o inquérito do mensalão sob pressão da mídia.
Infelizmente, por ter inscrito em seu Estatuto que não se financiaria com dinheiro público, a ONG não adquiriu musculatura para enfrentar um momento como este. Não temos condição de levar às ruas mais do que algumas centenas de cidadãos.
Todavia, essas pessoas que tantas vezes já acorreram ao chamado deste blog certamente estarão dispostas a integrar esforços que envolvam outros movimentos sociais como, por exemplo, a CUT, que já declarou que irá às ruas contra a manipulação do julgamento do mensalão.
Na opinião deste blog – e de todos os mais de 500 filiados ao Movimento dos Sem Mídia –, não há mais o que esperar. A manipulação já está ocorrendo. A imprensa oligopolista que age a serviço de facções, como diz Janio de Freitas, está promovendo um linchamento, retirando dos acusados pelo mensalão, indistintamente, o direito de defesa.
Custará muito caro ao país e a todos os que anseiam pela continuidade de seu soerguimento do buraco em que foi atirado pela direita demo-tucano-midiática a inação diante dessa barbaridade que está entrando todos os dias em nossas casas através de concessões públicas de televisão aberta.
Mesmo que os agentes de facções políticas citados por Janio de Freitas não atinjam seus objetivos eleitorais, assim como foi em 2006 e em 2010, condenar cidadãos brasileiros só porque meia dúzia de donos de jornais, revistas e televisões querem fará este país retroagir séculos, institucionalmente.
Para concluir, este blog exorta a todos os que entendem a gravidade do momento que vive o país a não se acomodarem e a se engajarem na resistência à mídia. A injustiça que se pretende fazer a alguns é ameaça que está sendo feita a todos, inclusive àqueles que querem conseguir na Justiça o que não conseguiram nas urnas.

Às ruas, brasileiros!

Amaury pega tucanos na Lista de Furnas

Arsenal de documentos comprova a existência de um “mensalão” organizado por Dimas na estatal.


O Conversa Afiada republica matéria do site Hoje em Dia:

Ministério Público denuncia ‘mensalão’ de Furnas



Amaury Ribeiro Jr. – Do Hoje em Dia

A procuradora da República no Rio Andrea Bayão Ferreira denunciou o ex-diretor de Planejamento de Furnas, Dimas Toledo, e um grupo de empresários e políticos acusados de participarem da chamada Listas de Furnas – a caixinha de campanha clandestina que funcionou na empresa estatal durante o governo de FHC. A denúncia reúne um arsenal de documentos da Polícia Federal e da Receita Federal que, além de atestar a veracidade, comprova a existência de um “mensalão” organizado por Dimas na estatal.

De acordo com a procuradora, o mensalão de Furnas provocou o enriquecimento de funcionários públicos, empresários e lobistas, acusados de alimentarem os financiamentos ilegais de campanha políticas dos tucanos e de seus aliados com o dinheiro público. Segundo a denúncia, o esquema era custeado pelos contratos superfaturados assinados pela estatal com duas empresas : a Toshiba do Brasil e a JP Engenharia Ltda. As duas foram contratadas sem licitação pública para realizar obras no Rio . “ O diretor Dimas Toledo reproduziu, em Furnas, o esquema nacional que ficou conhecido como ‘ mensalão’ – um esquema de arrecadação de propina – na ordem de milhões, custeado mediante o superfaturamento de obras e serviços”, diz a procuradora na denúncia.

A lista

A lista de Furnas, assinada pelo próprio Dimas Toledo, traz o nome de políticos que receberam doações clandestinas de campanha da empresa estatal em 2002. Entre os beneficiados estão os ex-governadores de São Paulo e de Minas Gerais, e outros 150 políticos.

Réus confessos

Os próprios executivos da Toshiba do Brasil – uma das empresas que financiavam o esquema – confirmaram a existência de um caixa dois que sustentava mesada de servidores e políticos. O superintendente Administrativo da empresa japonesa, José Csapo Talavera, afirmou, por exemplo, que os contratos de consultoria fictícios das empresas de fachada, até 2004 , eram esquentados por um esquema de “notas frias”.

Escuta quente

As escutas da Polícia Federal desmentem que o lobista Nilton Monteiro teria tentando falsificar a lista. Pelo contrário. “Durante a intercepção das linhas telefônicas usadas por Nilton Monteiro, nada foi captado que indicasse a falsidade da lista, ao revés, em suas conversa telefônicas, inclusive com sua esposa, sustenta que a lista é autêntica”, diz a procuradora.

Jefferson confirmou

Um dos políticos citados na lista, o ex-presidente do PTB e ex-deputado Roberto Jefferson(PTB) também confirmou à PF a veracidade do documento. De acordo com o depoimento anexado à denuncia do MP, Jefferson disse ter recebido, na campanha para deputado federal em 2002, R$ 75 mil da estatal. A grana foi entregue pelo próprio Dimas Toledo a Jefferson num escritório no centro do Rio.

Peritos

Mas a prova cabal de que a lista de Furnas é mesmo verdadeira acabou sendo fornecida por peritos da Polícia Federal. Em depoimento à PF, além de confirmarem a autenticidade da assinatura de Dimas Toledo, os peritos descartaram a possibilidade de montagem.

Chantagem

De acordo com a denúncia, a lista com o nome de políticos que receberam doações clandestinas da estatal teria sido elaborada pelo próprio Dimas Toledo, que pretendia usá-la para manter-se no cargo. O próprio diretor da estatal teria entregue o material ao lobista, que tentou l negociá-la com os adversários políticos do PSDB.

Trânsito

Dimas Toledo confirmou que o lobista tinha trânsito livre na estatal. Dimas disse ter, inclusive, marcado um encontro do lobista com o departamento jurídico da estatal.

Indiciamento

Além de Jefferson, o MPF denunciou Dimas Toledo, mas deixou de fora caciques do PSDB citados, sob o argumento de que eles são alvos específicos de uma investigação da PF e do MPF sobre os beneficiários da caixinha de campanha alimentada pela empresa estatal.

Vara da Fazenda

O destino de Dimas e de outros operadores de Furnas será julgado pela Vara da Fazenda do Rio. Apesar de Furnas ser uma empresa estatal, a Justiça Federal do Rio encaminhou a denuncia do MPF à Justiça Estadual Fluminense

Ministro acusado na Folha de ser “preguiçoso” ri da acusação

Encontrei um Brizola Neto animado no 11º andar do prédio do Ministério do Trabalho na rua Martins Fontes número 109, no centro de São Paulo, por volta das 16 horas da última segunda-feira (30). Não vi maior diferença do signatário do blog Tijolaço com quem conversei pela última vez no encontro de blogueiros de Brasília, em julho de 2011, há cerca de 1 ano.
Fui convocado às pressas para a entrevista que Brizola deu a blogueiros para alegadamente “retomar o contato” com um setor da comunicação de massa que nem a classe política nem a mídia ignoram ao lhe devotarem amor e ódio em proporções similares. Por sorte, estava indo ao centro cortar o cabelo e o barbeiro fica a quatro quadras do local da entrevista.
Brizola falou sobre as dificuldades que encontrou em um Ministério que ficou meses sob administração interina após a saída turbulenta do ex-ministro Carlos Lupi, seu correligionário no PDT. Falou sobre economia, sobre planos e atuações presentes de sua pasta, mas tudo isso você poderá ler na edição da entrevista feita pelo Luiz Carlos Azenha em seu Viomundo.
A propósito, participaram daquela entrevista, além do entrevistado, o próprio Azenha, eu, o Altamiro Borges, o Wagner Nabuco (Caros Amigos), o Igor Felippe (MST), o Paulo Salvador (Rede Brasil Atual) e o ex-co-editor do Tijolaço, Fernando Brito.
Quero reportar, pois, a parte política da entrevista. Brizola não se estendeu sobre ataque que recebeu, no mesmo dia, na Folha de São Paulo, que publicou artigo do historiador ligado ao PSDB Marco Antonio Villa que acusa o ministro do Trabalho de ser “preguiçoso” por “não aparecer para trabalhar”.
Villa pegou a agenda oficial do ministro e, com base nela, concluiu que os seus horários internos de trabalho que ali não estavam inscritos comprovavam que ele se dedica ao ócio. O texto é impressionante porque chega a perguntar se a presidente Dilma Roussef – cujo estilo de administrar todos conhecem – sabe que seu ministro não trabalha.
Sorridente, Brizola explicou que só registra oficialmente a sua agenda externa e que é uma piada achar que justo Dilma, que a mídia sempre retrata como uma administradora inflexível e exigente com os seus auxiliares, aceitaria um ministro que, segundo o articulista da Folha, nos últimos meses quase não apareceu para trabalhar.
Apesar de animado, achei Brizola meio baleado. E apressado, pois tinha que voltar a Brasília no fim da tarde porque a chefe exige resultados, o que, segundo afirma, obriga-o a “jornadas de 14 a 15 horas por dia”, o que me parece uma versão bem mais verossímil do que a de Villa, que praticou uma picuinha idiota, sim, mas que, se ninguém disser nada, pode virar carimbo.
A intenção da Folha, na opinião deste blogueiro “sujo e nazista”, foi exatamente essa: publicou uma imbecilidade tão grande que acredita que o ministro ou a sua pasta nem se darão ao trabalho de contestar, o que deixaria em Brizola o carimbo de “preguiçoso”.
Pergunta: alguém acredita que outras matérias virão em outros jornais batendo na mesma tecla?
Disse ao ministro Brizola – a quem todos os entrevistadores trataram por senhor e antepondo seu posto ao seu nome do começo ao fim do encontro – que estava estranhando a demora para ele começar a apanhar da mídia, isso por ter sido (?) um “blogueiro sujo”. Mas, pensando bem, não demorou, não.
Acredito que o interregno entre a posse do ministro e o ataque de segunda-feira na Folha foi apenas concessão de um tempo “decente” para começarem a atacá-lo. Para não dar na vista, entendem? E vou mais longe: tenho quase certeza de que a mídia não descansará até tirar Brizola do cargo.
A razão disso está na resposta do ministro a cobrança, em tom de brincadeira, que lhe fizeram aqueles que o entrevistaram, de que Dilma ainda não deu entrevista alguma a blogueiros. Com um ar matreiro e novo sorriso nos lábios, Brizola nos lembrou de que a presidente, em vez de dar entrevista a blogueiros, nomeou um deles como ministro.

CPI do Cachoeira deve convocar envolvidos em denúncia de juiz

O juiz federal Alderico Rocha Santos afirmou ao portal G1 que sofreu tentativa de chantagem da mulher do bicheiro Carlos Cachoeira, Andressa Mendonça, para que concedesse habeas corpus ao seu marido. O juiz afirma que ela o teria ameaçado com um dossiê que disse ter sido feito pelo jornalista Policarpo Júnior, da “Veja”, a pedido de Cachoeira.
Em razão da denúncia do juiz, Andressa foi submetida pela Justiça a medidas cautelares que a impedem de se comunicar com o marido e com os outros envolvidos no caso e a obrigam a pagar fiança de cem mil reais em até três dias para não ser presa.
O Jornal Nacional ocultou do público a informação sobre o envolvimento da Veja. Repórter que narrou o caso durante o telejornal mentiu dizendo que Andressa teria ameaçado o juiz de entregar o dossiê à imprensa, pois o que o juiz disse foi que a imprensa é que teria feito o dossiê a pedido de Cachoeira. Essa ocultação da notícia pelo JN é cheia de significação.
O potencial do episódio é tão bombástico que a Globo passou recibo. Ao esconder a notícia, só fez confirmar a sua gravidade. E, mais uma vez, mostrou à opinião pública que esse conclave midiático que integra ao lado de Veja, Folha de São Paulo e Estadão realmente acha que tem o poder e o direito de decidir o que as pessoas devem ou não saber.
A Globo, como se vê, vive no século XX. Ou em alguma outra época em que ainda não existia internet…
Após analisar tudo o que foi possível sobre o episódio, o blog decidiu saber a versão da Veja. E, para tanto, nada melhor do que ler o blogueiro Reinaldo Azevedo. Segundo ele, ou Andressa mente ou o juiz mente ou ambos mentem. Além disso, atribuiu à blogosfera a culpa pela denúncia do juiz (?!!).
Azevedo ainda comunicou que a Veja irá à Justiça. Só não disse se processará a mulher do bicheiro ou o juiz. Ou a blogosfera.
Em seguida, a Ajufe, Associação dos Juízes Federais, emitiu nota de apoio ao juiz Alderico Rocha Santos. A nota serve para mostrar que quem cita a Veja não é um blogueiro “sujo e nazista”, mas um juiz federal. E que a fé pública que se atribui naturalmente às palavras de um magistrado dessa importância certamente exigirá conseqüências.
Para confirmar tal percepção sobre a gravidade do caso, o blogueiro manteve contato com fonte da CPI do Cachoeira que confirmou o que esperava, que assim que a Comissão retomar seus trabalhos será impossível evitar que seja feito pedido de convocação dos três envolvidos: do juiz, da esposa e do jornalista da Veja. Antes tarde do que nunca.