Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

No manchetômetro da Uerj: JN surra Dilma por 82 a 3

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Parcialidade, partidarismo e desequilíbrio editorial; tudo somado, o Jornal Nacional, principal veículo informativo da Rede Globo, exibiu de 1º de janeiro a 9 de agosto deste ano nada menos que 1 hora e 22 minutos de reportagens contrárias ao governo da presidente Dilma Rousseff; matérias consideradas favoráveis somaram, enquanto isso, 3 minutos; um placar, em minutos, de 82 a 3, goleada que faz fichinha da aplicada pela Alemanha sobre o Brasil na Copa; cálculo foi feito por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; presidenciáveis Aécio Neves, com 7min42s de manchetes a favor e 5min35s contra, e Eduardo Campos, com 30min de noticiário considerado "neutro", tiveram outro tratamento; manchetes desfavoráveis ao governo também foram esmagadora maioria na soma dos títulos de primeiras páginas dos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo

247 – Um cálculo feito por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) comprova que o principal noticiário da TV brasileira, o Jornal Nacional, é definitivamente usado pela Globo como um instrumento de oposição ao governo. Pesquisa chamada de 'manchetômetro' pelos membros do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública da Universidade conclui que o JN veiculou disparadamente mais notícias negativas contra a presidente Dilma Rousseff (PT) do que contra seus adversários.

De acordo com os gráficos do manchetômetro, o Jornal Nacional dedicou 1 hora e 22 minutos em 2014 para falar mal da petista, contra apenas três minutos para falar bem. Em contrapartida, o candidato do PSDB, Aécio Neves, teve 7,42 minutos de noticiário positivo esse ano, e 5,35 minutos de notícias negativas. Eduardo Campos, presidenciável pelo PSB, foi alvo de pouco mais de 30 minutos de reportagens

consideradas neutras, de acordo com os pesquisadores.

O Jornal Nacional começa a receber nesta segunda-feira 11, para entrevistas ao vivo com os âncoras William Bonner e Patrícia Poeta, os candidatos à Presidência da República melhor posicionados nas pesquisas. Além de Dilma, Aécio e Campos, será entrevistado o candidato do PSC, Pastor Everaldo, com 3% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope. Aécio inicia a rodada hoje, seguido de Campos, nesta terça-feira 12. Na quarta, é a vez da presidente Dilma, que recebe os jornalistas no Palácio do Planalto. O Pastor Everaldo fecha o ciclo de entrevistas na quinta-feira.

Manchetômetro – mídia impressa

Outra seção do manchetômetro foi divulgada no dia 1º de agosto e pesquisa as manchetes dos principais jornais impressos do País: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo. Nessa mostra, os pesquisadores da Uerj também mostram que o noticiário negativo contra Dilma ultrapassa de longe a quantidade de reportagens negativas contra Aécio e Campos (veja no gráfico abaixo), publicado há 11 dias no blog O Cafezinho, de Miguel do Rosário, onde há mais detalhes da pesquisa.




Em suas contas no Facebook e no Twitter, o grupo de pesquisadores afirma não ter "qualquer filiação partidária ou com grupo econômico". Idealizador da pesquisa, o cientista político João Feres Júnior afirma, em entrevista ao portal Imprensa, que o manchetômetro é uma ferramenta da cidadania, "pois torna o leitor um eleitor mais consciente acerca do que lhe é oferecido como informação".

O estudo utiliza como método a análise de valência, ou seja, a verificação se a reportagem publicada representa uma imagem positiva ou negativa sobre o candidato pesquisado. Não se trata de confirmar a veracidade da informação, mas apenas de registrar a quantidade de matérias positivas ou negativas para a imagem dos respectivos políticos. O site do manchetômetro traz mais detalhes do levantamento, mas a página está fora do ar nesta segunda-feira.

E se o caso Wikipédia for armação contra Dilma?


Blog cidadania 

No mínimo, é passível de grande desconfiança a hipótese de que tenha partido do governo Dilma ou do comando da campanha da presidente à reeleição a decisão de inserir críticas nos perfis que os jornalistas Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg têm na Wikipédia.

Essa insinuação – quase uma afirmação –, porém, está sendo feita por entidades como Associação Brasileira de Imprensa, Associação Nacional de Jornais, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e Federação Nacional dos Jornalistas.

E, claro, pela costumeira horda de colunistas, comentaristas, editorialistas e blogueiros tucanos – assumidos ou dissimulados – que fazem oposição cerrada ao governo federal e ao Partido dos Trabalhadores.

As entidades supracitadas manifestaram “preocupação” com o episódio, colunistas etc. já acusam diretamente o governo e, por tabela, a presidente da República. É inaceitável. Dilma, seu governo e seu partido estão sendo tratados como criminosos, estão sendo condenados sem direito a defesa e sem que a investigação sequer tenha começado.

Alguém acredita que se o alvo da inserção de críticas na enciclopédia eletrônica fosse um petista ou um jornalista simpático ao PT – assim como Leitão e Sardemberg são simpáticos ao PSDB – esse caso seria tratado como está sendo?

No mínimo, se o presidente da República fosse tucano e um jornalista simpático a ele fosse alvo de ataque igual, Globos, Folhas, Vejas e Estadões diriam que aquele governo foi alvo de armação do PT.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a iniciativa de inserir as críticas contra os jornalistas nos perfis deles na Wikipédia é tão estúpida e tão inútil que jamais poderia partir de alguém com um mínimo discernimento.

Como qualquer um pode modificar a Wikipédia, se o autor das alterações fosse alguém com um mínimo de inteligência ele se daria conta de que o que estava fazendo pode ser feito contra qualquer um, inclusive contra os políticos que eventualmente estivessem por trás dessa ação destrambelhada.

Imaginem só uma guerra de adulteração de perfis na Wikipédia. Um faz contra Lula, outro faz contra Fernando Henrique Cardoso e, ao fim e ao cabo, a mesma Wikipédia acabaria deletando tudo, pois as modificações são submetidas a comitês que avaliam sua veracidade.

Em segundo lugar, portanto, se quem promoveu a alteração na enciclopédia eletrônica tivesse o mínimo de conhecimento de como ela funciona saberia que aquela alteração seria rapidamente desfeita.

Em terceiro lugar, está o alcance político-eleitoral da Wikipédia. Ainda que fosse um site muito consultado por eleitores, as críticas inseridas não foram contra políticos. Quantos consultam os perfis de jornalistas – mesmo de renome – naquele site? Por que alguém iria consultar os verbetes sobre Leitão e Sardemberg?

Bastará verificar a quantidade de acessos que os perfis dos dois jornalistas receberam desde maio do ano passado – quando foi feita a adulteração – para constatar que muito pouca gente deve ter visto as críticas a eles.

Só alguém muito estúpido acharia “eficiente” fazer um ataque político como esse. Não falta gente estúpida, por aí. Mas afirmar que essa seria uma estratégia de um partido ou de um governo é uma completa palhaçada, para dizer o mínimo.

Não existe uma lógica em o governo ou o PT promoverem uma fraude contra esses dois jornalistas. Mas essa não é a maior evidência lógica a desmontar as acusações explícitas e veladas contra a própria presidente da República, seu governo e seu partido.

Será que alguém tem coragem de afirmar que um partido como o PT ou o governo do país ou a própria presidente da República seriam tão estúpidos de praticar um ato desses usando o sinal de internet do Palácio do Planalto? Se fossem fazer algo assim, por certo fariam de outro local.

Devido à ilação irresponsável da Globo e de seus bate-paus de acusarem, velada ou explicitamente, a própria Dilma por um ato de absoluta insensatez que mal dá para acreditar que alguém tenha cometido com a intenção que insinuam, o caso se torna suspeito.

Assim como a mídia tucana já está “testando hipóteses” sobre a culpabilidade da presidente ou de seu partido, pode-se testar outras hipóteses…

Este blogueiro mesmo já usou a rede de internet sem fio do Palácio do Planalto. Em novembro de 2010, participei de entrevista que o então presidente Lula concedeu a blogueiros e conectei meu notebook à rede palaciana.

A rede de internet sem fio do Planalto ou de qualquer outra sede do Executivo, seja federal, estadual, municipal ou mesmo do Legislativo ou do Judiciário, pode ser acessada sem problemas por visitantes.

Em 2012, estive no gabinete do ministro do STF Ricardo Lewandowski e usei a rede sem fio da sede do Judiciário em Brasília.

Nas empresas privadas, nos shoppings, nos aeroportos, enfim, em qualquer local, público ou privado, há redes de internet sem fio franqueadas a visitantes. Desse modo, seria fácil a algum adversário político de Dilma, de Lula ou do PT fazer essa modificação na Wikipédia usando a rede do Planalto.

Para que? Para incriminar a presidente, seu governo, seu partido ou a campanha dela à reeleição.

O Palácio do Planalto é um local público. Ainda que tenha entrada controlada, não são apenas aliados que o visitam. É impossível, é injusto, é irresponsável, enfim, é virtualmente criminoso, portanto, acusar diretamente a presidente ou seu governo ou seu partido pelo episódio.

Tudo isso soa a mais um dos costumeiros factoides que a Globo produz em períodos eleitorais contra o candidato petista a presidente. Soa a mais uma “bolinha de papel” da Globo, previsível como o alvorecer em anos eleitorais.

Começou a campanha eleitoral e as notórias armações que Globo e companhia fazem contra o candidato petista a presidente da vez.

Pode, sim, ter sido algum bajulador do PT ou de Dilma que tenha cometido a insensatez de promover alterações nos perfis dos jornalistas, mas a hipótese de que a presidente possa ter sido alvo de uma armação é até melhor do que a de que ela está por trás desse caso.