Jornal 'O Globo', de João Roberto Marinho, esperou o governo estender as desonerações da folha de pagamento a mais 14 setores, incluindo as empresas de comunicação, para, neste domingo, criticar a política de estímulos à economia do ministro Guido Mantega; se é tão ruim assim, por que não recusam?
Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
domingo, 7 de abril de 2013
Mídia teme que novos membros do STF absolvam “mensaleiros”
Na surdina – mas nem tanto –, o Supremo Tribunal Federal vem sofrendo pressões da mídia tida e sabida como de oposição ao governo Dilma Rousseff e adversária política do PT. Tais pressões visam impedir que a troca de membros daquela Corte (que está em pleno curso) resulte em reversão de condenações do “núcleo político” do julgamento do mensalão.
Desde o fim do julgamento da Ação Penal 470, abriram-se duas vagas para novos ministros e uma terceira ainda não foi aberta por razões eminentemente políticas.
Dos 11 ministros que participaram do julgamento do mensalão e condenaram os petistas José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha, dois já deixaram o STF. Cesar Peluso e Carlos Ayres Brito abriram duas vagas, mas apenas uma foi preenchida. Teori Zavascki, ex-ministro do STJ, ocupou a vaga de Peluso, mas a de Britto, aberta em novembro, até agora não foi preenchida.
Além das vagas de Peluso e Britto, em março deveria ter sido aberta mais uma vaga, a do ministro Celso de Mello, quem, em meados de 2012, antes do início do julgamento do mensalão, anunciou sua disposição de se aposentar em março deste ano, o que não aconteceu.
Globo (televisões, rádios, jornais e revistas), Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, a revista Veja, o PSDB, o DEM, o PPS e, acima de todos, o ministro do STF Gilmar Mendes vêm pressionando o STF, plantando “notícias” e fazendo pressão para que o ministro Mello, um dos mais afoitos em condenar petistas, não se aposente até que o julgamento termine de fato, com a apreciação de todos os embargos que podem, em tese, inocentar aqueles condenados.
No fim de 2012, a revista Veja chegou a criar a campanha “Fica, Celso de Mello”. Fontes no STF relatam que o ministro, que anunciara sua aposentadoria em julho do ano passado, vem recebendo “incontáveis apelos” para que postergue sua aposentadoria, pois inimigos do PT acreditam que tanto o já nomeado Zavascki quanto outros novos ministros optarão pela linha legalista e rejeitarão as condenações sem provas feitas por Peluso, Britto e Mello sob pressão da mídia.
No momento, a prioridade da oposição partidária, judiciária e midiática é impedir a nomeação do advogado tributarista Heleno Torres para a vaga de Britto.
Torres conta com a simpatia do ministro Ricardo Lewandowski, um dos poucos que divergiu da maioria que condenou réus do “núcleo político” do mensalão e denunciou a impropriedade da teoria do “domínio do fato” para promover tais condenações – o uso da teoria dispensou provas, baseando-se em “verossimilhança” de culpas.
É voz corrente no STF que não existe o menor sentido em Heleno Torres divulgar antecipadamente que seria escolhido, pois tal divulgação só faria “queimá-lo”. No entanto, o jornal O Estado de São Paulo e a revista Veja, na semana passada, divulgaram que Torres estaria espalhando que já teria sido escolhido.
Neste fim de semana, a revista Época, da Globo, fez uma “denúncia” contra o ministro Lewandowski, de que teria “primeiro prendido e depois mandado soltar” o britânico Michael Misick, quem o Reino Unido acusa de crimes e tenta fazer o Brasil extraditar.
Segundo a revista, Lewandowski teria agido assim porque o britânico contratou o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado pelo PT de São Paulo. A insinuação da matéria da Época é a de que Lewandowski, que diz ser “ligado ao PT”, mudou de ideia sobre Misick quando ele contratou um “advogado petista”.
No último sábado, o jornalista Luis Nassif publicou em seu blog a explicação de Lewandowski. Entre tudo que a assessoria do ministro explicou, o fato principal é o de que o Reino Unido não apresentou a tempo a fundamentação de seu pedido para manter Misick preso.
Nos corredores do STF, até os bebedouros sabem que as variadas pressões da mídia sobre aquela Corte (supra descritas) guardam relação com o preenchimento das duas vagas de ministro – uma aberta e outra por se abrir – com a – ainda possível – aposentadoria de Celso de Mello.
Com a tentativa de levarem o ex-presidente Lula ao banco dos réus, a mídia acredita que o preenchimento por Dilma de uma ou duas vagas de ministros no STF e da vaga de procurador-geral da República (que se abrirá em julho) pode anular seus planos de destruir o PT antes da eleição presidencial do ano que vem.
AÉCIO: "DILMA TOLERA A INFLAÇÃO E CONTROLA LUCRO"
Senador mineiro ancora seu discurso econômico contra Dilma em dois pilares: o crescimento baixo, que ele atribui ao excesso de intervencionismo, e a inflação próxima ao teto da meta, que seria fruto da "leniência" de Dilma em relação ao controle dos preços; ele afirma ainda que, num governo tucano, a economia poderá crescer 4% ou 5% ao ano de forma sustentada, mas seu desafio será explicar por que, nos anos FHC, a inflação quase sempre estourou a meta e o crescimento foi inferior ao da era Lula
7 DE ABRIL DE 2013 ÀS 06:48
247 - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) já tem pronto seu discurso econômico contra a presidente Dilma Rousseff. Ela seria "leniente com a inflação" e seu modelo intervencionista lhe daria a tentação de "até controlar o lucro dos empresários". Por isso, o crescimento teria sido tão baixo nos dois primeiros anos de seu governo. Aécio explicitou suas ideais numa entrevista aos jornalistas Valdo Cruz e Natuza Nery, da Folha. Deixou claro também que um de seus principais conselheiros é Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, durante o governo FHC. Uma de suas dificuldades, no entanto, será explicar por que Armínio estourou a meta de inflação em três dos quatro anos que comandou o BC e por que o crescimento dos anos FHC ficou abaixo da era Lula. Confira alguns trechos:
Modelo errado
Essa política nacional-desenvolvimentista, que acha que o Estado tem de ser o indutor do crescimento econômico, não deu certo. O câmbio flutuante, instrumento importante para suavizar impactos da variação externa de preços, já não existe, é um câmbio quase rígido.
Comércio tímido
O problema da indústria exportadora se dá pelo custo Brasil, da logística inexistente. O Brasil, que já participou com cerca de 2,2% do comércio externo, hoje caiu para 1%. Se continuar assim, teremos 0,7% em dez anos.
Leniência com a inflação
Desde a saída do [Antonio] Palocci, ex-ministro da Fazenda, os pressupostos macroeconômicos vêm se fragilizando. Há uma leniência do governo com a inflação, a presidente Dilma é leniente com a inflação. No governo do PSDB, existia tolerância zero com a inflação. O PT nunca foi muito claro nisso, desde que votou contra o Plano Real. Nos dez anos de governo do PT, apenas em três o centro da meta foi alcançado. No governo Dilma, não será em nenhum dos anos. Isso é gravíssimo. A população que recebe hoje dois salários mínimos e meio já tem inflação de alimentos de 14%. Quando o dragão começa a colocar a cabeça para fora, sabemos que é difícil colocá-lo na caixa de novo.
Alta dos juros
Defendo que o Banco Central tenha total autonomia para fazer o que considerar necessário. Se avaliar que é preciso subir juros para conter a inflação que ele mesmo diz ser preocupante, então tem de subir os juros. O que não pode é haver interferência política, de viés eleitoral.
Impacto no emprego
Ninguém vai tomar medida para aumentar o desemprego. É possível ser intolerante com a inflação sem gerar desemprego, garantindo competitividade ao Brasil, fazendo investimentos corretos.
Controle de lucros
A presidente quer controlar até o lucro dos empresários. Eles têm de acompanhar é a qualidade do serviço e o que isso representa de bem-estar da população. É natural, no capitalismo, goste ou não dele, que o lucro seja compatível ao risco do investimento.
Redução da conta de luz
Nós também defendemos a diminuição das tarifas. Propusemos uma redução até maior, mais 6%, com diminuição do PIS/Cofins nas contas de luz. O governo do PT, com um populismo enorme, fez disso uma moeda eleitoral. Dilma fez uma intervenção no setor e viu que foi equivocada. Hoje, todas as distribuidoras [de energia] estão pedindo financiamentos ao governo e vão receber dinheiro do Tesouro, o dinheiro da dona Maria, que tinha de ir para saúde, educação.
Crescimento num eventual governo Aécio
Eu vou ousar, repetindo o que disse outro dia o ex-presidente do BC Armínio Fraga. No governo do PSDB, com as medidas que deveriam ser tomadas rapidamente, o Brasil pode crescer acima de 4%, 5% de forma sustentada.
MADURO: "LULA É NOSSO PAI"
Em entrevista concedida à jornalista Mônica Bergamo, o presidenciável Nicolás Maduro, da Venezuela, fala sobre a morte de Chávez e a influência que o ex-presidente Lula deverá exercer na América Latina
7 DE ABRIL DE 2013 ÀS 10:14
247 - A jornalista Mônica Bergamo, da Folha, entrevistou Nicolás Maduro, que lidera as pesquisas na Venezuela. A ela, Maduro falou sobre as próximas eleições, a morte de Hugo Chávez e a influência que o ex-presidente Lula exercerá na América Latina. Confira alguns trechos:
Chavismo sem Chávez
O presidente Chávez fundou um movimento revolucionário e de massas na Venezuela. Deu a ele uma ideologia e uma Constituição. Nosso processo revolucionário está constitucionalizado. Ele nos dotou de um corpo de doutrinas e de princípios. Nos deixou um testamento político, o programa da pátria, com objetivos de curto, médio e longo prazos. E promoveu um nível de participação e de protagonismo das amplas maiorias como nunca se viu na história da Venezuela. Estamos preparados para seguir fazendo a revolução. Ele formou um povo. Nos formou para um projeto.
Democracia na Venezuela
Nós aceitamos todas as eleições que perdemos. A Venezuela tem governadores e prefeitos de oposição. Tem deputados, 40% do Parlamento. Se algum dia ganharem, coisa que eu duvido que se passe no século 21, bem, ganhariam e assumiriam a Presidência. E teriam que ver o que fazer com o país. A Venezuela tem um povo consciente e bases sólidas de país independente em vias do socialismo.
Disputa na mídia entre canais públicos e privados
Os canais públicos, em uma revolução como a que estamos vivendo na Venezuela, têm que formar o povo, educar o povo, prepará-lo para essa revolução. Têm que sair defendendo a verdade frente a uma ditadura midiática que promoveu um golpe de Estado [em 2002, as emissoras privadas apoiaram a tentativa frustrada de depor Chávez]. Foi o primeiro golpe de Estado dado por canais de televisão. É preciso buscar uma leitura mais próxima do que se passa na Venezuela. Os canais públicos têm sido o contrapeso necessário e são o sustentáculo para estabilizar a sociedade. Se tivessem desaparecido nos últimos seis anos, haveria uma guerra civil. Os canais privados nos teriam levado a uma guerra de todos contra todos.
Venda da Globovisión, que faz oposição ao chavismo
A Globovisión simplesmente jogou para derrubar o governo e fracassou. E o fracasso político e de comunicação os levou a um fracasso econômico. Estão quebrados, dizem eles. E simplesmente estão separados da sociedade. Sabem que vamos governar este país por muitos anos, a revolução continua. E eu creio que estão cansados já. Se cansaram, se renderam.
Culto à personalidade de Chávez
Não houve em vida e agora o que há é amor. Culto ao amor, ao agradecimento do povo a um líder que já é chamado na América de Cristo Redentor dos Pobres. Um homem que transcendeu as nossas fronteiras.
Exemplo de Lula
Tentou-se por muito tempo [dizer isso]. Em 2007, havia toda essa campanha brutal contra o presidente Chávez. E Lula propôs, para que eles não brigassem... ele dizia assim: [imitando Lula] "'Chávess', vamos fazer uma coisa. Vamos nos reunir a cada três meses para acabar com a intriga". E assim se fez. Foram mais de 14 reuniões a partir daí. Agora, sim, o que posso te dizer: Lula para nós também é um pai. Porque Lula é fundador das correntes de esquerda de novo tipo que surgiram nos anos 80 adiante. Nós nos inspiramos na ética de Lula, na energia dele, em sua liderança trabalhadora.
Política na América Latina
Se há algo a dizer de Lula, Néstor Kirchner, Cristina [Kirchner] e outros líderes é que são, na essência, antineoliberais. Libertaram nossos países do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. E essa direita que trata de se colocar disfarçada de Lula é, em sua essência, privatizadora, dependente da forma neoliberal e do FMI. Não têm nada que ver com o legado nem com o patrimônio político e cultural dos valores que Lula representa.
Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, fruto de parceria entre Petrobras e PDVSA
Não tenho os detalhes atualizados, mas sei que marcha agora melhor. E que vai ter um final feliz.
GLOBO SAI EM DEFESA DO MINISTRO PAULO BERNARDO
Jornal da família Marinho defende o ministro das Comunicações e diz que ele é atacado porque setores do PT estariam dispostos a "censurar conteúdos jornalísticos"; em capa recente da revista Carta Capital, Bernardo foi chamado de ministro do "plim-plim"; Globo defende sua própria "Lei de Meios", com restrições a sites controlados do exterior no jornalismo e no entretenimento (leia-se Terra)
7 DE ABRIL DE 2013 ÀS 08:11
247 - O jornal O Globo, da família Marinho, saiu em defesa do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Em seu principal editorial, a publicação afirmou que o ministro só é atacado porque setores do PT gostariam de censurar conteúdos jornalísticos. Em reportagem recente, Bernardo foi apontado na capa da revista Carta Capital como o "ministro do plim-plim", em referência à Globo. Em artigo no 247, Breno Altman, do Opera Mundi, também criticou o ministro por não seguir uma decisão do Partido dos Trabalhadores em favor da regulamentação dos meios de comunicação (leia mais aqui).
Curiosamente, a Globo também sinalizou que tem interesse numa Lei de Meios. Um de seus focos é impedir que grupos controlados no exterior tenham produção de conteúdo e entretenimento voltado para o Brasil. A principal preocupação da Globo é o portal Terra, ligado à Telefônica, que já atuou em eventos como os Jogos Olímpicos de 2012. Especialmente diante da transformação que atingirá em cheio a televisão, com a convergência entre TV e internet.
Facções do PT abrem guerra contra ministro porque desejam, sob o pretexto de rever as regras do setor de comunicação, censurar conteúdos jornalísticos
Pouco mais de dez anos de poder ainda não conseguiram que conceitos indiscutíveis, lastreados na Constituição, transitassem sem dificuldades por todo o PT — como a maioria dos partidos brasileiros, também uma frente de grupos com divergências políticas e ideológicas. É tão verdade esta fragmentação partidária que o ministro da Comunicação, Paulo Bernardo, militante histórico do PT, tem sido alvo de duras críticas de facções abrigadas na legenda que jamais entenderão de qual “regulação da mídia” o país necessita.
O ministro chega a ser hostilizado, em documentos, de “traidor”. O ponto visível da discórdia é a correta defesa feita por Paulo Bernardo da isenção tributária para provedores de internet banda larga, dentro do programa de ampliação da rede para cidades menores e famílias de renda mais baixa. Não deveria surpreender a constatação de que a carga tributária costuma ser um dos principais itens na formação de preços responsáveis por impedir o acesso a eles por grande parte da população. Nada mais acertado, portanto, como tem sido feito em muitos outros setores, que a desoneração de impostos. Ao criticar o companheiro de partido, por estar supostamente ajudando o “grande capital” — termo de toscas cartilhas de catequização política —, essas facções querem também atingi-lo por não dar andamento a uma proposta de “regulação da mídia” deixada de herança pelo governo Lula.
Mas não só o ministro cumpre ordens da presidente Dilma, como também o conteúdo da proposta é inexequível, por ilegal. Explicou o próprio Paulo Bernardo: “(...) algumas pessoas veem a capa da revista, não gostam e querem que eu faça um marco regulatório. Isso não é possível porque a Constituição não prevê esse tipo de regulação para a mídia escrita”. Um parêntesis: nem para a eletrônica, mas esta é outra discussão.
A “regulação” do desejo dessa militância visa a interferir no conteúdo jornalístico — censura, a palavra certa. Como tem ocorrido na Venezuela, no Equador, nos países ditos bolivarianos, este objetivo é alcançado pela rota dissimulada da desestabilização empresarial dos grupos de comunicação. A Argentina é outro exemplo. Em nome da necessidade de se estimular a concorrência no mercado de imprensa e entretenimento — como se ela já não existisse no país —, força-se a quebra de conglomerados de comunicação, para que eles passem a depender de verbas públicas, o fim de sua independência.
Tudo é uma enorme perda de tempo. Enquanto isso, a regulação de que a mídia necessita fica em segundo plano. E há muita coisa a discutir: a atuação de sites controlados do exterior no jornalismo e entretenimento; a necessidade de produção local; o papel das telefônicas no processo de fusão de mídias, entre outros temas.
É inútil e nada produtivo continuar a investir, não importa em nome de quê, contra princípios constitucionais consolidados.
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FHC CRITICA PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS
Em artigo, ex-presidente condena a concessão de 100 mil bolsas ao exterior a estudantes brasileiros, num programa que é um dos xodós da presidente Dilma: "uma profusão de bolsas, um menoscabo da capacidade universitária já instalada e o envio ao exterior de muitos que nem sequer conhecem bem a língua do país onde vão estudar"; programa é usado como exemplo da profusão de "projetos grandiosos" e "discursos grandiloquentes"
7 DE ABRIL DE 2013 ÀS 07:23
247 - Em seu artigo mensal nos jornais Globo e Estado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso condena "projetos grandiosos" e "discursos grandiloquentes" dos governos petistas e usa como exemplo o "Ciência sem Fronteiras", um dos xodós da presidente Dilma Rousseff, que pretende enviar 100 mil estudantes ao exterior em quatro anos. Leia abaixo:
Apesar de parecer difícil guardar otimismo e manter esperanças diante do quadro atual de crise financeira e desatinos políticos, sempre se há de tentar construir um futuro melhor.
Descartes dizia que o bom senso é a coisa mais bem distribuída entre as pessoas. Em sua época, bom senso equivalia à razão. Na linguagem atual corresponderia a dizer que o coeficiente de inteligência (QI) se distribui entre todas as pessoas seguindo uma curva que se mantém inalterada no tempo, geração após geração. Será? E possível e mesmo provável. Mas bom senso implica também inteligência emocional e prudência ao tomar decisões. Não basta ser inteligente, é preciso ser razoável e prudente para evitar que as paixões se sobreponham à razão. É preciso ter juízo.
Ora, no mundo em que vivemos, pelo menos neste momento, parece grande o risco de ações impulsivas comprometerem o que é razoável. Quando ainda se podia crer que havia uma "lógica econômica" para justificar ações de força - por exemplo, na época do colonial-imperialismo a repulsa ao inaceitável (a subordinação de povos à acumulação de riquezas) vinha seguida da explicação "lógica" do porquê das ações: o objetivo seria acumular riquezas e expandir o capitalismo. Mas, e agora, quando a Coréia do Norte bravateia (e quem sabe o que fará) que pode arrasar o Sul e mesmo atingir a costa oeste dos Estados Unidos, qual é a lógica? E que dizer do dr. Bashar Assad, que fechou sua clínica médica em Londres para substituir o pai no poder e bombardeia seus conterrâneos há dois anos?
Fossem só esses os exemplos... Mas, não. Na pequena Chipre, cujo sistema bancário se tornou abrigo para capitais de procedência discutível, quando não claramente resultantes da corrupção e da evasão fiscal, vê-se um governo que, sem mais essa nem aquela, temeroso da pressão dos controladores financeiros da União Européia (UE), não tem ideia melhor do que expropriar os depositantes - sejam ou não proprietários de capitais de origem discutível. Embora menos flagrantemente absurdo, o mau manejo financeiro e fiscal na UE não está levando os povos ao desespero, tanta a injustiça de fazer com que quem não tem culpa pague pelo desatino de governos e financistas?
Ainda bem que nem tudo é desatino. Barack Obama, ao tomar posse de seu primeiro mandato, disse que os EUA deveriam investir mais em ciência e tecnologia e preparar uma revolução produtiva baseada na energia limpa, juntando conhecimento e inovação com a possibilidade de a economia crescer sem destruir o meio ambiente. Na semana passada renovou a crença e parece que seu país está saindo da crise iniciada em 2008 fazendo o que era necessário: abrindo novas áreas de investimento, alterando a geopolítica da energia e, quem sabe, deixando para trás os tremendos erros que levaram à explosão dos mercados financeiros.com. Será? Torçamos para que desta vez prevaleça não só a razão cartesiana, mas o bom sentido comum e se entenda que mercados sem regulação levam à irracionalidade.
Quanto a nós, brasileiros, parece que tampouco aprendemos muito com equívocos voluntaristas do passado. Somos reincidentes. Juntamos aos impulsos movidos por boa vontade certa grandiosidade que não corresponde à realidade. Ao desejar sair da ameaça de baixo crescimento econômico a todo custo, vão sendo anunciados a cada dia novos planos e programas. Entretanto, só saem do papel morosamente e muitas vezes, nem isso. Por quê?
Talvez porque acreditemos demais em grandes planos salvadores e menos no método, na rotina, na persistência e na inovação para acelerar o caminho. O governo, por exemplo, percebeu que o futuro depende do conhecimento e que existe um quase apagão de gente qualificada para o País encarar o futuro com maior otimismo. Logo, havia que propor a "grande solução": em vez de termos minguados 8.500 bolsistas no exterior, passaríamos logo a 100 mil em quatro anos! Resultado: uma profusão de bolsas, um menoscabo da capacidade universitária já instalada e o envio ao exterior de muitos que nem sequer conhecem bem a língua do país onde vão estudar.
Do mesmo modo, ao se descobrir que havia óleo na camada do pré-sal largamos o etanol, esquecemos que os poços se extinguem, não investimos suficientemente nas áreas fora do pré-sal e desdenhamos o que de novo pode ter havido no mundo, como as inovações na extração do óleo e do gás do xisto, como fizeram os americanos. Claro que ainda há tempo para recuperar o tempo perdido e retomar a esperança. Mas se, em vez de cantar loas ao que ainda não é palpável e dedicar tanto tempo à briga pelos futuros royalties do petróleo, tivéssemos, sem muito bumbo, discutido metodicamente as melhores alternativas energéticas, inclusive as do petróleo, e tivéssemos apoiado mais a pesquisa e a inovação, provavelmente sentiríamos menos angústia por oportunidades perdidas.
O comentário vale para toda a infraestrutura econômica. Ah, se tivéssemos preparado leilões bem feitos para as concorrências nas estradas, nos portos, nos aeroportos, e assim por diante, poderíamos ter evitado o desperdício de parte "da maior safra de grãos da história" pelas péssimas condições de transporte e embarque dos produtos.
Para remediar propõem-se sempre mais projetos grandiosos e tanto o governo como seus arautos se perdem em discursos grandiloquentes Não é isso o que ocorre também com as medidas para enfrentar as ameaças de uma ainda mais alta inflação? Imediatismo e atropelo na concessão de subsídios, isenções e favores substituem a pachorrenta persistência numa linha de conduta coerente que, menos espalhafatosamente, possa levar o País a dias melhores.
Estes, entretanto, são possíveis. O xis da questão é simples de ser formulado, difícil de ser executado: como passar da quantidade para a qualidade, do palavrório para uma gestão prática; como, em vez de animar uma sociedade de espetáculos (nunca na História...), construir uma sociedade decente, na qual a palavra corresponda a fatos, e não a piruetas virtuais. Continuo a crer que é possível. Mas é preciso mudar de guarda. Esperemos 2014.
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