Senador mineiro ancora seu discurso econômico contra Dilma em dois pilares: o crescimento baixo, que ele atribui ao excesso de intervencionismo, e a inflação próxima ao teto da meta, que seria fruto da "leniência" de Dilma em relação ao controle dos preços; ele afirma ainda que, num governo tucano, a economia poderá crescer 4% ou 5% ao ano de forma sustentada, mas seu desafio será explicar por que, nos anos FHC, a inflação quase sempre estourou a meta e o crescimento foi inferior ao da era Lula
7 DE ABRIL DE 2013 ÀS 06:48
247 - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) já tem pronto seu discurso econômico contra a presidente Dilma Rousseff. Ela seria "leniente com a inflação" e seu modelo intervencionista lhe daria a tentação de "até controlar o lucro dos empresários". Por isso, o crescimento teria sido tão baixo nos dois primeiros anos de seu governo. Aécio explicitou suas ideais numa entrevista aos jornalistas Valdo Cruz e Natuza Nery, da Folha. Deixou claro também que um de seus principais conselheiros é Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, durante o governo FHC. Uma de suas dificuldades, no entanto, será explicar por que Armínio estourou a meta de inflação em três dos quatro anos que comandou o BC e por que o crescimento dos anos FHC ficou abaixo da era Lula. Confira alguns trechos:
Modelo errado
Essa política nacional-desenvolvimentista, que acha que o Estado tem de ser o indutor do crescimento econômico, não deu certo. O câmbio flutuante, instrumento importante para suavizar impactos da variação externa de preços, já não existe, é um câmbio quase rígido.
Comércio tímido
O problema da indústria exportadora se dá pelo custo Brasil, da logística inexistente. O Brasil, que já participou com cerca de 2,2% do comércio externo, hoje caiu para 1%. Se continuar assim, teremos 0,7% em dez anos.
Leniência com a inflação
Desde a saída do [Antonio] Palocci, ex-ministro da Fazenda, os pressupostos macroeconômicos vêm se fragilizando. Há uma leniência do governo com a inflação, a presidente Dilma é leniente com a inflação. No governo do PSDB, existia tolerância zero com a inflação. O PT nunca foi muito claro nisso, desde que votou contra o Plano Real. Nos dez anos de governo do PT, apenas em três o centro da meta foi alcançado. No governo Dilma, não será em nenhum dos anos. Isso é gravíssimo. A população que recebe hoje dois salários mínimos e meio já tem inflação de alimentos de 14%. Quando o dragão começa a colocar a cabeça para fora, sabemos que é difícil colocá-lo na caixa de novo.
Alta dos juros
Defendo que o Banco Central tenha total autonomia para fazer o que considerar necessário. Se avaliar que é preciso subir juros para conter a inflação que ele mesmo diz ser preocupante, então tem de subir os juros. O que não pode é haver interferência política, de viés eleitoral.
Impacto no emprego
Ninguém vai tomar medida para aumentar o desemprego. É possível ser intolerante com a inflação sem gerar desemprego, garantindo competitividade ao Brasil, fazendo investimentos corretos.
Controle de lucros
A presidente quer controlar até o lucro dos empresários. Eles têm de acompanhar é a qualidade do serviço e o que isso representa de bem-estar da população. É natural, no capitalismo, goste ou não dele, que o lucro seja compatível ao risco do investimento.
Redução da conta de luz
Nós também defendemos a diminuição das tarifas. Propusemos uma redução até maior, mais 6%, com diminuição do PIS/Cofins nas contas de luz. O governo do PT, com um populismo enorme, fez disso uma moeda eleitoral. Dilma fez uma intervenção no setor e viu que foi equivocada. Hoje, todas as distribuidoras [de energia] estão pedindo financiamentos ao governo e vão receber dinheiro do Tesouro, o dinheiro da dona Maria, que tinha de ir para saúde, educação.
Crescimento num eventual governo Aécio
Eu vou ousar, repetindo o que disse outro dia o ex-presidente do BC Armínio Fraga. No governo do PSDB, com as medidas que deveriam ser tomadas rapidamente, o Brasil pode crescer acima de 4%, 5% de forma sustentada.
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