Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 26 de abril de 2016

Um governo Temer afundaria o PSDB e elegeria Lula em 2018

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Em primeiro lugar, não faz o menor sentido tratar como fato consumado a possibilidade de o Senado afastar a presidente Dilma Rousseff por 180 dias, abrir o processo de impeachment e colocar o vice-presidente Michel Temer na Presidência da República.
Isso pode acontecer? É óbvio que pode. As chances são grandes? São. É certeza que isso acontecerá? Não.
O mais provável é, sim, que os senadores optem por ao menos abrir o processo, o que deixará a presidente Dilma por seis meses olhando para o ar no Palácio da Alvorada. Mas quem acompanha política com olhos de ver sabe que está se consolidando a crença de que mesmo que Temer sobreviva a esses 180 dias do processo contra a antecessora, seu governo pode nem chegar ao fim devido aos seus problemas com a Justiça.
Contudo, neste momento, se não fosse o prejuízo para a democracia que derivaria da materialização do impedimento sem base legal de uma governante eleita legitimamente, em termos de estratégia política seria muito bom que Temer virasse presidente e se mantivesse no cargo até 2018.
Para entender a razão de tal afirmativa basta clicar na imagem abaixo e ler as 19 páginas do documento que o PMDB de Michel Temer divulgou em 29 de outubro do ano passado.
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O PMDB de Temer publicou, seis meses atrás, um “programa de governo” para quando o golpe se consumasse, o que retira qualquer dúvida sobre a conspirata de que participam, a quatro mãos, Michel Temer e Eduardo Cunha desde o início do ano passado, quando a Câmara colocou um gangster para dirigir a Casa.
O que o PMDB – ou a tal “fundação Ulisses Guimarães”, ou seja, Temer e Cunha – chama de “programa de governo” é, na verdade, uma proposta sobre medidas econômicas contra a população mais humilde e a favor do grande capital.
Basicamente, o documento prevê, dissimuladamente, privatizações desbragadas culminando com entrega do Pré Sal, terceirização do trabalho assalariado com geração prática de redução de direitos trabalhistas e fim das políticas públicas que têm permitido distribuição de renda e redução da pobreza. Inclusive com pauperização do salário mínimo.
Trata-se, pois, de um programa feito para tirar de pobre e dar para rico.
A mídia prepara um discurso para sustentar esse massacre dos setores mais baixos da pirâmide social. Obviamente que atribuiria a Dilma e ao PT o empobrecimento da população que iria se acelerar crescentemente sob a batuta de Temer.
Contudo, na visão deste que escreve há sinais de que a população começa a perceber que os problemas que o país enfrenta decorrem menos de erros de gestão de Dilma e (muito) mais de sabotagem da economia pela direita através da Operação Lava Jato, que, como muitos já devem ter percebido, após a vitória do impeachment na Câmara entrou em hibernação.
Pesquisa Vox Populi, encomendada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), revela que Lula chega a liderar a corrida eleitoral de 2018 para presidente da República. O ex-presidente aparece com 31% as intenções de voto, com grande vantagem sobre qualquer adversário.

Cenário 1

Lula – 29%
Marina Silva – 18%
Aécio Neves – 17%
Jair Bolsonaro – 7%
Ciro Gomes – 5%
Ninguém/Branco/Nulo – 16%
NS/NR – 7%

Cenário 2

Lula – 31%
Marina – 23%
Aécio – 20%
Ninguém/Branco/Nulo – 19%
NS/NR – 7%
Entre dezembro do ano passado e abril deste ano, Aécio caiu 11 pontos percentuais (ele tinha 31% em dezembro e 23% em fevereiro), Marina subiu de 19% em fevereiro para os 23% atuais.
A aprovação ao impeachment de Dilma também caiu nas últimas semanas. Pesquisa Datafolha divulgada há cerca de quinze dias aponta que a taxa favorável ao impeachment dela encolheu de 68% para 61%.
Já o percentual daqueles que são contra o fim antecipado do mandato de Dilma subiu de 27% para 33%. O novo levantamento foi realizado entre os dias 7 e 8 de abril. A pesquisa anterior havia sido realizada nos dias 17 e 18 de março.
A pesquisa também mostrou que agora os eleitores também são contrários à possibilidade de Temer assumir a Presidência. 58% das pessoas se dizem favoráveis ao afastamento dele. Além disso, para 60% Temer deveria renunciar à vice-presidência. É o mesmo porcentual atribuído à Dilma Rousseff.
Diante de uma eventual saída de Dilma e Temer, 79% dos eleitores se dizem favoráveis à realização de novas eleições. Apenas 16% dos entrevistados são contrários a um novo pleito.
A proporção daqueles que acreditam que o governo Temer seria igual ao de Dilma Rousseff oscilou de 38% em meados de março para 37% agora. Já aqueles que esperam uma piora em relação ao governo da petista são 26% dos entrevistados contra 22% da última pesquisa.
Esses números não mudam o fato de que a maioria ainda reprova fortemente Dilma, Lula e o PT, mas mostram duas coisas:
1 – Apesar da artilharia contra os petistas e da aprovação do impeachment na Câmara, em vez de a imagem deles piorar ela está melhorando;
2 – Terá vida curta o discurso que pretende empurrar para os petistas a responsabilidade eterna pelo desastre social que sobrevirá da aprovação do programa peemedebista “ponte para o futuro”.
A degradação das condições de vida dos brasileiros será mais pronunciada a partir do hipotético governo Temer por conta não apenas das políticas públicas, mas, também, devido ao fato de que o golpe impedirá o fim da crise política.
Claro que a situação de alta do desemprego iria dificultar, inicialmente, a eclosão de greves, mas o aumento da carestia e a supressão acelerada de direitos trabalhistas trabalharia em sentido diametralmente oposto.
Além disso, como já se sabe o PSDB pretende se associar formalmente a essa aventura golpista, indicando ministros. Quem se associa a tal enormidade haverá de ter dificuldade em abandonar o barco quando ele começar a afundar.
Está sendo preparada uma festança pseudo democrática para comemorar a provável – porém, ainda não inevitável – materialização do golpe. Frases de efeito do governo “de facto” tentariam criar um clima de “agora, sem Dilma, vai”.
Falta combinar com os russos.
A depressão acelerada das condições sociais que virá por aí, se a aventura golpista se consumar, é um fator que tem que ser separado, neste ponto, e colocado na prateleira para uso antes que o texto termine.
O que ocorre é que entre a militância pró governo há um clima de frustração que tem lá suas justificativas, mas que, mais uma vez, vai de encontro ao meu ponto de vista. Anteriormente, julguei que a situação era mais difícil do que parecia, mas, neste momento, julgo que as previsões catastróficas que estão sendo feitas sobre o pós golpe são exageradas e não deverão se materializar por conta daquele fator que coloquei na prateleira para uso posterior.
Preveem que Lula não conseguirá disputar a eleição de 2018 porque, sabendo de sua força política, tratarão de prendê-lo sob alguma desculpa ou de condená-lo sumariamente para que caia na lei da “ficha limpa”, impedindo-o de se candidatar.
O pânico é ainda maior. Muitos acreditam que, tal qual ocorreu após o golpe de 1964, as eleições previstas para daqui a dois anos não se realizarão. E que talvez o país só retorne à democracia em 2022.
Vamos, então, buscar aquele pote de esperança que coloquei na prateleira. Abrindo-o, encontramos um remédio eficaz para tentações autoritárias: trata-se de uma substância democrática conhecida como POVO.
Enquanto a ditadura implantada em 1964 conseguiu manter o povo esperançoso com o “milagre econômico”, foi fácil fazer esse povo se conformar com a falta de eleições, com a falta de democracia. Mas não há regime que segure o povo quando este se revolta.
As manobras da ditadura no Legislativo conseguiram impedir a volta da democracia por algum tempo quando o povo passou a exigi-la (Diretas Já), mas foi por muito pouco tempo. E isso ocorreu em um regime autoritário assumido, em uma ditadura violenta que prendia e matava quem quisesse sem julgamento, sem juiz, sem júri.
Não chegamos a tanto. O Brasil não poderá abrir mão da democracia nesse nível. O regime afundaria sob pressão interna e externa. Não há mais espaço para abolir eleições.
Podem prender ou impedir Lula? Talvez. Se o Judiciário chegar a esse ponto, porém, com o povo querendo Lula, podem ter certeza de que ele elegerá em seu lugar quem quiser. De novo. Bastará que a maioria se convença lá adiante de que tudo que está acontecendo hoje foi um golpe, foi sabotagem para tirar do poder um governo popular e colocar um governo para ricos.
Não se desespere, não desacredite da democracia, não perca fé na verdade. Há mais de uma década que escrevo regularmente nesta página que a verdade é uma força da natureza como o vento ou a chuva. Tentar contê-la é como tentar reter água entre mãos em concha. A verdade escapa por entre os dedos de quem tenta contê-la.

Por que foge o casal que insultou José de Abreu e levou cuspida?

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É uma daquelas situações incompreensíveis a forma como algumas pessoas estão tratando o episódio envolvendo o ator global José de Abreu e um (aparentemente) jovem casal na semana passada.
O caso é extremamente simples. Qualquer pessoa com olhos e ouvidos em funcionamento é capaz de entender exatamente o que ocorreu entre as pessoas supracitadas. Porém, entre o fato e a versão há sempre uma zona nebulosa que permite aos espertalhões distorcerem a verdade.
Para entender o que aconteceu não é muito difícil. Basta rever o episódio, gravado em vídeo e reproduzido à exaustão na internet. Porém, o vídeo que você verá a seguir é diferente dos outros. Teve áudio e definição aumentados.

Está tudo muito claro. Um casal (José de Abreu e sua mulher, Priscila Petit) está jantando calmamente em um restaurante. A parte masculina do casal é um ator consagrado. Não exerce cargo público, vive de seu trabalho como ator na maior emissora de televisão do país.
Abreu é simpatizante do Partido dos Trabalhadores e não esconde a sua opinião política de ninguém.  Apaixonado por política, trava debates homéricos na internet. Mas não tem qualquer relação formal com administrações petistas.
Outro personagem dessa história é a lei Rouanet. Trata-se de uma lei federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991), sancionada pelo então Presidente Fernando Collor de Mello.
A lei Rouanet, portanto, tem um quarto de século de existência. Não foi criada pelos governos do PT e permite que empresas abatam do imposto de renda valores (até um limite) que investirem em produções culturais.
Ao contrário do que pensam os fascistas que acusam e agridem qualquer um que divirja deles politicamente, a lei Rouanet não dá dinheiro público para ninguém e quem recebe seus recursos não é um ator, mas o produtor de um filme ou peça de teatro.
Muito bem. Abreu jantava com a esposa quando começou a ser insultado por um casal na mesa contígua à sua em um restaurante de São Paulo. Foi chamado de “safado”, de “ladrão da lei Rouanet” e sua esposa foi chamada de “vagabunda” pelos agressores.
O que motivou a agressão desse casal foi a opinião política do ator. Ou seja: o casal agressor viu o homem jantando com a esposa e se julgou no direito de insultá-lo dessa maneira, fazendo acusações desse calibre, provavelmente sem nem saber o que é a lei Rouanet.
A reação previsível de um homem que é tratado dessa forma e vê esposa, mãe, filha ou irmã sendo tratada de forma ainda pior dificilmente seria a de não dar bola ou contemporizar. Parcela expressiva de pessoas do sexo masculino, aliás, teria reação violenta.
Abreu, tomado pela indignação, cuspiu no agressor.
Eis que surge um movimento dos grupos antipetistas que atuam na internet querendo anular, fazer sumir a causa de Abreu ter cuspido no casal que o agrediu e à sua esposa.
Uma jornalista petefóbica espertinha que escreve no portal IG decidiu perguntar a advogados  se cuspida é crime. Submeteu a eles a pergunta sem expor a situação completa. Apenas perguntou se cuspir em alguém é crime.
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Os advogados em questão opinaram que cuspir em alguém é crime. Porém, não levaram em conta que a cuspida hipotética que lhes foi apresentada não é a que ocorreu com Abreu.
O ator não saiu pelo restaurante buscando alguém em quem cuspir gratuitamente nem cuspiu apenas por uma divergência de opinião. Cuspiu por ter sido chamado de “safado” e “ladrão” e por sua mulher ter sido chamada de “vagabunda”.
Mas como os fascistas querem colocar a situação nesses termos – de que José de Abreu cuspiu no casal só por uma mera divergência de opinião -, tomemos em conta – vá lá – essa mentira hedionda.
Então, se Abreu cometeu um crime, uma violência inominável contra esse pobre casal, se está tão claro assim que essa cuspida constitui crime, onde é, diabo, que estão os agredidos? Por que não estão dando entrevistas à imprensa, relatando a “agressão” que sofreram, dando a própria versão dos fatos?
Alguém acredita que lhes faltaria espaço? Alguém acha que a mídia tucana não teria o maior prazer em dar todo espaço do mundo aos agressores de Abreu a fim de pintar o ator “petista” como um agressor sujo que cospe em quem discorda dele?
Alguns dirão que os fatos verdadeiros explicam por que esse casal simplesmente sumiu da face da Terra. Afinal, esse homem e essa mulher agrediram Abreu e sua esposa e a cuspida que os agressores levaram do ator constitui o que a lei chama de “retorsão imediata à injúria”.
Explico: muitos juristas divergem dos dois advogados que disseram à jornalista antipetista supracitada que consideram que o simples ato de cuspir crime. Há corrente jurídica que acha que cuspir em alguém não constitui crime de agressão física, mas injúria, um dos crimes contra a honra previsto no artigo 140 do Código Penal.
Ocorre que Abreu também foi vítima de crimes contra a honra. Além de injúria, foi vítima de calúnia e difamação objetivas contra a sua honra – há calúnias e difamações subjetivas, que se fazem por meio de insinuações e também são puníveis (alô, trolls do Blog).
Segundo o jurista Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP, o que houve foi o que a lei chama de retorsão imediata à injúria. Serrano também opina que cusparada não é crime de agressão física porque não causa lesão ao alvo. Cusparada é uma agressão moral, uma injúria.
pedro serrano
Trocando em miúdos: Abreu e sua esposa foram agredidos verbalmente, caluniados e difamados. Se forem processar os agressores ou se por eles forem processados, o juiz provavelmente irá determinar que cada um fique com o seu prejuízo porque um agrediu e o outro retorquiu.
Ainda assim, os agressores de José de Abreu poderiam bater na tecla de que foram vítimas de violência física por parte dele – tentariam equiparar a cusparada a um soco no nariz, por exemplo. Do jeito que a Justiça anda antipetista, vai que cola…
Mas nada, o casalzinho fascista não dá as caras.
Houve quem identificasse a parte feminina desse casal. Segundo o famoso antipetista Roger Rocha Moreira, vocalista do grupo musical Ultraje a Rigor, a mulher do casal que agrediu Abreu é uma ex-modelo (?) chamada Anna Claudia del Mar.
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No sábado, o Blog chegou a acessar a página dela no Facebook. Porém, nesta segunda-feira o perfil da “ex-modelo” naquela rede social foi apagado. Em uma busca na internet, descobre-se que ela tem um perfil na rede social Linkedin. Ou melhor, tinha. Porque também foi apagado.
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Fonte do Blog que atua em um grande jornal paulista explica a perda de ímpeto militante desse casal fascista após o ímpeto agressor inicial. O tal “advogado” que agrediu José de Abreu estava no meio de uma traição à esposa, que não pode saber que que ele jantava com outra mulher no dia em que ambos decidiram dar vazão ao próprio fascismo.
Não é hilariante?
*
PS: o ator pornô Alexandre Frota ameaçou de violência o ator José de Abreu através de vídeo postado na internet e ainda o injuriou pesadamente. Fez isso por Abreu ter se defendido de uma agressão. Abreu pode não apenas processar frota pelo vídeo como, também – e principalmente – registrar uma notícia-crime por ameaça de violência física. Confira a ameaça no vídeo abaixo.