Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Ignorado por Veja, Privataria é 1º em Veja

Ignorado por Veja, Privataria é 1º em Veja


"A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., chega ao topo dos Mais Vendidos da revista semanal; no entanto, nenhuma linha sequer é dedicada ao conteúdo do livro que vasculha subterrâneos das privatizações na era FHC


Diego Iraheta _247 - O sucesso da privataria está lá para quem quiser ler. Confirmado na página 113 da edição deste fim de semana de Veja. Chegou ao topo da lista mais desejada pelos escritores brasileiros. É o primeiro lugar entre os mais vendidos. A despeito de publicar que a privataria é hoje o número 1 do mercado editorial, a revista continua em silêncio sobre o conteúdo do livro de Amaury Ribeiro Jr.
Campeã da categoria Não Ficção, a obra do jornalista indiciado pela Polícia Federal vasculha os subterrâneos da era das privatizações, durante a gestão FHC, e denuncia o enriquecimento de familiares de José Serra. As denúncias são fartamente documentadas pelo repórter investigativo com prêmio Esso (maior do jornalismo). Mesmo abrindo espaço para reconhecer o fenômeno editorial de Amaury, Veja não dá uma linha sequer sobre as acusações publicadas por ele em “A Privataria Tucana”.
Boa parte da imprensa off-line já se manifestou sobre a privataria. Também, pudera, um livro com 120 mil cópias em menos de um mês só pode ser notícia. O público vai atrás, os blogueiros sujos devoram, os curiosos apartidários leem, os tucanos que não devem nem temem, também. Veja, porém, insiste na indiscreta discrição de ficar caladinha. Uma postura completamente impensável se o esquemão com propininha aqui e gravação acolá fosse no governo Lula, Dilma, PT …
Pois a privataria não rendeu nem uma pequena resenha na maior revista de circulação nacional. É o paradoxo do que é notícia, segundo parâmetros da Veja.
É o que vende? É o que interessa ao público? É o número 1 dos mais vendidos de Veja?
Ou nenhuma das anteriores, Veja?

CAOSAQUÁTICO - INSPIRAÇÃO JN NO AR MAÇÃO

Fidel: um robô para a Casa Branca

De volta a seus textos, a reflexão de Fidel Castro publicada hoje:

O melhor presidente para os Estados Unidos

A agência de notícias européia divulgou ontem de Sydney, na Austrália, que “um grupo de pesquisadores australianos da Universidade de New South Wales anunciou a criação de um filamento 10 mil vezes mais fino que um fio de cabelo,  capaz de condução eletricidade mais eficiência que fio de cobre tradicionais. “
“… Bent Weber, chefe do projeto na universidade da Austrália, em um artigo publicado na revista Science, disse que ” poder fazer as conexões de cabo no nível microscópico será essencial para o desenvolvimento de futuros circuitos eletrônicos. “
“O cabo físico foi criado pelo australiano e cadeias dos EUA de átomos de fósforo dentro de um cristal de silício. O nanofio tem apenas quatro átomos de largura por um de altura.”
“A descoberta é essencial na corrida internacional para desenvolver o primeiro computador quântico , máquinas  capazes de processar enormes quantidades de dados em segundos: uma série de cálculos que levam anos ou mesmo décadas, os computadores de hoje.
“Em um cabo de cobre tradicionais, a eletricidade é gerada quando os elétrons fluem ao longo de condutor de cobre, mas comoquando  o cabo  condutor torna-se menor, a resistência ao fluxo elétrico se torna maior.
“Para superar este problema, Weber e sua equipe usaram microscópios especialmente projetado com precisão atômica, permitindo-lhes colocar os átomos de fósforo em cristais de silício.
“Isso permitiu que o ato como nanofios de cobre, com os elétrons que flui com facilidade e sem problemas de resistência. “Estamos mostrando essa técnica torna  possível  minimizar os componentes à escala de alguns átomos”, disse Weber. “
“Se formos usar átomos como bits, precisamos de fios com a mesma escala de átomos”, observou a física Michelle Simmons, supervisor de trabalho.
Com estes avanços tecnológicos iinevitáveis que devem servir para o bem-estar da humanidade, lembre-se do que apenas quatro dias atrás  escrevi sobre o aquecimento global e da exploração acelerada do perigoso gás de xisto, em um mundo que em 200 anos consome as  energia fósseis acumuladas por mais de quatro bilhões de anos.
Agora imagine um Obama,bem articulado nas palavras,  na sua busca desesperada pela  reeleição, para quem o sonho de Luther Kingestão muito mais distantes  do que o mais próximo planeta habitável está da Terra.
Pior, qualquer dos congressistas  presidenciáveisrepublicanos, ou um líder  do Tea Party, carrega mais armas nucleares  em suas costasdo que idéias de paz em sua cabeça.
Imaginem por um minuto os leitores que a computação quântica possa multiplicar infinitamente a coleta e o processamento de dados que fazem, hoje, os computadores modernos.
Isso não torna  óbvio que o pior de tudo é que não esteja lá na Casa Branca um robô capaz de governar os Estados Unidos com capacidade de evitar uma guerra que acabe com a vida de nossa espécie?
Tenho certeza que 90 por cento dos eleitores americanos inscritos, especialmente os hispânicos, os negros, e a crescente de classe média empobrecida votariam neste robô.

Dilma avisa ao PiG: Bezerra fica

A Presidenta  Dilma mandou convocar uma entrevista no Palácio do Planalto com a presença dos ministros ligados à questão do “caosaquático”: Gleisi Hoffman, da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Ciência, Alexandre Padilha, da Saúde, e Fernando Bezerra Coelho, da Integração, que a Globo resolveu demitir.

Bezerra anunciou medidas acertadas com a Presidenta, o que inclui a aplicação de R$ 400 milhões em obras de emergência.

Mercadante tratou de radares e pluviômetros.

Tudo muito importante, mas secundário.

O objetivo da reunião foi fortalecer Bezerra.

Mostrar que ele faz parte de um Governo mobilizado para enfrentar o problema.

Que a Globo e o PiG batam em outra freguesia.

O Fernando fica.

O poder de governar o Governo está provisoriamente suspenso.

Em tempo extraído do G1: A presidente da República, Dilma Rousseff, determinou nesta segunda-feira (9) a criação de uma Força Nacional de Apoio Técnico de Emergência, grupo interministerial que atuará na prevenção de desastres naturais e reconstrução de municípios atingidos.

O anúncio foi feito nesta segunda pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, após reunião com a presidente e mais outros sete ministros ligados à área de infraestrutura e atendimento à população.


Paulo Henrique Amorim

CHUTANDO A HISTÓRIA

* "a virulência da crise inaugural do século derrubou o mito de que a política econômica poderia se resumir à busca de estabilidade monetária e de um bom ambiente de negócios e recolocou a política industrial no centro das iniciativas governamentais em quase todos os países" (David Kupfer;Valor)** corrosão industrial: em 1979 a indústria americana empregava 19,6 milhões de pessoas **após 30 anos de desmonte neoliberal  e transferência de plantas fabris para a China, setor emprega 11,8 milhões: queda de 40%** China  impõe tarifas protecionistas às importações de carros dos EUA
Ninguém sabe ao certo o que vai predominar em 2012: se a lenta recuperação norte-americana ou o mergulho sem fim do sistema econômico europeu. O certo é que a busca por chão firme fará do comércio internacional um espaço de disputa impiedoso. O mercado interno brasileiro é um dos mais cobiçados; o país que sobreviveu bem à primeira etapa da crise precisa se preparar para não morrer na praia. Sua indústria acumula um déficit comercial da ordem de U$S 80 bi nos últimos dois anos. E há quem se oponha a uma política ativa de fomento ao setor. Protecionismo, subsídios, câmbio e juros administrados foram utilizados largamente pela Inglaterra até erguer seu poderio no século XIX; as mesmas armas prestaram serviços equivalentes aos EUA, Japão, China e Coréia do Sul, cujos governos protestam na OMC quando os emergentes disparam igual arsenal. Ou, como diria o economista Ha-Joon Chang, 'chutam a escada' em que subiram. Faz parte. O pior são aliados internos que não hesitam em chutar a história para defender um laissez-faire que nunca teve o protagonismo que lhe atribuem na riqueza das nações. (LEIA MAIS AQUI)

Diáspora na Cracolândia é filha da especulação imobiliária

Quem não vive na capital paulista e vê as notícias sobre a revoada de almas esquecidas que ainda resistem nos bairros de Campos Elíseos e Luz, onde a Caixa de Pandora da Cracolândia paulistana vem sendo aberta após décadas de descaso, talvez não entenda por que os governos do Estado e da cidade de São Paulo adotaram medida tão impressionantemente desastrada.
A ação que espalhou pela maior cidade sul-americana uma legião de verdadeiros mortos-vivos vai formando mini guetos na porta de cada um dos que acharam que poderiam deixar aquele desastre social crescer sem jamais serem afetados.
A diáspora de viciados que as forças policiais sob comando do governador e do prefeito de São Paulo provocaram gerou o que a imprensa vem chamando de “procissão do crack”. Como a operação se limitou a espantar aquelas pessoas da Cracolândia, a PM está tendo que escoltar pelas ruas da cidade grupos de até cem pessoas cada.
As regiões que estão recebendo aqueles que vão sendo tratados como dejetos humanos, reclamam. Segundo o jornal Estado de São Paulo, moradora da outra cidade, do outro país, do outro mundo contíguo ao gueto da loucura reclamou de que “Antes, eles ficavam escondidos. Agora, ninguém tem sossego” E pediu que as autoridades encontrem “algum lugar para levá-los”.
Eis o que acontece com São Paulo. Essa é a mentalidade de uma parcela enorme da sociedade paulista. Os favorecidos pela sorte querem simplesmente ignorar os dramas sociais que uma governança voltada exclusivamente para os mais ricos gerou.
Agora, essa parcela majoritária dos paulistas que mantém há quase vinte anos no controle do Estado e da capital políticos como José Serra, Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab vão percebendo que se deixam seus concidadãos se transformarem nos seres apavorantes que as imagens da Cracolândia mostram, poderão ter que recebê-los a domicílio em algum momento.
Os setores da sociedade paulistana que apoiaram que as autoridades locais deixassem o inferno florescer naquela parte da cidade já estão se perguntando sobre o propósito de uma ação policial que invade um gueto como a Cracolândia somente para espantar dali pessoas com graves problemas mentais que tendem a cometer roubos e até atos de violência sem pensar duas vezes.
Aqueles que trataram a política paulista e paulistana como disputa de futebol entre palmeirenses e corintianos, ao começarem a sentir o que a irresponsabilidade social pode gerar talvez tenham interesse em entender por que os governos estadual e municipal parecem apenas querer tirar daquela região aqueles que ameaçam a si e a todos.
Se quem nunca quis entender agora quiser, eu conto: é a especulação imobiliária, estúpido. O Bairro da Nova Luz é a nova negociata que esse grupo político que seqüestrou São Paulo está preparando.
No vídeo abaixo, você conhecerá a luta de Paula Ribas (jornalista e fundadora da Associação Amo a Luz), Simone Gatti (arquiteta e urbanista) e Raquel Rolnik (urbanista, professora e relatora especial da ONU para o direito à moradia) e entenderá por que as autoridades paulista e paulistana expulsaram da Cracolândia aquelas almas esquecidas.

Antonio Lassance: A “etiqueta” de Lula vem aí

07 Janeiro 2012
Lula e sua etiqueta
por Antonio Lassance, em seu blog
Lula anunciou que sua primeira viagem, depois do tratamento contra o câncer, será ao Rio de Janeiro.
Quer visitar a Rocinha e o Morro do Alemão.
A fonte da informação é o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e foi divulgada pelo jornalista Ancelmo Gois (O Globo, 6/1/2012).
Se isso vier mesmo a ocorrer, irá simbolizar duas coisas: que o ex-presidente está de volta à ativa, firme e forte, e que começou a entrar de cabeça na campanha municipal de 2012.
Desnecessário lembrar que o Rio de Janeiro é uma capital importante e vitrine de várias realizações do Governo Federal na Era Lula, como as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento de Saúde) e as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que mudaram a paisagem de vários dos morros.
Outra consequência da presença de Lula no cenário das eleições municipais de 2012 será, muito provavelmente, o reaparecimento daquela discussão incongruente sobre “transferência de voto”. Incongruente porque, primeiro, ninguém transfere seu voto pra ninguém. A não ser em caso de fraude, quando o voto de um candidato é tranferido para outro, mas não é disso que se trata. Deixando de lado a fraude, não se poderia falar em transferência nem mesmo na Primeira República, no auge do sistema coronelista, quando o voto era baseado em uma política de compromisso, conforme nos ensina o clássico de Victor Nunes Leal, “Coronelismo, enxada e voto”.
De outra parte, os que rechaçam (corretamente) a tal “transferência” costumam cair no extremo inverso, negando o poder de convencimento e a utilização do prestígio político como tática para tornar um candidato mais conhecido e aceitável. Negam o que de fato existe e que é muito comum. Trata-se de uma espécie de compartilhamento de atributos entre um político muito conhecido e bem visto e alguém ainda pouco conhecido.
A ideia se casa melhor com a noção que alguns renomados cientistas políticos no passado utilizavam: a ideia de “etiqueta”. O raciocínio já foi muito usado com relação aos partidos. Quando os partidos são fortes e bem definidos, se transformam em uma espécie de etiqueta. A analogia tem sido menos usada justamente pela suposição de que há um enfraquecimento dos partidos como referencial básico de distinção política.
Sejam os partidos fortes ou não, com ou sem identidades bem conformadas, o fato é que o eleitor ainda procura por etiquetas. Quando o eleitor não conhece um candidato plenamente, o que ele faz? Olha em suas costas e verifica sua procedência. Que roupa ele veste? Que marcas ele carrega? Tais “marcas” ajudam a realizar escolhas mais sintonizadas com a preferência do eleitor.
Um candidato que trouxer o nome de Lula em suas costas terá certa etiqueta associada a seu nome. Quando Lula estiver ao seu lado, em campanha, ele estará emprestando seus atributos à figura desse ou daquele candidato. Principalmente os candidatos novatos, por serem desconhecidos ou mal conhecidos do eleitor em geral,  precisarão muito disso, e Lula poderá ser seu principal “out-door”.
Daí não se pode inferir que basta ter uma marca forte (como a marca Lula) para um candidato ser eleito. Inversamente, também não se pode esquecer que, principalmente em disputas acirradas, decididas muitas vezes com margem estreita de votos, um apoio desses pode fazer toda a diferença.
Ou seja, ao se evitar a ideia de transferência de votos, não se pode cair em outro erro, por exemplo, o de negligenciar o peso que Lula terá nas eleições para prefeito neste ano de 2012. Alguns analistas cometeram esse erro, em 2010, quando apostaram que o então presidente não conseguiria alavancar a candidatura Dilma. Perderam a aposta. Têm agora a chande de pensar duas vezes no assunto antes de proferirem seus prognósticos.
*Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e cientista político. As opiniões expressas neste artigo não refletem opiniões do Instituto.
Leia também:

Enchente: Estadão culpa o Nordeste. Eduardo Campos é “coronel”

Depois do “caosaquático”da Globo – a tentativa de derrubar a Dilma com a chuva do verão, assim como tentou derrubar o Lula com o “caosaéreo” – , a questão política da enchente começa a se desenhar com tinhas mais fortes.

Quem faz isso com solar clareza é o Estadão, porta-voz (decadente) do old money  paulista (aquela elite que, na História, sempre foi separatista).

Diz o Estadão, na página A8:

“(Ministério da) Integração vira ‘Ministério do Nordeste’ ”


“Pasta criada sob inspiração da ditadura militar (que o Estadão ajudou a construir e preservar – PHA) teve onze ministros, sendo 10 nordestinos, que privilegiaram região na condução dos projetos”.

O Estadão poderia também dizer que os paulistas – ou seus instrumentos – dominaram por muito tempo o Ministério da Fazenda e “privilegiaram a região na condução de projetos “.

E não foi à tôa que o Dr Tancredo se recusou a dar o Ministério da Fazenda a Olavo Setúbal.

Preferiu encaminhá-lo ao Itamaraty, uma espécie de trono dourado e irrelevante (àquela altura), que Itamar Franco dedicou a Fernando Henrique e Sarney a Abreu Sodré.

A “reportagem” do Estadão tem um sub-texto que a elite paulista entendeu perfeitamente, ao abrir o jornal e se dirigir à varanda para contemplar os cafezais: esse ministério é para nordestino roubar.

É por isso que chove.

Que tem enchente.

E que a Dilma deve cair.

Aí, no pé da “reportagem” tem um aditivo.

É o perfil de um coronel que ultrapassa “o limite de institucionalidade”.

Ou seja, dá a entender que o coronel é Golpista, rasga Constituições – talvez assim como, em 1964, os Mesquita do Estadão ajudaram a rasgar.

O coronel tem futuro promissor, admite o Estadão.

Mas, “resta saber se a imagem de novidade na política não será afetada com a exposição de práticas atrasadas.”

O Estadão e seus notáveis repórteres-editorialistas não estão a traçar o perfil do Alckmin ou Padim Pade Cerra, que coronelizam o Estado de São Paulo há dezoito anos com o que há de mais inovador e progressista em administração.

Por exemplo, tratar os craqueiros de São Paulo como Hitler tratava os ciganos, homossexuais e aleijados.

Não, o Estadão tentou traçar o perfil de Eduardo Campos, governador que fez uma revolução em Pernambuco a partir de Suape, com a ajuda de seu Secretário Fernando Bezerra Coelho.

Bezerra Coelho se transformou num alvo da Globo e do PiG (*) – por agora.

E Eduardo Campos ?

Bem, esse a Globo espera por ele, para tentar abatê-lo, em breve.

E Estadão e a Globo refletem a inquietação de quem vê a banda passar pela janela.

O movimento irreversível da desconcentração economica – e política – para fora do Sudeste.

E, em boa parte, em direção ao Nordeste.

Isso faz parte do plano estratégico (secreto) do Nunca Dantes.

E a Globo, o PiG, o old e o new money de São Paulo não podem engolir isso a seco.

Esse Nunca Dantes …


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

O que move o partido-imprensa

Merval Pereira, Miriam Leitão, Sardenberg, Eliane Catanhede, Dora Kramer e outros mais necessitam ser analisados pelo que são: intelectuais orgânicos do totalitarismo financeiro. O conteúdo de suas colunas representa a tradução ideológica dos interesses do capital financeiro.
A leitura diária dos jornais pode ser um interessante exercício de sociologia política se tomarmos os conteúdos dos editoriais e das principais colunas pelo que de fato são: a tradução ideológica dos interesses do capital financeiro, a partitura das prioridades do mercado. O que lemos é a propagação, através dos principais órgãos de imprensa, das políticas neoliberais recomendadas pelas grandes organizações econômicas internacionais que usam e abusam do crédito, das estatísticas e da autoridade que ainda lhes resta: o Banco Mundial (BIrd), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do Comércio (OMC). É a eles, além das simplificações elaboradas pelas agências de classificação de risco, que prestam vassalagem as editorias de política e economia da grande mídia corporativa.

Claramente partidarizado, o jornalismo brasileiro pratica a legitimação adulatória de uma nova ditadura, onde a política não deve ser nada além do palco de um pseudo-debate entre partidos que exageram a dimensão das pequenas diferenças que os distinguem para melhor dissimular a enormidade das proibições e submissões que os une. É neste contexto, que visa à produção do desencanto político-eleitoral, que deve ser visto o exercício da desqualificação dos atores políticos e do Estado. Até 2002, era fina a sintonia entre essa prática editorial e o consórcio encastelado nas estruturas de poder. O discurso "modernizante" pretendia - e ainda pretende - substituir o "arcaísmo" do fazer político pela "eficiência" do economicamente correto. Mas qual o perigo do Estado para o partido-imprensa? Em que ele ameaça suas formulações programáticas e seus interesses econômicos?

O Estado não é uma realidade externa ao homem, alheia à sua vida, apartada do seu destino. E não o pode ser porque ele é uma criação humana, um produto da sociedade em que os homens se congregam. Mesmo quando ele agencia os interesses de uma só classe, como nas sociedades capitalistas, ainda aí o Estado não se aliena dos interesses das demais categorias sociais.

O reconhecimento dos direitos humanos, embora seja um reconhecimento formal pelo Estado burguês, prova que ele não pode ser uma instituição inteiramente ligada aos membros da classe dominante. O grau maior ou menor da sensibilidade social do Estado depende da consciência humana de quem o encarna. É vista nesta perspectiva que se trava a luta pela hegemonia. De um lado os que querem um Estado ampliado no curso de uma democracia progressiva. De outro os que só o concebem na sua dimensão meramente repressiva; braço armado da segurança e da propriedade.

O partido-imprensa abomina os movimentos sociais os sindicatos (que não devem ter senão uma representatividade corporativa), a nação, antevista como ante-câmara do nacionalismo, e o povo sempre embriagado de populismo. Repele tudo que represente um obstáculo à livre-iniciativa, à desregulamentação e às privatizações. Aprendeu que a expansão capitalista só é possível baseada em "ganhos de eficiência", com desemprego em grande escala e com redução dos custos indiretos de segurança social, através de reduções fiscais.

Quando lemos os vitupérios dos seus principais articulistas contra políticas públicas como Bolsa Família, ProUni e Plano de Erradicação da Pobreza, dentre outros, temos que levar em conta que trabalham como quadros orgânicos de uma política fundamentalista que, de 1994 a 2002, implementou radical mecanismo de decadência auto-sustentada, caracterizada por crescentes dívidas, desemprego e anemia da atividade econômica.

Como arautos de uma ordem excludente e ventríloquos da injustiça, em nome de um suposto discurso da competência , endossaram a alienação de quase todo patrimônio público, propagando a mais desmoralizante e sistemática ofensiva contra a cultura cívica do país. Não fizeram- e fazem- apenas o serviço sujo para os que assinam os cheques, reestruturam e demitem. São intelectuais orgânicos do totalitarismo financeiro, têm com ele uma relação simbiótica. E é assim que devem ser compreendidos: como agentes de uma lógica transversa.

Merval Pereira, Miriam Leitão, Sardenberg, Eliane Catanhede, Dora Kramer e outros mais necessitam ser analisados sob essa perspectiva. É ela que molda a ética e o profissionalismo de todos eles. Sem mais nem menos.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil