Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Mídia engole 89 milhões/t de soja
Indústria cresce em outubro pelo terceiro mês consecutivo;produção de bens de capital (termômetro de investimentos) sobe 18,8%
Lá como cá: Obama diz que o sonho norte-americano está ameaçado pela desigualdade crescente e exorta Congresso a aprovar o reajuste do salário mínimo, sabotado pela ortodoxia do Tea Party
Venezuela abre caixa preta da indústria automobilística e estabelece bandas de preços e níveis máximos de lucro.
Togas e conservadorismo midiático em plena ofensiva para transformar em letra morta o direito ao regime semi-aberto que a lei facultou a Dirceu e Delúbio
A falácia desse jornalismo é vender como ciência uma economia da qual faz gato e sapato. A ponto de elidir 89 milhões/t de soja para sustentar seu alarmismo.
O Brasil é líder mundial em exportação de soja, mas na safra de 2012/2013, o maior exportador tornou-se também o principal produtor do planeta, desbancando os EUA.
O custo social e ambiental desses feitos da monocultura nunca é contabilizado no panegírico do agronegócio.
Mas o fato é que, sozinha, a soja responde por 45% de toda a safra brasileira de grãos, estimada em 195 milhões de toneladas este ano.
Enquanto os EUA, com problemas climáticos, devem colher aproximadamente 86 milhões/t , a sojicultura brasileira despejará 89 milhões/t no mercado em 2013. Na verdade, já despejou.
A colheita no país transcorre no primeiro semestre; seu auge é no segundo trimestre. Essa inundação concentrada de grãos fez o PIB agrícola retroceder 3,5% napassagem entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano.
Não existe crise no agronegócio; o país é o terceiro maior produtor de alimentos do planeta.
O que existe é uma espécie de crise de abstinência de soja nas estatísticas de um período do ano, gerando um efeito meramente sazonal na contabilidade do PIB.
Tanto assim que o setor agrícola deve crescer 6,5% este ano impulsionado justamente pelo fôlego da sojicultora, que contabiliza uma expansão de 10% em relação à colheita anterior.
O impacto de uma safra tão expressiva e concentrada, porém, a depender da base de comparação –como é o caso da transição trimestral escolhida pelo IBGE-- influencia a contabilidade geral do próprio país.
Foi assim que o sucesso da soja patrocinou, em boa parte, o desastre do PIB entre o segundo e o terceiro trimestres do ano, pregando-lhe uma queda de 0,5%
Soa como um paradoxo?
É um paradoxo, estatístico (tanto que, comparado ao mesmo trimestre de 2012, o PIB do país mostra um crescimento de 2,2%)
O conjunto alerta para os riscos de se tomar dados isolados, com recortes temporais enviesados, como se fora uma descrição literal da realidade.
A cautela recomendaria orientar o noticiário isento dos dados do IBGE, alertando o leitor para essas nuances.
Futuro do pretérito: recomendaria.
Ocorre que o tempo de verbo da emissão conservadora concentra-se , há meses, em propagar a iminente derrocada de um país aos cacos, submetido ao corrosivo intervencionismo econômico petista.
‘Se não for hoje, de amanhã não passa’, replica o colunismo a cada decepção com uma economia que insiste em não ouvir as advertências ortodoxas.
Nesta 3ª feira, com a divulgação do recuo do PIB, a realidade, finalmente, parece ter se rendido aos argumentos de quem entende do riscado.
As manchetes fizeram a festa.
Candidatos a candidatos do dinheiro grosso em 2014 empenharam-se em demonstrar o quanto podem ser desfrutáveis, armados de um sonoro recuo do PIB.
Ou Aécio Neves não advertira, um dia antes, em entrevista ao El País: ‘O Brasil viverá dias difíceis nos próximos anos; precisará de um governo forte’.
Pois bem, os dias difíceis chegaram.
É o que faíscam as manchetes com o PIB trimestral em uma mão e a receita da purga redentora de arrocho e choque de juros, na outra.
Agora só falta o governo ‘forte’, sugere a emissão conservadora.
É verdade que se a indústria brasileira exibisse maior vitalidade, o ruído da soja seria minimizado.
O peso do setor fabril é muito superior ao da agricultura no cálculo do PIB, mas ele cresceu apenas 0,1% na passagem entre os dois trimestres mencionados.
O mesmo se pode dizer em relação a área de serviços (variação trimestral de apenas mais 0,1% também). Ademais, o investimento caiu no período (menos 2,2%, embora sinalize um crescimento acumulado no ano da ordem de 6,5%, o que não é desprezível).
Por certo, o desenvolvimento brasileiro vive uma transição de ciclo, com problemas para calibrar seus novos motores de arranque em um mundo de horizonte econômico pantanoso e estreito.
Em parte, esse desempenho seria até elogiável, ao menos naquilo que reflete a resistência de uma engrenagem econômica que, desde 2007, teima em avançar a contrapelo da lógica que desencadeou a crise e a sustenta.
De lá para cá, o Brasil criou 10 milhões de novos empregos.
Para efeito de comparação, a União Europeia fechou 30 milhões de vagas no mesmo período.
E condenou outros tantos milhões de jovens ao limbo, negando-lhes a oportunidade de uma primeira inserção no mercado de trabalho.
A Espanha, por exemplo, fez e faz, desde 2007, aquilo que o conservadorismo apregoa como panacéia para os males do Brasil hoje.
Com que efeito prático?
Resposta de uma entidade da confiança dos mercados:
‘A Espanha levará 20 anos para recuperar os 3 milhões de empregos perdidos durante a crise global iniciada em 2008. A economia espanhola só conseguirá alcançar a taxa de desemprego de 6,8% - média na zona do euro, à exceção dos países do sul do continente-- a partir de 2033’ (PricewaterhouseCoopers (PwC); estudo divulgado pela consultoria nesta terça-feira, 3/12).
O espetáculo do desemprego em massa, no entanto, parece dizer pouco ao jornalismo que exorta o Brasil a mergulhar de cabeça no purgatório da gripe espanhola, em troca da redenção fiscal e de centros de metas de inflação.
Se é capaz disso, por que não minimizaria a existência de 89 milhões de toneladas de soja no interior da aritmética que produziu o recuo do PIB?
A maior falácia desse jornalismo talvez seja vender como ciência exata uma economia da qual faz gato e sapato.
O alarmismo interessado das manchetes cumpre uma função estratégica. Ele confina a agenda econômica no campo do arrocho. Interdita o debate sobre os verdadeiros desafios do país e desqualifica as alternativas progressistas ao passo seguinte do desenvolvimento.
Globo não mandou ninguém à Suíça; prefere o Panamá
Enviado por Miguel do Rosário.
O escândalo dos trens paulistas acontece há meses. Há confissões, documentos, auditorias, investigações já prontas feitas em outros países. Não há nenhuma necessidade de se apelar para “domínio do fato”, ou condenar alguém porque “assim a literatura me permite”. No entanto, a Globo, e nenhum outro órgão de imprensa, mandou ninguém à Suíça, onde acontecem as principais investigações sobre as empresas Siemens e Alstom.
Entretanto, foi só alguém descobrir que um sócio do hotel onde Dirceu vai trabalhar é do Panamá que a Globo mandou uma equipe para lá e, no dia seguinte, exibiu reportagem no Jornal Nacional.
Dirceu não tem nada a ver com os proprietários do hotel, quanto mais com os sócios do Panamá. Ele só vai trabalhar no estabalecimento, como poderia trabalhar em qualquer outro. Ele precisa trabalhar em algum lugar para reduzir a sua pena, e, como se viu, qualquer empresa que o empregar sofre risco de ser devassada impiedosamente pela mídia.
Ontem, ficamos sabendo que o Ministério Público descobriu que somente uma reforma de trens paulistas, durante a gestão Serra, superfaturou R$ 1 bilhão…
E a Suíça continua lá, intocada por repórteres brasileiros. Se o Dirceu fosse trabalhar numa firma onde houvesse um sócio com 0,1% das ações morando na Suíça, já haveria um batalhão de jornalistas investigativos desembarcando em Zurique.
Como não tem, o Panamá é mais interessante…
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2013/12/04/globo-nao-mandou-ninguem-a-suica-prefere-o-panama/#sthash.yuGerLar.dpufUm dia na vida do BIM, o Brasileiro Indignado com a Mídia
São milhares. Dezenas de milhares. Milhões. E não param de
se multiplicar.
São os BIMs, os brasileiros indignados com a mídia.
Agora mesmo: meia tonelada de cocaína é encontrada num
helicóptero de um amigo de Aécio.
O BIM passou o fim de semana mal. Olhou nas bancas para ver
a capa da Veja. Fitness. Nem uma só menção, na capa, ao caso, como se meia
tonelada de cocaína, e no helicóptero de um senador que presidiu o Cruzeiro,
fosse meia tonelada de chocolate belga no trenó do Papai Noel.
Mas meu propósito aqui é descrever um dia na vida do BIM.
Ele acorda e dá uma olhada no Reinaldo Azevedo. Sente raiva
com o que lê. Mais uma vez, se gabando de ter criado “petralha”, como se
tivesse feito a Comédia Humana do Balzac.
Depois passa para o Constantino. Mais um momento de raiva.
Ele conseguiu falar do Lobão no Roda Vida e colocar uma foto no texto em que o
Lobão segura o livro dele, Constantino. “Trapaceiro”, pensa.
Passa os olhos por um novo blogueiro, um cara que compilou
frases de Olavo Carvalho num livro. “É o reaça-engraçado”, pensa. “Se é para
publicar coisas de extrema direita, poderiam dar frases do Mein Kampf direto.”
Tempo de trabalhar.
No carro, BIM põe na CBN. Ouve Merval, Sardenberg e Jabor.
Xinga alto no carro, num desabafo instintivo e gutural. Merval fala sobre o
lulopetismo. Sardenberg anuncia o colapso econômico. Jabor diz que se avizinha
a ditadura bolivariana.
BIM lamenta não ter um Frontal à mão.
No escritório, num momento mais tranquilo, vai no site da
Folha. Quer saber o que Magnoli escreveu. Defendeu a prisão de Genoino.
BIM pensa em Miruna, e se pudesse daria uma bofetada em
Magnoli. “Lacaio”, pensa. Depois vai para Eliane Cantanhede. Mais uma paulada
nos “mensaleiros” e mais um elogio a Joaquim Barbosa. Passa os olhos por Pondé.
A Revolução Francesa não existiu, lê nele.
BIM vai para o Estadão, já que ainda tem alguns minutos
antes da labuta. E então lê Dora Kramer. Joaquim Barbosa é beatificado por ela.
Passa pelos editoriais, e lê um que crucifica Dirceu pelo emprego num hotel.
Só não repete o grito de raiva do carro porque está no
escritório. O Estadão não falou nada sobre a sonegação de 1 bilhão da Globo, e
faz uma cobertura ridícula da meia tonelada de cocaína, e mesmo assim
transforma o emprego de Dirceu num caso nacional.
De volta para casa, BIM mais uma vez ouve a CBN. “Só tem
reaça”, se irrita. Ouve a repetição do comentário de Jabor, e quase bate por
perder momentaneamente a concentração.
Chega em casa e dá uma passada pelo Jornal Nacional, para
ver a que abismo Ali Kamel pôde chegar. Kamel pode muito, lembra BIM: inventou
o atentado da bolinha de papel na campanha de Serra. O caso do helicóptero,
como para a Veja, é tratado como se fosse uma trivialidade.
“Como seria se em vez do filho do Perrella fosse o filho do
Dirceu?”, reflete. Em sua cabeça ele vê as habituais parcerias entre a Veja e o
Jornal Nacional em casos do PT. A Veja dá um dossiê no sábado e, naquela noite
mesmo, o Jornal Nacional repercute com estridência.
“Depois os livros de Kamel recebem louvores da Veja”, pensa
BIM. “Tutti amicci.”
Do Jornal Nacional BIM vai para a Globonews. Encontra lá
Marco Antônio Villa falando de seu novo livro, que trata da década perdida sob
o PT.
“Uma besta”, pensa BIM. “Não acerta uma, mas mesmo assim
está em todas.” BIM lembra de um vídeo em que Villa dizia que Lula seria o
grande perdedor na eleição vencida afinal por Haddad.
No começo das manifestações de junho, escreveu que os
protestos não significavam “nada”.
Da Globonews, BIM passou para o Jô e suas garotas. Enio
Mainardi era o entrevistado. Se perguntou quem era pior, pai ou filho, Enio ou
Diogo.”Imbecil Pai, Imbecil Jr: eles deveriam ter estes dois nomes”, pensou.
Tinha lido que a Globofilmes enfia entrevistados no programa
do Jô, astros de algum novo filme. E no final a Globo cobra deles a tabela
comercial cheia.
“Não é à toa que os Marinhos são os homens mais ricos do
Brasil”, ocorre a BIM.
Terminado o programa, BIM está cansado e indignado. Caramba:
perdeu William Waack no Jornal da Noite. Que terá falado Waack? Só não vai
conferir no site da Globo por exaustão. Mas amanhã checa.
Gasta, na sessão de análise do dia seguinte, boa parte do
tempo para colocar para fora sua indignação.
O terapeuta ouve pacientemente e, no final, diz apenas: “Mas
por que você simplesmente não para de dar audiência para aquela gente toda?”
Merval: Campos chamou Marina de alienígena e que requer dicionário para ser entendida
4 de Dezembro de 2013 | 11:22 Autor: Fernando Brito
A coluna de Merval Pereira, hoje, em O Globo, embora o ilustre acadêmico, num rasgo de realismo, tenha descrito com pessimismo quase desesperado, o buraco em que está metida a oposição a Dilma, merece ser lida.
Primeiro, na sua condição de “guru” tucano, anuncia que Serra estaria disposto a ser candidato a deputado federal, embora faça isso um parágrafo depois de dizer que Aécio “gasta seu tempo basicamente na tentativa de garantir o apoio da base paulista do partido, certo de que será competitivo, com grandes chances de sair vencedor num segundo turno, se for forte eleitoralmente em São Paulo.”
Pode ser que Serra esteja “composto”, mas neste caso, porque Aécio estaria “gastando tempo” em garantir apoio em São Paulo?
O mais interessante, mesmo, é ver Merval descrevendo as brigas de Eduardo Campos que, irritado , teria dito que Marina Silva parecia vir “de outro planeta” e que precisava consultar um dicionário para entender a redista dizia.
Uma “enquadrada” geral em Marina, para quem, sem muita cerimônia, Merval vai logo dizendo para aceitar os acordos com a velha política e que terá de se comprometer a apoiar Aécio se ele for a um segundo turno.
Um bom aviso para o Dr. Joaquim, se este se resolver a ser o “terceiro oposicionista “, como o convida de novo, hoje, na Folha, o colunistaFernando Rodrigues.
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SIEMENS CONFIRMA À PF: PAGOU PROPINA NO BRASIL
Revelação foi feita pelo executivo Mark Willian Gough, que reside em Munique e é um dos responsáveis pela área de compliance, o setor que disciplina regras internas de conduta da multinacional alemã; conta usada para pagamento de comissões era administrada pelo ex-presidente da empresa no Brasil, Adilson Primo (foto), no paraíso fiscal de Luxemburgo; revelação é importante, pois acontece um dia depois do ministro José Eduardo Cardozo garantir aos parlamentares, ao lado de Leandro Daiello, chefe da PF, que não irá frear as investigações
4 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 07:09
SP 247 - Ontem, em audiência pública no Senado Federal, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, garantiu aos parlamentares que o convidaram a prestar esclarecimentos, incluindo nomes da oposição atingidos pela suspeita de envolvimento com o cartel dos trens, como o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que a Polícia Federal terá total autonomia para investigar o chamado propinoduto tucano (leia mais aqui).
Motivos para isso não faltam. Reportagem desta quarta-feira dos jornalistas Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto Macedo, do Estado de S. Paulo (leiaaqui), confirma que a Siemens distribuiu propinas no Brasil. A revelação foi feita por ninguém menos que Mark Willian Gough, executivo australiano que reside em Munique e foi vice-chefe do setor de compliance, que disciplina regras internas de conduta, da multinacional alemã.
A conta usada para pagar propinas era administrada pelo ex-presidente da multinacional no Brasil, Adilson Primo, que movimentou cerca de US$ 7 milhões no paraíso fiscal de Luxemburgo. Em seguida, os recursos passaram pela conta de um funcionário de reserva da Marinha e pelas mãos de doleiros presos na investigação do caso Banestado – esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de US$ 30 bilhões.
O executivo disse à Polícia Federal que "pode esclarecer que, no seu entender, todo o esquema foi dirigido por Primo em nível intelectual". Afirmou ainda que as transferências foram "feitas sob as instruções e a mando de Primo". Isso transforma o ex-presidente da multinacional no Brasil, que hoje vive na cidade mineira de Itajubá, em peça central da investigação sobre o pagamento de propinas em São Paulo e ele será convidado pela Polícia Federal a indicar os destinatários das comissões ilegais.
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