POR FERNANDO BRITO
No seu comentário, hoje, na rádio CBN, ainda comemorando a miniaturização de Lauro Jardim depois do “quebrei a cara na estreia” de “O Globo errou” sobre Lulinha, Merval Pereira voltou a assumir, com toda a autoridade, o ar de grande estrátego da oposição brasileira.
“O PSDB errou muito ao jogar todas as suas fichas no impeachment, não apenas no impeachment, mas em encontrar um caminho para o impeachment passando por cima de várias etapas…Pressionado pelos movimentos de rua, os jovens deputados do PSDB foram muito afoitos, achando que podiam apressar, não entendendo que com isso estavam dando condições ao governo de denunciar um golpe…”
Apressar, “seo” Merval? Mas quem mais apressadinho que o senhor, que na véspera da eleição, embalado pela criminosa capa da revista Veja, escrevia que se as delações mostrassem beneficiamento de Dilma e de Lula – algo em que duzentas vezes ele disse ter havido, de lá para cá – “o impeachment da presidente será inevitável, caso ela seja reeleita no domingo“.
Se alguém jogou todas as fichas no impeachment na mídia, tirando os siderados da Veja – aquela turma que acha comunismo até em videogame – foi o senhor Merval Pereira, que agora joga a toalha, apesar de, olimpicamente, fazer a ressalva de que, na condição de membro honorário do STF, do Senado e da Santíssima Trindade, está “convencido de que há razões para o impeachment”.
Ah, a propósito, Merval desanca Eduardo Cunha, dizendo que ele era um político suspeito desde antes de aparecerem as contas na Suíça. O estimado leitor e a cara leitora devem se lembrar de como o colunista de O Globo combateu Eduardo Cunha, como o denunciou, como protestou contra sua eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, não é?
Não lembram, não? Como vocês são desmemoriados…
O fato objetivo é que Merval fala como porta-voz da “velha guarda” tucana, que está furiosa com o que Merval chama de “cabeças-pretas” do partido, aecistas todos, que transformaram o partido numa sucursal parlamentar do “Revoltados Online” e acena para que usem o documento do PMDB como eixo de articulação da oposição.
O problema, Merval, continua. Com quem negociar com o PMDB sem que se desenhe o golpismo? Com o próprio Cunha? Com Michel Temer que, se assumir uma posição “impixista” vai se expor à condição de traidor que quer abocanhar o poder presidencial?
O projeto golpista – parte I – ruiu. E está difícil assumir que a fase dois é bloquear a candidatura Lula em 2018. E não é no voto, é na mídia e na manipulação de delações, ações e investigações policiais e judiciais.
Porque as fichas da UDN, a velha e a esta versão 2.0 que temos por aí, não foram nunca os votos, e sua mesa não eram as urnas, onde só teve um rápido e frustrante sucesso, com Jânio Quadros, assim mesmo “de carona”.