O ex-senador Eduardo Suplicy apoiava as famílias que se manifestavam contra ordem de despejo na ocupação Terra Pelada, no Jardim Raposo Tavares, quando viu a PM se aproximando. Os policiais investiam contra os manifestantes trazendo uma escavadeira.
Independentemente das razões alegadas para a desocupação citarem que as residências dos manifestantes haviam sido construídas em uma área em que havia risco de deslizamentos, a intenção de Suplicy ao se deitar no chão no caminho da tropa não era impedir o cumprimento da ordem judicial de reintegração de posse, mas evitar um confronto com brucutus fardados que não diferenciam cidadãos que defendem suas moradias de bandidos perigosos.
É mais do que pertinente a razão alegada por Suplicy para se deitar no caminho da tropa de feras fardadas que vinha em direção aos manifestantes pobres e desesperados por estarem para ser jogados no meio da rua, já que a proposta de auxílio aluguel feita a eles certamente não lhes garantia conseguir um lugar para morar, pois esse tipo de “auxílio” costuma ser pífio.
Eis a explicação do ex-senador pelo PT de São Paulo para ter agido como agiu
“A hora que vi que havia um grupo de policiais militares avançando com escudos e uma escavadeira (…) e aqui estavam pelo menos 80 moradores e começou a haver um encontro entre aquelas pessoas e os policiais (…) fiquei com receio de que houvesse uma cena de violência quase incontrolável. Daí falei: Vou me deitar aqui para evitar qualquer violência” Vídeos mostram o comportamento da PM, que ignorou a representatividade de um ex-senador da República e, em vez de pedir a ele para negociar, o agarrou como a um saco de batatas.
O comandante da tropa poderia ter negociado com Suplicy uma reunião e, após lhe dar garantias de estender a operação de reintegração de posse o quanto fosse necessário, até que os moradores fossem convencidos a se conformar com o inevitável, certamente haveria um desfecho menos indigno para os que foram expulsos e para quem os defendeu.
Operações de reintegração de posse como essa, não nos surpreendem. Sempre primam pelo desrespeito aos direitos humanos e pela insensibilidade com famílias inteiras atiradas no meio da rua sem eira nem beira, mas o desrespeito da PM a um homem de vida inatacável e que por tanto tempo representou no Congresso parcela tão expressiva dos paulistas, mostra o clima de autoritarismo que vige hoje no Brasil.
País em que um homem como Suplicy é tratado dessa forma é o mesmo país em que pessoas são presas e execradas publicamente por suas convicções religiosas, como foi o caso dos presos por “terrorismo”.
Não faltaram comparações com a liberdade e as regalias concedidas a bandidos como Eduardo Cunha enquanto outro Eduardo, o Suplicy, é tratado como um animal, mas não sei se são apropriadas. Se Suplicy fosse acusado de corrupção, seria respeitado. O que não pode é defender pobre. Aí, o “crime” é grave.
A imagem de Suplicy sendo tratado daquele jeito simboliza um país em que o Estado de Direito e as garantias constitucionais valem cada vez menos. Simboliza o retrocesso político, institucional e democrático que se abateu sobre o Brasil.
O naufrágio da democracia brasileira se faz representar por essa imagem forte, dolorosa e revoltante produzida no primeiro dia útil desta semana. A semana mal começou e já começou mal.
Independentemente das razões alegadas para a desocupação citarem que as residências dos manifestantes haviam sido construídas em uma área em que havia risco de deslizamentos, a intenção de Suplicy ao se deitar no chão no caminho da tropa não era impedir o cumprimento da ordem judicial de reintegração de posse, mas evitar um confronto com brucutus fardados que não diferenciam cidadãos que defendem suas moradias de bandidos perigosos.
É mais do que pertinente a razão alegada por Suplicy para se deitar no caminho da tropa de feras fardadas que vinha em direção aos manifestantes pobres e desesperados por estarem para ser jogados no meio da rua, já que a proposta de auxílio aluguel feita a eles certamente não lhes garantia conseguir um lugar para morar, pois esse tipo de “auxílio” costuma ser pífio.
Eis a explicação do ex-senador pelo PT de São Paulo para ter agido como agiu
“A hora que vi que havia um grupo de policiais militares avançando com escudos e uma escavadeira (…) e aqui estavam pelo menos 80 moradores e começou a haver um encontro entre aquelas pessoas e os policiais (…) fiquei com receio de que houvesse uma cena de violência quase incontrolável. Daí falei: Vou me deitar aqui para evitar qualquer violência” Vídeos mostram o comportamento da PM, que ignorou a representatividade de um ex-senador da República e, em vez de pedir a ele para negociar, o agarrou como a um saco de batatas.
O comandante da tropa poderia ter negociado com Suplicy uma reunião e, após lhe dar garantias de estender a operação de reintegração de posse o quanto fosse necessário, até que os moradores fossem convencidos a se conformar com o inevitável, certamente haveria um desfecho menos indigno para os que foram expulsos e para quem os defendeu.
Operações de reintegração de posse como essa, não nos surpreendem. Sempre primam pelo desrespeito aos direitos humanos e pela insensibilidade com famílias inteiras atiradas no meio da rua sem eira nem beira, mas o desrespeito da PM a um homem de vida inatacável e que por tanto tempo representou no Congresso parcela tão expressiva dos paulistas, mostra o clima de autoritarismo que vige hoje no Brasil.
País em que um homem como Suplicy é tratado dessa forma é o mesmo país em que pessoas são presas e execradas publicamente por suas convicções religiosas, como foi o caso dos presos por “terrorismo”.
Não faltaram comparações com a liberdade e as regalias concedidas a bandidos como Eduardo Cunha enquanto outro Eduardo, o Suplicy, é tratado como um animal, mas não sei se são apropriadas. Se Suplicy fosse acusado de corrupção, seria respeitado. O que não pode é defender pobre. Aí, o “crime” é grave.
A imagem de Suplicy sendo tratado daquele jeito simboliza um país em que o Estado de Direito e as garantias constitucionais valem cada vez menos. Simboliza o retrocesso político, institucional e democrático que se abateu sobre o Brasil.
O naufrágio da democracia brasileira se faz representar por essa imagem forte, dolorosa e revoltante produzida no primeiro dia útil desta semana. A semana mal começou e já começou mal.