Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador reintegração. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador reintegração. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Gerson Carneiro: Suplicy é preso por defender desfavorecidos; Cunha segue solto com contas na Suíça para esconder propinas

Gerson Carneiro: Suplicy é preso por defender desfavorecidos; Cunha segue solto com contas na Suíça para esconder propinas

Vídeo enviado por Artur Scavone


Ex-senador Eduardo Suplicy é detido durante reintegração de posse em SP

Redação/RedeTV!, sugestão de Gerson Carneiro*

O ex-senador e candidato a vereador pelo PT Eduardo Suplicy deitou no chão para impedir a reintegração de posse nesta segunda-feira (25) na ocupação Terra Pelada, no Jardim Raposo Tavares, zona oeste da cidade de São Paulo, e acabou sendo detido pelos Policiais Militares. A ação foi registrada pelo programa Melhor Pra Você.

Em entrevista ao portal da RedeTV!, Suplicy contou que estava sendo levado para o 75ªDP, no Jardim Arpoador. Mas não quis dar detalhes sobre a detenção, já que ainda estava na viatura da polícia. Segundo a Polícia Militar, ele foi detido por obstrução da Justiça e desacato a autoridade.

A assessoria do ex-senador também informou sobre o ocorrido em sua página oficial do Facebook. Ainda por meio da rede social, a assessoria disse que Suplicy estava no local “para evitar a violência da PM”.
Com a prisão, internautas passaram a utilizar a hashtag#FreeSuplicy  para pedir a soltura do ex-senador.

Reintegração de Posse

Os moradores protestam desde o início da madrugada contra a reintegração. Manifestantes soltaram rojões a jogaram pedras nos militares da Tropa de Choque, que revidou com bombas de efeito moral. Eles também fizeram barricadas, atearam fogo a pneus e tentaram queimar um ônibus.

Às 9h30, a ordem de reintegração não havia sido cumprida. De acordo com a PM, o oficial de Justiça ainda não chegou ao local, na Rua José Porfírio de Souza.

A área pertence à prefeitura de São Paulo. Segundo decisão da Justiça, emitida pela 9ª Câmara de Direito Público, o local apresenta alto risco de deslizamento, por ser região de encostas.

Parecer da Defesa Civil avalia que as construções precárias na área aumentam os riscos de desabamentos e até mesmo de incêndio. “Há ainda muito lixo e entulho no local, bem como árvores queimadas e visível dano ambiental”, diz a avaliação.

suplicy e cunha-001

Gerson Carneiro, no Facebook

Brasil bizarro.

Dois Eduardos:

Eduardo Suplicy é preso por defender pobres desfavorecidos.

Eduardo Cunha está solto com contas na Suíça para esconder propinas.
 
Vem meteoro.
 

terça-feira, 26 de março de 2013

FSM 2013: UM MIRANTE DA ESQUERDA MUNDIAL


Sede do FSM de 2013, Túnis foi o lugar onde  começou a Primavera Árabe; Ben Ali, o tirano que monopolizava o poder  há 24 anos foi
derrubado pelos protestos pioneiros da população tunisiana, em 14 de janeiro de 2011. Menos de um mês depois cairia Hosni Mubarak, o coronel que exercia um poder  imperial  há quase três décadas, com sólido apoio norte-americano. Ruas e praças árabes adicionaram novos pontos de encontro à geografia da luta social no século 21. Houve um momento em que a indignação abriu uma larga avenida   unindo Túnis a praça do Sol;  a Tahrir  às  ruas de Roma; o centro de Lisboa a  Wall Street e Wall Street a Syntagma, em Atenas. A nova esquina do cortejo é Chipre (leia o especial neste pág), onde a festa especulativa sofreu uma parada súbita na 2ª feira. Discute-se nas ruas cipriotas um tema recorrente da agenda global: quem pagará pela congestão de um sistema financeiro engasgado na própria gula ,desde 2008? A resposta da restauração conservadora é sabida. Mais do mesmo desde então custa o dobro em saldo destrutivo. Paga-se em espécie. Libras de carne humana são penhoradas nas filas europeias do desemprego, dos despejos, da fome e da destruição de direitos sociais. A Espanha calcula que até o final deste ano o desemprego deixará 27% de sua população sem fonte de renda. Os centuriões do mercado financeiro, como os que pontificam 'uma purga' equivalente para o Brasil, dizem que o caminho é esse mesmo.  A supremacia financeira aposta na exaustão das ruas e das praças para  completar seu trabalho de convalescença restauradora.  A Primavera Árabe mostra que a história anda quando as multidões politizam seus passos.Mostra igualmente que as ruas também cansam. É imperativo ampliar espaços de poder que abriguem o fôlego renovador das primaveras antes que elas pereçam. O dilema de construir respostas à afasia destrutiva  dos mercados  desafia o torpor da esquerda mundial. O FSM da Tunísia é um mirante privilegiado dessa encruzilhada. Não se pode deixar de ouvi-lo. Leia a cobertura dos enviados especiais de Carta Maior.

Mauro Santayana

Os dois maiores problemas do homem são o mistério da morte e a ambição do poder. Lucrécio, em De rerum natura, associa uma coisa à outra, ao dizer que do medo da morte nasceram a fome do ouro e a ambição da glória – e glória, direta ou indiretamente, é poder.
A ambição do poder é legítima, mas quando não se submete à razão, costuma perder-se. Há dois paradigmas históricos clássicos sobre a conduta na busca e no exercício do poder. Um é o do Cardeal de Richelieu, o outro, o de Nero. O tutor e todo poderoso ministro de Luís 13 foi o modelo de todos quantos submeteram o poder à razão de Estado.
O imperador romano foi o mais enlouquecido dos tiranos. E há aqueles que, em sua paranóia, supõem que agem com lógica em sua insensatez, como Hitler. Entre nós, e em episódio menor e grotesco, tivemos o comportamento de Jânio Quadros, que chegou ao Planalto, e o de Lacerda, que ficou no caminho.
José Serra é um caso de estudo político. O jovem, filho de trabalhadores imigrantes, destacou-se na adolescência como líder estudantil. Era, na identificação ideológica do tempo, homem de esquerda. A formação, no exílio, que lhe não foi difícil, graças à solidariedade dos meios acadêmicos, fez dele um economista. Ao retornar, depois do exercício eventual do jornalismo, integrou-se no MDB e, assim, ocupou a Secretaria de Planejamento do governador Franco Montoro.
Serra, pelo que dizem as folhas, e ele não desmente, está se unindo ao governador de Pernambuco contra Aécio Neves. A menos que haja uma explicação psicanalítica, não se trata de um problema pessoal. Os dois sempre se deram bem,  não obstante os 20 anos a mais de Serra. O que está em jogo, e não se confessa, é o interesse de parcelas, minoritárias, das elites econômicas de São Paulo, que, sem qualquer razão objetiva, sempre viram, em Minas, a linha de resistência contra a hegemonia política e econômica dos bandeirantes sobre a Federação. Os mineiros não querem sobrepujar São Paulo, embora isso fosse natural e legítimo, porque uma nação só cresce na sadia competição regional. Os mineiros querem crescer em uma nação que cresça por igual. Qualquer um que conversar com o homem comum de Minas dele receberá essa certeza.
A meio caminho entre o Norte e o Sul históricos, e entre o litoral e o Oeste que eles, mineiros conquistaram em parceria com os paulistas, os montanheses, formados pelos povos de todas as procedências, não conseguem pensar fora do Brasil. O Brasil é o seu destino inafastável. Longe do mar e sem fronteiras com o Exterior, Minas sempre será o Brasil, mesmo na desgraçada hipótese de alguma secessão.
José Serra, desde o seu retorno, buscou o poder. Ao formar seu Ministério, Tancredo se viu compelido a não aproveitá-lo, nem aproveitar Fernando Henrique, mais por resistência do próprio PMDB de São Paulo do que pelo seu próprio arbítrio. Como todos sabem, o partido, em São Paulo, estava dividido entre Montoro e Ulysses, e os dois estavam ligados indissoluvelmente ao governador.
Para não desagradar uma ou outra ala, em momento difícil de conciliação nacional, o presidente eleito buscou personalidades estranhas a esse dissídio interno do partido, convocando Setúbal, Roberto Gusmão e Almir Pazzianoto para o Ministério. Talvez não fosse a equipe dos sonhos de Tancredo, mas era a que as circunstâncias permitiam.
A partir de então, foi notável a idiossincrasia de Serra  contra os políticos mineiros. Itamar, logo depois de ter escolhido um paulista para seu sucessor  – o que demonstra o espírito público nacional dos mineiros – passou a ser olhado com desprezo por Serra, por Fernando Henrique, pela avenida Paulista e seus arredores.
Em 2010, os mineiros se movimentaram para que Aécio fosse candidato à sucessão de Lula. O PSDB de São Paulo impediu essa candidatura, embora Aécio houvesse proposto consulta formal às bases nacionais do partido. Houve quem defendesse a candidatura de Serra sob o argumento da precedência etária, como se os idosos tivessem preferência constitucional ao poder. Aécio renunciou à postulação, elegeu-se senador e elegeu seu sucessor no Palácio da Liberdade.
Agora, a sua candidatura à presidência de seu partido – de que foi fundador – é claramente sabotada pelo ex-governador José Serra e pelos seus aliados do PSDB de São Paulo. Com franciscano exercício de paciência, Aécio esteve ontem, à noite, em São Paulo, buscando, como é de seu dever, o entendimento improvável.
Depois do último encontro entre os dois, houve a aproximação entre  Serra e Eduardo Campos e se tornaram públicos os elogios recíprocos entre o paulista e o pernambucano.
Eduardo é neto de Miguel Arrais, um dos mais fiéis defensores do povo brasileiro. Ao ouvir o discurso de Tancredo, no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, o grande brasileiro disse que a vitória do mineiro estava além de seus sonhos. A aliança entre Pernambuco e Minas era vista como natural, na defesa da igualdade federativa no Brasil, como já ocorreu na História. Mas, ao que parece, ela está impedida pela ambição do poder de Serra, potencializada pela aspiração de Eduardo Campos à Presidência – sob o apadrinhamento interessado de Roberto Freire, esse outro renegado dos ideais juvenis.
Há nascidos em Minas que, pelas mesmas e insanas ambições, traíram a honra de seu povo, como foi o caso dos que se somaram aos americanos no golpe de 1964. Os autênticos mineiros, vindos de seu solo ético, já recolheram ofensas semelhantes e guardarão mais essa nos embornais de montanheses.
Se o PSDB de São Paulo, com os recursos conhecidos, impedir a marcha de Aécio, ele pode retornar às suas inexpugnáveis montanhas, e ao Palácio da Liberdade. Ali, com os braços livres, ele poderá, e sempre tendo em mente as razões nacionais, escolher o seu caminho na sucessão presidencial.
Minas, com sua História e seus valores, é a sólida patriazinha de que fala Guimarães Rosa.

Clique aqui para ler: Eduardo foi ao cassino: vermelho 36




quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Tortura e mortes no Pinheirinho

Não tenho muito que escrever. E provavelmente não poderia, com o coração sangrando como está. Só espero que as pessoas que não entenderam quando pessoas como eu diziam da violência que estava ocorrendo no Pinheirinho, que repensem o tratamento que devem dar a semelhantes alvejados pela selvageria, pela politicagem e pelo capitalismo selvagem.
Reproduzo, abaixo, reportagens do UOL sobre as mortes no Pinheirinho, inclusive de crianças, vídeos do blog Maria da Penha Neles e do Partido da Causa Operária (PCO), que mostram indícios da tortura de que a polícia e o governador de São Paulos são acusados de praticar contra aquelas famílias indefesas, sem falar nas mentiras odientas da mídia sobre aqueles pobres coitados.
—–
UOL NOTÍCIAS
23.01.2012 – 17h41 > Atualizada 23.01.2012 – 18h16
OAB de São José dos Campos diz que houve mortos em operação no Pinheirinho15
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/01/23/oab-de-sao-jose-dos-campos-diz-que-houve-mortos-em-operacao-no-pinheirinho.htm
Bruno Bocchini e Flávia Albuquerque
Da Agência Brasil, em São Paulo
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto, disse nesta segunda-feira (23) que houve mortos na operação de reintegração de posse do terreno conhecido como Pinheirinho, na periferia da cidade. De acordo com ele, crianças estão entre as vítimas.
“O que se viu aqui é a violência do Estado típica do autoritarismo brasileiro, que resolve problemas sociais com a força da polícia. Ou seja, não os resolve. Nós vimos isso o dia inteiro. Há mortes, inclusive de crianças. Nós estamos fazendo um levantamento no IML, e tomando as providências para responsabilizar os governantes que fizeram essa barbárie”, disse, em entrevista à TV Brasil.
Segundo Neto, a PM e a Guarda Municipal chegaram a atacar moradores que se refugiavam dentro de uma igreja próxima ao local. “As pessoas estavam alojadas na igreja e várias bombas foram lançadas ali, a esmo”, declarou.
O representante da OAB disse ter ficado surpreso com o aparato de guerra que foi montado em prol de uma propriedade pertencente à massa falida de uma empresa do especulador Naji Nahas. “O proprietário é um notório devedor de impostos, notório especulador, proibido de atuar nas bolsas de valores de 40 países. Só aqui ele é tratado tão bem”.
Desde o início da manhã de ontem (22) , a PM cumpre uma ordem da Justiça Estadual para retirar cerca de 9.000 pessoas que vivem no local há sete anos. O terreno integra a massa falida da empresa Selecta, do investidor Naji Nahas. A Justiça Federal decidiu contra a desocupação do terreno, mas a polícia manteve a reintegração obedecendo ordem da Justiça Estadual.
A moradora Cassia Pereira manifestou sua indignação com a maneira como as famílias foram retiradas de suas casas sem que ao menos pudessem levar seus pertences. “A gente está lutando por moradia. Aqui ninguém quer guerra, ninguém quer briga, a gente quer casa, nossa moradia. Todo mundo tinha suas casas aqui construídas, e tiraram de nós, sem direito a nada. Pegamos só o que dava para carregar na mão”, disse.
O coronel Manoel Messias Melo negou que haja mortos na ação e afirmou que os policiais militares se envolveram em conflitos durante a madrugada, mas negou que a ação foi contra os moradores do Pinheirinho. “Foram vândalos e anônimos que praticaram incêndios na região. Tivemos 14 prisões e algumas apreensões de armas esta noite”, declarou.
—–
Última Instância
23.01.12
http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/54696/moradores+do+pinheirinho+denunciam+morte+de+crianca+por+gas+lacrimogeneo.shtml
Moradores do Pinheirinho denunciam morte de criança por gás lacrimogêneo
Daniella Cambaúva – 23/01/2012 – 18h26
Dez pessoas que residiam no terreno do Pinheirinho, em São José dos Campos, afirmam ter presenciado a morte de uma criança de menos de um ano de idade por conta do excesso de gás lacrimogêneo jogado pela PM (Polícia Militar) durante um confronto. A criança teria morrido na tarde do último domingo (23/1) no local onde a Prefeitura está oferecendo assistência aos moradores, em um terreno localizado a poucos metros da ocupação.
Procurada pelo Última Instância, a Secretaria de Imprensa da Prefeitura disse não ter conhecimento sobre a morte da criança, e afirmou que foi oferecida assistência hospitalar àqueles que ficaram feridos.
(…)
—–
Polícia persegue famílias até dentro dos abrigos a elas destinados pelo Estado



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Desesperem-se por Pinheirinho

A comunidade do Pinheirinho fica na Zona Sul de São José dos Campos (SP). O terreno em que se situa pertence ao empresário Naji Robert Najas, envolvido em crimes financeiros. A área foi ocupada em 2004 e hoje abriga milhares de pessoas.
Criou-se ali um bairro como qualquer outro, com comércio e residências, ruas largas e organizadas, ainda que sem asfalto. As edificações são de alvenaria, a maioria sem acabamento. Nos amplos quintais, abunda material de construção – de sonhos.
Não consegui conter as lágrimas ao assistir ao desespero das centenas de famílias no vídeo que reproduzo abaixo. Prossigo em seguida.
Pinheirinho é um bairro onde quase só há núcleos familiares como o meu e o seu. Aquelas pessoas estão prestes a ver o pouco que conseguiram na vida se transformar em escombros porque a Justiça, mais uma vez, decidiu colocar famílias ao relento para proteger a “propriedade privada” em nome da qual este país erigiu uma das dez maiores desigualdades do planeta.
Por isso passei a madrugada da última terça-feira junto a milhares de tuiteiros e facebookers emitindo mensagens desesperadas naquelas redes sociais pedindo às autoridades que suspendessem a ordem judicial de reintegração de posse que seria cumprida pela PM no alvorecer.
Antes, durante o dia anterior, a mesma PM despejara de um helicóptero sobre o Pinheirinho algumas toneladas de panfletos como o que você pode conferir abaixo.

O “cidadão de bem” ao qual a mensagem se dirige é aquele que aceita pôr a própria família no relento sem reclamar ou resistir. Antes de prosseguir na leitura, pergunte-se o que você faria diante da ameaça de sua família ficar sem ter onde morar.
Na madrugada de segunda para terça-feira, amigos do Twitter e do Facebook não entenderam por que comecei a postar mensagens desesperadas copiando nelas até o governador Geraldo Alckmin e o ex-governador José Serra, pedindo suspensão da operação da PM.
Naquele momento, não podia dizer do que se tratava. Uma pessoa que tem um parente no Pinheirinho me contatou pelo Facebook, em mensagem privada, pedindo ajuda e relatando um fato que me deixaria desesperado e que, infelizmente, o site da revista Veja expôs ontem.
Meu contato com o Pinheirinho pedira sigilo para a informação que me passou apenas para que eu pudesse dimensionar a gravidade da situação. Pedia que ajudasse a repercutir que a população ameaçada estava disposta a resistir, e que pedisse publicamente a suspensão da reintegração de posse.
O alarmismo contido na campanha pelas redes sociais na madrugada de terça-feira pode ter contribuído para a concessão de uma liminar antes que o sol nascesse. A liminar foi expedida pela Justiça Federal. Estava suspensa a operação autorizada pela Justiça estadual.
Antes de prosseguir, informo o que fiquei sabendo que me fez começar a disparar mensagens alarmistas pregando a suspensão da operação policial, já que a informação se tornou pública: os moradores do Pinheirinho estocaram… gasolina!
Na verdade, o que me foi informado é que a gasolina estocada já se transformara em milhares de coquetéis Molotov (garrafas de gasolina com um pavio de pano que explodem como bombas, quando acendidas e atiradas) que fatalmente teriam sido usados.
O desespero dos moradores do Pinheirinho se deve a que o Brasil promove essas “reintegrações de posse” de terrenos abandonados que empresas mantêm como reserva de valor (como “investimento”) sem preocupação com as famílias que promovem essas ocupações por não terem meios de alugar ou comprar imóveis.
No caso do Pinheirinho, o proprietário é um escroque acusado de vários crimes e que até já cumpriu pena de prisão. Mas nem é esse o problema, já que mesmo os criminosos de colarinho branco mantêm o “direito de propriedade”. O problema é despejarem famílias sem preocupação com seu destino.
No mesmo dia (ontem) da liminar concedida suspendendo a operação ela foi cassada por quem a concedeu, o que demonstra que sua concessão objetivou ganhar tempo para que alguma solução fosse encontrada.
Não prego, aqui, o desrespeito à lei, mas que o Estado brasileiro cumpra a Constituição e faça valer a decisão da Justiça sem abrir mão de sua responsabilidade social. Despejar as famílias do Pìnheirinho intempestivamente e sem lhes oferecer um lugar digno para irem é um crime de lesa-humanidade como tantos que este país já cometeu contra o seu povo.
Tragicamente, a história recente mostra que, em um país como este, responsabilidade social, piedade, o mínimo traço de humanidade são alvo de chacota de feras humanas que enquanto eu me desesperava nas redes sociais postavam mensagens apoiando o despejo das famílias.
Estou com o coração despedaçado e os olhos cheios d’água. Não agüento, não suporto, não tolero mais a injustiça infame que se abate sobre este país. Aos 52 anos, ver a injustiça triunfar sempre e sob o júbilo de tantos compatriotas, é mais do que posso suportar.
Só nos resta o desespero pelo massacre que poderá ocorrer no Pinheirinho, com milhares de homens, mulheres e crianças que poderão tombar na linha de frente da resistência.
Que Deus tenha piedade dos brasileiros. A reintegração de posse, a batalha campal do Pinheirinho pode começar a qualquer momento. Estamos abandonados pelos poderes constituídos. Só nos restam fé, lágrimas e indignação.

PS: no fim da tarde, a operação de reintegração de posse foi novamente suspensa, agora por 15 dias