Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 1 de julho de 2015

Obama dá “fora” na Globo: Brasil não é potência regional, é mundial

 Autor: Fernando Brito
coletiva
O complexo de vira-latas do Brasil, hoje, latiu mais alto.
Perguntada pela repórter da Globo, diante de Barack Obama, sobre como conciliar a posição do Brasil, que se via como potência mundial, e que era visto pelos EUA como potência regional, Dilma Rousseff nem pôde começar a falar.
Um decidido Obma tomou a palavra para dizer à repórter que “não senhora, nós vemos o Brasil como potência mundial”.
“Bom, eu na verdade vou responder em parte a questão que você acabou de fazer para a presidente [Dilma]. Nós vemos o Brasil não como uma potência regional, mas como uma potência global. Se você pensar (…) no G-20, o Brasil é um voz importante ali. As negociações que vão acontecer em Paris, sobre as mudanças climáticas, só podem ter sucesso com o Brasil como líder-chave. Os anúncios feitos hoje sobre energia renovável são indicativos da liderança do Brasil”
E fez um longo histórico do papel decisivo que o Brasil desempenha: “o Brasil é um parceiro indispensável” e uma série de considerações sobre o papel de nosso país, que você pode ver no vídeo abaixo, em espanhol.
O importante – e triste – é ver que a mentalidade dominante nos meios de comunicação – e em todo o pensamento conservador – é que ao nosso país está destinado um papel de vassalagem, em troca de ser um “gerente regional” destinado, no máximo, a manter sob controle os “índios” sul-americanos.
E interpretar como algo danoso a expansão de nossas relações com a África, com a Ásia e, especificamente, com a China como uma “traquinagem” que desagradaria os EUA e faria perdermos seus “favores”.
É exatamente o contrário – e a mente destas pessoas não alcança isso.
O Brasil será tanto mais respeitado, considerado e terá relações mais produtivas com os Estados Unidos quanto mais se afirmar como um parceiro mundial pelas nossas próprias pernas.
Um Brasil que interessa como parceiro à China, aos países africanos, à própria Europa interessa muito mais aos Estados Unidos que um capacho à espera de suas ordens.
Aliás, o capachismo aparece bem claramente quando o repórter da Folha vai perguntar a opinião de Obama sobre a “Lava Jato”. É muito sabujismo, quem sabe atrás de uma manchete do tipo “Obama exige apuração completa na Petrobras”.
A imprensa brasileira,cada vez um retrato mais caricato de nossas elites é um prato cheio para o complexo rodrigueano com que abri este post.
E que, além daquilo, também sacode alegremente a cauda diante do dono.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

DEPOIS DE MALAFAIA, SERRA EVOCA LOMBROSO

*Jornal Nacional interfere ostensivamente nas eleições em parceria com o desfrutável protagonismo das togas do STF**O que seu viu nesta 3ª feira dá a dimensão do que vem aí nas horas que antecederem a votação deste domingo** Eles tem razão, o Brasil virou uma Venezuela --as mídias dos dois países se nivelaram no golpismo.

Quem achava que depois da caça ao kit gay estaria esgotado o estoque de excrescências desta campanha, errou. Nesta 3ª-feira, em entrevista à amigável rádio CBN (da Globo), o candidato que trouxe o obscurantismo religioso ao centro da disputa, voltou a provocar calafrios em sua base mais esclarecida. Serra --se eleito-- pretende criar um programa de monitoramento de  jovens com 'propensão' para cometer crimes. "Vamos fazer um trabalho preventivo, identificar quem tem potencial para ir para o crime ou para a droga", disse o tucano. Alguém já pensou isso antes.E decidiu combater o mal pela raiz.Cesare Lombroso, criminalista e psiquiatra italiano que viveu no século XIX tipificou 'características congênitas' do criminoso. Assim como as prisões em que fez o seu trabalho, as escolas das periferias em que Serra pretende agir também estão lotadas de pobres.A exemplo de seguidores de Lombroso, o passo seguinte será identificar na juventude pobre as 'características congênitas' da criminalidade.Oremos pelas urnas do dia 28.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Por que você está muito mais pobre do que pensava estar


Cerca de 61% de todos os estadunidenses eram “classe média” em 1971, enquanto, hoje, o número caiu para 51%. A classe média está envolvida em uma guerra até a morte nos Estados Unidos com os agentes de Wall Street que pretendem privá-los do trabalho, tirar seus ativos, executar a hipoteca de suas casas, e deixá-los sem nenhum dinheiro para enfrentar a velhice. É apenas uma boa e velha luta de classes – e como Warren Buffett opinou – a classe dele está ganhando. O artigo é de Mike Whitney.

Você está muito mais pobre do que você pensava estar.

De acordo com um relatório da Sentier Research “a renda média anual real por domicílio caiu 4,8% desde que a ‘recuperação econômica’ começou em junho de 2009.”

Isso é pior do que o declínio de 2,6% que ocorreu durante a recessão em si (entre julho de 2007 e junho de 2009) Ao todo – do começo da crise em 2007 até hoje, a renda média domiciliar caiu impressionantes 7,2%. (“Mudanças na Renda Domicilar Durante a Recuperação Econômica: Junho de 2009 a Junho de 2012”, Sentier Research)

Como eu disse, você está muito mais pobre do que você pensava estar.
O relatório Sentier Research vem em sequência a um relatório similar do Federal Reserv (FED) que foi lançando em junho mostrando que as famílias de classe média viram um declínio de aproximadamente 40% em seu patrimônio líquido entre os anos de 2007 e 2010. O relatório de 80 páginas do Fed, Survey of Consumer Finances, aponta para a Grande Recessão como a causa presumível do declínio geral da riqueza, mas as políticas desequilibradas do Fed podem ser facilmente responsabilizadas. Baixas taxas de juros, frouxos padrões de empréstimos e fraudes geraram bolhas em ativos que destruíram duas décadas de ganhos econômicos dos trabalhadores nos EUA.

É uma coisa surpreendente, por que a confiança do consumidor está no seu mais baixo ponto desde novembro de 2011? Ou por que investidores não-profissionais ainda estão fugindo do mercado de ações em números recordes 4 anos após a falência do Lehman Brother? Ou por que os rendimentos dos títulos do Tesouro Americano de 10 anos ainda estão pairando abaixo dos 2%? Ou por que os depósitos bancários agora excedem muito os empréstimos?

Todos esses são sinais extremos para se pensar, por isso que os trabalhadores têm tido uma visão tão obscura sobre o futuro. Você sabia que (de acordo com o Pew Research Center) 61% de todos os estadunidenses eram “classe média” em 1971, enquanto, hoje, o número foi cortado para 51%? Isso explica porque 85% das pessoas entrevistadas dizem “que é mais difícil manter um padrão de classe média hoje do que comparado com 10 anos atrás.” A maioria das pessoas também admitiu que teve que reduzir seus gastos no ano passado.

O que todos esses relatórios indicam é que a classe média dos EUA está sendo esquartejada pelas políticas econômicas que servem para enriquecer poucos a custa de muitos.

É claro, o presidente do Fed Ben Bernanke vai “colocar as coisas no eixo” ao lançar outra rodada de afrouxamento quantitativo (“quantitative easing” – QE) que supostamente impulsionará o crescimento e diminuirá o desemprego. Infelizmente, QE não funciona desse modo. De fato, o Banco da Inglaterra acaba de lançar um relatório que prova que as compras de ativos do Banco Central desproporcionalmente beneficiam os ricos. Aqui está um trecho do artigo que foi publicado no Washington Post:

“Os 10% mais ricos dos domicílios na Grã-Bretanha viram o valor de seus ativos aumentar por até £322.000 [$510.000] como resultado de tentativas do Banco da Inglaterra de usar a criação de dinheiro eletrônico para tirar a economia de sua mais profunda crise pós-guerra. O Banco da Inglaterra calculou que o valor de ações e títutlos subiu 26% - ou £600 bilhões – como resultado da política, o equivalente a £10.000 para cada domicílio no Reino Unido. Acrescenta-se, entretanto, que 40% dos ganhos foram para os 5% mais ricos das famílias.”

Não é difícil ver por que isso acontece. Uma forma pela qual o programa de flexibilização quantitativa funciona, em teoria, é empurrar os preços dos ativos para apoiar a economia. E, de acordo com o Banco da Inglaterra, a família média britânica mantém apenas $2.370 em ativos financeiros. Então os benefícios diretos em grande parte são revertidos para as famílias mais ricas.

E nos Estados Unidos? Bem como na Grã-Bretanha, a distribuição de ativos financeiros também é fortemente enviesada. ... Assim, qualquer movimento do Fed para elevar os preços dos ativos tende a aumentar a desigualdade de riqueza no curto prazo.” (“Will the Fed’s efforts to boost the economy only benefit the wealthiest?”, Washington Post).

Então QE é apenas uma farsa para encher o bolso da classe de investidores. Imagine isso! Foram necessários 4 anos e um grupo de pesquisadores de gênios finaceiros BOE para descobrir isso.

E aqui está outra coisa sobre a qual vale a pena se debruçar; trabalhadores estão ficando totalmente prejudicados no negócio. Não apenas os poupadores e os aposentados de renda-fixa que sendo roubados dos ganhos insignificantes que teriam visto se as taxas estivessem em seu nível normal ao invés de zero, mas também a perspectiva de mais QE gera elevações futuras de petróleo, enquanto preços de alimentos com certeza subirão. Isto é da Bloomberg, em um artigo intitulado “Bernanke Boosts Oil Bulls to Highest Since May: Energy Markets”:

“Os fundos de hedge levantaram apostas otimistas sobre o petróleo, para uma alta de três meses, baseado em sinais de que o presidente do Federal Reserve, Ben S. Bernanke, tomará medidas para reforçar o crescimento econômico norte-americano e estimular a retomada de forças nas commodities.

Gestores de dinheiro aumentaram “long positions” líquidas, ou apostas na elevação de preços, em 18% nos sete dias encerrados em 21 de Agosto, de acordo com o relatório da Commodity Futures Trading Commission’s Commitments of Trades de 24 de Agosto. Eles estavam no nível mais alto desde a semana encerrada em 1º de Maio.” (Bloomberg)


Preços mais altos na bomba. Isso deve acelerar os gastos do consumidor, você não acha?

Ainda assim, Bernanke e seus colegas no Fed não vão ser desencorajados por algo tão insignificante como as agruras do povo trabalhador. Oh, não. Afinal, ele tem seus eleitores reais para considerar, os parasistas barões ladrões de Wall Street. Suas necessidades vêm primeiro e o que eles querem é outra rodada de “funny-money” e então encher a despensa no Hamptons com Beluga e espumante. É por isso que membros do Fed já começaram a cantar por “mais acomodação”. Aqui está o que o Presidente do Fed de Chicago Charles Evans disse na última semana da em seu boletim de tom sinistro, entitulado “Some Thoughts on Global Risks and Monetary Policy”:

“Encontrar uma forma de oferecer mais acomodação... é particularmente importante agora porque os atrasos na redução do desemprego são custosas. Uma extraordinarimente grande porcentagem dos desempregados ficaram sem trabalho por um bom período de tempo; suas habilidades podem se tornar menos fluentes e até mesmo entrar em deterioração, deixando trabalhadores afetados com cicatrizes permanentes em suas receitas da vida útil. E qualquer produtividade agregada resultante mais baixa também pesa sobre o produto potencial, salários e lucros para a economia como um todo. O dano intensifica enquanto o desemprego permanecer elevado. Falhar na ação agressiva agora pode baixar a capacidade da economia por muitos anos...

Dados os riscos que nós encaramos, eu acho que é vital que nós façamos esses movimentos hoje. Eu não acho que nós deveríamos estar em um mundo onde nós estamos esperando pra ver o que os próximos lançamentos de alguns dados tem a trazer. Nós passamos do limite para ação adicional, devemos tomar essa atitude agora.”


Que amargura! Será que alguém realmente acredita que o presidente do Fed dá a mínima atenção sobre reduzir desemprego? É uma piada.

E onde está a prova de que QE reduz desemprego, aumenta salários ou beneficia a economia como um todo? Em nenhum lugar. A ideia de “acomodação” é apenas outro jeito de encher seus amigos ricos de dinheiro.

Agora veja isto no Wall Street Journal:

“Durante a recessão, as pessoas que perderam empregos de longa data se esforçaram para encontrar novo emprego e geralmente sofreram cortes substanciais no salário quando encontravam um novo trabalho. Pouco parece ter mudade depois que a recessão terminou, mostra um novo relatório do Labor Department.

De 2009 a 2011, 6,1 milhões de trabalhadores perderam empregos que eles haviam mantido por pelo menos 3 anos. Pouco mais da metade – 56% - deles foram reempregados até janeiro, departamento descobriu em sua mais recente pesquisa sobre trabalhadores desempregados. Dois anos atrás, a pesquisa encontrou que 49% das pessoas que perderam seus empregos entre 2007 e 2009 foram reempregadas.

Pessoas com sorte suficiente para encontrar um novo emprego geralmente sofrem exagerados cortes salariais. Dos trabalhadores desempregados que perderam seus empregos, e salários, de tempo integral, de 2009 a 2011 e foram reempregados em Janeiro, apenas 46% estavam recebendo o mesmo ou mais do que eles ganhavam no emprego perdido. Um terço deles relatou que os rendimentos caíram 20% ou mais.” (“New Jobs Come With Lower Wages”, Wall Street Journal)

Assim, mesmo as pessoas “com sorte suficiente para encontrar um novo emprego” estão piores do que elas estavam antes. Ei, mas ao menos ela encontrou um emprego, certo? E as pessoas que não conseguiram nem encontrar um trabalho? O que acontecerá a eles?

Não se preocupe. Obama e seus companheiros cortadores-de-déficit no Congresso têm tudo planejado. Assim que a eleição acabar, o Presidente Socialista começará dispensando as pessoas dos benefícios para desemprego prolongado, tão rápido quanto é humanamente possível, deixando milhões de trabalhadores sem dinheiro suficiente para morar ou alimentar suas famílias. Aqui está como está tudo indo abaixo:

“Mais de 500 mil pessoas perderam benefícios para desemprego prolongado desde o início do ano, e mais 2 milhões estão agendadas para perder seus benefícios em 1º de janeiro de 2013.... Emergency Unemplyment Compensation (EUC), está programada para acabar completamente em 1º de Janeiro, encerrando pagamentos de desemprego para mais de 2 milhões de pessoas da noite para o dia.

Com o início do novo ano, não haverá nenhuma parte do país que ofereça mais de 26 semanas de benefícios de desemprego. Isso é muito menos do que a duração média do desemprego, que tem pairado em cerca de 40 semanas para mais de um ano.....

Apesar do impacto desastroso dos cortes, eles foram largamente ignorados tanto pela grande mídia quanto nas eleições norte-americanas. Além disso, a administração Obama já deixa saber que não buscará uma renovação de auxílio-desemprego estendido.” (“Extended jobless benefits end for 500,000 US workers”, World Socialist web Site)

Você pode ver quão bem isso segue a campanha anti-obesidade de Michelle? A administração planeja aumentar a “flexibilidade” dos trabalhadores, colocando milhões de desempregados em uma dieta radical.

E, não se engane, desemprego é apenas um de muito programas que Obama planeja eviscerar após a contagem de votos. Ele também esta indo para o zero – na Segurança Social, Medicare e Medicaid. Eles estão todos no bloco de corte, cada um deles. É disso que o chamado Fiscal Cliff se trata; é farsa em relações públicas para esconder o plano de Obama para desmantelar os programas vitais que fornecem remédios, abrigo e uma aposentadoria insuficiente para os doentes, os carentes e os idosos, você sabe, as pessoas às quais os Republicanos se referem como “bocas inúteis”.

Todos esses relatórios (Sentier, Pew, o Fed’s Survey of Consumer Finances) dão atenção ao mesmo ponto, que a classe média está envolvida em uma guerra até a morte com os vermes carregadores-de-saco (“carpetbagging”) que pretendem privá-los do trabalho, tirar seus ativos, executar a hipoteca de suas casas, e deixá-los sem nenhum dinheiro para enfrentar a velhice. É apenas uma boa e velha luta de classes – e como Warren Buffett opinou – a classe dele está ganhando.

(*) Mike Whitney é um analista político independente.

Tradução: Hector Luz

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Cadê os fatos ?

O “mensalão” virou marketing político, as lideranças do PT são linchadas.


O Conversa Afiada reproduz texto do deputado Cândido Vaccarezza, publicado na Folha (*):

Aos fatos



Cândido Vaccarezza

O “mensalão” virou marketing político, as lideranças do PT são linchadas. A única confissão é de caixa dois. Compra de votos é um devaneio, não era preciso

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento dos 38 réus acusados pela ação penal 470, conhecido como “mensalão”. Muitos argumentaram que a coincidência desse julgamento com o calendário das eleições municipais seria prejudicial ao governo e ao PT, porque a oposição tentará capitalizar politicamente o evento.

Penso o contrário, pois, ao trazer à tona os autos do processo, esse julgamento permitirá um debate menos marcado pelos interesses político-partidários e ideológicos. As versões darão lugar aos fatos. As acusações sem provas e a condenação por antecipação serão substituídas pela análise imparcial do STF.

Incapaz de derrotar o PT nas urnas e de confrontar com propostas os governos Lula e Dilma, nos últimos anos a oposição transformou sua versão do “mensalão” em uma peça de marketing político, fazendo pesadas acusações e promovendo o linchamento público de lideranças do partido.

As acusações foram muito violentas: o nome “mensalão”, por exemplo, pressupõe um pagamento mensal a parlamentares, mas nenhum ato desta natureza foi provado. Nem os acusadores falam nos autos de pagamento mensal.

Formação de quadrilha, então, todos sabem que é uma acusação leviana, que carece de base material. O ex-vice-presidente da República, José Alencar, disse em depoimento que havia uma aliança entre PT e PL que previa uma divisão dos recursos auferidos para a campanha e que o repasse foi feito para quitar dívidas assumidas pelo PL durante o processo eleitoral.

Em relação à suposta compra de deputados para votar no governo, estamos diante de um devaneio, pois nenhum dos acusados precisaria de dinheiro para apoiar o governo. A maioria absoluta fez oposição ao governo anterior e ajudou o PT a ganhar as eleições. Portanto, seria um contrassenso alguém achar que estes precisariam ser “comprados para apoiar o governo”. Imagine um deputado do PT votando contra um governo do PT…

Quanto à acusação de corrupção ativa e passiva, sabemos que não houve dinheiro público envolvido ou obras contratadas com corrupção de agentes públicos. Na realidade, houve empréstimo bancário feito pelo PT. Boa parte do que se chama de “provas do esquema” se baseia em resgates bancários feitos por pessoas devidamente identificadas na boca do caixa.

Todo o crime deve ser julgado e os responsáveis punidos. Neste caso, houve uma confissão de caixa dois, só que a acusação resvalou, por interesse políticos, para outros tipos de crimes, mais graves e de grande potencial de desmoralização dos acusados.

O julgamento concomitante com o processo eleitoral desmistificará o caráter das acusações. A sociedade está madura e sabe separar o joio do trigo. Foi assim em 2006, em 2008, em 2010 e agora.

O tema foi exaustivamente usado e abusado pela oposição e por boa parte da mídia. Virado e revirado, faltaram provas para as acusações. A versão dos réus terá, mesmo que ofuscada por opiniões da oposição e de certos setores da mídia, de ser divulgada e a sociedade fará o seu juízo.

O Supremo decide no seu ritmo e de acordo com os autos, não se submetendo a pressões de uns ou de outros. E decisão do Supremo, na democracia, não se discute; cumpre-se. Já existem afoitos falando que o Supremo está sendo julgado, tese autoritária e descabida.

As eleições serão ganhas pelos escolhidos pelo povo.

CÂNDIDO VACCAREZZA, 56, é deputado federal pelo PT-SP



(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.



 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mensalão: Lula e Dilma arrasam com o PSDB

CNT/Sensus: Lula teria 69,8% das intenções de votos contra Aécio; Dilma teria 59% dos votos.


O Conversa Afiada não acredita em pesquisas.

Publica-as para irritar os tucanos que nelas acreditam.

Com o merválico ataque do PiG (*) no mensalão e tudo, ainda assim, os dois maiores líderes do trabalhismo arrasam com os ilustres adversários da Privataria – e Privataria II – a obra que se seguirá do Amaury Ribeiro Júnior.

É o que demonstra a pesquisa da Sensus.

Que horror !

Saiu na Folha (**):

Se fosse candidato, Lula teria 70% das intenções de votos, diz CNT/Sensus



ERICH DECAT
DE BRASÍLIA

Se as eleições presidenciais de 2014 fossem hoje, o ex-presidente Lula teria 69,8% das intenções de votos segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta sexta-feira (3).

Em segundo lugar na pesquisa aparece o senador Aécio Neves (PSDB-MG) com 11,9% das intenções de votos seguido do governado de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com 3,2%.

Num primeiro cenário apresentado pela pesquisa aos entrevistados apenas os nomes dos três foram postos como possíveis candidatos. Entre aqueles que não responderam ou que não votaria em nenhum dos três estão 15,2% dos entrevistados.

Num segundo cenário em que o nome de Lula é trocado pela atual presidente Dilma, ela também vence os outros dois possíveis concorrentes.

De acordo com a pesquisa, Dilma teria 59% dos votos contra 14,8% de Aécio e 6,5% de Eduardo Campos. Não souberam responder ou não votaria em nenhum dos três 19,7% dos entrevistados.

Se a disputa fosse apenas entre Dilma e Aécio, os números também são favoráveis à petista. Ela teria 63,8% contra 21,5% do tucano. Não souberam responder ou votariam branco/nulo 14,6% dos entrevistados

(…)



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Policarpo Jr acusado de fazer dossiê para Cachoeira chantagear juiz

Conforme o juiz, Andressa teria dito: "Doutor, tenho algo muito bom para o senhor. O senhor conhece o Policarpo Júnior? O Carlos contratou o Policarpo para fazer um dossiê contra o senhor. Se o senhor soltar o Carlos, não vamos soltar o dossiê".

Deu no G1:

O juiz federal Alderico Rocha Santos afirmou ao G1 nesta segunda-feira (30) ter sido chantageado por Andressa Mendonça, mulher do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
(...)
Segundo o magistrado, Andressa o procurou na quinta-feira (26) afirmando que teria um dossiê contra o magistrado e, em troca da não-publicação, teria pedido um alvará de soltura para Cachoeira.

O juiz diz ter encaminhado ao Ministério Público um papel com nomes escrito por Andressa e imagens de sua entrada e saída no prédio da Justiça Federal.

Andressa prestou esclarecimentos nesta manhã na Polícia Federal em Goiânia e saiu sem falar com a imprensa. A mulher do contraventor terá de pagar fiança de R$ 100 mil e está proibida de visitar o marido, informou a PF.

Dossiê

Conforme relatou o juiz ao G1, o dossiê teria sido produzido a pedido de Cachoeira pelo jornalista Policarpo Júnior, repórter da sucursal da revista 'Veja', em Brasília. O G1 procurou a assessoria de imprensa da revista, que informou não poder se posicionar sobre questões editoriais. Nas redações de São Paulo e Brasília, não localizou responsáveis para comentar o caso.

Ainda segundo Santos, Andressa teria pedido para falar com ele mesmo sem a presença do seu advogado. Como ela insistiu em ser atendida, o juiz diz que concordou em recebê-la e chamou uma de suas assessoras para acompanhar a reunião.

Depois de cerca de 20 minutos, diz ainda o magistrado, Andressa teria dito para que a assistente fosse retirada sala. Depois de mais 25 minutos, teria insistido. “Ela disse: ‘Quero falar com o senhor a respeito das minhas visitas ao Carlos e vou falar de questões pessoais. Não queria que questões da minha intimidade fossem reportadas a terceiros’. Então concordei com a saída da minha assessora”, relatou.

Conforme o juiz, Andressa teria dito: "Doutor, tenho algo muito bom para o senhor. O senhor conhece o Policarpo Júnior? O Carlos contratou o Policarpo para fazer um dossiê contra o senhor. Se o senhor soltar o Carlos, não vamos soltar o dossiê".

O juiz diz também que respondeu que não tinha nada a temer, quando teria ouvido de Andressa: "O senhor tem certeza?".

A mulher de Cachoeira, conforme o relato do juiz, teria então escrito o nome de três pessoas em um pedaço de papel e perguntado se ele os conhecia: o ex-governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), que teve o mandato cassado em setembro de 2009 por suspeita de abuso de poder político nas eleições de 2006; um fazendeiro da região do Tocantins e Pará, conhecido como Maranhense; e Luiz, que seria um amigo de infância do juiz e supostamente responderia a processo por trabalho escravo.

De acordo com o juiz, Andressa teria dito que o jornalista teria fotos do magistrado com essas três pessoas.

“Não tenho nada a temer. Eu não vejo Marcelo Miranda há mais de quatro anos. O Maranhense, ou quem imagino que possa ser o Maranhense, também não vejo há bastante tempo. Já o Luiz é meu amigo de infância. As terras da família dele fazem divisa com as do meu pai, no Maranhão, há mais de 50 anos”, disse Santos.

O magistrado afirmou ter voltado a dizer a Andressa não ter nada a temer, momento em que ela teria se retirado de sua sala. “Quando ela saiu, guardei o papel onde ela escreveu os três nomes, solicitei as imagens que mostram a sua entrada e saída do prédio da Justiça Federal e encaminhei um documento ao Ministério Público relatando o fato."

"Eles entenderam que a ação dela se caracteriza crime e que ela deve pagar uma fiança de R$ 100 mil sob pena de prisão”, relatou.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Locutor do moralismo da mídiconduta imorala é cassado por

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Foi um momento triste para a República a sessão do Senado que cassou o mandato do senador Demóstenes Torres. Não por uma impensável impropriedade da cassação, mas pelo que encerra de lamentável que um homem público que se apresentava como paladino da ética perca um mandato popular por agir de forma incompatível com ela.
A defesa de Demóstenes se resumiu a ele e a seu advogado. Quase ninguém se levantou por ele. Nenhum dos seus defensores conseguiu contrapor argumento que justificasse os quase cem mil dólares de presentes que recebeu de Carlos Cachoeira ou os serviços que as gravações da PF mostram que prestou ao criminoso.
Na defesa de Demóstenes, ele pediu desculpas pelas acusações que fez aos seus pares enquanto exercia o cargo oficioso de locutor da Veja e do resto de uma mídia que, em suas palavras, o tratou como ele fez que tratasse a outros que, ao contrário de si, nunca foram flagrados nas situações em que foi.
Demóstenes reconheceu “leviandade” nas acusações que fazia. A grande reflexão que disso resulta, assim, é a de que fazia, irresponsavelmente, as acusações que saiam na Veja, na Folha, no Estadão e na Globo E reconheceu que os veículos que repercutia, na hora H, abandonaram-no ferido na estrada.
A lição maior da cassação de Demóstenes, portanto, é a de que ninguém está a salvo de se tornar alvo do furor acusatório e do moralismo. Independentemente de sua culpa evidente, ainda haverá que prová-la materialmente na Justiça. Sua cassação política, porém, veio embasada por provas que não existiram contra seus alvos pretéritos.
A cassação de Demóstenes, enfim, insinua quanto ainda pode haver de obscuro no furor acusatório do qual ele foi a principal expressão. É o desmonte parcial de um esquema hipócrita que se esmerou na acusação sem provas ou mínimas evidências que sobram contra si.
Dificilmente os poderes que construíram e sustentaram Demóstenes conseguirão extrair o significado de sua derrocada, a derrocada da hipocrisia, do moralismo e do açodamento. Todavia, o fenômeno oferece esperança àqueles que almejam pelo funcionamento civilizado e civilizador da política, que marcou um tento ao cassar a hipocrisia.
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Blogueiros entrevistam candidato do PSOL a prefeito de São Paulo

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O complicado assunto neonazi na Alemanha

Dossiê das duas agências do Serviço Secreto Federal Alemão indica que é inteiramente falsa a difundida e, na verdade, nunca contraditada versão de que grupos de esquerda, como o chamado grupo "Baader-Meinhof”, teriam ajudado os membros da facção palestina Setembro Negro que assaltaram o prédio 31 da Vila Olímpica em Munique, onde se hospedava a delegação israelense, durante os Jogos Olímpicos de 1972. A conexão do Setembro Negro, na verdade, teria sido com neonazistas. O artigo é de Flávio Aguiar.

Enquanto os eurolíderes se debatem com a banca financeira, por ela comprimidos agora na Espanha, novo(?) elo fraco na cadeia, enquanto a Itália está na sala de espera da UTI, o complicado assunto neo nazi voltou a mostrar o nariz – e a cara inteira – na Alemanha.

A revista Der Spiegel (versão em inglês) trouxe à luz copioso noticiário, a partir de um dossiê de duas mil páginas das duas agências do Serviço Secreto Federal Alemão (Bundesamt für Verfassungsschutz e Bundesnachrichtendienst), sobre ser inteiramente falsa a difundida e, na verdade, nunca contraditada versão de que grupos de esquerda, como a RAF (Rote Armee Fraktion, também conhecida indevidamente como “Grupo Baader-Meinhof”), teriam ajudado os membros da facção palestina Setembro Negro que assaltaram o prédio 31 da Vila Olímpica em Munique, onde se hospedava a delegação israelense, durante os Jogos Olímpicos de 1972.

No assalto, os oito assaltantes mataram dois dos israelenses (um atleta e um treinador) e sequestraram outros nove, no dia 5 de setembro. Queriam troca-los por 234 prisioneiros palestinos e também por alguns prisioneiros da RAF, fato que, entre outros, levaram à “conclusão” de que essa organização alemã os tinha ajudado.

No dia 6, ao tentarem embarcar num avião que os levaria para fora do país, num aeroporto militar, foram interceptados por uma operação anti-terrorista das Forças Armadas alemãs, o que redundou numa catástrofe. Os assaltantes mataram todos os reféns (embora haja a suspeita de que alguns deles possam ter morrido no fogo cruzado). Dos oito terroristas, cinco morreram na hora e três foram presos. Mais tarde esses três foram libertados através do sequestro de um avião da Lufthansa. Mas dois deles morreram em operações posteriores do Mossad, que eliminou quase todos os suspeitos de participação ou planejamento no ataque de Munique. O terceiro assaltante vive até hoje na clandestinidade, enquanto o idealizador do sequestro, Abu Daoud, morreu em 2010 de causas naturais.

O dossiê comprova que Abu Daoud tinha uma estreita ligação com Willi Pohl, hoje beirando os 70 anos, que conseguira-lhe pelo menos carros para a operação, além de levá-lo a viajar por toda a Alemanha. Há a possibilidade de que Pohl tenha conseguido também armas, embora ele, numa entrevista à própria Der Spiegel, o negue. Em todo caso, colocou Daoud em contato com Wolfgang Abramovski, reconhecido falsificador de documentos que, levado para as cercanias de Beirute, provavelmente forneceu passaportes para o grupo.

Ocorre que Pohl e Abramovski não eram membros de nenhum grupo terrorista ou não de esquerda, mas sim de uma célula neonazista, e foram denunciados à polícia ainda antes dos acontecimentos de Munique, inclusive sobre a ligação com Daoud, por um ex-colega de militância e pelo ex-patrão do primeiro, de quem ele tomara algum dinheiro.

Depois do conhecido “Massacre de Munique”, Abramovski e Pohl foram presos, em outubro daquele ano, de posse de considerável arsena de armamentos, panfletos e cartas ameaçadoras ao juiz que dirigia o processo contra os três sobreviventes da tragédia, parte de um primeiro plano para libertá-los, que evidentemente não foi adiante. Desde então o Serviço Secreto alemão já sabia que a conexão alemã do Setembro Negro era neonazi, e não esquerdista, como comprovam mensagens trocadas pelas agências envolvidas, que nunca vieram a público – até esta semana.

É claro que restam milhares de luzes e perguntas acesas e ainda sem respostas sobre esse caso e esse dossiê. Algumas delas:

1) Se agisse de modo mais consistente, investigando a fundo as denúncias que recebera, o Serviço Secreto alemão poderia ter evitado o sequestro?

2) Essa é mais uma operação neonazi na história alemã pós-Segunda Guerra que “passa batida”, num primeiro momento, por essas agências e que a opinião pública fica com a versão de que seriam outros os implicados. Qual o significado disso?

3) Grupos de esquerda – a RAF em particular – foram acusadas de forma disseminada de participação na tragédia. Nada se fez durante quatro décadas para desmentir essa acusação. Por quê? (É verdade que declarações bombásticas de mebros da RAF, inclusive de Ulrike Meinhof, ajudaram a forjar essa impressão, mas tudo, hoje está comprovado, era blefe, não realidade).

4) Surpreendentemente, quando julgados em 1974, Pohl e Abramovski receberam penas extremamente leves, somente por “posse ilegal de armas”. Por que? O que isso significa?

Para arrematar: segundo a revista, Pohl hoje nada tem a ver com terrorismos ou com quaisquer atividades neonazis. É autor (de sucesso) de histórias policiais, inclusive como roteiros de TV, com outro nome, é claro.
De Abramovski não se tem notícia.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Lamentavelmente, Lula não morreu

Amiga navegante baiana liga, aflita: “querem matar o Lula !”

Como assim ?

Ela explica.

O editorial do Estadão, no domingo, considerou o programa do Ratinho “um espetáculo de endeusamento”.

O Estadão fica horrorizado porque o Lula comeu rabada na casa do Ratinho.

Rabada ?

Onde já se viu ?

Se fosse “canard à l’orange”…

Pior: o Estadão ficou uma fera, porque o Nunca Dantes foi logo ao “programa de um dos animadores preferidos das classes pobres”.

Onde já se viu !

Os editorialistas do Estadão preferem a BBC ou o “Roda Presa”, antigo “Roda Morta”, antigo “Roda Viva”.

(Sim, porque “Roda Viva” se tornou um símbolo da resistência ao regime militar e o programa, hoje, passa a mão na cabeça dos torturadores. Qualquer dia desses chamam o Coronel Ustra para entrevistar.)

O Estadão, como se sabe, é aquele jornal da província de São Paulo, dos tempos do PRP, que chamou a Dilma e o presidente do Supremo de mentirosos.

No Globo, domingo, alertou a amiga navegante, o “Merval Global e o Melhor do Carnaval”, diria o Boni, considera que Lula está “emocionalmente desestabilizado”.

Que Lula se coloca no centro do universo e tem a “alma autoritária”.

Lula assumiu uma postura “despótica, quase ditatorial”, porque anunciou “tucano nunca mais” !

Merval volta à tecla do “mensalão”, que está por provar-se, agora que parece desvanecer-se o sonho de o Peluso condenar o Dirceu.

Não vai dar tempo.

E mesmo se desse, este ansioso blogueiro queria ver o Ministro Peluso condenar o Dirceu sem provas.

Inexplicavelmente, o Merval não trata da Privataria.

Considera o “mensalão” (que está por provar-se) um conjunto maior que os Pecados Capitais, juntos.

Este ansioso blogueiro prefere a Privataria.

Nesta segunda-feira, a amiga navegante, chegou ao PiG (*) chic: o Valor.

É o PiG (*) travestido de “jornalismo de economia” que, como disse o Delfim (e depois desmentiu) no Brasil não é um nem outro.

O editorial do Valor desta segunda-feira diz que houve um “bate boca” entre Lula e Gilmar.

Até onde a vista alcança, não houve “bate” nenhum.

A única “boca” que bateu – contra si mesma – foi a do Gilmar Dantas (**).

Clique aqui para ler “as dez perguntas que o Charles fez ao Gilmar Dantas (**), lá do Recôncavo”.

E aqui para ler “Blogueiro sujo vai ao Supremo contra Gilmar Dantas (**)”.

O Valor defende a tese de que Lula “debochou” da legislação eleitoral, porque foi ao programa do Ratinho.

E que a “movimentação de Lula enfraquece a Dilma”.

Ah, que inveja !

Que pena que o Farol de Alexandria, aquele que fugiu de Ley de Medios, não “enfraqueça” o Cerra igualmente.

O PiG (*) comprou a versão do Gilmar Dantas (**).

E ignorou que a única testemunha, o Nelson Johnbim, desmentiu categoricamente o Gilmar Dantas (**).

De repente, o Nelson Johnbim perdeu a credibilidade no PiG (*).

(Este ansioso blogueiro aguarda ansiosamente a entrevista que a Eliane Catanhêde fará com o Nelson Johnbim, ela que, sempre, fez tantas entrevistas com o então Ministro da Defesa.)

O PiG matou o Johnbim.

Agora, diz a amiga navegante, o PiG (*) lamenta que o Lula não tenha morrido.

Lamenta que o Lula não perdeu a voz.

E lamenta profundamente que o Lula tenha nascido.

Porque, enquanto for vivo e tiver voz, nenhum tucano subirá a rampa.


Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Câmara pune trabalho escravo. Alô, alô, Ali Kamel !



A deputada Jandira Feghalli (PC do B – RJ) telefona ao Miro para comemorar uma vitoria também dela, de dez anos de luta:

Saiu na Agencia Brasil:

Câmara aprova PEC do Trabalho Escravo

Iolando Lourenço

Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Câmara dos Deputados acaba de aprovar, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo por 360 votos favoráveis, 29 contrários e 25 abstenções. A matéria volta, agora, ao Senado Federal, para nova rodada de votações em dois turnos.

A PEC foi à votação depois de dez anos tramitando no Congresso. A votação em primeiro turno ocorreu em agosto de 2004. A pressão em favor do texto é grande e conta com a participação de organizações não governamentais ligadas à defesa dos direitos humanos, de centrais sindicais e do próprio governo, que estão se mobilizando desde o ano passado para garantir a aprovação.

Edição: Fábio Massalli


Essa votação na Câmara é uma singela homenagem ao Gilberto Freire com ï”, (*), o Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da Globo, que escreveu um livro – “Não somos racistas”, um retumbante best-seller – em que assegura: com o fim da Escravidão, em 1888 – em 1888 ! – , não havia mais obstáculo para o negro brasileiro vencer na vida.
Um jenio !
Convém recordar também que o primeiro entrevero entre o Ministro Joaquim Barbosa e o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo – aquele do Demóstenes ao Cachoeira, “o Gilmar mandou buscar !” – se deu por conta da aplicação da Lei contra quem empregava trabalha o escravo.
Não é difícil, amigo navegante, imaginar quem estava do lado do cabo do chicote e quem estava na ponta do chicote, para usar imagem de Machado de Assis, que entendia de Escravidão e fazia de conta que não entendia.
Clique aqui para ler “Gilmar, Kamel e Heraldo, como o PHA se defendeu”.
(*) Conta-se que D. Madalena, um dia, em Apipucos, virou-se para o marido e disse: Gilberto, essa carta está em cima da tua mesa há mais de um mês e você não abre. Não posso abrir, disse o Mestre. Não é para mim, é para um Gilberto Freire, com “ï”.
Paulo Henrique Amorim

Filho da Kátia Abreu e mais 54 votam contra PEC do Trabalho Escravo, mas perdem

A Câmara dos deputados aprovou na terça-feira (22), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 438/01, que permite a expropriação de imóveis rurais e urbanos onde a houver exploração de trabalho escravo.

Esses imóveis serão destinados à reforma agrária ou a programas de habitação popular.

A proposta é oriunda do Senado e, como foi modificada na Câmara, volta para exame dos senadores.

Foram 360 votos a favor. Para aprovar eram necessários 308 votos.

Votaram contra 55 deputados (soma de Não + abstenção + obstrução), entre eles o deputado Irajá Abreu (PSD-TO), filho da senadora Kátia Abreu (PSD-TO).

Dois tucanos e dois pedetistas votaram contra.

Total de parlamentares por partido que votaram contrários a acabar com o trabalho escravo:

PSD: 15
PMDB: 15
DEM: 6
PP: 5
PR: 4
PTB: 3
PSDB: 2
PDT: 2
PSC: 2
PHS: 1

Nome aos bois:

Eis a lista de quem votou contra acabar com o trabalho escravo:



terça-feira, 22 de maio de 2012

Na contramão da História

Leitor da seção “O Globo há cinquenta anos”, recomendo sua leitura por alunos e professores em sala de aula. Ali, quase diariamente, encontra-se um repositório notável do atraso de nossa vida republicana, o que nos possibilita conhecer o papel de nossa imprensa corporativa como eficiente correia de transmissão da ideologia da Guerra Fria (importando um embate que não nos dizia respeito e trazendo para cá a visão estadunidense), invariavelmente de costas para os interesses nacionais, avessa aos interesses populares e sempre atenta aos negócios do grande capital, principalmente o capital internacional.
os grandes jornais sempre se opuseram ao nacional e ao popular, e assim combateram a campanha do “Petróleo é nosso” e ainda hoje rejeitam a Petrobrás. Foto: José Vieira Trovão / Ag. Petrobras
 
 
Escrevo “nossa imprensa” de forma proposital, pois O Globo não era, não foi e não é uma exceção nesse servilismo aos interesses antinacionais e, sobretudo, contrários ao desenvolvimento do país e a tudo que diga respeito ao povo. O cheiro dos marmiteiros sempre ofendeu ao olfato sensível dos comensais dos Le bec fin.
Por coerência, os grandes jornais sempre se opuseram ao nacional e ao popular, e assim combateram a campanha do “Petróleo é nosso” e ainda hoje rejeitam a Petrobrás e se arrepiam, irritadiços, sobressaltados, diante de qualquer movimento que lhes possa sugerir o menor sintoma de nacionalismo (ou defesa dos interesses nacionais) que possa pôr em risco o projeto do grande Império. Ou de defesa do Estado. E sempre que este submerge, quem paga o pato são os interesses da Nação e dos mais pobres.
Exemplar do que afirmo é a primeira página da edição do Globo do dia 26 de abril de 1962. Depois de anunciar com alegria a “Primeira explosão nuclear no Pacífico”, sem danos ambientais (embora também diga que “o engenho lançado de um avião que voava a grande altitude, desencadeou numa força explosiva calculada entre 20.000 e um milhão de toneladas de TNT”), o jornal condenava a ameaça de aprovação do projeto do deputado Aarão Steinbruch que instituía o 13º salário: “Os meios financeiros consideram altamente inflacionária e de consequências desastrosas para a economia nacional a implantação de um 13º salário”.
A previsão catastrofista vem no discurso do oráculo do conservadorismo de então: “Deixando de lado a agricultura, para a qual faltam dados positivos, o economista Eugênio Gudin calcula em cerca de Cr$ 80 bilhões a sobrecarga que o aumento representaria no orçamento das empresas”.
Contam os fatos que o projeto foi aprovado e que sua aplicação acumula, hoje, 50 anos de sucesso. Nenhuma empresa faliu por conta dele, o comércio ganhou (e ainda hoje festeja a iniciativa) e começávamos ali a investir no que até os ortodoxos reconhecem ser a alternativa de nossa economia, a saber, o fortalecimento do mercado interno.
 
Mino Carta: Eternos chapa-branca
Na contramão da História, a mesma imprensa combatia, desde sua instituição, tanto o salário mínimo (Decreto-Lei n.2 2.162 , de 12 de maio de 1940), quanto seus reajustes anuais, sempre apontados como inflacionários. Assim, em 1954, o anúncio de um reajuste de 100%, afinal concedido, provocou grande campanha de imprensa, a edição de um famoso e subversivo “Memorial dos Coronéis” e, afinal, a demissão do Ministro do Trabalho, João Goulart. Jamais aumentar salários, jamais regular a remessa de lucros para o exterior, taxar as grandes fortunas e as grandes heranças. Jamais estabelecer alíquotas crescentes do Imposto sobre a Renda. Derrubar a CPMF e assim desfalcar o orçamento de nada menos que o ministério da Saúde, ah! isso, sim… Para “destravar a economia”? Não. Seu objetivo era reduzir o controle das movimentações financeiras.
Lembremo-nos de que um dos primeiros atos dos golpistas de 1964 foi a revogação da lei de remessa de lucros…
Agora, já começa a mesma imprensa a dizer que o combate aos juros altos, aumentando o crédito ao consumidor, pode constituir-se em agente inflacionário. Todos os países do mundo podem ter juros mais baixos que o nosso e muitos deles crescer em índices superiores ao nosso. Mas o Brasil, não. Esquecem-se os catastrofistas, e esquecem propositalmente, que nosso país sempre cresceu por força da expansão de seu mercado interno, responsável, ademais, pela resistência de nossa economia ao abalos exógenos, de que é exemplo esta última (no sentido de a mais recente) crise do capitalismo financeiro.
O panorama internacional é de desaceleração (e sabemos hoje que as potências europeias não conhecem vacina para a crise, cenário persistente ainda por muitos anos), principalmente na medida em que insistem na suicida política recessiva, imposta unilateralmente (contra os países e suas populações) por uma Alemanha governada pelos interesses dos banqueiros.
A desaceleração das grandes economias, seja qual for o comportamento da China, cuja taxa de crescimento tende a decair sob controle (felizmente), indica, para países como o Brasil, uma queda de suas exportações, principalmente em setores como a exportação de produtos primários, commodities e minérios.
Esse panorama, que assim se descreve desde a aceleração da crise, cobra da economia brasileira o fortalecimento do mercado consumidor interno. Consumidor, bem entendido, na medida em que tiver trabalho e renda.
O fortalecimento desse mercado interno – antigo e permanente pleito da esquerda brasileira – é uma das mais significativas conquistas do governo Lula. Para tal objetivo foi importante o Bolsa Família, foram importantíssimas as políticas de transferências previdenciárias e de assistência social e o apoio à agricultura familiar. Mas fundamental foi o aumento de algo como 60% do salário mínimo. Essas medidas foram responsáveis, em seu conjunto, pela criação do que se chama de Classe C (ou de uma nova classe C), cujo poder de compra é equivalente a 12% do PIB.
Essa política é aprofundada pela presidente Dilma quando, corajosamente, decide enfrentar a ganância do sistema financeiro insaciável e irresponsável, impondo uma política de juros consentânea com nossa realidade e as necessidades de nosso mercado, a saber, aumentando o acesso ao crédito, de que decorre o aumento do poder de compra do mercado interno, a reativação do comércio e da indústria, transformando em virtuoso o círculo vicioso da recessão que aumentaria a recessão.
Nesse ponto identificamos um salto de qualidade da atual política, na medida em que se livra dos grilhões do sistema financeiro (parasita por definição) e se associa ao capital produtivo, construindo novas perspectivas de vida para as grandes massas, sempre marginalizadas pelos monetaristas de plantão.
Sabe-se, porém, que a nova política de Dilma, nada obstante sua decisão pessoal, não seria exequível se o governo não dispusesse do tripé Banco do Brasil-Caixa Econômica Federal-BNDES, quase privatizados pela insânia neoliberal.
A política Lula-Dilma, assim, incorpora ao desenvolvimento sua fundamental dimensão social, o acesso à cidadania das populações mais pobres.
Enquanto isso, do outro lado do Equador, as economias classicamente desenvolvidas (EUA, Inglaterra e Japão, para não lembrar Grécia, Irlanda, Espanha e Itália…) convivem com altas taxas de desemprego, baixíssimas taxas de crescimento (tendendo para a estagnação) e no limiar da recessão, com seu perverso custo político, as restrições ao Estado do bem-estar, a xenofobia, as restrições ao livre-trânsito dos nacionais em suas fronteiras, e, mesmo, a realimentação da direita, na França com o fortalecimento da herdeira de Le Pen e na Grécia com o reaparecimento de um arremedo de nazismo, e como tal tanto abjeto quanto grotesco.
A combinação de recessão, miséria e desemprego foram sempre o caminho mais curto para a instauração das tiranias.
De outra parte, os países que se afastaram do monetarismo e do catecismo neoliberal, como o Brasil, retomaram o crescimento, aumentaram suas taxas de emprego e até aqui mantêm sob controle a ameaça da recidiva inflacionária, e, assim, em situação melhor que os “ricos” a enfrentar a crise global, uma crise do sistema privado que estourou no colo do setor público.
Por isso mesmo, cada vez mais consolidamos a opção democrática e começamos a transitar da democracia formal (política), para o que, num amanhã ainda distante, poderemos chamar de democracia real (à falta de denominação mais adequada), aquela que realizará a justiça social.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Roberto Gurgel, além de sósia de Jô Soares, também é humorista

Se tivesse que definir o Zeitgeist (clima intelectual e cultural do mundo em uma determinada época) de nosso tempo, diria que vivemos a era da hipocrisia e da desfaçatez. E tal fenômeno não é afeito só ao Brasil, mas ao mundo, à época em que vivemos.
Os Estados Unidos, por exemplo, inventam que um país milenar do Oriente possui “armas de destruição em massa”, mesmo que só tenha o petróleo de que a potência precisa, e, assim, invadem-no, matam populações civis como moscas e continuam posando como nação de super-heróis.
Aqui na América do Sul, uma casta de vigaristas depõe um presidente legitimamente eleito, fecha o congresso e, depois que o golpe fracassa, acusa o presidente reconduzido ao poder pelo povo de ser “ditador” apesar de suas vitórias eleitorais serem inquestionáveis.
Perto disso tudo, pode parecer menos grave a hipocrisia e a desfaçatez que imperam no país, mas nem tanto. Nas últimas vinte e quatro horas pudemos ver que não fazemos feio em disputas desse tipo. Basta ver o show humorístico do mais fidedigno sósia do humorista Jô Soares já encontrado.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu sentido ao termo caradurismo. Como tem sido amplamente veiculado, ele teve nas mãos todos os indícios de que Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres dirigiam uma organização criminosa e sentou em cima das provas.
Por conta disso, a CPMI do Cachoeira quer convocá-lo a depor para explicar por que agiu assim. O movimento por sua convocação cresce entre governistas e oposicionistas. Mas foi só após o depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Souza na última terça-feira que esse sentimento cresceu.
O delegado deixou claro que o procurador-geral da República poderia ter agido há quase três anos contra Cachoeira e companhia limitada e nada fez. A ele se juntaram oposicionistas como o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). E, claro, os membros governistas da CPMI.
Só para ilustrar o caso, Lorenzoni, do De-mo-cra-tas, declarou que “Ele [Gurgel] está sem defesa” porque “Estava com a bomba atômica na mão [relatório contra Demóstenes] e nada fez”.
Isso não impediu que o humorista mor da República declarasse que os que querem convocá-lo a se explicar agem assim porque estariam “com medo” de sua atuação no inquérito do mensalão, como se Randolfe ou Lorenzoni estivessem envolvidos no caso.
Para que refletir que confrontá-lo obviamente seria o caminho mais curto para enfurecê-lo, gerando o risco de uma vingança de sua parte na condução do processo?
Alguns dirão que pior ainda é a mídia dizer que a Veja não fazia parte do esquema Cachoeira apesar de as escutas da PF mostrarem o contrário, ou seja, que o bando a usava, por exemplo, para derrubar funcionários do governo que atrapalhavam a construtora Delta e, em troca, o contraventor municiava a publicação com denúncias contra o mesmo governo.
Pois eu digo que o quadro humorístico de Gurgel é ainda mais hilariante. Os políticos e a imprensa fazem jogo político, não se espera desses atores a postura que se espera do chefe de uma instituição como o MPF, alguém que tem por dever constitucional fazer exatamente o contrário do que fez.
Jô Soares já pode até tirar umas férias e colocar Gurgel em seu lugar que, muito provavelmente, ninguém notará a diferença. Talvez até achem o procurador-geral mais engraçado.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Estadão entrega: Cachoeira plantou na Globo também

Saiu no Blog do Nassif:

(Quando esse ansioso blogueiro diz que a Veja e a Globo são a corda e a caçamba …)

Estadão revela elos de Cachoeira com a revista Época


Por Geraldo Reco


A revista mencionada é a Época:


“Então, dá pra plantar isso aí? Os caras fazerem a ligação com eles?”, questiona o empreiteiro. O araponga, então, responde: “Dá. Se não der, a gente coloca na mídia, né? Que aí os caras se interessam. Vou falar com aquele amigo lá da CGU”, diz Dadá”.


A plantação de Dadá e a Revista Época


O Estadão de hoje traz repostagem acerca de um suposto esquema de Cachoera na CGU. Mas o mais interessante são os diálogos de Claudio Abreu, então na Delta, e Dadá, aquele. A Polícia Federal tinha detonado a operação Voucher que envolveu o Ministério do Turismo e prendeu  pessoas em Brasília, São Paulo, Macapá e Curitiba. Dentre elas estava Frederico Silva da Costa, então Secretário Executivo do Ministério.


Cláudio Abreu ao saber da prisão de Costa fala com Dadá para tentar estabeleer uma ligação com uma concorrente, a Warre Engenharia que, segunda ele (Cláudio) foi beneficiada por Costa numa obra no Parque Mutirama em Goiânia. Os diálogos do Estadão:


“O pessoal da Warre Engenharia é aqui da cidade. O dono dela é o Paulo Daher e o filho dele, o Ricardo Daher. (…) Eles são amigos de infância. E esse cara que foi preso aí (Frederico) arrumou dinheiro pra eles e direcionou as obras”, explicou Abreu a Dadá.


“Então, dá pra plantar isso aí? Os caras fazerem a ligação com eles?”, questiona o empreiteiro. O araponga, então, responde: “Dá. Se não der, a gente coloca na mídia, né? Que aí os caras se interessam. Vou falar com aquele amigo lá da CGU”, diz Dadá.


O Estadão menciona que dias depois uma “revista semanal semanal de grande circulação” trouxe matéria estabelecendo a ligação desejada por Cléidio Abreu. Pesquisei na internet e encontrei matéria da Revista Época na qual se percebe nítidamente a “plantação”.


Os links e a matéria da Época estão abaixo.


http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,esquema-de-carlinhos-cachoeira-tinha-funcionario-infiltrado-na-cgu,870408,0.htm


http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI257290-15223,00.html


O Ministro entro na festa


As investigações da PF sobre corrupção no Ministério do Turismo incluem uma obra que recebeu milhões liberados por Pedro NovaisAndrei Meireles, Marcelo Rocha e Murilo Ramos, com Leandro LoyolaDida SampaioTUDO DOMINADO

O ministro do Turismo, Pedro Novais. Abaixo, seu secretário executivo, Frederico Silva da Costa, algemado. Novais liberou dinheiro para obra de empresa de amigos de CostaSérgio LimaHá algum tempo não se via coisa parecida. Na semana passada, a Polícia Federal (PF) prendeu 35 pessoas na Operação Voucher, suspeitas de participar de desvio de recursos no Ministério do Turismo. Entre os presos está o secretário executivo do ministério, Frederico Silva da Costa (leia o quadro). A investigação se concentra em um convênio que liberou R$ 4 milhões para o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi). No papel, o Ibrasi deveria treinar pessoas no Amapá para trabalhar no setor turístico. Na realidade, segundo a PF, o dinheiro foi desviado para empresas de fachada, montadas por servidores, políticos e empresários. Nas investigações, surgiu outro grande negócio com ingredientes para um novo escândalo. É comum que conversas gravadas com autorização captem diversos assuntos tratados pelos investigados. Foi assim que os policiais esbarraram no nome da empresa Warre Engenharia, de Goiânia. Os desdobramentos podem criar problemas para o atual ministro, Pedro Novais, do PMDB.


A Warre foi contratada pela prefeitura de Goiânia para revitalizar o Parque Mutirama, a principal área de lazer na área central da capital de Goiás. O dinheiro para a obra – R$ 45 milhões – é do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), que tem recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e é administrado pelo Ministério do Turismo. Na época em que foi firmado o convênio entre prefeitura e ministério, Frederico Silva da Costa era o responsável pelo Prodetur. A escolha da empresa Warre não foi uma surpresa para o setor da construção civil em Goiás, segundo ÉPOCA ouviu de empresários de Goiânia. Antes mesmo da realização da concorrência pública no 001/2010, executivos do mercado comentaram que a obra estava destinada à Warre. Essas versões eram alimentadas por causa da relação de amizade entre as famílias de Frederico Costa, o responsável pela liberação dos recursos, e dos empresários Paulo Daher e Paulo Daher Filho, os donos da Warre.


Nove empresas se inscreveram para participar da licitação para a reforma do Parque Mutirama. Seis foram desclassificadas pela prefeitura. Das três que continuaram na disputa, duas desistiram às vésperas da abertura de propostas. Sobrou apenas a Warre. Denúncias feitas na Câmara Municipal de Goiânia pelo vereador Elias Vaz (PSOL) fizeram com que o prefeito Paulo Garcia (PT) anunciasse o cancelamento da concorrência e a abertura de uma nova licitação. Garcia sondou então o Ministério do Turismo e soube que, se revogasse a licitação vencida pela Warre, os recursos federais seriam suspensos. “A prefeitura recebeu um ofício do Ministério do Turismo em novembro de 2010. O documento dizia que o recurso estava liberado para a execução da obra e que, se ela não fosse iniciada até 31 de dezembro, o município perderia o dinheiro. Os recursos voltariam para o Orçamento Geral da União”, diz Andrey Azeredo, secretário de Licitações da prefeitura de Goiânia. “O ato de revogação da licitação do Mutirama foi até confeccionado. Mas, por problemas internos, o ato não foi publicado e ficou sem validade.”


O prefeito de Goiânia iria revogar a licitação, mas desistiu depois de aviso do Ministério do Turismo


Como a revogação não foi publicada, o contrato com a Warre Engenharia foi firmado. O Ministério Público Federal entrou no caso. Para os procuradores, tudo leva a crer que a licitação foi um jogo de cartas marcadas. Em janeiro, o procurador da República Marcello Santiago Wolff considerou ter indícios suficientes para abrir um inquérito para apurar fraude na concorrência. Mesmo depois de o Ministério Público ter oficialmente informado o Ministério do Turismo sobre a investigação, o ministro Pedro Novais foi a Goiânia no final de abril. Novais participou de uma solenidade festiva em que anunciou a liberação dos “primeiros R$ 10 milhões” para as obras. Novais sabia das irregularidades. “Houve realmente alguns questionamentos, mas que já foram solucionados”, afirmou Novais, em discurso.


Segundo o Ministério Público, não há nada solucionado no caso. Na semana passada, a pedido dos procuradores, a Polícia Federal também abriu inquérito para investigar irregularidades na licitação para as obras no Mutirama. O empresário Paulo Daher, dono da Warre, afirmou que são “infundadas” as alegações do Ministério Público Federal. Daher enviou uma nota técnica da prefeitura de Goiânia, na qual se baseia para alegar que a licitação foi legal. Daher não quis comentar sua relação pessoal com Frederico Silva da Costa. Em resposta a ÉPOCA, o ministro Novais disse que, por causa das investigações do Ministério Público, passará a ser mais “cauteloso” nos repasses de dinheiro para a obra do Parque Mutirama. Ele disse também que se confundiu na hora de anunciar os recursos liberados em Goiânia. Novais diz que ele mesmo só autorizou a liberação de R$ 4 milhões.


Em janeiro, ÉPOCA já mostrara que Costa era uma fonte potencial de grandes problemas para o governo Dilma. Um dos motivos era sua gestão à frente do Prodetur. Com Frederico no comando, o governo de Goiás teve acesso a R$ 13 milhões do programa e construiu uma rodovia que favoreceu o acesso ao Rio Quente Resorts, na região de Rio Quente, um dos principais pontos turísticos de Goiás. Outro programa do ministério, o Fundo Geral de Turismo, também concedeu um financiamento ao Rio Quente Resorts. Seria uma operação legítima, se o resort não pertencesse à família de Costa. Além da suspeita de dar uma força aos negócios da família com dinheiro de todos os brasileiros, Costa também é alvo de outra investigação. Ele, o pai e o irmão são acusados de desvio de recursos públicos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) nos anos 1990. Seus bens estão bloqueados pela Justiça por causa da investigação. Apesar dos fatos desabonadores para sua nomeação para o segundo cargo no Ministério do Turismo, Costa foi mantido no governo por pressão do PMDB, acolhida pelo então chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.


Na semana passada, as investigações da PF mostraram que Frederico Silva da Costa não atuou apenas em Goiás. Segundo a PF, Costa, na prática o verdadeiro ministro da pasta, foi fundamental para a liberação de verbas para o Ibrasi. Tudo começou com uma emenda ao Orçamento proposta pela deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), que destinou R$ 4 milhões para o treinamento de trabalhadores no setor turístico no Amapá. A PF afirma que Costa atuou não só para liberar a emenda de Fátima, como garantiu o escoamento do dinheiro dos cofres públicos para entidades fajutas. Em uma das gravações captadas pela Polícia Federal, Costa ensina o empresário Fábio Mello a montar uma entidade de fachada para receber o dinheiro liberado pelo ministério – e que seria desviado depois. “O importante é a fachada e tem de ser uma coisa moderna, que inspira confiança em relação ao tamanho das coisas que vocês estão fazendo”, diz Costa. “Pega um negócio aí para chamar a atenção, assim, de porte, por três meses. Mas é para ontem! Que, se alguém aparecer para tirar uma foto lá nos próximos dias, as chances são altas!”


Dono da Conectur, que recebeu dinheiro público pelo Ibrasi e deveria treinar trabalhadores, o petista Errolflynn Paixão disse, em depoimento à PF, que seu sócio na empresa “chegou a dizer que o dinheiro seria devolvido à deputada (Fátima Pelaes)”. Secretário nacional de Desenvolvimento do Turismo até a semana passada, o ex-deputado federal Colbert Martins (PMDB-BA) foi preso porque assinou a liberação da verba com base em um documento falso. Em um diálogo com sua chefe de gabinete, captado pela polícia, Colbert demonstra preocupação com a emenda de Fátima Pelaes, pois ela seria de interesse do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). “E tem de ver aquela obra lá do Amapá, aquela lá da Fátima Pelaes, daquela confusão do mundo todo, que é de interesse do Sarney. Tá certo?”, diz Colbert. “Que se cancelar aquilo, aquilo tá na bica de cancelamento, enfim algumas que eu sei de cabeça, assim. Cancela aquela, pega Sarney pela proa, vai ser mais confusão ainda, o.k.?” A deputada Fátima Pelaes nega as acusações.


Colbert e Frederico Silva da Costa têm algo em comum – além de ambos trabalharem no mesmo ministério, terem tratado da emenda de Fátima Pelaes e terem sido presos na semana passada. Eles chegaram a seus cargos indicados por Francisco Bruzzi, assessor da liderança do PMDB na Câmara dos Deputados. Bruzzi trabalha em uma sala minúscula, com espaço apenas para sua mesa e de sua secretária. Economista de 62 anos, com longa carreira em cargos públicos no Executivo e no Legislativo, Bruzzi é chefe de gabinete do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). Ele é especialista nos trâmites do Orçamento Geral da União. Pelas mãos de Bruzzi, passam as sugestões de gastos do PMDB que ultrapassam R$ 1 bilhão por ano. Sugestões de Bruzzi para os ministérios do Turismo e da Agricultura foram acolhidas pelo PMDB e transformadas em atos publicados no Diário Oficial.


A aproximação de Bruzzi com Frederico Silva da Costa foi motivada pelo interesse comum pelas emendas parlamentares. Ao receber os repórteres de ÉPOCA em sua sala, na semana passada, Bruzzi disse que, de tanto tratar de emendas com o então secretário de Infraestrutura do Ministério do Turismo, o partido achou que promover Costa a secretário executivo seria uma boa opção para atender aos anseios do PMDB na gestão do ministro Pedro Novais. “Ele (Frederico) sempre atendeu com eficiência às demandas do PMDB e às solicitações da liderança do PMDB”, afirma Bruzzi. Ele convenceu o então líder Henrique Eduardo Alves a bancar a indicação de Costa para a função. Costa prestava contas a Bruzzi do que se passava no ministério. Apesar de ser o número dois da pasta, Costa se deslocava até a pequena sala de Bruzzi na Câmara. “O líder chama sempre os secretários executivos aqui. ‘Vem cá, que tem um deputado aqui querendo resolver um problema.’ E (o secretário executivo) vem. O ministério não é do partido? Então, vem”, afirma Bruzzi.


O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves. Ele indicou a cúpula do Ministério do Turismo e quis que o partido deixasse o governo, depois da operação da PF


A operação da Polícia Federal da semana passada causou problemas entre o PT e o PMDB. Os líderes do PMDB se revoltaram não só com a prisão de Colbert Martins, mas com o fato de ele ter sido algemado. Eles reclamaram à presidente Dilma Rousseff. De acordo com assessores próximos, Dilma teria sido surpreendida pela operação, deflagrada na última terça-feira. Pouco depois das 8 horas da manhã, Dilma mandou chamar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e perguntou o que era a Operação Voucher. Desde 2008, a Polícia Federal estava comedida não só no número, como na maneira de conduzir suas operações. Àquela altura do dia, Cardozo sabia pouco e Colbert Martins já havia sido preso em São Paulo, enquanto esperava pelo ministro Pedro Novais. O carro com Novais passaria para pegá-lo e os dois iriam ao aeroporto de Congonhas e voariam para Brasília. Ao ser avisado da prisão, Novais voltou para o hotel.


Por volta das 11 horas, Dilma soube que o ex-ministro do Turismo Luiz Barreto estava no P’alácio para uma solenidade. Barreto era o ministro em 2009, quando o convênio com o Ibrasi foi celebrado e um de seus principais colaboradores era Frederico Silva da Costa. Dilma mandou chamar Barreto e o interrogou. Como tinha de ir à solenidade, Dilma repassou então a tarefa de interrogar Barreto ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Ao meio-dia, o deputado Henrique Eduardo Alves convocou a bancada de deputados do PMDB na Câmara para receber o vice-presidente, Michel Temer. Na versão que chegou ao Palácio do Planalto, Alves defendeu a saída do ministro do Turismo, Pedro Novais, e o afastamento de políticos indicados pelo PMDB. O risco de um racha no governo foi contornado porque Dilma ligou para Temer e avisou que a operação nada tinha a ver com o ministro Pedro Novais. A pedido de Dilma, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também telefonou para Novais. Mantido no cargo, Novais poderá agora explicar a liberação do dinheiro público para a reforma do Parque Mutirama, em Goiânia, cercada de suspeitas.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Reportagem da Record sobre Veja irá destravar regulação da mídia

Faz-se necessária uma análise serena sobre o que pode e deve provir da reportagem sobre a revista Veja que a TV Record levou ao ar na noite do último domingo, pois pode inaugurar um novo ciclo do debate sobre a regulação da comunicação no Brasil.
O que de mais imediato se deve lembrar é que, à diferença do que alguns podem estar pensando, não foi a primeira grande matéria jornalística contendo críticas à imprensa em uma grande rede de televisão. Em 2009, no âmbito de efêmera guerra aberta que eclodiu entre Record e Globo e Record e Folha de São Paulo, todos esses veículos certamente perderam mais do que ganharam.
Desta vez, porém, será diferente.
A menos que alguma grande TV tome as dores da Veja, a nova guerra midiática será desigual. O público que a Record abrange é infinitamente maior que o da Veja. E não é só isso. As acusações entre Record, Globo e Folha não foram sobre fatos concretos como agora.
Agora, a Record não acusou a Veja por relações com a ditadura militar. Há um fato concreto, uma poderosa organização criminosa pode ter sido integrada pelo Grupo Abril, em última análise. E os crimes supostamente cometidos podem ser claramente tipificados.
Resta analisar o impacto da matéria sobre o público. Ainda à diferença de embates anteriores da Record contra veículos de comunicação, este, pelo que acaba de ser explicado, certamente induziu setores da população a uma reflexão sobre a mídia que certamente nunca fizeram.
É aquele setor da sociedade que só pensa em futebol, novela e Carnaval. Que se limita a ver telejornais sem prestar muita atenção e a ler capas de jornais e revistas pendurados nas bancas de jornais durante os dias úteis, quando esse perfil de cidadão sai pela manhã para trabalhar.
Eis que um dos principais entraves à propositura de uma lei da mídia ao Congresso pode ter sido fortemente reduzido, só não se sabe se ao ponto de desmontar a argumentação da mídia sobre “censura” quando se toca no assunto.
Todavia, a matéria da Record sobre a Veja preparou a sociedade para os debates sobre a mídia que deverão sobrevir da CPI do Cachoeira, conforme presidente e relator da investigação declararam que ocorrerão.
É infinitamente diferente uma matéria de capa da revista Carta Capital de uma reportagem de imensos 15 minutos na televisão, reportagem que granjeou 15 pontos no Ibope. No momento em que escrevo, milhões de brasileiros estão comentando o assunto.
Aliás, como a reportagem de domingo foi repetida mais de uma vez na segunda-feira, só quem vive no mato, sem qualquer meio de comunicação com o mundo exterior, poderá escapar. Todo o esforço que a mídia fez para ocultar o caso, foi em vão.
Não foi à toa que o presidente do PT, Rui Falcão, declarou que, após enfrentar os bancos, o novo oligopólio que o governo Dilma deverá enfrentar deve ser o da mídia. Nunca antes na história deste país existiram condições tão favoráveis para tanto.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Operação Pinheirinho: Faturando com a desgraça das 1.600 famílias despejadas

por Conceição Lemes

Assim como Eldorado dos Carajás (PA) terá seu nome definitivamente associado ao maior massacre do Brasil rural – o Massacre de Carajás –, São José dos Campos (SP) será sempre lembrado pelo maior massacre do Brasil urbano – a desocupação do Pinheirinho.
No último domingo, 22 de abril, fez três meses que, por ordem da juíza Márcia Loureiro, do governador Geraldo Alckmin e do prefeito Eduardo Cury, 1.600 famílias (cerca de 8 mil pessoas) foram expulsas cruel e violentamente de suas casas com a roupa do corpo.
Uma barbárie perpetrada pela tropa de choque de 2 mil policiais (Guarda Civil Metropolitana e PM), debaixo do nariz do representante do Tribunal de Justiça de São Paulo. Trabalhadores espancados, um baleado nas costas, dois óbitos de alguma forma relacionados à reintegração de posse, pais barbarizados (tiveram armas apontadas para a cabeça) na frente dos filhos, animais mortos a tiros. Tudo o que tinham – de moradia, móveis, geladeiras, computadores, TV a brinquedos, livros, fotos, filmes, documentos – foi destruído.  Gente (a maioria) que ficou sem passado, vive um presente miserável (há pessoas morando na rua) e não sabe qual será o futuro.
“Além de danos físicos, psíquicos e patrimoniais aos ex-moradores, a operação Pinheirinho já custou aos cofres municipais R$ 10,3 milhões e há indícios de irregularidades”, denuncia o vereador do PT Wagner Balieiro. “Suspeita-se que se aproveitaram da desgraça das famílias despejadas para gastos irregulares. ”
“ALGUMA MÃE DINAH AJUDOU PREFEITURA A ‘PREVER’ NÚMERO DE REFEIÇÕES”
Levantamento feito por vereadores do PT de São José dos Campos, com base em dados oficiais, revela desmandos. Chamam a atenção, por exemplo, os R$2,2 milhões gastos com 300 mil marmitex e 150 mil cafés.

“Para começo de conversa, a comida era muito salgada, sem tempero; como regra, arroz, lingüiça ou salsicha e feijão (não todo dia); ocasionalmente, pedaço de carne ou frango; só apareceu um pouco de fruta e verdura em fevereiro, depois muita reclamação”, conta a ativista Carmen Sampaio, que, diariamente, ia de São Paulo (onde mora) aos abrigos dos ex-moradores do Pinheirinho levar doações e solidariedade. “Depois de comer, eles tinham mal-estar, ficavam largados, cansados. No começo, achei que era por conta do sofrimento. Depois, percebi que era sempre após a refeição. Muitos tinham dor de barriga. Formava-se uma fila imensa no banheiro, pois só havia três pra uma porção de gente.”
Nao bastasse a qualidade, o número de refeições contratadas não bate com o número de abrigados.
Explico.
Entre a reintegração de posse do Pinheirinho e o fechamento do último abrigo (no início eram cinco, foram desativados progressivamente) se passaram 47 dias.
Supondo que as 1.600 famílias (em torno de 8 mil pessoas) tivessem ido para os abrigos, seriam 752 mil refeições (almoço e jantar) e 376 mil cafés durante os 47 dias.
Acontece que os moradores não foram na sua totalidade para os alojamentos. De imediato, uma parcela preferiu casa de parentes, conhecidos, amigos. Outra, logo nos primeiros dias, retornou às suas cidades de origem, pois a Prefeitura pagou a passagem. Depois, a partir do dia 31 de janeiro, começou a distribuição dos cheques de  500 reais do auxílio-moradia.
Para consumir os 300 mil marmitex e os 150 mil cafés, 3.150 pessoas teriam de ficar lá durante esses 47 dias. Mas não foi o que aconteceu. “No auge da situação, havia, no máximo, 2 mil pessoas nos abrigos”, observa Balieiro. “Essa informação foi dada pela própria Prefeitura.”
O auge populacional nos alojamentos se deu no período nos dez primeiros dias. Ou seja, de 22 de janeiro a 1 de fevereiro.  A partir daí, eles começaram a se esvaziar rapidamente não apenas por causa da distribuição do cheque de auxílio-moradia, mas também devido à pressão da Prefeitura e às condições precárias.
Supondo, de novo, que os abrigos tivessem mantido a população de 2 mil pessoas durante os 47 dias, seriam 188 mil marmitex (almoço e jantar) e 94 mil cafés.
Conclusão: mesmo que TODOS os abrigados tivessem tomado café da manhã, almoçado e jantado, “sobrariam”, por baixo, 112 mil marmitex e 56 mil cafés. Afinal, tinha gente que saía cedo para trabalhar cedo e não almoçava lá. O que “aconteceu” com eles?
“Como a compra foi de emergência por dispensa de licitação, o certo seria abater do saldo as refeições que fossem sendo consumidas”, atenta Balieiro. “Curiosamente, com ajuda de alguma Mãe Dinah da vida, a Prefeitura conseguiu a proeza de ‘prever’ o número exato. Contratou 300 mil marmitas e 150 mil cafés, gastou 300 mil marmitas e 150 mil cafés.”
Para aumentar essa salada conflitante, outra curiosidade: os abrigados receberam a famigerada pulseirinha de identificação (de plástico, azul) para que pudessem pegar refeições e outros suprimentos Consta que a Prefeitura comprou mil por R$ 5.800. Preço da unidade: R$ 5,80!!!
PREFEITURA GASTOU R$ 1473,11 POR ANIMAL; 114 MORRERAM
Desde o início de fevereiro, já se sabia que policiais mataram a tiros animais de estimação de moradores do Pinheirinho.
Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania, botou a boca no trombone: Mataram os cães das crianças diante delas e foram elogiados.
O Viomundo denunciou a dor de Pablo, 4 anos: Mataram o meu cachorro, foi a polícia.
No início de março, o relatório do elaborado pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe-SP) confirmou a chacina: 33 denúncias de agressões e matança de animais de estimação. Infelizmente, as mortes não pararam aí.
“A Prefeitura tinha também responsabilidade em relação aos animais domésticos dos moradores do Pinheirinho”, salienta Balieiro. “Por pressão das ONGs, acabou contratando uma empresa para abrigar e cuidar dos animais que ficaram sem teto, já que seus donos ficaram sem casa.”
Essa empresa recebeu 239 animais de estimação: 212 cachorros, 22 gatos e 5 coelhos. Porém, visita ao local feita pela ONG Cão Sem Dono, em 13 de março, constatou que 114 haviam morrido em menos de um mês após serem recolhidos. Ou seja, quase 50% foram a óbito!

“Os óbitos podem ter sido por vários motivos, doenças, extermínio”, conjectura Balieiro. “De qualquer forma, só reforça a negligência da Prefeitura no cuidado dos animais de estimação.”
Em função ação da ONG Cão Sem Dono, a Prefeitura acabou informando os gastos. Para o resgate e acolhimento dos 239, a prefeitura pagou R$ 352.072,82. Ou seja, R$ 1.473,11 por animal — três vezes o valor do auxílio-moradia.
OPERAÇÃO CUSTARÁ QUASE  50% DO VALOR VENAL DO PINHEIRINHO
Só que o custo financeiro da operação Pinheirinho vai bem além dos R$ 10,3 milhões gastos pelos cofres municipais, segundo o levantamento dos vereadores do PT.
O prefeito Eduardo Cury firmou convênio com o governador Geraldo Alckmin para garantir o auxílio-moradia de 500 reais nas seguintes bases: a Prefeitura arca com 100 reais e o Estado paga 400. O convênio tem duração de 6 meses, renovável por mais 6 meses.
Considerando que 1.600 famílias estão recebendo o auxílio-moradia (dado mais recente do site da Prefeitura), o Estado vai desembolsar R$ 7,68 milhões. Isso sem contar, por exemplo, todas as despesas referentes ao deslocamento da tropa de choque e às horas extras para os policiais.
Resultado: R$ 7,68 milhões + R$10,3 milhões (já incluído o auxílio-moradia até o final de 2012 ) = R$ 17,98 milhões.

Acontece que só de IPTU a Selecta deve aos cofres municipais R$ 14,600 milhões (valores até março de 2012).  A Selecta – leia-se Naji Nahas — é a dona do terreno do Pinheirinho, cujo valor venal é R$ 85 milhões.

Portanto os gastos passíveis de contabilização de Município e Estado:
1. superam a dívida do especulador Naji Nahas com São José dos Campos;
2. representam 21% do valor venal do terreno;
3. se considerarmos apenas gastos do município, eles equivalem 17% do valor venal do Pinheirinho.
“Nós aprovamos na Câmara Municipal uma lei que garante às 1.600 famílias o recebimento de auxílio-moradia até que fiquem prontas as casas prometidas pelo governo do Estado a todos os desalojados”, expõe Balieiro. “Logo após a desocupação, Alckmin garantiu moradia para as famílias em 18 meses. Mas essa promessa não será cumprida.”
Em 27 de janeiro, o governador Geraldo Alckmin anunciou a construção de 5 mil casas em São José dos Campos. Desse total, as primeiras 1.100 moradias estariam prontas em 18 meses.

Porém, só saiu agora o edital da licitação para a escolha da empresa que vai construir essas casas. As empresas interessadas devem enviar os envelopes com as propostas até maio. De acordo com o documento, as moradias serão construídas em 3 anos (36 meses).

Isso significa que:
1. se não houver nenhum  problema na licitação (por exemplo, recurso da empresa não escolhida), as obras devem ter início depois de junho, julho.
2. a quantidade inicial de 1.100 moradias não contempla todos os ex-moradores de Pinheirinho recebendo auxílio-moradia, até porque parte delas será para pessoas vivendo em área de risco;
3. as casas provavelmente só estarão prontas no segundo semestre de 2015, se não houver atraso nas obras. Portanto, o dobro do tempo prometido pelo governador.
4. até a entrega definitiva da moradia, os ex-Pinheirinho continuarão recebendo o auxílio 500 reais,  garantido por lei municipal.
5. A Prefeitura terá de desembolsar sozinha pelo menos mais R$ 24 milhões, caso não consiga renovar o convênio com o governo do Estado para dividir as despesas. Os R$ 24 milhões referem-se ao auxílio aluguel de 2013, 2014 e primeiro semestre de 2015.
Custo estimado (por baixo) da operação Pinheirinho: 17,98 milhões + R$ 24 milhões= R$ 41,98 milhões.

Portanto, quase 50% do valor venal do Pinheirinho.  Isso sem contar a  construção das 1.100 casas (lembrem-se, só parte irá para o pessoal do Pinheirinho!) que custará cerca de R$ 101 milhões.  Portanto, esses valores somados já superam – e muito! – o que seria usado numa eventual regularização do terreno.
“Existe agora pressa da Justiça estadual, principalmente ligada à massa falida,  para fazer o leilão do terreno”,  revela ainda Balieiro. “Eles estão escondendo da sociedade que se preparam para fazer o leilão. Como o terreno está sendo trabalhado para especulação imobiliária, se fizerem o leilão, Naji Nahas vai sair com dinheiro no bolso.”