Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Os horroristas brasileiros.Sobre os humoristas brasileiros



O Brasil, conforme constatou agudamente um leitor do Diário, tem uma esquisitice humorística: os comediantes são reacionários. Não vou entrar no fato de que são essencialmente sem graça. Me atenho apenas ao conservadorismo. Comediantes, como artistas em geral, costumam, em todo o mundo, ser progressistas. Eles quase sempre têm uma forte consciência social que os leva a criticar situações de grande desigualdade e a ser antiestablishment.

Os comediantes brasileiros fogem da regra, e esta é uma das razões pelas quais são tão sem graça. Marcelo Madureira é um caso extremo de conservadorismo petrificado e completo alinhamento com o chamado “1%”. Marcelo Tas é outro caso. De Londres, não o acompanhei, mas ao passar algumas semanas no Brasil, agora, pude ver – sem sequer assistir a um episódio de seu programa – o quanto ele é mentalmente velho.

O que o CQC fez a Genoino em nome da piada oscila entre o patético, o ridículo e o grotesco. Não me refiro apenas ao episódio em si de explorar o drama de Genoíno. Também a sequência foi pavorosa. Vi no YouTube Tas ter uma disenteria verbal ao falar de Genoino. Corajosamente, aspas, chamou-o repetidas vezes, aos gritos, de “mequetrefe”.

Não sou petista.

Jamais votei uma única vez em Genoíno.

Mas Tas tem condições morais — e conhecimento, pura e simplesmente —  para julgar e condenar Genoíno?  Várias vezes ele diz que Genoíno foi condenado pela justiça. E daí? Quem acredita na infalibilidade da justiça brasileira acredita em tudo, como disse Wellington.

O que me levou a procurar Tas no YouTube foi uma mensagem pessoal que recebi de Ana Carvalho. Ela estava no local em que houve a confusão entre o humorista Oscar Filho e amigos de Genoino. Ana acabou sendo citada num texto que OF escreveu, e ficou tão indignada que decidiu escrever sua versão dos fatos numa carta aberta que ela, cerimoniosamente, me pediu que lesse. Li. Primeiro, ela esclarece: ao contrário do que OF escreveu, ela não é militante do PT. Estava apenas votando, com a família, no lugar do tumulto, e tentou ajudar a serenar os ânimos,  como boa samaritana.

Ana relata o que ouviu, na refrega, do produtor do CQC e de Genoino. Do produtor, berros que diziam que os “mensaleiros filhos da puta” iam ser punidos: em vez de um minuto, o programa falaria horas do caso. De Genoíno, ela ouviu: “Calma, calma, sem bater, sem bater”. Mas quem publicaria o que ela ouviu? Essa pergunta Ana fez a si mesma, e é um pequeno retrato da maneira distorcida com que a grande mídia trata assuntos de política no Brasil. A resposta é: ninguém. Nem Folha e nem Estadão e nem Veja e nem Globo publicariam o relato de Ana – embora ela fosse testemunha privilegiada da confusão.

Há formas e formas de violência. O que o pessoal do CQC fez foi uma violência mental, uma tortura. Não faz muito tempo, o mundo soube que presos nos Estados Unidos tinham sido torturados com sessões de música ininterrupta da série Vila Sésamo. Vinte e quatro horas, sete dias por semana. (O autor ficou perplexo com o uso dado a sua canções tão inocentes.)

O que o CQC fez tem um nome: tortura moral. Humor não é isso. Citei, em outro artigo, os repórteres do Pânico que invadiram o funeral de Amy Winehouse para fazer piada. Tivessem sido pilhados, terminariam na cadeia – e teriam formidável dificuldade para convencer a justiça londrina de que a liberdade de expressão, aspas, os autorizava a fazer o que fizeram.

Humor sem graça, como o feito no Brasil, é um horror. Mas consegue ficar ainda pior quando à falta de espírito se junta um reacionarismo patológico, uma completa desconexão com o povo brasileiro, e este é o caso de Marcelo Tas e seu CQC.






 





quinta-feira, 10 de maio de 2012

Roberto Gurgel, além de sósia de Jô Soares, também é humorista

Se tivesse que definir o Zeitgeist (clima intelectual e cultural do mundo em uma determinada época) de nosso tempo, diria que vivemos a era da hipocrisia e da desfaçatez. E tal fenômeno não é afeito só ao Brasil, mas ao mundo, à época em que vivemos.
Os Estados Unidos, por exemplo, inventam que um país milenar do Oriente possui “armas de destruição em massa”, mesmo que só tenha o petróleo de que a potência precisa, e, assim, invadem-no, matam populações civis como moscas e continuam posando como nação de super-heróis.
Aqui na América do Sul, uma casta de vigaristas depõe um presidente legitimamente eleito, fecha o congresso e, depois que o golpe fracassa, acusa o presidente reconduzido ao poder pelo povo de ser “ditador” apesar de suas vitórias eleitorais serem inquestionáveis.
Perto disso tudo, pode parecer menos grave a hipocrisia e a desfaçatez que imperam no país, mas nem tanto. Nas últimas vinte e quatro horas pudemos ver que não fazemos feio em disputas desse tipo. Basta ver o show humorístico do mais fidedigno sósia do humorista Jô Soares já encontrado.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu sentido ao termo caradurismo. Como tem sido amplamente veiculado, ele teve nas mãos todos os indícios de que Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres dirigiam uma organização criminosa e sentou em cima das provas.
Por conta disso, a CPMI do Cachoeira quer convocá-lo a depor para explicar por que agiu assim. O movimento por sua convocação cresce entre governistas e oposicionistas. Mas foi só após o depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Souza na última terça-feira que esse sentimento cresceu.
O delegado deixou claro que o procurador-geral da República poderia ter agido há quase três anos contra Cachoeira e companhia limitada e nada fez. A ele se juntaram oposicionistas como o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). E, claro, os membros governistas da CPMI.
Só para ilustrar o caso, Lorenzoni, do De-mo-cra-tas, declarou que “Ele [Gurgel] está sem defesa” porque “Estava com a bomba atômica na mão [relatório contra Demóstenes] e nada fez”.
Isso não impediu que o humorista mor da República declarasse que os que querem convocá-lo a se explicar agem assim porque estariam “com medo” de sua atuação no inquérito do mensalão, como se Randolfe ou Lorenzoni estivessem envolvidos no caso.
Para que refletir que confrontá-lo obviamente seria o caminho mais curto para enfurecê-lo, gerando o risco de uma vingança de sua parte na condução do processo?
Alguns dirão que pior ainda é a mídia dizer que a Veja não fazia parte do esquema Cachoeira apesar de as escutas da PF mostrarem o contrário, ou seja, que o bando a usava, por exemplo, para derrubar funcionários do governo que atrapalhavam a construtora Delta e, em troca, o contraventor municiava a publicação com denúncias contra o mesmo governo.
Pois eu digo que o quadro humorístico de Gurgel é ainda mais hilariante. Os políticos e a imprensa fazem jogo político, não se espera desses atores a postura que se espera do chefe de uma instituição como o MPF, alguém que tem por dever constitucional fazer exatamente o contrário do que fez.
Jô Soares já pode até tirar umas férias e colocar Gurgel em seu lugar que, muito provavelmente, ninguém notará a diferença. Talvez até achem o procurador-geral mais engraçado.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

@leiterafaelo:PSDB lança Ave Maria Tucana

do  i-piauí Herald,   dica do @leiterafaelo



A primeira tiragem de Ave Maria Tucana esgotou-se em poucos minutos nas bancas de Higienópolis
SENHORAS DE SANTANA – Numa tentativa desesperada e carola de calar as repercussões do livro Privataria Tucana, o PSDB lançou ontem o DVD Ave Maria Tucana, composto às pressas pelo senador Álvaro Dias Botox e pelo capitão-blogueiro Reginaldo Bolsonaro. O papel principal será interpretado por Regina Duarte, a eterna Namoradinha do Brasil. Segundo recomendação da CIA e do Vaticano, o primeiro episódio será encartado gratuitamente em todas edições de jornais e revistas da grande imprensa no próximo fim de semana.
De acordo com a sinopse do DVD, “Ave Maria Tucana começa com o anúncio do Anjo Jereissati: um Messias privatizaria em breve. Uma estrela cadente desce sobre o bairro da Mooca e desova três Tucanos Magos. Eles trazem gravações clandestinas, genéricos e cannabis como oferenda. Apesar da maldição da falta de carisma, feita por arapongas e divorciados, José Serra é batizado e promete combater o alho e zelar pela lei de responsabilidade fiscal. Munido de hóstias, terços, rosários e um sortido balaio de equações transferenciais de quarto grau, inicia sua virtuosa trajetória para trazer o bem ao povo. Hoje, mineiros solertes, pegos em blitz da Lei Seca, e repórteres incompreensíveis fazem com que Serra passe por mais uma satânica Provação. Mas, com a ajuda da Santa Companhia da Notícia, ele será beatificado novamente”.
Responsável pela estratégia online de divulgação do DVD, Artur Virgílio enviou ao Congresso um projeto de lei para proibir a propagação de Privataria Tucana nas redes sociais: “Se a grande imprensa não deu bola para o livro, é porque é impuro e pode prejudicar a família brasileira, que, como todos sabemos, é o fundamento da boa sociedade. Por que as pessoas têm que ficar remoendo isso no Facebook? O tempo gasto pode ser revertido em privatizações e orações. Depois o PIB cai, aumentam os divórcios e as pessoas reclamam!”.
Para ajudar na operação de silêncio em torno de Privataria Tucana, Aécio Neves comprou 657 mil exemplares do livro e os enviou a eleitores paulistas.
Num esforço de reportagem, o i-piauí Herald localizou José Serra no Santuário de Aparecida do Norte, onde, contrito, fazia retiro espiritual, orando pelo bem da Pátria. “Vamos deixar de trololó e falar sobre o déficit fiscal primário”, disse ele, cabeceando com violência uma bolinha de papel em direção a Minas Gerais.
O repórter Amaury Jr se eximiu de toda responsabilidade pelo livro. “Meu negócio é ir a festas e entrevistar bêbados, disse.

Leia também:
O Meiguice nunca morre

Morvan Bliasby: O filme Tucanheit 451 e o livro do Amaury

Rabuja: E os tucanos continuam vendendo…

Meiguice, o retorno
A guerra de capas e uma possível explicação que vem de Minas

Minas Sem Censura: Se for beber, não escreva!

Igor Felippe: Dinheiro é para rasgar e queimar
O ex-presidente e a dublagem criativa dos Simpsons
Gerson Carneiro: Seção Humor ou Terror?
Maringoni: Milionários indignados também ocupam

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Lula é o político mais atacado pela mídia desde 1989

Você, estudante de jornalismo, de comunicação social, de ciências sociais, enfim, de tantas áreas afeitas ao estudo ou à prática da comunicação de massa, se estiver terminando seu curso universitário e tiver um trabalho de conclusão a apresentar, tem agora uma oportunidade imperdível de fazer o estudo mais eloqüente já feito sobre comunicação.

É tão evidentemente necessário, o estudo que irei propor, que não sei como não foi feito antes – e duvido de que tenha sido feito, ao menos da forma como será apresentado. Entretanto, se alguém tiver notícia sobre algum estudo correlato, que, por favor, informe aqui, via comentário.

No último domingo, discorri sobre os programas humorísticos da Globo e sobre o uso desses programas para atacar alguns políticos em benefício de outros, transformando uma concessão pública de televisão em arma político-partidária – o que a lei veda, mas não coíbe em razão do poder político de impérios de comunicação como uma Globo.

Logo apareceram os defensores dos pobres Barões da Imprensa para defendê-los da “sanha comunista” que pretenderia “censurá-los”, apesar de que são os únicos que já colaboraram com a censura neste país e que, aliás, praticam-na cotidianamente ao impedirem que o contraditório à sua retórica político-ideológica chegue ao seu público.

No post em questão, abordei o impressionante uso que a Globo vem fazendo de seus programas humorísticos para atacar Lula, seja no falecido Casseta & Planeta ou no humorístico da emissora que restou e que continua indo ao ar nas noites de sábado, o Zorra Total.

Não é que apareceu gente afirmando que Lula está sendo tão intensamente ridicularizado pelos programas humorísticos da Globo, entre outros, porque o “poder” é sempre alvo do humorismo?

Vejam só a que ponto chega a desfaçatez. Desde quando Lula continua no poder? Ele deixou de ser presidente no primeiro dia deste ano, ora bolas!, o que não impede que continue sendo ridicularizado, agora por estar aposentado, como se viu no post anterior.

Quando, em que época, um programa humorístico brincou com o complexo de D. Juan do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assim como tantos programas “brincaram” com o mentiroso alcoolismo de Lula?

Pelo contrário, a mídia escondeu, por dezoito anos, o produto mais famoso das famosas “escapadas” sexuais de FHC, com uma jornalista da Globo que a emissora sustentou na Espanha sem trabalhar por quase duas décadas, ao menos, e que só veio a público pela Folha de São Paulo porque esta queria acusar Lula de ser um maníaco sexual – vide o caso “Menino do MEP” – e, assim, justificou com o caso extraconjugal de FHC o ataque sórdido que lhe fez.

Alguém consegue conceber um quadro humorístico na Globo que vulgarizasse a imagem da ex-primeira-dama tucana, a falecida antropóloga Ruth Cardoso, mesmo quando estava viva? Seria impensável fazerem o que vêm fazendo com D. Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula, ridicularizada reiteradamente por toda a grande mídia.

Mas isso tudo ainda não é o pior. Lula também era o alvo político preferencial da grande mídia quando estava na oposição. Quem não se lembra dos tantos quadros humorísticos que ironizavam sua falta de instrução formal, seu linguajar e, até, a sua aparência física?

O senso comum certamente mostra que o ex-presidente petista é o político mais atacado pela mídia nos últimos vinte e dois anos, ao menos. Desde 1989, nenhum outro político foi tão criticado ou ridicularizado quanto Lula, estando no poder ou fora dele. E é aí que entra a necessidade de comprovação científica dessa tese.

Apesar de nem ser necessário fazer qualquer estudo para comprovar o que todo mundo haverá de concordar, se tiver um mero resquício de honestidade intelectual, a formalidade científica certamente resultará em outro necessário trabalho acadêmico, desta vez sobre a causa de Lula ter se transformado no político mais odiado pela mídia em toda a história.

Então, jovem estudante, você tem a chance de fazer o estudo mais espantoso, em termos sociológicos e jornalísticos, que já foi feito. Comprovará que, apesar do sucesso estrondoso de Lula como político e administrador, os meios de comunicação de massa simplesmente se obcecaram por destruí-lo politicamente.