Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Serra julga os outros pelo seu próprio caráter

Um dos defeitos mais comuns do ser-humano é julgar que os outros pensam e agem da mesma forma que eles. Não pode ser outra a explicação para o fato de José Serra ter declarado hoje que “Se Dilma vencer, Lula não se elege mais nem deputado”, durante “sabatina” em O Globo. Talvez por sentir-se em casa, o “coiso” relaxou e teve esse ato falho.

O senhor, José Serra, acha que todos agem como faz o senhor com Fernando Henrique Cardoso?

Renega-o, esconde-o, homizia-o no exterior para que o ódio do povo brasileiro a este homem não contamine a sua candidatura. Contaminada ela está, de nascença, pelo DNA privatista, entreguista, anti-povo e elitista das origens que tem e é por isso que o povo brasileiro a está lançado ao chão sujo do desprezo.

O pior, o mais cara de pau, foi ele ter declarado ser contra a reeleição para cargos executivos. O senhor tenha vergonha. O senhor era integrante do governo Fernando Henrique Cardoso, aquele que criou a reeleição, sabe Deus com que métodos e tramóias. José Serra tem o caráter devastado pelo oportunismo. Seus princípios éticos derreteram-se sob a chama de sua ambição sem limites .

É um espectro que, por mais três semanas, ainda vagará, até que o povo brasileiro o exorcize da vida política do país.

Rodrigo Vianna entrega o mapa da mina: Citco Building


De Rodrigo Vianna, no Escrevinhador
Prestem atenção nesse trecho de uma reportagem assinada por Amaury Ribeiro Junior:

“Spencer concentrava seus negócios caribenhos na caixa postal 662 do Edifício Citco, em Road Town, nas Ilhas Virgens, endereço do escritório da Citco, especializado na abertura de empresas offshore.”

David Eric Spencer é um advogado dos EUA que prestava serviços a Ricardo Sérgio - tucano que atua nos bastidores, foi diretor do Banco do Brasil no governo FHC, durante as privatizações, e é muito próximo a Serra. A reportagem acima é de 2003 e foi publicada pela revista Istoé.

Foi naquela época que Amaury começou a investigar a barafunda financeira do tucanato. Dinheiro que vai, dinheiro que vem. Genro, filha… As seguidas reportagens renderam um processo de Ricardo Sérgio contra Amaury. O jornalista pediu “exceção de verdade” (quando o sujeito que é processado por calúnia pede para provar que a afirmação feita é verdadeira), e foi no âmbito dessa ação que Amaury ganhou o direito de acessar a ampla documentação recolhida pela CPI do Banestado – documentação que o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) guardava a sete chaves.

Foi a partir dessa documentação que Amaury recolheu o grosso do material que integrará seu livro sobre as privatizações tucanas e os estranhos caminhos do dinheiro. Amaury saiu da Istoé, rodou por aí. Trabalhou no “Estado de Minas”, sempre coletando rico (!) material sobre as peripécias financeiras que ligam São Paulo, Buenos Aires, Miami, Nova York e as Ilhas Virgens.

Para continuar lendo, vá ao Escrevinhador.

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Eu acrescentaria ao que escreveu o Rodrigo: será que a Polícia Federal vai ouvir o Josemar Gimenez, de O Estado de Minas?

Serra privatizou com prazer. Está registrado

por Luiz Carlos Azenha
Nos próximos dias teremos um debate sobre as privatizações. Não na mídia, lógico, que jamais tocaria num tema destes em véspera de eleição. Mas pode surgir nos debates e, com certeza, estará nos palanques da coalizão governista (o presidente Lula já falou a respeito em um comício em Ribeirão Preto).
José Serra, obviamente, vai falar que não teve nada com isso. Ou vai escolher as privatizações às quais quer associar sua imagem. Por isso, é importante registrar o prazer estampado no rosto de José Serra quando ele participou das privatizações, como ministro do Planejamento no governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB:


A respeito da privatização no setor energético, registro o seguinte texto, que o presidente da CUT, Artur Henrique, publicou em seu blog:

Recordar é viver: como os tucanos criaram as caras tarifas de energia elétrica no Brasil

O alto preço das tarifas de energia elétrica que o consumidor brasileiro paga atualmente é um resultado direto das privatizações levadas a cabo pelo governo FHC/PSDB.

Mais do que a privatização, por si só um erro estratégico, a causa foi o modelo adotado e a pressa e descuido com que o processo foi gerido.

O modelo privatista do setor elétrico e suas regras só ficaram definidos por completo em 1998 – incluindo a explicitação do papel da agência reguladora do setor (a Aneel), cujo regulamento interno só ficou pronto no final de 97.

Porém, ainda antes disso, o governo FHC/PSDB já havia entregado à iniciativa privada mais de 20 distribuidoras de energia. “A privatização ocorreu num vácuo institucional”, diz o pesquisador José Paulo Vieira, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

“A privatização tucana funcionou como se leões fossem soltos numa arena para só depois o governo sair correndo atrás deles com uma cerca nas mãos”, ilustra Vieira. Os grupos que adquiriram as empresas o fizeram antes das regras prontas e, portanto, passaram a ter uma base de atuação no país e influenciaram as normas que estavam em construção, impondo seus interesses.

E há, nessas regras, dois pontos fundamentais que sempre favoreceram as empresas compradoras, e não o consumidor. Todos os anos os preços dos serviços são reajustados pelo IGPM (Índice Geral de Preços de Mercado), o que garante a reposição acima da inflação. E a cada cinco anos, em média, há uma revisão das tarifas, o que garante aumento do preço para além do IGPM já repassado nos anos anteriores. Tudo isso garantido pela Aneel, muito mais zelosa da proteção aos grandes contratos do que aos consumidores.

As tarifas dos serviços públicos privatizados – e não só da energia elétrica, mas também das telecomunicações, das estradas – com a privatização, assumiram o privilégio de ser as únicas indexadas em um País que tinha adotado o Plano Real para, ironicamente, acabar com as indexações.

Em função dos contratos de concessão fechados no final dos anos 1990, a primeira revisão das tarifas ocorreu justamente nos anos de 2003 e 2004, início do governo Lula. Não houve qualquer interferência na sua implementação, dado o respeito aos contratos e ao papel institucional da agência reguladora – compromisso que a equipe do candidato Lula havia assumido publicamente em 2002. Também a forma de subsídio à baixa renda – parcela menor do custo das tarifas – foi herança do modelo anterior.

Portanto não é verdadeira a afirmação da Folha de S. Paulo do último dia 5, de que tarifas de energia caras ou perdas para o consumidor tenham sido causadas pelo atual governo. Mais descabido ainda foi o alarde da manchete, pois, além do apontado pelo jornal, outros aumentos tarifários de maior vulto (todos surgidos na época das privatizações) foram desvendados pela CPI das Tarifas, em 2009, graças ao trabalho de pesquisadores da USP e da UFRJ, que assessoraram a investigação. Todavia, os jornais deram pouquíssimo destaque para essas descobertas, à época.

“Se é claro que o assunto é de relevante interesse do consumidor, qual a razão de ter sido ignorado, na época da CPI das Tarifas, e de agora se transfigurar em escândalo justamente às vésperas da eleicão?”, indaga Vieira. Pode-se perguntar ainda: como a campanha serrista tem a desfaçatez de acusar a Dilma de ter responsabilidade sobre isso?

De resto, a grande imprensa sempre manteve discrição em relação a quem criticava as privatizações. O Sinergia-SP, que representa os trabalhadores do setor de energia no Estado de São Paulo, levantou ao longo dos anos 1990 diversas denúncias documentadas sobre as privatizações, apresentou muitas projeções sobre os prejuízos que a população teria – como está tendo agora – e realizou mobilizações intensas contra a venda das estatais. Com exceção de alguns trabalhadores jornalistas que lutavam por espaço à crítica nos meios de comunicação que os empregavam, o silêncio era quase total.

Por outro lado, cabem críticas ao atual governo por não ter mexido nos contratos de concessão. Mas o que não tem cabimento é acusar o governo por este problema ou pela alegada falta de respeito ao papel das agências reguladoras.

Apesar da preservação dos contratos, o atual governo produziu melhorias no modelo energético. O BNDES passou a financiar a ampliação da oferta, e não mais a entrega de empresas, usinas e sistemas elétricos prontos, que não gerava ampliação dos serviços.

Outra diferença em relação ao governo passado é que atualmente as empresas distribuidoras de energia são obrigadas a contratar toda a demanda prevista para os próximos anos, mesmo que ao final do período nem toda a energia tenha sido consumida.

Antes, não havia garantia de expansão, pois o planejamento era “indicativo” e as empresas fariam o investimento, eventualmente, se lhes fosse atrativo o “sinal de preços”. Ou seja, na época tucana, se as empresas considerassem que o aumento das tarifas não compensava novos investimentos, nenhum investimento seria feito. Foi exatamente isso que gerou o apagão de 2001.

Hoje, o planejamento é determinativo e é obrigatório o investimento no aumento da oferta de energia. Os investimentos estão sendo feitos e não há no horizonte qualquer risco de desabastecimento. Nos cálculos do grupo de estudos da UFRJ, o Brasil necessita atualmente ampliar a oferta de energia, todos os anos, em 3,5 gigawatts médios.

As empresas foram privatizadas pelos tucanos, mas o serviço deve continuar público.

Leandro Fortes: Verônica Serra expôs 60 milhões de brasileiros Sinais Trocados


10 de setembro de 2010 às 19:31
por Leandro Fortes, na CartaCapital
Extinta empresa de Verônica Serra expôs os dados bancários de 60 milhões de brasileiros obtidos em acordo questionável com o governo FHC

Em 30 de janeiro de 2001, o peemedebista Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, enviou um ofício ao Banco Central, comandado à época pelo economista Armínio Fraga. Queria explicações sobre um caso escabroso. Naquele mesmo mês, por cerca de 20 dias, os dados de quase 60 milhões de correntistas brasileiros haviam ficado expostos à visitação pública na internet, no que é, provavelmente uma das maiores quebras de sigilo bancário da história do País. O site responsável pelo crime, filial brasileira de uma empresa argentina, se chamava Decidir.com e, curiosamente, tinha registro em Miami, nos Estados Unidos, em nome de seis sócios. Dois deles eram empresárias brasileiras: Verônica Allende Serra e Verônica Dantas Rodenburg.

Ironia do destino, a advogada Verônica Serra, 41 anos, é hoje a principal estrela da campanha política do pai, José Serra, justamente por ser vítima de uma ainda mal explicada quebra de sigilo fiscal cometida por funcionários da Receita Federal. A violação dos dados de Verônica tem sido extensamente explorada na campanha eleitoral. Serra acusou diretamente Dilma Rousseff de responsabilidade pelo crime, embora tenha abrandado o discurso nos últimos dias.

Naquele começo de 2001, ainda durante o segundo mandato do presidente FHC, Temer não haveria de receber uma reposta de Fraga. Esta, se enviada algum dia, nunca foi registrada no protocolo da presidência da Casa. O deputado deixou o cargo menos de um mês depois de enviar o ofício ao Banco Central e foi sucedido pelo tucano Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, hoje candidato ao Senado. Passados nove anos, o hoje candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff garante que nunca mais teve qualquer informação sobre o assunto, nem do Banco Central nem de autoridade federal alguma. Nem ele nem ninguém.

Graças à leniência do governo FHC e à então boa vontade da mídia, que não enxergou, como agora, nenhum indício de um grave atentado contra os direitos dos cidadãos, a história ficou reduzida a um escândalo de emissão de cheques sem fundos por parte de deputados federais.

Temer decidiu chamar o Banco Central às falas no mesmo dia em que uma matéria da Folha de São Paulo informava que, graças ao passe livre do Decidir.com, era possível a qualquer um acessar não só os dados bancários de todos os brasileiros com conta corrente ativa, mas também o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), a chamada “lista negra”do BC. Com base nessa facilidade, o jornal paulistano acessou os dados bancários de 692 autoridades brasileiras e se concentrou na existência de 18 deputados enrolados com cheques sem fundos, posteriormente constrangidos pela exposição pública de suas mazelas financeiras.

Entre esses parlamentares despontava o deputado Severino Cavalcanti, então do PPB (atual PP) de Pernambuco, que acabaria por se tornar presidente da Câmara dos Deputados, em 2005, com o apoio da oposição comandada pelo PSDB e pelo ex-PFL (atual DEM). Os congressistas expostos pela reportagem pertenciam a partidos diversos: um do PL, um do PPB, dois do PT, três do PFL, cinco do PSDB e seis do PMDB. Desses, apenas três permanecem com mandato na Câmara, Paulo Rocha (PT-PA), Gervásio Silva (DEM-SC) e Aníbal Gomes (PMDB-CE). Por conta da campanha eleitoral, CartaCapital conseguiu contato com apenas um deles, Paulo Rocha. Via assessoria de imprensa, ele informou apenas não se lembrar de ter entrado ou não com alguma ação judicial contra a Decidir.com por causa da quebra de sigilo bancário.

Na época do ocorrido, a reportagem da Folha ignorou a presença societária na Decidir.com tanto de Verônica Serra, filha do candidato tucano, como de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Verônica D. e o irmão Dantas foram indiciados, em 2008, pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, por crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e empréstimo vedado. Verônica também é investigada por participação no suborno a um delegado federal que resultou na condenação do irmão a dez anos de cadeia. E também por irregularidades cometidas pelo Opportunity Fund: nos anos 90, à revelia das leis brasileiras, o fundo operava dinheiro de nacionais no exterior por meio de uma facilidade criada pelo BC chamada Anexo IV e dirigida apenas a estrangeiros.

A forma como a empresa das duas Verônicas conseguiu acesso aos dados de milhões de correntistas brasileiros, feita a partir de um convênio com o Banco do Brasil, sob a presidência do tucano Paolo Zaghen, é fruto de uma negociação nebulosa. A Decidir.com não existe mais no Brasil desde março de 2002, quando foi tornada inativa em Miami, e a dupla tem se recusado, sistematicamente, a sequer admitir que fossem sócias, apesar das evidências documentais a respeito. À época, uma funcionária do site, Cíntia Yamamoto, disse ao jornal que a Decidir.com dedicava-se a orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, nos moldes da Serasa, empresa criada por bancos em 1968. Uma “falha”no sistema teria deixado os dados abertos ao público. Para acessá-los, bastava digitar o nome completo dos correntistas.

A informação dada por Yamamoto não era, porém, verdadeira. O site da Decidir.com, da forma como foi criado em Miami, tinha o seguinte aviso para potenciais clientes interessados em participar de negócios no Brasil: “encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”. Era, por assim dizer, um balcão facilitador montado nos Estados Unidos que tinha como sócias a filha do então ministro da Saúde, titular de uma pasta recheada de pesadas licitações, e a irmã de um banqueiro que havia participado ativamente das privatizações do governo FHC.

A ação do Decidir.com é crime de quebra de sigilo fiscal. O uso do CCF do Banco Central é disciplinado pela Resolução 1.682 do Conselho Monetário Nacional, de 31 de janeiro de 1990, que proíbe divulgação de dados a terceiros. A divulgação das informações também é caracterizada como quebra de sigilo bancário pela Lei n˚ 4.595, de 1964. O Banco Central deveria ter instaurado um processo administrativo para averiguar os termos do convênio feito entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, pois a empresa não era uma entidade de defesa do crédito, mas de promoção de concorrência. As duas também deveriam ter sido alvo de uma investigação da polícia federal, mas nada disso ocorreu. O ministro da Justiça de então era José Gregori, atual tesoureiro da campanha de Serra.

A inércia do Ministério da Justiça, no caso, pode ser explicada pelas circunstâncias políticas do período. A Polícia Federal era comandada por um tucano de carteirinha, o delgado Agílio Monteiro Filho, que chegou a se candidatar, sem sucesso, à Câmara dos Deputados em 2002, pelo PSDB. A vida de Serra e de outros integrantes do partido, entre os quais o presidente Fernando Henrique, estava razoavelmente bagunçada por conta de outra investigação, relativa ao caso do chamado Dossiê Cayman, uma papelada falsa, forjada por uma quadrilha de brasileiros em Miami, que insinuava a existência de uma conta tucana clandestina no Caribe para guardar dinheiro supostamente desviado das privatizações. Portanto, uma nova investigação a envolver Serra, ainda mais com a família de Dantas a reboque, seria politicamente um desastre para quem pretendia, no ano seguinte, se candidatar à Presidência. A morte súbita do caso, sem que nenhuma autoridade federal tivesse se animado a investigar a monumental quebra de sigilo bancário não chega a ser, por isso, um mistério insondável.

Além de Temer, apenas outro parlamentar, o ex-deputado bispo Wanderval, que pertencia ao PL de São Paulo, se interessou pelo assunto. Em fevereiro de 2001, ele encaminhou um requerimento de informações ao então ministro da Fazenda, Pedro Malan, no qual solicitava providências a respeito do vazamento de informações bancárias promovido pela Decidir.com. Fora da política desde 2006, o bispo não foi encontrado por CartaCapital para informar se houve resposta. Também procurada, a assessoria do Banco Central não deu qualquer informação oficial sobre as razões de o órgão não ter tomado medidas administrativas e judiciais quando soube da quebra de sigilo bancário.

Fundada em 5 de março de 2000, a Decidir.com foi registrada na Divisão de Corporações do estado da Flórida, com endereço em um prédio comercial da elegante Brickell Avenue, em Miami. Tratava-se da subsidiária americana de uma empresa de mesmo nome criada na Argentina, mas também com filiais no Chile (onde Verônica Serra nasceu, em 1969, quando o pai estava exilado), México, Venezuela e Brasil. A diretoria-executiva registrada em Miami era composta, além de Verônica Serra, por Verônica Dantas, do Oportunity, Brian Kim, do Citibank, e por mais três sócios da Decidir.com da Argentina, Guy Nevo, Esteban Nofal e Esteban Brenman. À época, o Citi era o grande fiador dos negócios de Dantas mundo afora. Segundo informação das autoridades dos Estados Unidos, a empresa fechou dois anos depois, em 5 de março de 2002. Manteve-se apenas em Buenos Aires, mas com um novo slogan: “com os nossos serviços você poderá concretizar negócios seguros, evitando riscos desnecessários”.

Quando se associou a Verônica D. Na Decidir.com, em 2000, Verônica S. era diretora para a América Latina da companhia de investimentos International Real Returns (IRR), de Nova York, que administrava uma carteira de negócios de 660 bilhões de dólares. Advogada formada pela Universidade de São Paulo, com pós-graduação em Harvard, nos EUA, Verônica S. Também se tornou conselheira de uma série de companhias dedicadas ao comércio digital na América Latina, entre elas a Patagon.com, Chinook.com, TokenZone.com, Gemelo.com, Edgix, BB2W, Latinarte.com, Movilogic e Endeavor Brasil. Entre 1997 e 1998, havia sido vice-presidente da Leucadia National Corporation, uma companhia de investimentos de 3 bilhões de dólares especializada nos mercados da América Latina, Ásia e Europa. Também foi funcionária do Goldman Sachs, em Nova York.

Verônica S. ainda era sócia do pai na ACP – Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda, fundada em 1993. A empresa funcionava em um escritório no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, cujo proprietário era o cunhado do candidato tucano, Gregório Marin Preciado, ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), nomeado quando Serra era secretário de Planejamento do governo de São Paulo, em 1993. Preciado obteve uma redução de dívida no Banco do Brasil de 448 milhões de reais para irrisórios 4,1 milhões de reais no governo FHC, quando Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de campanha de Serra, era diretor da área internacional do BB e articulava as privatizações.

Por coincidência, as relações de Verônica S. com a Decidir.com e a ACP fazem parte do livro Os Porões da Privataria, a ser lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. Em 2011.

De acordo com o texto de Ribeiro Jr., a Decidir.com foi basicamente financiada, no Brasil, pelo Banco Opportunity com um capital de 5 milhões de dólares. Em seguida, transferiu-se, com o nome de Decidir International Limited, para o escritório do Ctco Building, em Road Town, Ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, famoso paraíso fiscal no Caribe. De lá, afirma o jornalista, a Decidir.com internalizou 10 milhões de reais em ações da empresa no Brasil, que funcionava no escritório da própria Verônica S. A essas empresas deslocadas para vários lugares, mas sempre com o mesmo nome, o repórter apelida, no livro, de “empresas-camaleão”.

Oficialmente, Verônica S. e Verônica D. abandonaram a Decidir.com em março de 2001 por conta do chamado “estouro da bolha” da internet – iniciado um ano antes, em 2000, quando elas se associaram em Miami. A saída de ambas da sociedade coincide, porém, com a operação abafa que se seguiu à notícia sobre a quebra de sigilo bancário dos brasileiros pela companhia. Em julho de 2008, logo depois da Operação Satiagraha, a filha de Serra chegou a divulgar uma nota oficial para tentar descolar o seu nome da irmã de Dantas. “Não conheço Verônica Dantas, nem pessoalmente, nem de vista, nem por telefone, nem por e-mail”, anunciou.

Segundo ela, a irmã do banqueiro nunca participou de nenhuma reunião de conselho da Decidir.com. Os encontros mensais ocorriam, em geral, em Buenos Aires. Verônica Serra garantiu que a xará foi apenas “indicada”pelo Consórcio Citibank Venture Capital (CVC)/Opportunity como representante no conselho de administração da empresa fundada em Miami. Ela também negou ter sido sócia da Decidir.com, mas apenas “representante”da IRR na empresa. Mas os documentos oficiais a desmentem.

O triste fim de um discurso diplomático


Em um período relativamente curto, o embaixador aposentado Roberto Abdenur emplacou duas entrevistas nas páginas amarelas da revista Veja. É preciso estar muito afinado com o conservadorismo raivoso dessa publicação para merecer tal distinção. Na primeira, destilou ressentimento contra o ministro Celso Amorim. Na segunda, diz que, em matéria de política externa, Lula não passa de um "palanqueiro". Faltando à verdade, o intrépito embaixador diz que nosso Presidente "começou a bater em Obama antes de eleito e não cansa de dar canelada no americano". O artigo é de Marco Aurélio Garcia.
Marco Aurélio Garcia
Publicado originalmente no blog do Nassif

Não é fácil poder dar, em um período relativamente curto, duas entrevistas às páginas amarelas da revista Veja. É preciso estar muito afinado com o conservadorismo raivoso dessa publicação para merecer tal distinção.

Sei disso por experiência própria. Há muitos anos, um colunista-fujão de Veja dedicou-me um artigo cheio de acusações e insultos. Ingenuamente, enviei minha resposta a esta publicação, que se proclama paladina da liberdade de expressão. Meu texto não foi publicado e, para minha surpresa, li uma semana mais tarde uma resposta à minha resposta não publicada.

O embaixador-aposentado Roberto Abdenur teve mais sorte que eu. Emplacou uma segunda entrevista à Veja, talvez para retificar o tiro da primeira que concedeu (7 de fevereiro de 2007). Ou quem sabe para "compensar" o excelente depoimento do Presidente Juan Manuel Santos, na semana anterior, que não sucumbiu às tentativas da revista de opor o Brasil à Colômbia na América do Sul. Em sua primeira entrevista o diplomata destilava ressentimento contra o Ministro Celso Amorim que, num passado distante, o havia convidado para ser Secretário-Geral do Itamaraty e, mais recentemente, o havia enviado para uma de nossas mais importantes embaixadas – a de Washington. Abdenur preservava, no entanto, a política externa brasileira e, sobretudo, o Presidente Lula, que o havia designado como seu representante nos Estados Unidos.

Agora, tudo mudou. A crítica é global e dela não escapa nem mesmo o Presidente da República. Em matéria de política externa Lula não passa de um "palanqueiro", a quem o Itamaraty "não sabe dizer não". Faltando à verdade, o intrépito embaixador diz que nosso Presidente "começou a bater em Obama antes de eleito e não cansa de dar canelada no americano". Abdenur desconhece, ou finge desconhecer, as inúmeras manifestações de simpatia – e de esperança – que a eleição do atual Presidente norte-americano provocou em seu colega brasileiro. Ao invés disso, o ex-embaixador escorrega em rasteiro psicologismo ao detectar no Presidente Lula "um elemento de ciúme" em relação a Obama, pois este último lhe teria subtraído "a posição privilegiada no palanque global"...

Abdenur fez vinte anos de sua carreira diplomática durante o regime militar e não sofreu nenhum constrangimento. Até aí tudo bem. Muitos outros de seus contemporâneos tampouco foram perseguidos. Mas essa experiência profissional não lhe autoriza fazer analogias entre a política externa atual e aquela levada adiante nos primeiros anos da ditadura, quando chanceleres proclamavam que o que "é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil" ou patrocinavam o envio de tropas brasileiras para esmagar as mobilizações populares na República Dominicana.

É claro que aquelas inflexões da política externa brasileira foram tomadas por "razões ideológicas" (de direita). Mas a pergunta que não quer calar é: quando não temos motivações ideológicas na política, em particular na política externa?

Durante o Governo Geisel, quando Abdenur integrou o grupo dos "barbudinhos" do Itamaraty, foram resgatados princípios da Política Externa Independente de Santiago Dantas, Afonso Arinos e Araújo Castro, apresentados para a ocasião sob a eufemística denominação de "pragmatismo responsável". Mas aquela política – que tinha conteúdos progressistas, diga-se de passagem – também era expressão do projeto autoritário de "Brasil Potência" propugnado pelos militares. Tanto ela, como a Política Externa Independente do período Goulart-Jânio, tinham fortes componentes "ideológicos", como é normal em qualquer sociedade, democrática ou não.

É igualmente "ideológica" a reivindicação do ex-embaixador de que nossa diplomacia se alimente de "valores ocidentais". Mais do que ideológica, é ultrapassada e perigosa.

Ultrapassada, pois traz à memória os tempos da "guerra fria", quando se falava em "civilização ocidental e cristã" para esconder propósito profundamente conservadores.

Perigosa porque traz à tona e legitima a idéia de choque de civilizações (entre "oriente" e "ocidente") que os neo-conservadores têm defendido com tanta insistência nos últimos anos para justificar suas aventuras belicistas, queima de livros ou interdição de templos religiosos.

O ex-embaixador se alinha com as críticas da oposição brasileira contra a política externa atual. Seletivamente, ataca nosso bom relacionamento com Venezuela, Bolívia e Equador, supostamente motivado por afinidades ideológicas, esquecendo-se de mencionar nosso igualmente bom relacionamento com Argentina, Chile, Peru e Colômbia. Motivado por que?

Escondendo-se detrás de "boa fonte boliviana bem informada", desconhece ou deliberadamente omite, a cooperação militar e policial que se desenvolve com a Bolívia e com outros países para fazer frente ao flagelo do narcotráfico na região.

É próprio do pensamento conservador tentar apropriar-se de valores universais para encobrir interesses particulares – de classe, estamento, grupo ou etnia. A história do Brasil está cheia de exemplos. Nosso liberalismo conviveu alegremente com a escravidão. Nossa República proclamou retoricamente, durante décadas, a cidadania plena e praticou a mais brutal exclusão econômica, social e política. Tudo isso à sombra o Iluminismo, dos ideais da Renascença, do Humanismo ou da Revolução Americana que o embaixador invoca em seu vago projeto diplomático.

O Presidente Lula, assim como quase todos governantes, manteve e mantém relações com Chefes de Estado e de Governo dos mais distintos países: de democráticos, de regimes teocráticos, de partido único ou de responsáveis por graves violações de direitos humanos em nível local ou global. Não será difícil encontrar os nomes dos países na tipologia antes aludida.

Esses relacionamentos não se devem a idiossincrasias presidenciais como, de forma desrespeitosa, pretende Abdenur. Eles se inserem no difícil esforço de construção de um mundo multilateral e, sobretudo, de um mundo de paz.

São muitos os caminhos para atingir esse objetivo. Vão do uso da força militar ao emprego das sanções que golpeiam mais ao povo do que aos governantes dos países atingidos. Mas há também o caminho da negociação, da diplomacia que não renuncia valores, mas que não faz deles biombo por traz do qual se ocultam inconfessáveis opções políticas e ideológicas, particularmente quando a sociedade brasileira é chamada a decidir seus destinos pelos próximos quatro anos.

P.S.: há algum tempo a imprensa noticiou que Roberto Abdenur estava dando cursos de política externa para os Democratas (ex-PFL). Não acreditei. Agora passei a acreditar.

IMPUTS /OUTPUTS

Marina Silva está cada vez mais afiada na arte de dizer aquilo que a mídia demotucana programou para sair de sua boca. Nesse ambiente pavloviano de adestramento político, a candidata verde recebe contrapartidas correspondentes ao desempenho. Caso a caso, como recomenda a boa técnica de laboratório. Migalhas, em acertos menores. Menosprezo, nos erros maiores. Quinta-feira foi um dia bom. Marina disse em sabatina no jornal o Globo: ‘Lula defende Dilma, mas esquece os cidadãos’. Foi premiada no dia seguinte com uma dose extra de ração. Sua frase ganhou manchete de cinco colunas na 1º página do jornal, mais um bonus com foto de meia página logo abaixo. Um pouco demais, talvez. Mas estamos a vinte dias das eleições. Marina precisa ser estimulada a caminhar mais rápido, no rumo planejado.
(Carta Maior e os rumos de quem saiu do PT em nome da ética; 11-09)

BRASIL SIGILOSO SERRA E MARINA QUEREM SER PRESIDENTE DO BRASIL SEM TRATAR DE EMPREGO, CONSUMO, INFLAÇÃO E PRODUÇÃO. POR QUÊ?


EMPREGO industrial sobe 5,4% em julho, tem maior alta anual em nove anos e a sétima alta consecutiva em 2010, divulgou o IBGE nesta sexta-feira, 10. Na comparação com julho de 2009, o emprego na indústria registrou expansão de 5,4%, o maior aumento ante igual mês de ano anterior desde o início da série histórica, em 2001. No ano, o emprego na indústria acumula alta de 2,9% e em 12 meses, queda de 0,5%; o valor da folha de pagamento dos trabalhadores da indústria teve aumento real de 1,9% em julho; na comparação com julho de 2009, o aumento foi de 11,2%, com expansão acumulada de 5,6% no ano;

CONFIANÇA do consumidor brasileiro atinge a marca recorde de 155 pontos em agosto, superando os 150 pontos registrados em abril e maio. Acima de 100 pontos indica otimismo dos consumidores. Nas regiões Norte e Centro-Oeste a marca bateu no teto máximo desse indicador:200 pontos. Na sequência, a região Sul, registrou 163 pontos e o Sudeste, 159 pontos, acima até dos 130 pontos do Nordeste;

INFLAÇÃO MEDIDA pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou próximo de zero em agosto, subindo apenas 0,04% . Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,49%, a menor variação desde dezembro de 2009; o resultado reforça a expectativa de que o ciclo de alta da taxa dos juros acabou. Agosto marca uma sequência de três meses com inflação igual ou próxima a zero; trata-se da segunda melhor sequencia da história do Índice em 12 anos

PRODUÇÃO EM ALTA --em julho, segundo a CNI, as horas trabalhadas na produção avançaram 2,6%, a massa salarial real teve alta de 3,6% e o rendimento médio subiu 3,1%. A tendência do setor industrial para o terceiro trimestre é de expansão; a CNI elevOU de 13,2% para quase 14% a projeção de crescimento do PIB do setor para 2010.
(Carta Maior, com agências; 10-09)

FHC e Serra iam vender tudo: BB, Caixa e a jóia da coroa, a Petrobrás






O Governo Serra/FHC ia sublocar à Disney
O Conversa Afiada já demonstrou que o Governo FHC/Serra quis vender tudo.
Um documento oficial do Governo FHGC/Serra mostra o que estava na pedra para ser passado nos cobres: Banco do do Brasil, Caixa, Petrobrás …

Ia sobrar o Pão de Açúcar, que o Governo FHC/Serra provavelmente ia sub-locar à Disney.
Não esquecer também de ver, amigo navegante, num post sobre todos os erros do Serra, as fotos comoventes da privatização da Light, em que Serra se rejubila com a Rainha da Privatização, Elena Landau, que trabalhou com Daniel Dantas.

São momentos de cortar o coração (de raiva).

O blog Amigos do Presidente Lula – que a dra Cureau quis calar - tratou de um comício em que o presidente Lula – Por que o Serra não faz comício, só passeata ? -, acusa o Governo FHC/Serra da mesma coisa: querer vender tudo.

E lá estou outras provas documentais.

“PSDB quis vender a Petrobras, o BB e a Caixa”, diz Lula
No comício da campanha de Dilma Rousseff, sem a presença da candidata Dilma, em Ribeirão Preto (SP), o Presidente Lula pediu aos tucanos que parassem de “blasfemar na televisão” e comparassem seu governo ao de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). E aludiu uma posição desconfortável: “Ficavam todo dia de quatro diante do FMI! Fomos nós que mandamos o FMI embora… Eles hoje nos devem 14 bilhões de dólares”, bradou o líder petista, no centro da cidade do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, um dos presentes ao palanque.

“Aprenderam a vender o que não era deles, o bem público deste País”, acrescentou Lula, na hora de sacar uma das suas estratégias na campanha de 2006: “Queriam vender a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal! Quando nós chegamos, estava tudo endividado”. Segundo o presidente, é “hora do pão-pão, queijo-queijo”.

No deserto jornalístico de Kamel, bebê deixa Serra falando sozinho


por Luiz Carlos Azenha

Gastei meia hora de meu precioso tempo noturno, ontem, para testemunhar ao vivo o Jornal Nacional.

Teve a leveza e a graça de uma autópsia.

O Jornal Nacional faz de conta que não estamos às vésperas de uma eleição histórica. Para o JN, o Brasil é um grande cenário, onde as estrelas da Globo são os protagonistas. Elas cortam os céus a jato, se protegem da chuva na cabine e usam o povo como coadjuvante para suas grandes descobertas: potiguar, sei agora, é comedor de camarão.

Higienicamente separados da cobertura política por um bloco inteiro de notícias, os artistas da Globo preocupados com a eleição não se misturam com a política partidária, que isso é coisa de bandido.

O bloco de cobertura de eleições é o bloco policial do JN.

A polícia paulista mostra serviço apurando a quebra de sigilo fiscal, que é o centro da cobertura “política” da Globo. Em seguida, os candidatos são usados como meros coadjuvantes para fazer jogo-de-cena no roteiro de Ali Kamel.

Falam José Serra e Marina Silva, martelando tudo o que já disseram dezenas de vezes ao longo dos últimos dias. Por último, Plínio de Arruda Sampaio dá seu recado de alguns segundos. É a “democracia”, versão JN.

Essa paródia jornalística nos é apresentada como “jornalismo imparcial”.

Com o cuidado de omitir toda e qualquer informação que possa jogar alguma luz sobre o momento. Ontem foi um dia especialmente farto em números da economia: as vendas de cimento cresceram 14,6% de janeiro a agosto; as vendas de material de construção devem crescer 11% em 2010; “Um milhão de brasileiros deixam a pobreza mesmo com a crise”, diz a FGV; Caixa Econômica Federal vai emprestar 70 bilhões em 2010 para a habitação, diz o G1. E por aí vai.

Mas, presumivelmente para não ajudar a candidata do governo, o JN simplesmente suspendeu as “notícias boas” — como, aliás, já fez em 2006 (Marco Aurélio Mello, então editor de Economia do JN na praça econômica mais importante do Brasil, recebeu ordens do Rio de Janeiro para “tirar o pé”).

Ou seja, se de fato Dilma Rousseff vencer pela margem que se imagina que vá vencer, em primeiro turno, o público cativo do JN certamente será pego de surpresa.

Seria exagero imaginar que Ali Kamel criou esse deserto jornalístico noturno apenas para ver brilhar a flor da indignação ensaiada de José Serra.

Hoje, ainda sem falar uma palavra, o neto da Dilma roubou a cena. Foi a “notícia política” da noite.

Além de conhecê-lo, nessa meia hora fiquei sabendo que o Ernesto Paglia gosta de comer camarões, que o sorteio do destino do jatinho é “honesto” e que a proposta do Serra… qual é mesmo a proposta do Serra?

Quebra de sigilo: matérias desmontam versão de Serra


Durante o governo FHC, cerca de 17 milhões de brasileiros tiveram seu sigilo quebrado, inclusive o fiscal. Em 2009, um requerimento expedido por Arnaldo Faria de Sá ao presidente da CPI destinada a apurar a Violência Urbana pedia uma audiência pública para apurar que dados fiscais sigilosos estavam sendo vendidos por camelôs de São Paulo. Reportagem do SBT Brasil mostra que Serra já sabia que seu sigilo fiscal tinha sido quebrado pelo menos desde outubro de 2009. Site também oferecia dados sigilosos do presidente Lula e de sua família. Analista da Vox Populi diz que acusação de Serra não está provocando nenhuma mudança no cenário eleitoral.

Uma matéria feita pelo SBT Brasil revelou que o assunto de quebra de sigilos por uma máfia que atua em São Paulo já era conhecido pelo candidato tucano José Serra desde, pelo menos, outubro de 2009. Na matéria, o próprio Serra comenta a devassa de sua declaração e de sua mulher com total calma e naturalidade, sem dizer que foi o PT, ou que é por motivos eleitorais. Apesar disso, a campanha de Serra insiste em usar o tema da quebra de sigilo contra a candidatura de Dilma Rousseff. Sem sucesso até aqui.

Nesta quinta-feira, o blog do Nassif publicou uma análise de João Francisco Meira, do Vox Populi, sobre o tracking do IG-Bandeirantes: segundo esse levantamento diário, o tema da quebra do sigilo, abraçado por Serra, não está provocando nenhuma mudança na intenção de voto dos eleitores. Nassif escreve:

Não existe nenhuma oscilação significativa, diz ele. Dada a natureza do tracking, tem que se acompanhar a curva dos candidatos, não os resultados diários. E a curva não mostra nenhuma alteração significativa após o caso do tal dossiê. Metade da população ficou sabendo do assunto, diz ele. Dessa metade, os eleitores da Dilma tendem a acreditar nela, os do Serra, nele, e os indecisos tendem a acreditar mais na Dilma que no Serra.

Ele não entende o fuzuê em torno da quebra de sigilo. «Vocês, jornalistas, estão carecas de saber que sigilo fiscal no Brasil é uma peneira», diz ele. Em qualquer loja que se vá, na compra de um carro, de um eletrodoméstico, o gerente pede um instante para consultar o crédito. Liga para um sujeito denominado de analista de crédito que tem todas as informações do candidato ao financiamento, do Imposto de Renda ao Serasa. Basta uma olhada no Google para encontrar centenas de traficantes de informações sigilosas, diz ele.

Ligar esse tema à campanha é forçar a barra.

17 milhões de sigilos quebrados nos anos FHC
No site Brasilwiki, João Paulo Marat mostra como, durante o governo FHC, cerca de 17 milhões de brasileiros tiveram seu sigilo quebrado, inclusive o fiscal. Marat indica matérias e documentos da Câmara Federal sobre o assunto. Ele escreve:

A ação da quadrilha que quebra sigilos fiscais não é desta eleição, nem de ontem, nem deste ano. É uma praga que atinge o Brasil há muito, e não é uma "estratégia" da campanha de Dilma Roussef, como tanto gostariam os integrantes do PSDB e do DEM. Documentos provam que, ainda em 2009, um requerimento expedido por Arnaldo Faria de Sá ao presidente da CPI destinada a apurar a Violência Urbana pedia uma audiência pública para apurar que dados fiscais sigilosos estavam sendo vendidos por camelôs de São Paulo - em 2009. Entre os que tiveram seus sigilos violados estavam o presidente da República, Luís Inácio Lula, o ministro Mantega, o governador José Serra, Verônica Serra e outros menos cotados. É só conferir em

http://www.camara.gov.br/sileg/integras/699422.pdf

Por volta dos anos 2000 e 2001, a Receita Federal iniciava informatização dos dados fiscais e cadastrais dasPessoas físicas e Jurídicas. Em razão desta atualização, foram disponibilizados os bancos de dados completos das pessoas físicas e jurídicas por algum tempo. Em 2008, o SBT fez uma reportagem que havia, no bairro paulista da Santa Ifigênia, pessoas que vendiam a senha para acesso aos bancos de dados do Serpro. O assunto chegou a ser publicado, na época, no jornalão Folha de São Paulo:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u439202.shtml

Isso foi há 10 anos, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente. Nesta ocasião, vazaram da Receita Federal os dados do Imposto de Renda do próprio FH, Sílvio Santos, Gugu Liberato e dados cadastrais de 17 milhões de brasileiros.

Atualmente, FHC, que viaja pelo exterior desde que Serra se lançou candidato, pede em seus artigos que Dilma Rouseff seja penalizada. Os dados eram vendidos em disquete, pela quantia de R$ 6 mil e a desfaçatez era tanta que chegavam a anunciar em classificados de jornal. O assunto não ganhou as manchetes dos jornais. Era um caso de polícia.

O caso do “sigilo” de Serra e a “bala de prata” final


Posted by eduguim on 06/09/10 • Categorized as Opinião do blog
Eduardo Guimarães-Blog Cidadania
Quero me posicionar claramente sobre dois assuntos que, desde o fim da semana passada, estão marcando o debate sobre a sucessão presidencial. Refiro-me, primeiro, ao caso do “sigilo” de José Serra e, depois, às especulações sobre qual será a “bala de prata” final que a estrutura extra oficial de marketing da campanha do ex-governador tucano – composta, essencialmente, mas não só, pelos Grupos Folha e Estado, pela Editora Abril e pelas Organizações Globo – irá disparar contra a adversária.

Em relação à possível quebra do sigilo de tucanos e de parentes de Serra (sua filha), só o que é lícito dizer, até o momento, é que alguém cometeu um crime para influenciar o processo eleitoral.

Todavia, não se pode dizer se foi a campanha tucana ou a petista que delinqüiu, pois se a acusação que domina a mídia é a de que Dilma e seu grupo político teriam engendrado ação criminosa contra os adversários, há outra hipótese, tão verossímil quanto a primeira, de que tudo pode ser uma armação tucana para tentar estancar – ou até reverter – a queda pronunciada nas pesquisas do candidato do PSDB a presidente.

O envolvimento de “petistas” no caso foi previsto por este blog antes de surgir na mídia pela última vez com a dimensão que surgiu nos últimos dias, e antes de esses “petistas” efetivamente aparecerem.

Já se dizia, neste blog, que o envolvimento de algum petista seria “(…) um indício não conclusivo, mas que buscará induzir no eleitorado maior suspeita de que as acusações de Serra à campanha de Dilma são verdadeiras. A mídia, mais uma vez, tratará o indício como prova, jogando com o pouco tempo que resta para 3 de outubro para que não seja possível desmentir o factóide (…)”.

O fato é o de que os petistas envolvidos têm filiação dúbia, que tanto pode ser produto de uso de laranjas por um lado (o PT ou aliados) quanto pelo outro (o PSDB e seus aliados).

Diante de uma situação como essa, o mais lógico – e ético – seria não haver exploração por algum dos lados ou pela imprensa, até porque o delinqüente de qualquer dos lados pode ter agido sem autorização dos comandos das campanhas petista ou tucana.

É clara a tentativa de Serra de usar irresponsavelmente um factóide que ainda precisa ser apurado de forma a gerar conseqüências para um dos lados. Várias matérias jornalísticas têm se referido como “estratégia” ao discurso dele de acusar Dilma Rousseff de ser a autora da violão de seus sigilos fiscais, de acusar assim a uma adversária que o vence nas pesquisas por até 26 pontos percentuais de vantagem…

A revista Época desta semana até estampou na capa essa evidência, sob a manchete “A cartada de Serra”, conforme a imagem que ilustra este texto comprova.

Todavia, enquanto chegam até a expor a própria estratégia, os grupos empresariais de comunicação já citados neste texto também produzem manifestações de apoio ilegais a acusações de Serra que de maneira alguma podem ser consideradas como verdadeiras ou falsas, conforme, inclusive, deliberou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recentemente, em resposta a consulta do PSDB à Corte sobre o caso da quebra de sigilos de seus membros.

O caso da “quebra” de sigilos fiscais de tucanos, portanto, não deve ser considerado pela sociedade neste momento. Simplesmente porque, se posteriormente for apurado que a acusação de Serra é verdadeira, bastará à Justiça Eleitoral cassar o mandato de Dilma, uma medida perfeitamente legal e possível de ocorrer diante da comprovação do crime.

A derradeira “Bala de Prata”

Surgem especulações sobre a última “bala de prata” (cartada final de Serra contra Dilma) que a coalizão política formada pelo PSDB, pelo DEM, pelo PPS e pelas empresas de comunicação supracitadas estaria preparando para disparar na antevéspera das eleições, quando a campanha de Dilma Rousseff não puder mais responder ao ataque.

Fala-se em surgimento de denúncias contra a candidata em momento que tão claramente revela que tais denúncias serão produtos de tentativa de reverter a vontade eleitoral da população em favor de José Serra.

Devo dizer que não conheci ninguém, até hoje, que não soubesse que haveria uma denúncia de última hora contra Dilma exatamente como sempre aconteceu com seu padrinho político, o presidente Lula.

A Justiça Eleitoral parece estar aceitando o uso claro e ilegal de concessões públicas de rádio e tevê em benefício da candidatura de José Serra, já que, pela lei, o uso da imprensa escrita por um dos lados não pode ser considerado ilegal apesar de jornais e revistas receberem muito dinheiro público. A ONG que este blogueiro preside, portanto, tentará fazer o TSE tomar uma atitude representando à Corte contra os abusos que estão sendo cometidos.

Todavia, este blogueiro e, até agora, mais de dois mil e quinhentos eleitores brasileiros que o lêem, tentaremos cobrar do TSE que cumpra a sua obrigação. É só o que se pode fazer, além de acreditarmos na maturidade política do povo brasileiro.