Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Cartilha de Temer explicando golpe aos EUA é derrota golpista

temer-brics

A embaixada do Brasil em Washington vai lançar nas próximas semanas uma cartilha sobre a transição política e econômica do Brasil. Segundo apurou a Folha de São Paulo, serão distribuídos 3.000 exemplares a políticos, empresários, think tanks, congressistas e jornalistas”.

O ministério pilotado por José Serra afirma que a iniciativa será para “explicar a formadores de opinião americanos o que o Brasil está fazendo para sair da crise econômica, e como se deu o impeachment da presidente Dilma Rousseff”.

O que o Brasil está (ou não) fazendo para sair da crise econômica é uma coisa, mas explicar “como se deu o impeachment” é coisa muito diferente, pois ações para alegadamente o governo Temer tirar o Brasil da crise são atos concretos que podem ser apenas relatados, mas o impeachment envolve questões puramente políticas, idiossincráticas.

Com efeito, qualquer diplomata que vier a ler a cartilha dos inimigos do governo derrubado certamente conhecerá apenas um lado da moeda. O que se prevê é que dinheiro público será usado em benefício político de tucanos e peemedebistas.

O Itamaraty diz que um dos objetivos da cartilha é “deixar os investidores estrangeiros mais tranquilos e aumentar seu interesse no programa brasileiro de concessões de infraestrutura”. Segundo Temer, o Brasil, agora, teria “estabilidade política”, qualidade atrativa ao investimento.

Como Temer pode falar em “estabilidade política” se, em breve, o Tribunal Superior Eleitoral poderá tirá-lo da Presidência? E as investigações contra ele na Lava Jato? Um presidente ameaçado de sofrer processo penal tem “estabilidade política”?

Além dos problemas do governo de plantão, ele tem que se preocupar em não ser derrubado em um país que já relativiza ao extremo o voto popular ao cassar o segundo presidente em pouco mais de vinte anos – nos EUA, em toda história, só Nixon renunciou para não ser cassado, nos anos 1970.

E Temer não terá do que reclamar se for golpeado, pois será consequência do próprio golpismo.
Ainda sobre a cartilha ilegal que o governo quer distribuir nos EUA, ao listar áreas onde o governo oferecerá concessões Temer vai dizer que o Brasil está disposto a ajustar o marco regulatório como quiserem os estrangeiros.

É a direita descalçando os sapatos para os gringos, bem próprio de um Itamaraty tucano, como o dos tempos de Celso Lafer.

Haverá também versão digital da cartilha. O custo, segundo o embaixador brasileiro, Sergio Amaral, não vai passar de US$ 5.000.

O problema não é o custo. O problema é o uso do Itamaraty para fazer política partidária e para defender um processo ilegal ao custo de mentiras.

“É importante reforçarmos a comunicação no exterior, as pessoas estão interessadas sobre o que vai acontecer no Brasil”, diz o embaixador Sergio Amaral, de um governo que em larga medida reedita o governo FHC, ao menos em nomes e ideologia.

Segundo a Folha, estarão listadas na cartilha tabelas com indicadores do país apresentadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em suas palestras a investidores. Foram tomadas ainda outras medidas para reforçar a credibilidade do Brasil.

O que quer dizer isso? Ninguém sabe, mas esse é outro item que, à semelhança da “explicação do impeachment”, vai ter que ser analisada com lupa.

O jornalão antipetista diz também que “fontes do governo e do Congresso americano disseram à Folha que o impeachment não é mais uma preocupação, embora alguns setores do mundo acadêmico mantenham suas críticas ao processo. Mas a economia e as investigações de corrupção despertam muita inquietação”.
Uau! Então são só “alguns setores do mundo acadêmico” que mantêm “críticas ao processo”. A tradução disso é a de que os setores mais informados e preparados da maior potência mundial não têm dúvidas de que houve um golpe no Brasil.

Aliás, a necessidade de essa cartilha ser confeccionada é também reconhecimento tácito de que a comunidade internacional tem outra visão sobre o que ocorreu no país.

Um governo sempre teve e sempre terá todas as condições de dar grande publicidade aos seus pontos de vista, à sua versão dos fatos. Após seis meses ocupando ilegalmente um cargo que é de Dilma Rousseff até 1º de janeiro de 2019, Temer perdeu a guerra da comunicação no exterior.

Ganhou no Brasil, mas perdeu no exterior.

Na versão edulcorada da Folha, “a aprovação do teto de gastos foi recebida de forma positiva, mas integrantes do setor privado e governo se mantêm em compasso de espera, querem que o governo brasileiro consiga aprovar outras reformas que ajudem a pôr a dívida do país em trajetória sustentável”.

Toda essa conversa mole neoliberal procura restringir a situação do Brasil à sua capacidade de espancar seu povo com este conformado e votando nos espancadores. Até os postes de Wall Street sabem que não é assim que a banda toca.

A instabilidade política continua e os planos de tirar direitos dos brasileiros e piorar serviços públicos preocupam, sim, os países centrais porque sabem que após um novo arrocho da direita a população se voltará para a esquerda de uma forma ou de outra.

Como, no caso, o bem é feito em pequenas doses e o mal vai ser feito de uma só vez, não deve demorar muito para a população brasileira se dar conta de que foi vítima de um engodo – foi jogada contra o governo que lhe melhorava a vida para dar lugar a quem tira de pobre pra dar pra rico.

Enquanto isso, como por enquanto vai ser difícil furar o bloqueio da mídia no Brasil, há que continuar denunciando ao mundo o golpe e os atos consecutivos de arbítrio contra opositores do regime, como a perseguição a Lula. Só o que impedirá mais endurecimento do regime será denunciação internacional.
Nesse contexto, a correria de Temer pelo mundo para explicar o golpe, o alvoroço da direita com o acolhimento pela ONU da denúncia de Lula contra a Lava Jato, tudo isso constitui a única forma, no momento, de enfrentar ditadura que cassou o voto de 54 milhões e agora persegue opositores do regime.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Golpe faz Brasil retomar tradição antidemocrática


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A alta possibilidade de o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff se materializar na semana que entra remete a reflexão imperativa sobre a situação institucional do país daqui em diante. Não é uma reflexão agradável, mas é mais do que necessária e urgente.

Em 2002, o cientista político Fábio Wanderley Reis, doutor pela Universidade de Harvard e professor emérito da UFMG, divulgou análise que afirmava que a democracia brasileira só se consolidaria se o sucessor de Fernando Henrique Cardoso cumprisse seu mandato até o fim e o sucessor dele também.
A razão da análise de Reis, feita há cerca de 14 anos, é a de que o Brasil é um país de tradição antidemocrática. Desde a proclamação da República, em 1889, tivemos 50 anos de democracia e 70 anos de regimes oriundos de golpes de Estado.

Em setembro do ano passado, este Blog produziu e divulgou estudo que mostrava que, em toda história republicana brasileira, só 11 presidentes haviam terminado seus mandatos. Em abril deste ano, porém, a revista Fórum produziu estudo ainda mais interessante sobre o tema porque traz um belíssimo infográfico, que torna o assunto ainda mais compreensível.

O Estudo é do jornalista André Deak e mostra que golpe, no Brasil, é “tradição”. Veja, abaixo, infográfico com a linha do tempo desde o golpe militar de Deodoro da Fonseca, que deu origem à República, até o governo Dilma Rousseff.

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Segundo esse estudo, “desde o golpe de Deodoro são 76 anos não-exatamente-democráticos contra 50 anos de ‘democracia’. Ou seja: o ponto fora da curva é onde estamos agora. No Brasil, a tradição é o golpe”.

O estudo em tela é bem melhor do que o feito por esta página alguns meses antes porque não se resume a quantificar quantos presidentes foram realmente eleitos pelo voto popular; mostra que mesmo presidentes eleitos valeram-se de estratégias antidemocráticas sob regras do mesmo jaez. Desse modo, pela lógica do jornalista citado, apenas 5 presidentes concluíram seus mandatos.
Confira a matéria:

“Consideramos toda a República Velha como períodos ‘autoritários’, já que, mesmo quando não era golpe de fato, tipo o Floriano Peixoto, em 1894, na esteira do golpe do Deodoro, ou o do Vargas em 1930, não dá pra dizer que era assim uma democracia. Quando teve eleição, votavam uns 3% da população, fraude generalizada, voto de cabresto, coronéis, acordão da República do Café com Leite, voto feminino nacional só em 1932, e outras tretas. Ou seja: 56 anos aí sem democracia.

Daí, entre 1945 e 1964 foram 19 anos de ‘democracia’, tirando ali o golpe parlamentarista contra o Jango (1961) ou o golpe contra o Juscelino (1955), que não vingaram muito. De qualquer forma, nesses 19 anos foram 12 presidentes, 6 deles interinos. Só dois dos que foram eleitos terminaram o mandato: Dutra (1946-1951) e JK (1956-1961).

Daí 20 anos da ditadura (1964-1984).


Em geral, considera-se que do Sarney (1985 em diante) já foi um período democrático, mas lembremos que ele era ministro dos militares, foi uma eleição indireta e era vice do Tancredo, que morreu antes de tomar posse.

A primeira eleição foi em 1989, quando se elegeu o Collor (esquece o debate do Globo). De 1984 a 2016, ok, temos “democracia” (pelo menos pra quem é homem, branco, classe média pra cima. Boa parte do restante vive numa semi-democracia, quando não em ditaduras mesmo, assassinados pela PM – ‘por que o senhor atirou em mim?’).

Outro dado: em toda a República, nos 50 anos considerados ‘democráticos’, só 5 presidentes eleitos terminaram o mandato: Dutra, JK, FHC, Lula e Dilma. Dá pra incluir também o Itamar se quiser (ele foi eleito e terminou o mandato, mas começou como vice do Collor, assumiu na renúncia dele e depois ficou até o fim)”.

Apesar da evidência do golpe, seus autores (impérios de mídia, partidos e parlamentares envolvidos na derrubada de Dilma e o próprio “presidente da República interino”) tentam negar que esteja sendo dado um golpe, dizendo-o “processo legal”, chamando-o de “impeachment”.

Só quem os golpistas tupiniquins de plantão enganam é uma parcela considerável, provavelmente majoritária dos brasileiros. No exterior, até a imprensa conservadora se inquieta com o impeachment de Dilma.
O The New York Times vem apontando, reiteradamente, os aspectos suspeitos do processo de impeachment. Charge recém-publicada pelo veículo dá bem a dimensão de como o mundo vem encarando o suposto “processo de impeachment” da presidente constitucional dos Brasil.

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Veículos menos conservadores do que o The New York Times, mas igualmente importantes, são bem mais incisivos. No sábado, o mundo atentou para editorial do jornal francês Le Monde que afirma que o “impeachment” de Dilma “ou é golpe ou é farsa”

O jornal está muitíssimo bem informado e diz que anular 54 milhões de votos por conta de uma manobra contábil não é motivo para deposição de um presidente nem no próprio Brasil, e muito menos em outros países que respeitam mais o voto popular.

A frase exata do editorial dá motivos aos brasileiros para se preocuparem:

“Se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa. E as verdadeiras vítimas dessa tragicomédia política infelizmente são os brasileiros.”

Formas tradicionais de militância adotadas em períodos de normalidade democrática deixam de ser eficientes, nesse contexto. O Brasil está imerso em uma ditadura. Prisões são levadas a cabo sem provas, políticos de direita acusados dos mesmos crimes que políticos de esquerda, à diferença destes não vão para a cadeia.

Devemos nos preparar para enfrentar a recaída do país em um regime antidemocrático que já ameaça resvalar para o autoritarismo. Não podemos mais, os democratas, ficar dispersos. Temos que nos aglutinar em partidos e lutar de forma organizada pela redemocratização do Brasil

quinta-feira, 31 de março de 2016

Reação ao golpe cresce, surpreende golpistas e pode virar o jogo


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Nas últimas 48 horas – pouco mais, pouco menos -, começou a se formar no país e no exterior um clima de inconformismo que está chegando ao paroxismo. Pessoas e entidades que resistiam a se manifestar contra o golpe paraguaio que tentam dar no país, finalmente caíram em si.
Um bom exemplo disso é o PSOL. Apesar de a ex-candidata psolista a presidente Luciana Genro estar fazendo o jogo dos golpistas de um modo que sugere que tenha combinado alguma coisa com eles, ela se isolou no partido.
Na foto abaixo, reprodução da primeira página da Folha de São Paulo de quinta-feira, 31 de março. Nela, aparece ninguém mais, ninguém menos do que o deputado federal pelo PSOL paulista Ivan Valente chegando às vias de fato na comissão do impeachment.
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O PSOL fechou questão contra o golpe e, segundo relata o mesmo jornal supracitado, o partido integrará oficialmente o ato contra o impeachment que ocorrerá nesta quinta-feira 31 em todo o Brasil e em quase duas dezenas de cidades mundo afora.
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Ao todo, mais de 60 entidades participam do evento organizado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A primeira reúne movimentos historicamente ligadas ao PT, como CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Sem Terra) e UNE (União Nacional dos Estudantes), enquanto a segunda é composta, entre outros, por MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e Psol.
Também nesta quinta-feira, intelectuais, artistas e cientistas entregaram a Dilma doze manifestos em favor da democracia e contra o golpe. O ato ocorreu no Palácio do Planalto.
Entre as personalidades presentes, os atores Letícia Sabatela e Osmar Prado, o jornalista e escritor Fernando Moraes, o produtor de cinema Luís Carlos Barreto, a diretora Ana Muylaert, o escritor Raduan Nassar, o rapper Renegado, o escritor e ilustrador Ziraldo, o sociólogo Emir Sader e o historiador Luiz Felipe Alencastro.
Foram apresentados vídeos de personalidades que não puderam comparecer, como o neurocientista Miguel Nicolelis, a economistas Maria Conceição Tavares e o linguista e filósofo Noam Chomsky.
Nos últimos dias, aliás, já vêm ocorrendo manifestações contra o golpe em cidades europeias como Lisboa e Paris.
Lisboa
Paris

Tudo somado, começa a se tornar muito custoso para o Brasil consumar um golpe paraguaio de forma tão escrachada, com o processo sendo conduzido por um presidente da Câmara envolvido em corrupção até o pescoço, indiciado pelo Supremo, com a mulher e filha sendo investigadas por corrupção, atingido por provas materiais como extratos de contas secretas no exterior abastecidas por dinheiro sem origem comprovada e sem ter sido declaradas ao fisco brasileiro.
A falta de moral dos que pretendem derrubar Dilma acusando-a de “crime de responsabilidade”, porém, não é o único nem o principal fator a caracterizar esse processo como golpista.
O que é pior, como diz o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello, é a falta de motivos concretos para derrubar a presidente da República. Apesar de os golpistas acusarem Dilma de ter cometido todos os crimes do Código Penal, o processo contra ela que tramita na Câmara se baseia nas tais “pedaladas”, ou seja, em uma manobra contábil largamente usada por todos os presidentes da República anteriores e pelos atuais e antigos prefeitos e governadores de todo país.
Apesar de haver quem queira fazer prevalecer a tese de que é possível penalizar só Dilma por prática contábil tão comum, as pessoas sérias e instruídas daqui e de toda parte não cairão nessa, como não estão caindo.
Assim, agora resta apenas conferir a reação dos democratas deste país nos protestos desta quinta-feira que se espalham pelo país e pelo mundo. A depender da intensidade desses atos públicos, sobretudo em São Paulo e Brasília, o preço a pagar por um golpe paraguaio pode ficar impagável para os golpistas de sempre.
*
Confira no vídeo abaixo, ao vivo, o ato de Brasília.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O Brasil e a primavera dos canalhas

POR  ·
canalhas
O “coxismo”, o “moralismo”, o golpismo e, agora, a mais desumana abjeção.
No Brasil destes tempos, vivemos a primavera dos canalhas.
Surgiu em Curitiba – agora, ao que parece, transformada naquela famosa cervejaria da Baviera – um tal “Movimento Pela Reforma de Direitos”, que divulga, na internet – assinado, até esta noite, felizmente, apenas por 128 imbecis – pedindo a retirada do que chama de “privilégios” que os deficientes têm, legalmente.
Querem, por exemplo, a redução em 50% de filas e assentos exclusivos para deficientes, porque ficam muito tempo esperando vaga no shopping; querem também o fim da isenção de impostos na compra de carro, quem sabe para não ter mesmo vaga nenhuma para deficiente,  senão as para cadeiras de rodas, o fim das gratuidades para deficientes em  atividades culturais e, claro, o fim das cotas para deficientes nos concursos públicos e nas grandes empresas, porque ” quem for bom vai ser contratado, sendo deficiente ou não”.
É claro que sempre existiu gente má, perversa, emocionalmente doente, gente que acha que pessoas com deficiências físicas ou mentais deveriam mesmo é ser eliminadas – talvez sem se dar conta que eles próprios, neste caso, poderiam ser, por deficiência de humanidade.
Mas o que repugna é que, no Brasil de hoje, estes ratos saíram de suas tocas imundas.
E os “politicamente corretos”, alegando “democracia” e “republicanismo” não os chamam do que são: filhos da puta, com as minhas desculpas às putas, que não merecem isso.
Eles podem até não saber disso, mas são nazistas. São os homens da “eugenia”, os que consideram seres humanos inferiores por natureza, os que não os vêem como seus irmãos mais frágeis, ao qual qualquer irmão protege.
Deus nos livre de que tenham filhos com deficiências, porque estas crianças precisam de gente que ame, de gente que apóie, de gente que só os discrimine com mais amor, mais atenção, mais carinho, mais delicadeza.
Só há um tipo de deficiente que não merece isso, os deficientes de humanidade, de compaixão,  de coração, como estes – de novo, perdão, escrotos.
E se alguém disse que temos de aceitá-los assim, porque isso é a democracia, então maldita seja esta democracia.
Mas não é. É, como disse, o nazismo.
PS. Se isso for um golpe publicitário, mantenho o FDP e todos os outros conceitos para seus autores

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O Brasil dos jatos e o Brasil da Lava-Jato

POR 



Tem gente que não consegue pensar além do que lhe enfiam pelos ouvidos; gente que não compreende que um país do tamanho do Brasil não pode ser paralisado, gente que, embora entoe loas ao “mercado”, não consegue entender que o Brasil precisa competir e defender-se.
Para esta gente, a capacidade de entender o que escreve Mauro Santayana é nenhuma, porque não consegue  sair da superficialidade e olhar o mundo como ele é, e não como o breviário da mídia o pretende.
Mas para quem ama o Brasil e o quer grande o suficiente para que todos os brasileiros possam ter uma vida digna, livre e feliz, quase somos capazes de sentir a indignação cívica do veterano jornalista, que viu décadas de degradação de nosso país e, íntegro como é, não apenas não é cúmplice de roubo algum como quer, de toda forma, impedir que nos façam o maior: o do nosso futuro como nação.



Mauro Santayana (trechos)
Neste singular momento da vida nacional, o país está dividido, cada vez mais, em dois que parecem não compartilhar a mesma realidade ou o mesmo território
Para o Brasil da Lava Jato, do impeachment, da mídia seletiva e conservadora, o que defende a volta da ditadura, a tortura e a quebra do Estado de Direito, este é um país podre, quebrado, mergulhado até o talo na corrupção, política e economicamente inviável até não poder mais. Para o Brasil dos jatos Gripen, cuja transferência de tecnologia a presidenta Dilma Rousseff foi negociar em outubro na Suécia, o Brasil da Força Aérea, da Aeronáutica, do Exército, da engenharia, da indústria bélica, da indústria pesada, da indústria naval, da indústria de energia, do petróleo e do gás, do agronegócio, da mineração, este é o país que, mesmo com todos os seus problemas, depois de anos e anos de abandono e estagnação, pagou a dívida com o FMI; voltou a pavimentar e a duplicar rodovias; retomou obras ferroviárias e hidroviárias; retomou a produção de navios e passou a fabricar plataformas de petróleo, armas, satélites, sistemas eólicos, mergulhando, na última década, em dos maiores programas de desenvolvimento de sua história.
Seria bom se o Brasil da Lava Jato se concentrasse em prender os corruptos, aqueles com milhões de dólares em contas na Suíça, e não em libertá-los – como está fazendo com o Sr. Paulo Roberto Costa, dispensado até mesmo de sua prisão domiciliar –, no lugar de manter aprisionados, arbitrariamente, quase que indefinidamente, dirigentes de partido sem nenhum sinal ou prova de enriquecimento ilícito e executivos de nossas maiores empresas.
Esse é o Brasil da estratégia, do longo prazo, que a mídia conservadora nacional optou, há muito tempo, como fazem os ilusionistas das festas infantis, por esconder com uma mão, enquanto mostra como uma grande novidade, com a outra mão, o Brasil de uma “crise” e de uma “corrupção” seletiva e repetidamente exageradas e multiplicadas ao extremo.
Há um Brasil que deveria estar acima das disputas político-partidárias, que cabe preservar e defender. Quem quiser fazer oposição precisa, se quiser chegar ao poder, mostrar, com um tripé baseado no nacionalismo, na unidade, e no desenvolvimentismo, que estará comprometido com o prosseguimento desses programas, fundamentais para o futuro da Nação. Com todos os seus eventuais problemas, que podem ser solucionados sem dificuldades, eles conformam um projeto de Nação que não pode ser interrompido, cuja sabotagem e destruição só interessa aos nossos inimigos, muitos dos quais, do exterior, se regozijam com o atual quadro de fragmentação e esgarçamento da sociedade, antevendo o momento em que retomarão o controle de nosso destino e o de nossas riquezas.(…)
Seria bom, muito bom, se o Brasil da Lava Jato, o do impeachment, o de quem defende uma guerra civil e o “quanto pior, melhor” permitisse, em benefício do futuro, da soberania e da economia nacional, que o Brasil dos jatos Gripen, da oitava economia do mundo, dos US$ 370 bilhões de reservas internacionais, de uma safra agrícola de 200 milhões de toneladas, o terceiro maior credor individual externo dos Estados Unidos – e que pertence não a um ou a outro partido, mas a todos os brasileiros – pudesse continuar a trabalhar.

domingo, 11 de outubro de 2015

O plano EUA-PSDB contra a China!

O Príncipe quer que o Brasil renuncie ao pré-sal para ficar de quatro no Pacífico.bessinha livros do fhc
 Tropas americanas ocupam o Japão desde o fim da II Guerra, como se sabe.

Com o Japão e outros países subsidiários -a Austrália e outros, anti-chineses, como o Vietnã - os Estados Unidos montaram, provisoriamente, uma Aliança do Pacífico, a TransPacific Partnership, a Aliança do Pacífico.

É para combater a hegemonia da China na Ásia –  no resto do mundo, e até nas Galeries Lafayette, em Paris, como se verá adiante.

É mais ou menos como tentar montar uma aliança na Europa – a “Aliança do Mar Baltico” – sem a Alemanha!

Muito divertido!

Mais divertido ainda é ver os “pensadores” nativos, de extração tucana – a começar peloPríncipe da Privataria e seus descendentes, como o banqueiro Edmar Bacha – a defender que o Brasil entre – de quatro – na Aliança do Pacífico.

Mais ou menos assim segue a “ideologia” colonizada: o Brasil renuncia ao Atlântico, àAmazônia Azul, onde explora pilhas e pilhas de petróleo, e aos BRICs e entra no Pacífico.

Só tem um jeito de o Brasil entrar no Pacifico, amigo navegante: é com a Ferrovia Bi-Oceânica, com dinheiro DA CHINA!

Quá, quá, quá!

(Como se sabe, um dos principais produtos de exportação da China é a construção de ferrovias.

Como a Bi-Oceânica.

E, breve, o Trem Bala que o Cerra boicotou.

No momento, a China celebra a construção de uma ferrovia de 800 km na Tailândia e uma 472 km no Kenya.

E começou a construir uma rede – uma nova “Rota da Seda”-,  que sai do Nordeste da China e chega a Rotterdam, na Holanda.)

Ainda falta a Aliança do Pacífico mostrar a sua cara e sua viabilidade política.

Os dois candidatos do Partido Democrata à Presidência, Hillary Clinton e Bernie Sanders, são contra.

O Trump, também.

Economist, a revista da Fiat, para banqueiros e por banqueiros, tem lá suas dúvidas.

O jornal inglês The Guardian faz revelação gravíssima: a Aliança para o Pacífico é um atentado à liberdade de expressão.

Ou, como diz o professor Belluzzo, na Carta Capital, “os Estados entregam o jogo”, a Aliança  tucana significa “a grande empresa (americana – PHA) apropriar-se das funções legislativas e jurisdicionais do Estado”.

Ou seja, os fundos americanos de investimento e a Apple vão mandar no Brasil – com a mão de gato do Príncipe da Privataria e do PiG.

E eles acham que o Brasil vai ficar parado, a contemplar essa extravagância geográfica – renunciar ao pré-sal – e política, ou seja, entregar o Supremo, de uma vez, ao Dr Sergio Bermudes.

Sim, porque o insigne Dr Bermudes poderia ser devidamente contratado pela rede de restaurantes Brasserie Flo, que tem a La Coupole como sua porta-estandarte, depois de controlar todas churrascarias da Zona Sul do Rio!

Churrasco com choucrute alsaciano!

Tudo sob o controle da Aliança americana: Judiciário, Legislativo e Executivo, sem falar no PiG, já de agora súcubo.

É o sonho de consumo do Fernando Henrique e seus Bachas!

Ledo engano do Obama achar que o Japão – que não vive mais sem exportar para China – e a Austrália – idem – vão abortar o crescimento econômico da China.

O ansioso blogueiro esteve recentemente na loja principal das Galeries Lafayette.

Começa que, para entrar na loja – em suas múltiplas entradas –, é um sufoco.

As ruelas que cercam o Boulevard Haussmann ficam tomadas, sitiadas por uma interminável sucessão de ônibus de turismo, que violam as mais primarias regras de estacionamento, nas barbas da “polícia” parisiense.

Pergunto ao taxista: mas vocês não reclamam?

Reclamar com quem? Quem tem a coragem de dizer que os chineses não podem ficar aqui, em fila dupla?, ele responde.

Os ônibus lançam, projetam sobre a loja centenas, milhares de consumidores - chineses.

Muitos chegam com malas de viajar, dessas que as companhias aéreas exigem que sejam despachadas.

Lá dentro, depois de enfrentar filas – de chineses - para alcançar as escadas rolantes, na frente da loja Louis Vuitton, uma multidão compacta, disciplinada – de chinesas infatigáveis

Na porta da Chanel, Hermès (onde o Eduardo Cunha compra as gravatas amarelas), Dior,   Gucci, Longchamp, Rolex, Kenzo, Stella McCartney, Missoni… filas, filas - de chinesas.

O que elas compram?

Nada revolucionário: elas querem etiqueta e o convencional-chic, explica a vendedora italiana – que estuda chines à noite...

O ansioso blogueiro pôs em atividade o DataCaf.

Numa loja de relógios, a vendedora – chinesa – informa que 80% de seus clientes são chineses!

Numa loja de sapatos masculinos – o vendedor franco-brasileiro, que estuda chinês à noite, informa que 80% dos clientes são chineses.

Numa loja Kenzo, são quatro vendedores.

Um rapaz e três jovens.

Todos chineses.

Só uma das meninas nasceu na França, de pais chineses.

Quantos clientes são chineses?

80% foi a resposta!

E na Zara, a rede mais popular?

Igual!

Maioria absoluta de chineses, disse a vendedora portuguesa.

E eles pechincham, querem barganhar o preço?

Nada!

Eles apontam!

Não olham o preço.

E pagam!

E os americanos querem sufocar a China, na TPP!

Quá, quá quá!

O Obama e o Fernando Henrique precisam pegar um taxi na frente da Lafayette, no Boulevard Haussmann...


O ansioso blogueiro recomenda trechos do discurso recente da Presidenta Dilma sobre o papel estratégico do Brasil nos Brics e na América do Sul diante da Aliança do Pacífico.

Como se sabe, a Colômbia, o Chile e o México aderiram à Aliança.

O México é um protetorado americano – menos na hora de botar os mexicanos para dentro da fronteira, quando são tratados como sub-gente.

O Chile aderiu à Aliança do Pacífico desde os bons tempos do General Pinochet, o patrono do neolibelismo tucano.

E a Colômbia é um território dividido entre as FARCs e as tropas da DEA, agencia americana contra as drogas.

É um país dividido em três…

A terceira parte é a do Governo.

Mas, a Presidenta Dilma, com propriedade, tratou das prioridades brasileiras e da forma de conviver com a tucana Aliança do Pacífico.

Cada qual no seu quadrado!

À Dilma:

Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na sessão de encerramento do Encontro Empresarial Brasil-Colômbia

Bogotá-Colômbia, 09 de outubro de 2015

(...)

Nós, obviamente, temos de dar valor às relações que estabelecemos com todo o mundo. O Brasil participa dos Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - com eles, inclusive, construímos o Banco de Desenvolvimento dos Brics, o Acordo Contingente de Reservas. Participamos ainda de vários outros organismos. Mas olhamos para a nossa América do Sul e consideramos que é fundamental perceber que este mercado regional é um dos mercados mais efetivos do mundo. Por quê? Nós não temos conflitos religiosos, não temos guerras étnicas …

(...)

Quero dizer ainda que Mercosul e Aliança do Pacífico não só podem como devem convergir. A integração entre esses dois agrupamentos regionais só nos trará benefícios. Os modelos de inserção internacional de um país não podem se limitar ou não impedem a integração com países que optaram por esquemas diferentes. Nós temos a experiência de uma variada, um variado relacionamento com áreas regionais. Por exemplo, o Brasil tem um grande processo em andamento com os países Brics. Os países Brics estão na Asean, os países Brics estão em outras áreas como aquelas que abrangem, por exemplo, os países da área russa - o Afeganistão, o Tajiquistão e outros países. A África do Sul tem toda uma relação com o continente africano. Nada impede que nós tenhamos também as mesmas relações aqui na América Latina. Acho que a Aliança do Pacífico e o Mercosul devem convergir. Nós estamos fazendo um grande esforço no sentido de possibilitar que haja esse tipo de integração na nossa região. Vai potencializar as nossas economias.

Paulo Henrique Amorim

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A Onda: As serpentes da segunda noite estão nas ruas

O filme alemão 'A Onda' reforça o coro de vozes de alerta para o perigo do ovo da serpente do nazifascismo chocado no Brasil.

reprodução

















Vimos o filme Retorno a Ítaca, no último fim de semana. Filme decepcionante, de um diretor belga que até então admirávamos, Laurent Cantet, e coautor do roteiro de Leonardo Padura, festejado escritor cubano de O homem que amava cachorros, um amargo crítico do governo do seu país. Preparada para comentá-lo, antes nós assistimos ao vídeo amador da mais recente abordagem dos imbecis fanáticos de direita ao ministro Guido Mantega que almoçava com a mulher num restaurante de São Paulo - cidade cujo bairro dos Jardins e adjacências vão se tornando tristemente conhecidos como um vasto ofidário. 
 
Decidimos passar na frente da dupla Cantet-Padura a resenha do filme alemão A Onda, (de Dennis Gansel/ 2008), aguardando na fila de trabalho, para reforçar o coro de vozes de alerta para o perigo do ovo da serpente do nazifascismo chocado no Brasil. Ovo já estalado e transmutado nas serpentes que circulam pelas ruas – pelo menos nas ruas das nossas grandes metrópoles. 
 
Na época do seu lançamento, Die Welle causou grande comoção na Alemanha. Nas dez primeiras semanas foi visto por mais de dois milhões de espectadores. O ensaio no qual foi inspirado, The third wave, é de autoria de um professor americano que relata um experimento realizado com seus alunos de nível médio, em uma escola de Palo Alto, na Califórnia, em 1967. Os fatos são reais. 
 
Este trabalho do professor Ron Jones deu origem ao livro homônimo ao filme - The wave, de Morton Rhue – que se tornou leitura obrigatória no currículo das faculdades de ensino alemãs. O filme traz o assunto para o cenário alemão – poderia ser qualquer outro - , em uma adaptação livre, e para a época atual. 
 
Ron Jones conta como um professor de ensino médio, ao decidir fazer sua experiência pedagógica, pode manipular e intoxicar os garotos com uma ideologia autocrática atraindo-os com símbolos, uniformes, saudações, espírito de corpo, pichações, roupas com slogans, provocações públicas e, com muita sutileza, despertando e estimulando preconceitos adormecidos em relação aos que não se sentem à vontade e se contrapõem para aderir ao seu movimento. Discriminando, agredindo - até fìsicamente - e insultando.
 
Em A Onda, o professor Rainer Wenger propõe esse perigoso exercício “unificador” aos meninos que não acreditavam na possibilidade de se repetir um regime totalitário na Alemanha de hoje. A participação dos alunos, terceira geração pós Segunda Guerra, é entusiasmada. Rainer começa o experimento para demonstrar como é fácil manipular as massas. O método adotado é simular um governo ditatorial representado por ele próprio. Os alunos, a população governada por ele. 
 
O principal motivo do professor Wenger – assim como Jones na vida real – ao iniciar este processo foi se concentrar nos argumentos dos alunos que diziam não conseguir entender como tantos alemães foram coadjuvantes do nazismo. A obra mostra como ideologias nascidas da serpente podem estar acima de um povo que se cala. E, no final, acaba inocentado porque foi exposto à poderosa e hipnótica corrente mental.
 
A última sequência do filme, cuja narrativa todo o tempo é ágil e absorvente, com ritmo ajustado, mostra uma assembleia dos membros do movimento, afinal batizado de A Onda, convocada pelo professor no auditório da escola. Herr Wenger (como exigia ser chamado pela ‘população’ escolar) percebe que a experiência está fugindo do seu controle. Deseja esvaziá-la e terminá-la. Tarde demais. A história acaba em tragédia.
 
Outro cenário em um auditório – este, para dois mil alunos, lotado como o do professor Rainer: o da PUC/RS, em Porto Alegre, mês passado. O palco está montado para o Fórum da Liberdade*, é decorado com os logotipos dos patrocinadores oficiais do evento - Souza Cruz, Gerdau, Ipiranga e RBS (afiliada da Rede Globo) – e apresentam a atraente guatemalteca Gloria Alvarez, de 30 anos, filha de pai cubano e mãe descendente de húngaros. 
 
Companheira ideológica da blogueira cubana Yoani Sánchez com quem realizou um périplo de trabalho pelas capitais da América Latina este ano ( palestras, seminários, apresentações variadas) subvencionadas ambas por grupos e instituições da direita radical dos EUA e de think thanks conservadores americanos, Alvarez é recebida com aplausos pelos meninos da PUC-RS também eles entusiasmados assim como os do professor Rainer. Começa pregando perigosas besteiras. Sempre aplaudida, às vezes de pé, por uma plateia que ela sabe bem, com seu talento e graça, inflamar por meio da tal corrente hipnótica.
 
Algumas das suas perniciosas abobrinhas:
 
“Não há minorias; a menor minoria é o indivíduo, e a ele o que melhor serve é a meritocracia”.
 
“É essa a verdade, meus queridos amigos do Brasil - todos somos egoístas. E isso é ruim? É bom? Não, é apenas a realidade.”
 
“Imaginem que, nesse auditório, alguns queiram o direito à educação, outros o direito à saúde, outros o direito à moradia. ... se eu dou a vocês a educação todos aqui vão pagar por isso; e vocês vão ser VIPs e eles, cidadãos de segunda categoria. Se eu dou a eles a saúde, todos neste auditório vão pagar pela saúde deles, e eles vão ser VIPs. Se eu dou a esses as moradias, vou ter que tirar de todos vocês para dar moradia a eles, e eles vão ser os VIPs. Isso não é justiça social; é desigualdade perante a lei.” Risos, muitos risos de aprovação e aplausos.
 
A sequência na PUC-RS poderia ser encaixada, com brilho, no filme A Onda onde a manipulação política é apresentada através da escola. 
 
Aliás, a propósito da onda gaúcha lembramos um estudo produzido na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais que diz sobre o filme alemão: “O vazio de identidade com o qual a juventude sofre; o consumismo desenfreado presente na sociedade capitalista, a ausência de projetos coletivos e o desinteresse das pessoas, em geral, pela política, podem levar à alienação política e ao cultivo de lideranças autoritárias.”
 
Mas outras formas existem de produzir a tal poderosa corrente hipnótica que intoxica, aliena e entorpece. É a que estamos vivendo com exacerbo nesta hora do Brasil com a onda radical de lavagem de cérebros da nossa população por parte da mídia. Da velha mídia concentrada nas cinco famílias, mas em particular da mídia/globo monopolista agindo em cadeia nacional de televisão fechada e aberta, em jornais, rádios e revistas de ampla circulação.
 
A corrente se alimenta dos bonecos de pano enforcados de Lula e Dilma, na manifestação da Paulista. Da camiseta abjeta do cafajeste estampada com a mão do presidente Lula. Das ameaças de morte à deputada Maria do Rosário e da pichação diante da residência de Jô Soares. A temerária abordagem agressiva, na rua, a um pai petista com o bebê no colo. Os adesivos insultuosos. A provocação recente dos grupinhos ridículos – mas não inocentes -, no domingo da ciclovia paulista. A vulgaridade e a ignorância de um apresentador domingueiro barato, de TV. As duas agressões ao ex-ministro Mantega. As ironias e as caras-e-bocas das jornalistas que analisam (?!) movimentos políticos. A desinformação premeditada. A informação cuidadosamente manipulada. O jornalismo de esgoto.
 
Estes rebentos do regime ditatorial civil- militar, agora já adultos, este viveiro de serpentes brasileiras faz relembrar um poema que muitos acreditam, equivocadamente, ser de autoria de Brecht. Chama-se No caminho, com Maiakóvsky e é do niteroiense Eduardo Alves da Costa. Foi escrito em 1936, em plena Alemanha nazista. 
 
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada. 
 
Neste momento nós estamos na segunda noite.
 
 
*Leia Mais: A nova roupa da direita 


Créditos da foto: reprodução

quarta-feira, 1 de julho de 2015

O Brasil não conhece o Brasil!













A ação sistemática e intencional da imprensa faz com que o Brasil e as ações do governo federal sejam desconhecidas para os próprios brasileiros.

José Augusto Valente

Como a ação sistemática e intencional da imprensa faz com que o Brasil seja desconhecido para os próprios brasileiros?
 
A imprensa, que deveria ser uma instituição que atende ao direito à informação dos cidadãos brasileiros, tem como foco as notícias e não as informações. Segundo uma das definições da imprensa tucana, em vigor, “notícia é tudo aquilo que alguém não quer ver publicado, o resto é propaganda”. Claro, essa máxima tem aplicação variada segundo quem é esse alguém.
 
Senão, vejamos. Na prática, ela significa omitir as realizações do governo federal, que mudam a vida do povo para melhor, “por se tratar de propaganda”. O mesmo não acontece com os governos tucanos, especialmente de São Paulo. É só conferir como foi tratado o colapso de abastecimento de água, fruto de gestão temerária da Sabesp, em que foi e continua sendo omitida a situação crítica por que passam os paulistas.
 
As concessões de TV, dadas à Globo e outras, teriam um papel fundamental para garantir o direito à informação da sociedade, dado o seu alcance e capilaridade, ainda mais quando associadas às emissoras de rádio. Um dos motivos é o tamanho continental do país e a enorme dificuldade que tem a população de conhecer os múltiplos aspectos das diferentes regiões.
 
Por exemplo, no caso dos investimentos em infraestrutura logística nas rodovias federais, a maioria dos moradores de um município somente consegue se informar sobre o que está sendo feito em todo o país com o seu dinheiro de contribuinte se a TV Globo ou outra emissora de TV ou rádio cumprir o serviço público de informar sobre as obras nas demais regiões distantes daquele município. 
 
Quando a Globo divulga a pesquisa anual feita pela CNT sobre as condições das rodovias, apesar dos bons resultados relativos ao pavimento, as imagens que são mostradas, e as entrevistas com caminhoneiros, mostram apenas as exceções que apresentam problemas, em trechos de baixo volume de tráfego e, portanto, de menor relevância para a população como um todo. A ideia que a TV Globo pretende e consegue passar, no entanto, é de que a maior parte da malha está ruim. O que, diga-se de passagem, não corresponde à verdade desde 2006.
 
Desse modo, o contribuinte, corretamente, fica inconformado de pagar impostos e não ver as estradas melhoradas. 
 
Alguém poderia dizer: mas se o que ele vê é diferente do que a TV apresenta, ele deve desacreditar da Globo, certo? Errado!
 
Já, de partida, há a credibilidade de uma “informação” supostamente isenta veiculada pela televisão. Mas não é só isso. As pessoas vivem nas cidades e, em geral, realizam deslocamentos por estradas – muitas vezes sem distinguir se é federal ou estadual – num raio de 100 a 150 quilômetros de onde moram. Se a pessoa mora no Rio, ela provavelmente conhece as rodovias que acessam as regiões dos Lagos, Serrana, Sul Fluminense, Litoral Sul Fluminense. Todas essas rodovias têm seus pavimentos em bom estado de conservação. 
 
Quando essa pessoa vê na TV Globo a divulgação tendenciosa da pesquisa CNT, longe de questionar a parcialidade da emissora, ela pensa que “exceto essa área onde circulo, o restante da malha rodoviária está um lixo!”. 
 
Ela está errada em pensar assim? Está certa, principalmente, porque a TV Globo mostra estradas de baixo volume de tráfego – portanto, com baixo impacto na logística de cargas e de passageiros – como se fosse um quadro de toda a malha rodoviária nacional.
 
É preciso ressalvar que a CNT não tem nada a ver com essa manipulação, na medida em que publica um relatório substancial com o verdadeiro quadro no que respeita às condições do pavimento e da sinalização. 
 
Se a TV Globo divulgasse o que mostra a pesquisa, as pessoas teriam provavelmente uma outra avaliação sobre o estado geral das estradas e tenderiam a acreditar que está valendo a pena pagar o dinheiro dos seus impostos federais. Talvez isso até ajudasse a reduzir o volume gigantesco de sonegação de impostos, que ocorre anualmente. 
 
Além disso, se as emissoras de rádio e TV quisessem realmente mostrar o que é relevante sobre as condições das estradas brasileiras, deveriam mostrar ao país que passou-se a garantir manutenção a mais de 50 mil quilômetros de rodovias a partir de 2007, aproximando-se da meta de 100% de cobertura da malha rodoviária federal. 
 
Deveria mostrar que, nos últimos oito anos, mais de 50% dos contratos relativos a estradas feitos pelo governo federal corresponderam a CREMAs (recuperação e conservação permanente) e restaurações. Em 2014, os contratos CREMA e de restauração vigentes já representavam 75% dos serviços contratados pelo DNIT. Como Lula gosta de afirmar (com razão), “nunca dantes” foram garantidos contratos permanentes de manutenção da malha rodoviária federal!
 
Mas como a imprensa “entende” que isso seria propaganda, não divulga. Essa omissão, além de escandalosa, é inaceitável, pelo fato de que, apesar de ser uma concessão de serviço público, não cumpre sua finalidade informativa prevista na Constituição. 
 
A esse exemplo das rodovias, poderiam ser agregados os quase dois mil quilômetros de ferrovias construídas ou em construção em apenas doze anos de governo, dos quais 1.160 quilômetros concluídos nos últimos quatro anos. Deu no Jornal Nacional ou no Globo Repórter?
 
Poderiam ser incluídos os investimentos em modernização dos portos, especialmente dos terminais de contêineres, cuja alta produtividade de Santos – superior a Roterdã e Hamburgo – somente ganhou espaço no jornal Valor, numa declaração do CEO da Hamburg Sud, no meio de matéria sobre portos.
 
As emissoras de rádio e TV mostram as elevadas performances de regularidade e pontualidade da aviação comercial brasileira, inclusive em relação aos países desenvolvidos? Mostram a modernização de aeroportos como os de Brasília, Guarulhos, Campinas, Santos Dumont, uns sob concessão outros sob gestão da Infraero?
 
E assim, cada vez mais, “O Brasil não conhece o Brasil!”
 
O governo federal tem alguma responsabilidade nisso, por não criar, salvo raras exceções, fatos políticos e jornalísticos que furem esse bloqueio e mostrem a realidade construída e em construção. 
 
Mesmo a EBC – Empresa Brasileira de Comunicação não faz matérias mostrando essa realidade. Se as produzisse, em vídeos curtos, as pessoas nas redes sociais fariam o trabalho de amplificação gratuitamente e começaríamos a mudar esse quadro.
 
José Augusto Valente – especialista em logística e transportes

terça-feira, 19 de maio de 2015

Brasil e China quebram o monopólio do Canal do Panamá Não é só ligar à China, mas a toda a Ásia !

Olha lá: o FHC daria o dedo mindinho da mão esquerda para estar nessa foto com a gente!


O PiG deve estar paralisado entre a perplexidade e o ressentimento, com o sucessoretumbante  da visita do primeiro-ministro chinês Li Keqiang.

O PiG foi apanhado de calças curtas em seu sentimento neo-colonial e, tivesse lido os jornais e agências chinesas, desde sábado, saberia que o Governo chinês não vinha ao Brasil cumprir uma formalidade diplomática.

O PiG joga o jogo da Copa: não vai ter Copa !

Ele torce pelo fracasso.

E teve China.

O anuncio da ferrovia Transcontinental, que vai levar o Brasil e a China ao Peru pelo interior do Brasil – ou seja, carregar grãos e manufaturas nas composições – é de superior importância estratégica.

Que os colonistas neo-coloniais, desses que vão à festa do Man of the Year não conseguem captar.

Por que ?

Porque a Transcontinental vai tirar o monopólio do Canal do Panamá !

Há cem anos, o presidente americano Woodrow Wilson realizou a o sonho de Theodore Roosevelt e chegou ao Pacifico sem precisar vir ao Rio e a Buenos Aires.

Ir de Nova York à Califórnia sem vir ao Rio …

(O que foi uma tragédia para o Rio…)

Cem anos depois, Brasil e China resolvem ligar o Atlântico à Ásia em cima de trilhos e com comida em cima !

Não só à China, mas, vejam bem ! – a toda a Ásia !

É uma revolução !

Ah !, não vai ficar pronto, dirão o dos chapéus e a Urubóloga.

Claro, não vai ficar pronto como a reforma do Maracanã, como Itaipu, a ferrovia Norte-Sul e Belo Monte  !

Ah !, dirão os céticos, mas a China tenta rasgar o território da Nicarágua e construir lá em cima, nas barbas dos americanos, uma alternativa ao Canal do Panamá.

Sim, mas qual a segurança institucional que a Nicarágua pode oferecer, ali, na marca do penalty dos americanos ?

Aqui, não. 

Aqui tem Supremo, Moro, Vara de Guantánamo, Executivo, Legislativo, Cunha e PiG 100% contra !

E o Brasil sobrevive, institucionalmente !

Além disso, é bom ressaltar que a Caixa e o Banco Industrial e Comercial da China tem um prazo de 60 dias para definir empreendimentos de infra-estrutura que serão financiados ou dinamizados a partir de um capital conjunto de US$ 50 bilhões.

É mais do que dinheiro para investimento direto e, sim, recursos que podem ser uma alavanca para levantar recursos.

Outro ponto estratégico central nesse conjunto de acordos foi um up-grade na operação para ao lançamento de satélites.

O empreendimento começa a sair da troca de Ciência e Tecnologia para a fase propriamente comercial.

Os dois países passarão, breve, a  vender satélites e a tecnologia para lançá-los.

O PiG vai se armar para anunciar amanhã, quarta-feira 20/5, que “não vai ter Copa”.

“Os chineses prometem, mas não entregam.”

“Mas, quanto é que os chineses vão despejar aqui ?”

“Com números ?”

O briefing realizado pelo Itamaraty e transmitido pela NBR não foi suficientemente claro para explicar o óbvio:

1) não tem um numero que some tudo;

2) não tem um numero que reúna tudo porque são acordos que estão por se definir e que podem mobilizar mais recursos do que os previstos agora;

3) como chegar a um número se não se sabe quais são as parcelas ?

4) quanto vai custar a Ferrovia Transoceânica ? Nem a Urubóloga e sua furiosa equipe produtora de gráficos mortíferos seria capaz de calcular.

Portanto, virem-se, podia dizer o embaixador Graça Lima !

Os colonos não mudam.

Os colonistas são contra o Brasil !

Simples !

E, no Brasil, os colonistas e os jornalistas são piores que os patrões – diz o Mino carta.

Não aceitam que o Canal do Panamá venha a perder o monopólio.

Porque, para eles, o que interessa é vestir smoking para ver o Príncipe da Privataria falar em pseudo-inglês e defender os interesses americanos, no Waldorf-Astoria.

Nem a embaixada americana leva mais eles a sério.

É a turma que acha que os irmãos Wright é que inventaram o avião.

Inclusive o jatinho do João Dória …………………….

Paulo Henrique Amorim