Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador washington. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador washington. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Cartilha de Temer explicando golpe aos EUA é derrota golpista

temer-brics

A embaixada do Brasil em Washington vai lançar nas próximas semanas uma cartilha sobre a transição política e econômica do Brasil. Segundo apurou a Folha de São Paulo, serão distribuídos 3.000 exemplares a políticos, empresários, think tanks, congressistas e jornalistas”.

O ministério pilotado por José Serra afirma que a iniciativa será para “explicar a formadores de opinião americanos o que o Brasil está fazendo para sair da crise econômica, e como se deu o impeachment da presidente Dilma Rousseff”.

O que o Brasil está (ou não) fazendo para sair da crise econômica é uma coisa, mas explicar “como se deu o impeachment” é coisa muito diferente, pois ações para alegadamente o governo Temer tirar o Brasil da crise são atos concretos que podem ser apenas relatados, mas o impeachment envolve questões puramente políticas, idiossincráticas.

Com efeito, qualquer diplomata que vier a ler a cartilha dos inimigos do governo derrubado certamente conhecerá apenas um lado da moeda. O que se prevê é que dinheiro público será usado em benefício político de tucanos e peemedebistas.

O Itamaraty diz que um dos objetivos da cartilha é “deixar os investidores estrangeiros mais tranquilos e aumentar seu interesse no programa brasileiro de concessões de infraestrutura”. Segundo Temer, o Brasil, agora, teria “estabilidade política”, qualidade atrativa ao investimento.

Como Temer pode falar em “estabilidade política” se, em breve, o Tribunal Superior Eleitoral poderá tirá-lo da Presidência? E as investigações contra ele na Lava Jato? Um presidente ameaçado de sofrer processo penal tem “estabilidade política”?

Além dos problemas do governo de plantão, ele tem que se preocupar em não ser derrubado em um país que já relativiza ao extremo o voto popular ao cassar o segundo presidente em pouco mais de vinte anos – nos EUA, em toda história, só Nixon renunciou para não ser cassado, nos anos 1970.

E Temer não terá do que reclamar se for golpeado, pois será consequência do próprio golpismo.
Ainda sobre a cartilha ilegal que o governo quer distribuir nos EUA, ao listar áreas onde o governo oferecerá concessões Temer vai dizer que o Brasil está disposto a ajustar o marco regulatório como quiserem os estrangeiros.

É a direita descalçando os sapatos para os gringos, bem próprio de um Itamaraty tucano, como o dos tempos de Celso Lafer.

Haverá também versão digital da cartilha. O custo, segundo o embaixador brasileiro, Sergio Amaral, não vai passar de US$ 5.000.

O problema não é o custo. O problema é o uso do Itamaraty para fazer política partidária e para defender um processo ilegal ao custo de mentiras.

“É importante reforçarmos a comunicação no exterior, as pessoas estão interessadas sobre o que vai acontecer no Brasil”, diz o embaixador Sergio Amaral, de um governo que em larga medida reedita o governo FHC, ao menos em nomes e ideologia.

Segundo a Folha, estarão listadas na cartilha tabelas com indicadores do país apresentadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em suas palestras a investidores. Foram tomadas ainda outras medidas para reforçar a credibilidade do Brasil.

O que quer dizer isso? Ninguém sabe, mas esse é outro item que, à semelhança da “explicação do impeachment”, vai ter que ser analisada com lupa.

O jornalão antipetista diz também que “fontes do governo e do Congresso americano disseram à Folha que o impeachment não é mais uma preocupação, embora alguns setores do mundo acadêmico mantenham suas críticas ao processo. Mas a economia e as investigações de corrupção despertam muita inquietação”.
Uau! Então são só “alguns setores do mundo acadêmico” que mantêm “críticas ao processo”. A tradução disso é a de que os setores mais informados e preparados da maior potência mundial não têm dúvidas de que houve um golpe no Brasil.

Aliás, a necessidade de essa cartilha ser confeccionada é também reconhecimento tácito de que a comunidade internacional tem outra visão sobre o que ocorreu no país.

Um governo sempre teve e sempre terá todas as condições de dar grande publicidade aos seus pontos de vista, à sua versão dos fatos. Após seis meses ocupando ilegalmente um cargo que é de Dilma Rousseff até 1º de janeiro de 2019, Temer perdeu a guerra da comunicação no exterior.

Ganhou no Brasil, mas perdeu no exterior.

Na versão edulcorada da Folha, “a aprovação do teto de gastos foi recebida de forma positiva, mas integrantes do setor privado e governo se mantêm em compasso de espera, querem que o governo brasileiro consiga aprovar outras reformas que ajudem a pôr a dívida do país em trajetória sustentável”.

Toda essa conversa mole neoliberal procura restringir a situação do Brasil à sua capacidade de espancar seu povo com este conformado e votando nos espancadores. Até os postes de Wall Street sabem que não é assim que a banda toca.

A instabilidade política continua e os planos de tirar direitos dos brasileiros e piorar serviços públicos preocupam, sim, os países centrais porque sabem que após um novo arrocho da direita a população se voltará para a esquerda de uma forma ou de outra.

Como, no caso, o bem é feito em pequenas doses e o mal vai ser feito de uma só vez, não deve demorar muito para a população brasileira se dar conta de que foi vítima de um engodo – foi jogada contra o governo que lhe melhorava a vida para dar lugar a quem tira de pobre pra dar pra rico.

Enquanto isso, como por enquanto vai ser difícil furar o bloqueio da mídia no Brasil, há que continuar denunciando ao mundo o golpe e os atos consecutivos de arbítrio contra opositores do regime, como a perseguição a Lula. Só o que impedirá mais endurecimento do regime será denunciação internacional.
Nesse contexto, a correria de Temer pelo mundo para explicar o golpe, o alvoroço da direita com o acolhimento pela ONU da denúncia de Lula contra a Lava Jato, tudo isso constitui a única forma, no momento, de enfrentar ditadura que cassou o voto de 54 milhões e agora persegue opositores do regime.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O Golpe nasceu em Washington A Rússia sabe

Bessinha_EUA.png

Via Sputnik:

Senador russo: mudança de poder no Brasil não foi realizada sem intervenção externa

A mudança de poder no Brasil não pode ter passado sem intervenção externa, uma das causas foi a política soberana e independente que o país estava realizando nos últimos anos, considera o presidente do Comitê Internacional do Conselho da Federação, Konstantin Kosachev.

Durante um encontro com jovens representantes de círculos político-sociais e mídia dos países da América Latina e Espanha, realizada hoje (6) em Moscou, um dos representantes do Brasil expressou a opinião que a destituição de Dilma Rousseff do cargo de presidente poderia ter sido realizada com participação dos EUA, que estão interessados em receber recursos energéticos do Brasil.

"Estou pronto a compartilhar suas avaliações de que a mudança de poder no Brasil não podia ser realizada sem uma intervenção externa", disse Kosachev. Segundo ele, uma das causas foi a política soberana e independente que o país estava realizando nos últimos anos.

Ele sublinhou que ultimamente a Rússia avançou muito na cooperação bilateral com o Brasil, inclusive no quadro do BRICS.

Em 31 de agosto, o Senado do Brasil votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Em resultado de uma votação em separado, foi deliberado que ela não será impedida de ocupar cargos governamentais.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Dilma reage a grampo, mas Bernardo já arranja desculpas para não agir



A reação da Presidenta Dilma Rousseff, hoje, em reunião convocada logo cedo no Planalto, foi a de exigir imediatas explicações do Governo americano sobre o esquema denunciado por Edward Snowden que permitiu à National Security Agency– NSA, um serviço secreto americano – espionar mensalmente mais de dois bilhões de comunicações telefõnicas e cibernéticas no Brasil.
Dilma mandou o Ministro Antonio Patriota interpelar os EUA tanto pela embaixada em Washington quanto chamndo o embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, imediatamente. E o Itamaraty soltou uma nota oficial onde manifesta “grave preocupação a notícia de que as comunicações eletrônicas e telefônicas de cidadãos brasileiros estariam sendo objeto de espionagem por órgãos de inteligência norte-americanos”.
As demais providências exigidas pela Presidenta, entretanto, correm sério risco de serem inócuas.
Ela determinou, ainda, que o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, coloque a Polícia Federal no caso, o que, como todos sabem, não vai resultar em nada.
Menos ainda vai adiantar a ordem para que o Ministro das Telecomunicações, no âmbito dos seus deveres, investigue o caso junto às teles.
Paulo Bernardo já saiu da reunião arranjando desculpas para o “grampo americano”. Primeiro,  disse que não acredita que a espionagem tenha sido feita no Brasil, apesar de os documentos e informações serem claros sobre a cooperação – não se sabe se voluntária – das empresas de telefonia instaladas no Brasil e disse que era provável que tivesse sido feita através dos cabos submarinos. Depois, falou que “a internet é comandada por uma empresa americana sediada na Califórnia.
Ou seja, “não é comigo”.
Ah, mas  melhor (na verdade, a pior) foi dizer que vai colocar a Anatel – será que pelo0800? – no caso, indagando das teles “brasileiras” se elas tem algum acordo de cooperação grampeatória com empresas americanas. Santa ingenuidade, Batman.

Não sei, porém, e não posso informar aos leitores se Paulo Bernardo  anotou o número do protocolo da reclamação.
Mais uma que vai ter de ser com Dilma, pessoalmente, se ela quiser que aconteça algo.
Por: Fernando Brito

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O complô “Velozes e Furiosos” para ocupar o Irã

 

O governo dos EUA espera que um mundo crédulo acredite que um vendedor falido de carros no Texas seria selecionado, pelo competente braço da inteligência iraniana, que estaria à procura de alguém com cara de gângster de cartel mexicano de drogas, e lhe atribuiria a tarefa de, por US$1,5 milhão, matar o embaixador saudita em Washington – e, na mesma conversa, prometeria ao cartel mexicano acesso seguro a “toneladas de ópio”. O artigo é de Pepe Escobar.

Aquela Meca da contrarrevolução e do ódio à Primavera Árabe – também conhecida como Casa de Saud – mal pôde acreditar na própria sorte. É Natal em outubro – agora que o governo dos EUA entregou-lhe o presente perfeito: na fala excitada do Procurador Geral dos EUA, “Um complô mortal dirigido por facções do governo iraniano para assassinar um embaixador estrangeiro em solo dos EUA, com bombas.”[2]

O príncipe saudita Turki al-Faisal, ex-embaixador em Washington, ex-chefe do serviço secreto saudita, ex-amigão de Osama bin Laden, não perdeu tempo e já disse, em conferência de imprensa em Londres, que “o peso das provas, nesse caso, é imenso e mostram claramente a responsabilidade de funcionários iranianos. É inaceitável. Alguém no Irã terá de pagar o preço”.[3]

Quer dizer, o “Irã” – o país inteiro – já foi mandado para a guilhotina pelo eixo Washington/Riad, embora, para engolir a notícia, do tipo “rabo abana o cachorro”, de uma “Operação Coalizão Vermelha” (não, vocês não podem imaginar!) seja necessária a suspensão completa da sanidade e do senso racional normal.

A Operação Coalizão Vermelha está centrada num Mansour Arabsiar, 56 anos, vendedor de carros em Corpus Christi, Texas, portador de passaportes iraniano e norte-americano, e num co-conspirador, Gholam Shakuri, dito membro da força Qods do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos [ing. Islamic Revolutionary Guards Corps, IRGC].

O diretor do FBI [United States Federal Bureau of Investigation], Robert Mueller, repetiu que o dito complô teria sido concebido por iranianos; em suas palavras: “parece script de Hollywood”[4]. Pois até essa propaganda de “Velozes e Furiosos” teria ido parar na lata do lixo, em qualquer conferência de imprensa que se desse ao respeito, até em Hollywood.

Mais rápido, muchachos. Matem, matem!

O governo dos EUA espera que um mundo crédulo acredite que um vendedor falido de carros no Texas seria selecionado, pelo competente braço da inteligência iraniana, que estaria à procura de alguém com cara de gângster de cartel mexicano de drogas, e lhe atribuiria a tarefa de, por US$1,5 milhão, matar o embaixador saudita em Washington – e, na mesma conversa, prometeria ao cartel mexicano acesso seguro a “toneladas de ópio”.

O que se sabe com certeza é que, na denúncia oficial [ing. Sealed Amended Complaint] contra Arabsiar e Shakuri, assinada pelo agente especial do FBI Robert Woloszyn, não há absolutamente qualquer referência a qualquer tipo de envolvimento do governo do Irã, de alto nível, ou de qualquer nível[5].

Mas, na narrativa do governo dos EUA, Arabsiar foi tolo o bastante para acreditar no que lhe disse um agente infiltrado da agência antidrogas dos EUA [ing. Drug Enforcement Agency, DEA], que se fazia passar por membro do Zetas, cartel mexicanos de tráfico de drogas. Arabsiar disse a esse agente e seus companheiros que seria sobrinho de um alto funcionário iraniano – e que atuava em nome dos mais altos escalões.

Querem portanto que acreditemos que um general iraniano manda um seu parente rei dos otários, que vende carros no Texas, contratar um cartel de drogas para um complô político – como se a inteligência dos EUA não tivesse como rastrear o pagamento pelo assassinato, até o tal parente, sobretudo depois do caso dos 100 mil dólares enviados para os EUA, ao que se diz, vindos do Irã, para um sujeito já condenado por fraudes com cheques.

Mesmo sem considerar qualquer viés ideológico, qualquer pessoa que conheça o extremo profissionalismo do IRGC e da força Qods logo descartará como absoluto lixo toda essa história – sobretudo se apresentada como parte de uma complexa operação internacional que envolveria o Irã e seu inimigo mortal, os EUA, além do México e da Arábia Saudita. Mas Arabsiar “confessou” tudo – depois de 12 dias de interrogatório ininterrupto (alguém aí pensou em “simulação de afogamento”?).

E há também a questão do alvo escolhido. Segundo o Departamento de Justiça, o complô não visava os EUA. Assim sendo, atacar um embaixador da Casa de Saud – “precioso aliado” – em solo norte-americano só se explica pelo desejo doentio de sangue, típico dos iranianos doidos, suicidários, dedicados a arrastar os EUA a um ataque, nuclear ou de outro tipo.

A ideia de que um cartel mexicano de drogas investiria num complicadíssimo ataque político na capital dos EUA, esperando ganhar sacos de ópio (do Afeganistão “libertado”) também é inverossímil. Mas o quadro muda, se se pensa no que ganhariam os Mujahideen-e-Kalq – organização terrorista fundamentalista dedicada a tentar derrubar a República Islâmica. Ou no que ganharia a al-Qaeda, já espectral e fantasmagórica, se se inventasse uma guerra de três vias, que envolvesse Washington, Teerã e Riad.

Há também a opção israelense, da falsa bandeira. Além de o complô parecer brotado dos sonhos molhados do AIPAC [ing. American Israel Public Affairs Committee] entregue a Holder numa bandeja de prata, nada agradaria mais plenamente ao lobby israelense em Washington e a um sortimento variado de sionistas do que se aliar a causus belli decidido diretamente por Washington, que levasse os EUA a atacar o Irã, seja como for, e sem qualquer envolvimento direto de Israel.

Segundo o mantra oficial, os norte-americanos têm de ser sempre lembrados e relembrados de que o Irã é “ameaça existencial” ao estado judeu. Um atentado contra a vida do embaixador saudita seria perfeito, também, porque explicaria o envolvimento da Casa de Saud, no apoio logístico ao tal ataque ao Irã.

Ainda que se aceite que algum grupo bandido, dentro da força Qods, estaria envolvido numa conexão de tráfico de drogas e pudesse ter algo a ver com o complô, há também a possibilidade de que tudo tivesse sido armado como retaliação-resposta, a recente assassinado predeterminado [ing. targeted assassination] de um dos principais cientistas nucleares iranianos, assassinado no Irã. Mas isso não explica escolher um embaixador saudita, a ser morto em território norte-americano.

Cui bono? A quem o crime beneficia?
Mais uma vez: por que logo agora? O complô já é conhecido, ao que se sabe, há meses. O presidente Barack Obama foi informado em junho. O rei Abdullah foi informado em meados de setembro. Então... por que divulgar agora? O que nos leva de volta aos suspeitos de sempre.

Os neoconservadores. Facções do complexo industrial-militar. A direita, os malditos, imundos, doidos Republicanos e seus operadores na imprensa. O lobby pró-Israel. A Casa de Saud – que agora é pintada como “vítima” dos iranianos “do mal”, quando, de fato, está comandando a mais brutal contrarrevolução, que já destruiu qualquer possibilidade de alguma Primavera Árabe nos países do Golfo, inclusive a invasão e a repressão no Bahrain.

O complô aparece em boa hora, para distrair a atenção, para impedir que a Arábia Saudita seja vista como beneficiária de um multibilionário negócio de venda de armas norte-americanas.Vem em boa hora, também, para ‘limpar’ a imagem do próprio procurador geral. Holder foi envolvido há pouco tempo em outro escândalo monstruoso, quando mentiu sobre a Operação Velozes e Furiosos (não, vocês não podem imaginar!), operação fracassada, de cujo fracasso resultou que nada menos que 1.400 armas norte-americanas de grosso calibre acabaram em mãos de – adivinhem! – cartéis mexicanos do tráfico de drogas. Parece que a franquia “Velozes e Furiosos” é a arma de recreação preferida, em todos os níveis do governo dos EUA.

Washington quer “unir o mundo” contra o Irã (onde “mundo” significa: Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN) e já ameaça denunciar o Irã ao Conselho de Segurança da ONU – outra vez.

Esperemos pois ansiosamente por mais uma resolução R2P (“responsabilidade de proteger”) apresentada e aprovada na correria, que ordene que a OTAN estabeleça mais zonas aéreas de exclusão sobre o telhado de todos os príncipes da Casa de Saud em todo o planeta. Essa resolução bem pode ser interpretada como autorização à OTAN para bombardear o Irã, até a ‘mudança de regime’. Esse, sim, é script verossímil.

NOTAS
[1] Versão resumida desse artigo foi publicada ontem em Al-Jazeera, em http://english.aljazeera.net/indepth/opinion/2011/10/201110121715573693.html e, em português, em http://outroladodanoticia.com.br/inicial/23505-velozes-e-furiosos1-para-ocupar-o-ira-.html [NTs].

[2] Vê-se o anúncio oficial em http://www.youtube.com/watch?v=X0wVQG0EIbc&feature=player_embedded#! E interessante lista de comentários de internautas sobre aquela fala, em http://www.reddit.com/r/conspiracy/comments/l8v4s/world_war_iii_operation_red_coalition_alleged/ [em inglês]. Um dos comentários diz: “Nosso aliado fascista Pinochet, organizou e executou um assassinato real em Washington, D.C., e os EUA nada fizeram contra. Quem não saiba, veja em http://en.wikipedia.org/wiki/Orlando_Letelier” [NTs].

[3] 12/10/2011, matéria da Reuters, de Londres, em http://af.reuters.com/article/energyOilNews/idAFL5E7LC22520111012 (em inglês).

[4] Vê-se e ouve-se o comentário em http://www.youtube.com/watch?v=oqcI5uFyEGk (em inglês).

[5] O texto pode ser lido, na íntegra, em http://www.emptywheel.net/wp-content/uploads/2011/10/111011-Ababsiar-Amended-Complaint.pdf [em inglês].


Fonte:
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MJ14Ak02.html

Tradução: Coletivo Vila Vudu

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eleição no Peru: O temor de Washington

Peru’s Election Could Change Hemispheric Relations, and Washington is Worried
por Mark Weisbrot, no jornal britânico Guardian
Em alguns dias, no 5 de junho, vai acontecer uma eleição que terá influência significativa no Hemisfério Ocidental. Neste momento está muito equilibrado para prever. A maior parte das autoridades de Washington tem se mantida relativamente quieta, mas não há dúvida de que o governo Obama tem muito em jogo no resultado da eleição.
A eleição é no Peru, onde o populista de esquerda e ex-oficial militar Ollanta Humala vai enfrentar Keiko Fujimori, a filha do ex-governante autoritário Alberto Fujimori, que foi presidente de 1990 a 2000. Alberto Fujimori está na cadeia, servindo uma sentença de 25 anos por múltiplos assassinatos políticos, sequestros e corrupção. Keiko deixou claro que ela o representa e a seu governo, e está cercada por assessores dele e ex-autoridades do governo Fujimori.
Fujimori foi condenado por ter “responsabilidade criminal” pelos assassinatos e sequestros. Mas o governo dele foi responsável por assassinatos e abusos dos Direitos Humanos mais amplos, inclusive a esterilização forçada de dezenas de milhares de mulheres, a maioria indígenas.
Entre os dois candidatos, quem você pensa que Washington prefere? Se você escolheu Keiko Fujimori, chutou certo. Conversei na segunda-feira à noite, em Lima, com Gustavo Gorriti, um premiado jornalista investigativo peruano, cujo sequestro foi um dos casos que levaram à condenação de Fujimori. “A Embaixada dos Estados Unidos se opõe fortemente à candidatura de Humala”, ele disse. O professor de governança de Harvard Steven Levitsky, que escreve extensivamente sobre o Peru e atualmente é professor-visitante na Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP), chegou à mesma conclusão: “É claro que a Embaixada dos Estados Unidos aqui vê a Keiko como a opção menos ruim”, ele me disse desde Lima, na terça-feira.
Os oponentes de Humala argumentam que a democracia no Peru correria risco se ele fosse eleito, citando uma revolta militar que Humala liderou contra o governo autoritário de Fujimori. (Mais tarde ele foi perdoado pelo Congresso peruano). Mas é difícil comparar a história dele com os crimes provados de Alberto Fujimori.
Humala também é acusado de ser um aliado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ele se distanciou de Chávez, diferentemente do que fez na campanha presidencial de 2006. Mas tudo isso é apenas um golpe midiático da direita. Chávez tem sido demonizado por toda a mídia do hemisfério, e assim os monopólios direitistas da mídia o usaram como espantalho em numerosas eleições, por anos, com graus variáveis de sucesso. Naturalmente que a Venezuela é irrelevante para a eleição peruana porque quase todos os governos da América do Sul são “aliados de Chávez”. Isso é especialmente verdadeiro sobre o Brasil, Argentina, Bolívia, Equador e Uruguai, por exemplo, todos com relações próximas e colaborativas com a Venezuela.
Como em muitas outras eleições na América Latina, a dominação direitista da mídia é chave para as táticas de assustar o eleitorado. “A maioria das estações de TV e jornais tem trabalhado ativamente por Fujimori nessa eleição”, disse Levitsky.
A ideia de um novo governo Fujimori é assustadora para um número de proeminentes conservadores na política do Peru, que decidiram apoiar Humala. Entre eles está o novelista ganhador do Nobel Mario Vargas Llosa, que odeia a esquerda da América Latina tanto quanto muitos. Humala também recebeu o apoio de Alejandro Toledo, o ex-presidente peruano que disputou o primeiro turno da eleição.
Então, por que Washington prefere [Keiko] Fujimori? A resposta é bem simples: é sobre a diminuição da influência de Washington em seu ex-quintal latinoamericano. Na América do Sul há governos de centro-esquerda na Argentina, Brasil, Venezuela, Equador, Bolívia, Uruguai e Paraguai. Estes governos tem uma posição comum na maioria das questões hemisféricas (e algumas vezes em questões internacionais, como o Oriente Médio) e frequentemente essa posição difere da de Washington.
Por exemplo, quando os militares hondurenhos derrubaram o presidente eleito de centro-esquerda, em 2009, e o governo Obama buscou legitimar o governo golpista através de eleições que outros governos não reconheceriam, foram os poucos aliados direitistas de Washington que primeiro se distanciaram do resto da América do Sul.
Antes de agosto, os únicos governos da América do Sul com os quais Washington podia contar como aliados eram o Chile, o Peru e a Colômbia. Mas a Colômbia sob o presidente Manuel Santos já não é um aliado automático, já que hoje ele tem boas relações de cooperação com a Venezuela. Se Humala vencer, há poucas dúvidas de que vai se juntar à América do Sul na maioria das questões concernentes a Washington. O mesmo não pode ser dito sobre Keiko Fujimori.
E é por isso que Washington se preocupa com esta eleição.
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/cifamerica/2011/jun/02/peru-venezuela
Leia, aqui, sobre o “grande valor” que a palavra do Obama tem no Oriente Médio.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Justiça colombiana suspende acordo militar com Estados Unidos



Fonte: Estadão

A Corte Constitucional da Colômbia suspendeu nesta quarta-feira, 17, a vigência de um acordo militar firmado com os Estados Unidos e o devolveu à presidência para que ele seja aprovado no Congresso.

Em outubro de 2009, Bogotá e Washington firmaram um polêmico acordo que permitia o acesso de militares americanos a sete bases colombianos por dez anos para realizar operações contra o narcotráfico e o terrorismo. O trato enfureceu vários governos de esquerda da região.

“A Corte Constitucional da República da Colômbia, administrando justiça em nome do povo e por mandato da Constituição, decidi remeter ao presidente o denominado acordo complementar para a cooperação e assistência técnica em defesa e segurança entre os governos da Colômbia e dos EUA”, afirmou a decisão.

Para o tribunal, o acordo não pode entrar em vigência até que o trâmite de aprovação parlamentar seja concluído.

Os Estados Unidos é o principal aliado da Colômbia na luta contra o narcotráfico e os grupos armados ilegais vinculados com essa atividade e desde o ano 2000 enviou a Bogotá mais de US$ 6 bilhões.

A Colômbia, maior produtor mundial de cocaína, ignorou a recomendação de um alto tribunal antes de firmar o acordo. A corte sugeriu que o convênio fosse submetido à aprovação do Congresso e a um controle de legalidade da Corte Constitucional.

De acordo com a decisão de hoje, o novo governo do presidente Juan Manuel Santos, que tem maioria no Congresso, pode enviar o acordo para ser aprovado na instituição.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Weisbrot: Serra faz campanha em Washington?

6 de agosto de 2010 às 13:03
Será que Serra deseja realmente que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos?
MARK WEISBROT*, na Folha de S. Paulo
O que José Serra está tentando fazer? Em sua campanha pela Presidência do Brasil, ele acusou a Bolívia de cumplicidade no tráfico de drogas e criticou Lula por tentar mediar a disputa entre Washington e o Irã, e por recusar (em companhia da maioria dos demais países sul-americanos) reconhecimento ao governo de Honduras, “eleito” sob uma ditadura.

Por algum tempo ele optou por não aderir à campanha internacional de Washington contra a Venezuela, mas agora Serra e seu candidato a vice, Indio da Costa, também adentraram aquele pútrido pântano, alegando que a Venezuela “abriga” as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), o principal grupo guerrilheiro que combate o governo da Colômbia.

Que conste: a despeito de uma década de alegações, Washington ainda não conseguiu apresentar publicamente um traço de prova de que o governo de Chávez de fato apoie as Farc.

A única “prova” de que existe em domínio público vem de laptops e outros equipamentos de computação supostamente capturados pelas Forças Armadas colombianas em sua incursão ao território do Equador em março de 2008.

Blogueiros de direita como Reinaldo Azevedo repetem o mito de mídia de que a Interpol teria confirmado a autenticidade desses arquivos supostamente capturados, mas um relatório da Interpol nega enfaticamente essa possibilidade. Tudo que temos é a palavra das Forças Armadas colombianas -organização que sabidamente assassinou centenas de adolescentes inocentes e os vestiu como guerrilheiros.

Será que Serra realmente deseja que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos a fim de se colocar desafiadoramente do lado errado da história? E isso apenas para se tornar o maior aliado direitista de Washington? Sim, caso Serra não tenha percebido, os Estados Unidos, sob o governo Obama como sob o governo Bush, só têm governos de direita como aliados no hemisfério: Canadá, Panamá, Colômbia, Chile, México. Existe um motivo para isso: a política norte-americana com relação à América Latina não mudou sob Obama.

Mesmo de um ponto de vista puramente maquiavélico -deixando de lado qualquer ideia de fazer da região ou do mundo um lugar melhor-, a estratégia “Serra Palin” faz pouco sentido. O Brasil tinha boas relações com Bush e pode ter boas relações com Obama sem incorrer nessa espécie desonrosa de servidão.

O Brasil não é El Salvador, país cujo governo vive sob chantagem por ameaças de enviar de volta ao seu território os milhares de emigrantes salvadorenhos que vivem nos Estados Unidos. E nem El Salvador tomou a estrada que Serra está percorrendo.

Não é apenas na Venezuela e na Bolívia que os Estados Unidos investem dezenas de milhões de dólares para adquirir influência política. Em 2005, como reportou este jornal, os Estados Unidos bancaram um esforço para mudar a lei brasileira de maneira a reforçar a oposição ao Partido dos Trabalhadores.

Washington tem grande interesse no resultado da eleição deste ano porque procura reverter as mudanças que tornaram a América Latina, no passado o “quintal” dos Estados Unidos, mais independente que nunca em sua história. José Serra está fazendo com que esse interesse cresça a cada dia.

tradução de Paulo Migliacci

*Weisbrot é co-diretor do Centro para Pesquisa Política e Econômica, um think-tank progressista de Washington, colunista do jornal britânico Guardian e da Folha.