Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 28 de julho de 2012

Não foi Marina quem conduziu a Bandeira Olímpica, foi o Brasil

 


Algumas polêmicas são tão inúteis quanto é possível que sejam. Por exemplo, um certo incômodo que causou a escolha de Marina Silva para conduzir a Bandeira Olímpica durante a abertura das Olimpíadas da Grã Bretanha. Esse incômodo não tem o menor sentido.
A escolha de uma personalidade política, porém, não foi a mais adequada. Até porque os outros escolhidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) não eram políticos e, ao convidarem política de um país para receber a honraria, entraram em terreno incerto.
Os outros escolhidos foram Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, o ex-boxeador Muhammad Ali, o fundista etíope Haile Gebreselassie, o maestro argentino Daniel Barenboim e quatro ativistas de direitos humanos, alguns ganhadores do prêmio Nobel.
Todavia, o que parece é que o COI cometeu apenas uma gafe ao querer homenagear o Brasil, próxima sede dos Jogos Olímpicos.
Há milhares de Marinas Silvas espalhadas pelo mundo. Ou seja: pessoas que lutaram contra a pobreza, a ignorância e a adversidade e se tornaram expoentes na defesa de boas causas. O que se depreende é que cabia um lugar ao Brasil, daí a escolha dela.
Marina não foi escolhida entre tantos brasileiros por sua ação política, mas por seu simbolismo em um mundo que tem na defesa do meio ambiente uma das suas causas mais urgentes. A mim pareceu isso.
Sejamos claros: há pessoas que claramente pareceram ter sentido desagrado por Lula não ter sido escolhido. Sobre isso, francamente acho que não faria sentido. Haveria certo desagrado de outros ex-chefes de Estado que estariam à altura de ser homenageados.
A escolha poderia não ter recaído sobre uma personalidade política? Poderia, mas será que vale a pena pagar mico semelhante ao que pagou repórter da Globo ao perguntar a um dirigente do Instituto de Estudos Políticos de Paris por que escolheu Lula e não FHC para homenagear?
Ora, foi ridículo o que fez a mídia àquela época. O Science Po escolheu Lula assim como o COI escolheu Marina. Não cabe perguntar por que nas duas situações. Quem escolhe, nesses casos, é quem concede a homenagem. Ponto.
Ora, bolas, que se dê a Marina a honraria. Apesar de sua atuação política dúbia e questionável durante a campanha eleitoral de 2010, não se pode negar a ela o mérito de sua belíssima trajetória de vida.
Alguns parecem sugerir que teria havido má intenção na escolha de Marina. Não se pode descartar nada, obviamente. Grupos de pressão brasileiros como a mídia podem ter feito gestões para materializar essa escolha. Todavia, se isso ocorreu foi uma idiotice.
Aliás, se a pressão por Marina ocorreu mesmo, só não foi um furo n’água como ataque político porque algumas pessoas passaram recibo…
Particularmente, senti orgulho ao ver o Brasil ter sido um dos raros países que tiveram cidadãos escolhidos para a homenagem. É óbvio que a escolha tem relação com o fato de que sediaremos os próximos Jogos Olímpicos e todos sabem a quem isso se deve.
Muito melhor do que perder tempo com essa bobagem teria sido refletir sobre quem mais está perdendo com as Olimpíadas de 2012. Afinal, as atenções do mundo se voltaram para Londres na sexta-feira e não foi a Globo que transmitiu o evento

sexta-feira, 22 de junho de 2012

GOLPE DE ESTADO EM MARCHA NO PARAGUAI:

*Lugo fala de madrugada na rede Telesur e denuncia 'golpe expresso'.





Golpe branco no Paraguai?

 


Fernando Lugo esteve praticamente durante todo seu mandato sob ameaça de impeachment da oposição. Era um reflexo da fragilidade de apoio ao governo no Congresso.

Essa fragilidade nasceu já na campanha eleitoral, quando Lugo aparecia como o único líder capaz de derrotar a ditadura de mais de 30 anos do Partido Colorado, mas os movimentos sociais não acreditavam nessa possibilidade e se mantiveram distanciados da campanha quase até o seu final.

Lugo buscou o apoio do principal partido opositor, o Partido Liberal, moderado, mas sem unificar todas as forças anti-coloradas, seria impossível terminar com a ditadura. Os movimentos sociais, por seu lado, não gostavam dessa aliança, sem oferecer alternativa a Lugo.

Quando finalmente os movimentos sociais – ou grande parte deles – se decidira a participar do processo eleitoral, haviam chegado tarde, com pouco tempo para campanha, além de que foram às eleições divididos e só conseguiram eleger dois parlamentares. Lugo começou o governo sem base parlamentar própria, dependente do Partido Liberal e com um vice, deste partido, que rapidamente foi passando a se opor a seu governo, embora, naquele momento, a maioria do Partido Liberal o apoiasse.

Essas travas políticas dificultaram muito o governo de Lugo, que só mais recentemente assumiu uma postura mais decidida, buscando avançar na reforma agrária e em outras medidas, às quais se opuseram todos os partidos tradicionais.

Foram se seguindo enfrentamentos grandes, especialmente no campo, com a resistência dos grandes proprietários de terras, quase todos ligados à produção de soja com transgênicos para exportação, diante das reivindicações dos movimentos camponeses. O sangrento episódio desta semana foi mais um, o mais selvagem, com 11 camponeses e 5 policiais mortos.

Foi a gota d’agua que a oposição esperava para tentar derrubar Lugo, ante mesmo do final do seu mandato, no primeiro semestre do ano próximo. O Partido Liberal decidiu a saída dos membros do partido do governo, praticamente esvaziando-o e somando-se à tentativa de impeachment, que pretende uma via rápida, um golpe branco para derrubar o primeiro presidente popular em tantas décadas da sofrida historia paraguaia.

Mesmo acusando Lugo pelos sangrentos enfrentamentos e criticando a substituição dos ministros diretamente responsáveis por eles por outros ainda piores, os movimentos populares – a grande maior camponeses – se deram conta de como a situação é usada pela direita para tentar terminar com o governo Lugo, circunstância em que eles seriam as principais vitimas e se mobilizam para tentar impedir o impeachment.

Esse é o cenário hoje em Assunçao: o Congresso tentando uma derrubada rápida de Lugo, que apresentou sua defesa. Movimentos populares concentrados na praça central da cidade, em frente ao Congresso. Chanceleres dos países da Unasul presentes no país, ameaçando o isolamento de um eventual novo governo, caso se configure um golpe branco contra Lugo. As próximas horas serão decisivas no futuro do país.

Da mesma forma que Hugo Chavez, Lula, Evo Morales, Rafael Correa, Cristina Kirchner, Lugo pode se valer dos ataques golpistas da oposição para virar o jogo a seu favor. Ou ser derrubado pela direita, que colocará um governo provisório até as eleições do ano que vem, que ganhará contornos de enfrentamentos abertos entre as forças de Lugo e a oposição. Espera-se que desta vez aquelas marchem unidas desde o começo e possam destravar os empecilhos que bloqueiam o governo de Lugo e ameaçam derrubá-lo.
Postado por Emir




“Estamos diante de uma guerra não convencional”

Em uma entrevista especial concedida à Carta Maior e aos jornais Página/12, da Argentina, e La Jornada, do México, o presidente do Equador, Rafael Correa analisa o que considera ser um dos principais problemas do mundo hoje: o poder das grandes corporações de mídia que agem como um verdadeiro partido político contra governos que não rezam pela sua cartilha. “Essa é a luta, não há luta maior. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste”.

Rio de Janeiro - Representante de uma nova geração de líderes políticos da esquerda latinoamericana, o presidente do Equador, Rafael Correa, foi lançado para a linha de frente do cenário político mundial com o pedido de asilo político feito, em Londres, pelo fundador do Wikileaks, Julian Assange. Há poucas semanas, Assange entrevistou Correa e os dois conversaram, entre coisas, sobre um tema de interesse de ambos: as operações de manipulação conduzidas pelas grandes corporações midiáticas. Agora, durante sua passagem pela Rio+20, Rafael Correa voltou com força ao tema.

Em uma entrevista especial concedida à Carta Maior e aos jornais Página/12, da Argentina, e La Jornada, do México, analisa este que considera ser um dos principais problemas do mundo hoje: o poder das grandes corporações de mídia que, na América Latina, agem como um verdadeiro partido político contra governos que não rezam pela cartilha desses grupos. “Essa é a luta, não há luta maior. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste”.

Na entrevista, Correa fala sobre o pedido de asilo de Assange, relata o debate sobre uma nova lei de comunicações no Equador e faz um balanço pessimista sobre os resultados da Rio+20.

Há um argumento segundo o qual a liberdade de imprensa é propriedade dos meios de comunicação empresariais. Imagino que essa não seja a sua opinião.

Correa: Não nos enganemos. Desde que se inventou a impressora a liberdade de imprensa, entre aspas, responde à vontade, ao capricho e à má fé do dono da impressora. Devemos lutar para inaugurar a verdadeira liberdade de imprensa que é parte de um conceito maior e um direito de todos os cidadãos, que é a liberdade de expressão, que defendemos radicalmente. No entanto, o poder midiático que faz negócios com o objetivo de ter lucro, até isso quer privatizar. Então, se eles têm tanta vocação para comunicar, como dizem, que o façam sem finalidades lucrativas, porque para mim isso é uma contradição.

Este é um grande problema na América Latina e também em nível planetário. Tenho tomado conhecimento que existem posições semelhantes às nossas, mas houve um tempo em que nos sentíamos muito sozinhos, quando fomos vítimas de um ataque tremendo por não abaixar a cabeça diante de um negócio muitas vezes corrupto e encoberto sob a capa da liberdade de expressão. Essa é a luta, não há luta maior.

Presidente, nestes dias foram divulgados telegramas pelo Wikileaks onde apareceram jornalistas equatorianos que eram considerados informantes pela embaixada dos Estados Unidos. Isso confirma as hipóteses levantadas quando você foi vítima de um golpe de Estado.

Correa: As mentiras deles sempre acabam sendo derrubadas. Entidades que financiam esses empórios midiáticos, certas organizações que, em nome da sociedade civil, nos denunciam ante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a SIP, ante todos os lados. Agora vemos que esses senhores são identificados via Wikileaks como informantes da embaixada (estadunidense). Wikileaks que nunca é publicado pela maioria da imprensa comercial. Não é só isso. Essa gente é financiada pela USAID, que vocês conhecem. A USAID financiou com 4,5 milhões de dólares a estes supostos defensores da liberdade de expressão, supostamente para fortalecer a democracia e a ação cívica. Na verdade, para fortalecer a oposição aos governos progressistas da América Latina e os povos da região tem que reagir contra esse tipo de prática.

Independentemente da solicitação do senhor Assange – ele solicitou asilo político -, ele disse que quer vir para o Equador para seguir cumprindo sua missão em defesa da liberdade de expressão sem limites, porque o Equador é um território de paz comprometido com a justiça e a verdade. Isso que o senhor Assange disse é mais próximo da realidade do Equador do que as porcarias que o poder midiático publica todos os dias.

Sabemos que o senhor ainda não tomou uma decisão sobre a situação que está atravessando alguém que revelou informações secretas sobre conspirações dos Estados Unidos e está pagando com a prisão por ter trabalhado pela liberdade de imprensa.

Correa: Se, no Equador, alguém tivesse passado a centésima parte do que passou Assange, nós seríamos chamados de ditadores e repressores, mas como o que Assange divulgou afeta as grandes potências e isso evidencia uma moral dupla e como os Estados nos tratam por meio de suas embaixadas, então é preciso aplicar todo o peso da lei contra Assange. E o chamam de violador.

Eu não quero antecipar minha decisão. Recebemos o pedido de asilo, analisaremos as causas desse pedido e tomaremos uma decisão quando for pertinente. Ele está em nossa em nossa embaixada em Londres sob a proteção do Estado equatoriano.

É claro que há aqui uma dupla moral, uma para os poderosos e outra para os débeis, uma para os que querem manter o status quo e para sua imprensa, e outra para os governos que querem mudar esse status quo e para a imprensa alternativa. Todos os dias há julgamentos em países desenvolvidos contra jornais. Neste caso não há problema, porque isso é civilização, mas, processar em nosso país um jornal ou um jornalista é qualificado como barbárie. E não é verdade que nós criminalizamos a opinião, pois em nosso país todos os dias publicam tudo, todos os dias publicam que há falta de liberdade de expressão. Qualquer um pode dizer que o governo é bom ou mau, que é competente ou incompetente. Mas o que não pode se dizer em um meio de comunicação é que o presidente, ou qualquer cidadão, é um criminoso de lesa humanidade e que ele disparou sem aviso prévio contra um hospital, porque isso é difamação, isso é delito em qualquer país.

O caso Assange pode dar origem a uma tensão diplomática entre Equador e Grã-Bretanha?

Correa: Isso é a última coisa que queremos, mas nós não vamos pedir permissão a nenhum país para tomar decisões soberanas. O Equador não tem mais alma de colônia nem alma de vassalo. Se dar asilo, refúgio ou residência a fugitivos da justiça provocasse deterioração, a relação da América Latina com os Estados Unidos estaria deterioradíssima. Porque, provavelmente, Argentina, Brasil, México e outros países não devem estar de acordo que qualquer fugitivo que viole a justiça. Esse não é o caso do senhor Assange, mas sim de corruptos como os banqueiros que quebraram o Equador em 99 e fugiram para os Estados Unidos, onde gozam hoje de uma vida bastante cômoda.

Vocês têm um Murdoch no Equador?

Correa: No Equador, temos seis famílias que representam heranças familiares, não é propriedade democrática, um capitalismo popular onde há 10 mil acionistas em um empório. Os meios de comunicação no Equador são manejados por meia dúzia de famílias, que decidem o que os equatorianos devem saber e conhecer. Vocês se dão conta da vulnerabilidade que temos como sociedade? A informação depende dos interesses e dos caprichos de meia dúzia de famílias. Mas se um governo soberano e digno não as chama para consultar sobre o nome dos ministros ou sobre a indicação de embaixadores, como ocorria antes, vão com tudo para cima desse governo porque ele não se submete aos seus caprichos. É um problema mundial, mas em outros países é atenuado com participação, profissionalismo muito profundo, uma ética muito forte, tudo o que brilha por sua ausência aqui no Equador.

Presidente, um funcionário da Usaid acaba de dizer que eles estão ajudando as oposições a estes governos.

Correa: Franqueza anglo-saxã.

Impunidade?

Correa: Impunidade e arrogância.

Essa ideia nos fala de um tempo da informação como arma de guerra e a América Latina sofre uma verdadeira invasão dessas fundações como a USAID, a NED, o IRI. Isso não torna muito perigosa a nossa situação? A presença das ONGs destas fundações não é perigosa para o Equador?

Correa: Oxalá consigamos despertar os povos latino-americanos para essa situação. As direitas, os grupos de poder, sabem que nas urnas não conseguirão nos derrotar. Daí as campanhas contínuas de desgastes, de propaganda, de difamação, de enfraquecimento e desestabilização. Nós vivemos isso desde os primeiros dias de governo. Desde o primeiro dia de governo. O mesmo ocorre na Venezuela, na Bolívia, na Argentina e em todos os governos progressistas da região. Sofremos as campanhas desses meios que são a vanguarda do capitalismo, do status quo dos partidos tradicionais de direita que se afundaram por seus próprios erros, para difamar, para distorcer a verdade com a cumplicidade de veículos da mídia internacional.

Essa é a contradição de que fala Ignacio Ramonet. Na Europa hoje há desemprego, estagnação, resgate de milionários, resgate de bancos e não de cidadãos, e os jornais dizem que isso é necessário, que é sério, técnico e correto. Que as pessoas morram de fome, precisamos salvar o capital! Enquanto isso, em países como o Equador, que é um dos que mais crescem na América Latina, que reduziu a pobreza, gerou mais emprego, tem a taxa de desemprego mais baixa da região e da história, todos os dias nos dizem que isso é populismo e demagogia, que é preciso mudar de governo.

Estamos ante uma campanha propagandística para defender os poderes fáticos que sempre dominaram nossos países. A direita perdeu as eleições nos Estados Unidos e agora chegam essas organizações para financiar esses grupos na América Latina. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste.

Por isso pergunto sobre o tema da informação como arma de guerra, como a arma letal antes do primeiro disparo.

Correa: Estou convencido disso. Alguns ainda imaginam a imprensa, sobretudo na América Latina, como o quarto poder nascente, que floresceu quando chegaram as democracias, quando ocorreram avanços técnicos e se multiplicaram as publicações, quando se avançou na alfabetização e as grandes massas passaram a poder ler. Esse poder impediria que o poder político, o poder do Estado, ultrapasse certos limites. Assim chegou a desinformação. Lembremos, por exemplo, do affair Dreyfus na França, quando por racismo e xenofobia se acusou um capitão judeu, como denunciou Emile Zola em seu famoso editorial “Eu acuso”. Essa imprensa limitava os excessos do poder político, mas esse vigoroso e ingênuo cachorrinho, bem intencionado, que lutava pelos interesses dos cidadãos, converteu-se de repente em um mastim feroz, com um poder ilimitado, raivoso, que não só tenta encurralar o Estado como também os próprios cidadãos.

O poder midiático na América Latina, como ocorre no Equador, é frequentemente superior ao poder político. Precisamos tirar certos estereótipos de cena ou do ambiente de certa burocracia internacional como alma de ONG, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos que fala de pobrezinhos jornalistas e de malvados políticos. Isso não é certo. Os políticos são, muitas vezes, patrióticos. A antipatia que certos jornalistas alimentam, desfiando seus ódios e amarguras, acaba fazendo com que se metam inclusive em questões pessoais, com a família, etc. Então, vejamos a realidade. Trata-se de tabus e nos ensinaram a ter medo de criticar esses negócios, como se, criticando-os, estaríamos criticando a liberdade de expressão. Esses são os negócios da má imprensa.

Presidente, viremos a página e passemos à crise

Correa – É que esse tema (da mídia) me apaixona. É um tema acadêmico que me apaixona, ao qual dedicarei meu tempo quando sair da presidência. Pretendo me dedicar a ele, investigar e escrever porque se trata de um problema gravíssimo, porque estamos nas mãos de um poder midiático que superou inclusive o poder financeiro e político, e domina o mundo.

Você resumiu ontem em uma palavra o documento final da Rio+20, classificando-o como “lírico”...

Correa – É assim. Não há compromisso concreto. Podem verificar. Onde há um compromisso em cifras, por exemplo, com o limite de emissões de gases, compensações, acordos, acordos vinculantes como seria uma declaração de direitos da natureza em um tribunal internacional do meio ambiente, como propôs o Equador. Não há nada disso. Fala-se de cuidar melhor do planeta, mas não há um compromisso concreto. O avanço é muito pequeno.

A que atribui a ausência dos Estados Unidos e da Alemanha? Elas podem ter contribuído para essa falta de compromissos concretos?

Correa – Vai mais além. O problema não é técnico. Todo mundo sabe qual é o problema, todo o mundo sabe quais são as respostas. O problema é político. Quem gera os bens ambientais e quem consome esses bens ambientais? Se os países ricos ou os países em desenvolvimento podem consumir gratuitamente um bem que outros geram por que é que vão se comprometer a compensar e cuidar. Não farão isso a não ser que esteja em perigo evidente sua própria existência ou seus próprios interesses.

Então, o problema é político, é a relação de poder. Imagine que a situação fosse a inversa, que a Floresta Amazônica, por exemplo, estivesse nos Estados Unidos e que eles fossem geradores de bens ambientais e que nós dos países em desenvolvimento fôssemos os consumidores. Já teriam nos invadido em nome dos direitos humanos, da justiça, da liberdade, etc., para exigir compensações. Então, esse é um problema de poder. Enquanto não mudarem as relações de poder, muito pouco se irá avançar.

Considera então que o saldo provisório da Rio+20 é um fracasso?

Correa – Sim. Não se conseguiu avançar quase nada. Não há compromisso concreto, nada concreto. Nem sequer dinheiro. Houve uma reunião do G-20 no México e a maioria, 80% dos que estavam lá, regressaram para suas casas. Não vieram para a Rio+20. Não interessa. Apenas alguns poucos vieram para a Cúpula, sobretudo latino-americanos.

Houve também a Cúpula dos Povos, um encontro muito interessante.

Correa – Quisemos participar, mas não foi possível, estava muito longe. Infelizmente foi um problema de logística. Mas vamos ter um evento de direitos da natureza, paralelo à Cúpula, nos mesmos locais da Cúpula, para o qual convidamos 400 dirigentes de organizações sociais alternativas, progressistas de esquerda que buscam a justiça de nossa América e do mundo inteiro. O presidente Evo Morales também participará dessa conferência.

Eu queria perguntar-lhe sobre o que representam estas alianças como a do Pacífico (Colômbia, Chile, Peru e México) e o anúncio feito pelo presidente Felipe Calderón do Transpacífico, que é algo novo. Isso pode ser visto como uma ameaça à integração e à unidade da América Latina?

Correa – Bom, o maior problema em essência sobre o tema do cuidado com o meio ambiente e que também está na base da crise da Europa e dos Estados Unidos é que tudo foi mercantilizado. Eles não querem ver isso porque afeta os interesses dominantes. O mercado é uma realidade econômica que não podemos negar, mas o grande desafio da humanidade é que a sociedade deve conseguir dominar o mercado. O que temos hoje é o mercado dominando a sociedade e as pessoas, mercantilizando tudo. Como o mercado só se interessa pelo que é mercadoria, pelo que tem preços explícitos, não administra adequadamente bens públicos como o meio ambiente. Por isso pode consumir irresponsavelmente bens ambientais, bens públicos globais, depredar a natureza, etc., porque não têm preços explícitos, porque não são mercadoria.

Então, quanto mais se ampliar essa lógica do mercado, mais esses problemas se agravarão e os perigos serão ainda maiores para a conservação do planeta. Eu diria que nós somos muito críticos destes tratados de livre comércio, somos muito críticos da mercantilização da vida e da humanidade em geral. Esse é um dos grandes desafios que enfrentamos. Insisto, o mercado é um fenômeno econômico irrefutável, mas o grande desafio é fazer com que as sociedades dominem o mercado e não o contrário.

Senhor presidente, que medidas os países da América Latina deveriam tomar para não perder o rumo da histórica na direção de uma integração regional soberana e progressista. Como vê os avanços no Mercosul, na Unasul e na Comunidade Andina de Nações (CAN)?

Correa – Avançou-se como nunca antes. Isso não quer dizer que estejamos bem. Teremos que avançar muito mais rápido. Creio que há uma vocação concreta e uma posição integracionista sincera, não uma integração mercantilista como havia antes. O Mercosul nasceu na noite neoliberal dos anos 90. A CAN nasceu a todo vapor e depois diminuiu. A integração mercantilista não quer fazer grandes sociedades de nações, mas sim grandes mercados, não fazer cidadãos de nossa América, mas sim consumidores. A concepção da Unasul é diferente. Nós temos uma concepção integral, onde uma parte é comercial, que sempre é importante, mas não é o mais importante, e as outras partes tem a ver com conectividade, nova arquitetura financeira regional, harmonização de políticas, políticas de defesa. Oxalá consigamos avançar também em políticas trabalhistas para que nunca mais caiamos na América Latina na armadilha de competir para atrair investimentos, deteriorando e precarizando as forças de trabalho. Ao invés de atrair capitais na base do suor e das lágrimas de nossos trabalhadores, pensamos em outro mundo. Como disse, creio que avançamos, mas precisamos ir muito mais rápido.

O senhor tocou de passagem o tema do Conselho de Defesa Sulamericano, que está objetivamente estancado, e seu país sofreu um ataque estrangeiro em 2008. Na sua avaliação, com a chegada do presidente Santos na Colômbia, a hipótese de tensões entre Colômbia e Equador está completamente dissipada?

Correa - As relações bilaterais entre Equador e Colômbia gozam de um extraordinário momento. Há uma grande coordenação com o governo do presidente Santos. A Colômbia sempre foi o vizinho com o qual tivemos a melhor relação em nossa história. Infelizmente, essa história, séculos de irmandade, foi rompida pela traição de um presidente como Uribe. Mas, graças a deus, com o governo do presidente Santos isso foi superado e creio que ele também tem uma vocação integracionista muito profunda e apoia – de fato, tem apoiado – a proposta do Conselho de Defesa.

O Conselho de Defesa teve seus primeiros estremecimentos com o anúncio da radicação de tropas dos Estados Unidos na Colômbia. Essa possível radicação de tropas norte-americanas na Colômbia está definitivamente abortada?

Correa – Não tenho maiores conhecimentos a respeito desse assunto. Até onde sei há uma estreita colaboração norteamericana com o pretexto da luta antidrogas e oxalá que a ajuda se concentre aí. Mas temos que fazer um esforço de bastante ingenuidade para nos convencermos disso porque muitas vezes se fazem outras coisas com essas supostas ajudas, sobretudo com governos que não sigam a linha de Washington.

A pergunta anterior está associada a outras situações graves como a remilitarização com novas bases no Panamá e outros três centros operacionais do comando Sul , uma base nova no Chile e nas Malvinas o grande problema é a base britânica ali instalada. Toda esta expansão dos Estados Unidos não é ameaçadora para a região?

Correa - Nós queremos nos convencer que com Barack Obama, que acreditamos ser uma boa pessoa, a política internacional dos EUA mudou, mas as evidências nos mostram que não é assim, que tudo continua lamentavelmente igual, sobretudo no que diz respeito à América Latina, cujos governos comprometidos com justiça, dignidade e soberania passaram a ser vistos como uma ameaça para seus interesses. Devemos estar muito atentos a essa presença das forças armadas norte-americanas em nossa América e a esse processo de rearmamentismo que está ocorrendo nesta época tão difícil e complexa.


Começou o processo de invasão de nossas fronteiras? Cuidado a OTAN, pode estar por trás


A Câmara dos Deputados aprovou a abertura do processo de impedimento do presidente da República, Fernando Lugo, em rito sumário na quinta- feira. Hoje, às 13 hs, horário de Brasília, Lugo fala ao Parlamento que às 17:30 pode decidir o impeachment, a pretexto de negligência diante de conflitos agrários que o Presidente tenta resolver através da negociação política e não da violência contra os camponeses.(Leia nesta pág)
 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Juiz tucano aprovou as cotas por medo de ficar isolado

Antes de chegar ao ponto que intitula este post, haverá que fazer um longo preâmbulo para que o leitor possa entender a questão. Vamos a ele, pois.
Na quarta-feira (25/04), o jornalista Elio Gaspari, em sua coluna no jornal Folha de São Paulo, previu o desenlace do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) impetrada pelo DEM contra a política de cotas para negros adotada pela Universidade de Brasília.
A previsão de Gaspari: “No palpite de quem conhece a Corte, o resultado será de, pelo menos, sete votos a favor e quatro contra” as cotas na UNB.
Tratou-se de uma previsão para lá de otimista para os adversários da igualdade racial no Brasil, ainda que não parecesse, pois a chance de derrota do DEM era, previsivelmente, muito maior. E era maior por conta dos complexos fatores técnicos e políticos que envolvem a questão e que passo a explicar.
Quem o jornalista disse que “conhece a Corte” parece não conhecê-la tanto assim. Este blogueiro mesmo, às 16:14 hs., três horas antes do término do Julgamento (que ocorreu por volta das 19:30 hs.) previu, através do Twitter, que a decisão a favor das cotas poderia ser unânime. Abaixo, reprodução da mensagem que publiquei naquela rede social.
Mais uma vez, perguntaram-me sobre uma tal “bola de cristal” de cristal que eu teria por conta de previsões que fiz como aquela sobre a crise econômica de 2008, de que seria mesmo uma marolinha, o que foi dito em um momento em que todos, à esquerda e à direita, diziam que o país afundaria. Ou como a que fiz dias antes da publicação da última pesquisa Datafolha, a previsão de que a popularidade de Dilma dispararia.
Infelizmente, não tenho bola de cristal alguma. Se tivesse, trataria de descobrir o resultado de alguma loteria, eis que ando precisado… O que tenho é só um método de lidar com a lógica que só funciona quando disponho de elementos suficientes, o que dificilmente ocorre.
Certas vezes, porém, os fatos gritam para ser notados. E, nesse caso do julgamento das cotas, o fenômeno era intenso. Afinal, acolher a premissa do DEM seria uma aberração jurídica. Seria desmoralizante para qualquer juiz que preze minimamente a própria imagem. E não apenas para a sua capacidade técnica, mas do ponto de vista da imagem de pessoa pública.
Houve um tempo em que os juízes do STF não ligavam para o Direito ou para a própria imagem por não passarem de meros despachantes dos setores mais poderosos da sociedade que o presidente da República, que exercia a mesma função, guindava a postos dessa importância.
Foi uma era de trevas em que um presidente ousou manter no cargo, por oito anos, um único procurador-geral da República. Alguém cuja função era arquivar qualquer ação incômoda para o Poder Executivo, o que lhe valera o apodo de engavetador-geral da República.
Na era Lula, os despachantes da elite na cúpula do Judiciário ou do Ministério Público foram sendo substituídos por militantes do melhor Direito preocupados com a própria imagem e descompromissados com o banditismo que imperara naquelas instituições até a chegada do ex-operário ao poder, o que possibilitou que os procuradores-gerais indicados por ele aceitassem um processo contra quem os nomeou, como o do mensalão, o que jamais teria ocorrido quando o PSDB estava no poder.
Hoje, dos onze ministros da Suprema Corte de Justiça do país, oito foram nomeado por Lula ou por Dilma Rousseff. A moralização da mais alta instância do Poder Judiciário, pois, virou um fato. Com efeito, o mensalão jamais estaria para ser julgado se os governos do PT não tivessem optado pelo que havia de melhor para a Procuradoria-Geral da República ou para o STF.
Com a excelência dos ocupantes daquela Corte, seria praticamente impossível que as cotas perdessem. Até porque, entre os três juízes nomeados por antecessores de Lula, só dois já se envolveram em maracutaias: Marco Aurélio Mello, indicado por Fernando Collor de Mello (e que é primo do ex-presidente, vejam o absurdo!), e Gilmar Mendes, indicado por Fernando Henrique Cardoso. Celso de Mello, indicado por Sarney, sempre se portou direito.
Ora, a questão que aqueles juízes julgavam não poderia ter outro destino. Bastaria o menor conhecimento da situação social do país para perceber que o pleito do DEM não passava de uma tentativa de prestação de serviços a uma elite decadente, corrupta e racista.
Dados do IBGE mostram que qualquer outra decisão que não a que foi tomada, seria um absurdo. E de que os argumentos que a imprensa e essa elite esgrimem não passam de banditismo intelectual.
Vejamos, por exemplo, o que um desses impérios de comunicação corruptos que tentam atrasar ou mesmo impedir a justiça social no país diz em editorial publicado nesta sexta-feira, 27 de abril, um dia após a decisão unânime do STF em prol da igualdade racial.
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FOLHA DE SÃO PAULO
27 de abril de 2012
Editorial
Cotas raciais, um erro
Tratamento desigual para reparar injustiças deveria contemplar apenas critérios sociais objetivos – não a cor da pele, obsessão importada O Supremo Tribunal Federal declarou as políticas de cotas raciais em universidades federais compatíveis com a Constituição. A decisão será saudada como um avanço, mas nem por isso terá sido menos equivocada.
Ninguém duvida que a escravidão foi uma catástrofe social cujos efeitos perniciosos ainda se propagam mais de um século após a Abolição. Descendentes de cativos -de origem africana ou nativa, pois também houve escravização de índios – sofrem, na maioria dos casos, uma desvantagem competitiva impingida desde o nascimento.
As políticas adotadas por universidades que reservam cotas ou garantem pontuação extra a candidatos originários daquela ascendência procuram reparar essa iniquidade histórica. A decisão do STF dará ensejo à disseminação de tais medidas em outras instâncias (acesso a empregos públicos, por exemplo), o que ressalta a relevância do julgamento.
São políticas corretivas que podem fazer sentido em países onde não houve miscigenação e as etnias se mantêm segregadas, preservando sua identidade aparente. Não é o caso do Brasil, cuja característica nacional foi a miscigenação maciça, seguramente a maior do planeta. Aqui é duvidosa, quando não impraticável, qualquer tentativa de estabelecer padrões de “pureza” racial.
Não se trata de negar a violência do processo demográfico ou o dissimulado racismo à brasileira que dele resultou, mas de ter em mente que a ampla gradação nas tonalidades de pele manteve esse sentimento destrutivo atrofiado, incapaz de se articular de forma ideológica ou política. Com a mentalidade das cotas raciais, importa-se dos Estados Unidos uma obsessão racial que nunca foi nossa.
No Brasil, a disparidade étnica se dissolve numa disparidade maior, que é social -uma sobreposta à outra. A serem adotadas políticas compensatórias, o que parece legítimo, deveriam pautar-se por um critério objetivo -alunos de escolas públicas, por exemplo- em vez de depender do arbítrio de tribunais raciais cuja instalação tem algo de sinistro.
A Constituição estipula que todos são iguais perante a lei. É um princípio abstrato; inúmeras exceções são admitidas se forem válidos os critérios para abri-las. A ninguém ocorreria impugnar, em nome daquele preceito constitucional, a dispensa de pagar Imposto de Renda para os que detêm poucos recursos.
O cerne da questão, portanto, consiste em definir se há justiça em tratar desigualmente as pessoas por causa do tom da pele ou se seria mais justo, no empenho de corrigir a mesma injustiça, tratá-las desigualmente em decorrência do conjunto de condições sociais que  limitaram suas possibilidades de vida.
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O editorial diz que a desigualdade “racial” brasileira não seria um “critério social objetivo”, mas uma “obsessão importada” porque, no Brasil, houve miscigenação enquanto que nos Estados Unidos, onde surgiu a política afirmativa das cotas “raciais”, não houve.
E daí? A miscigenação por acaso impede o racismo? O IBGE mostra que não. Segundo estudos da instituição, a proporção de estudantes de 18 a 25 anos de idade frequentando curso superior é de 19,4% da população para os brancos e 6,8% para os negros e pardos. E a proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade que concluíram curso superior é de 13,4% para brancos e de míseros 4% para negros e pardos.
A pesquisa completa do IBGE pode ser conferida aqui.
Sim, houve mistura racial no Brasil, mas tanto os negros “puros” quanto os mestiços sofrem tanto ou mais no Brasil quanto nos Estados Unidos. Isso sem falar dos índios, que a política de cotas também contempla tanto quanto aos negros e pardos, bem como os brancos pobres, que, apesar de existirem, são em percentual infinitamente menor.
Qualquer análise séria da questão revela que cotas por critério meramente econômico, as ditas cotas sociais – que já existem não só nas políticas afirmativas do governo federal quanto, exclusivamente, em governos mais conservadores como o de São Paulo, na USP e na Unicamp –, são insuficientes.
Se fossem adotadas unicamente, se o critério da pobreza prevalecesse sobre o critério racial para conceder vagas em universidades, o negro continuaria sendo prejudicado, pois os brancos, nos estudos do IBGE, sempre estão em melhor condição que os negros, inclusive entre os pobres.
No Brasil, os 2% mais pobres são compostos por negros e mestiços de brancos com negros, em situação ainda pior do que a dos índios, que também sofrem muito. Se entre os que ganham abaixo de determinado valor fosse usado o critério do mérito, por exemplo, os brancos continuariam chegando à frente de afrodescendentes e índios, o que perpetuaria o problema.
Os juízes mais preocupados com as próprias imagens, portanto, não cometeriam essa vilania de negar aos mais prejudicados a oportunidade de saírem da senzala cultural a que foram confinados durante a escravidão e após a libertação dos escravos.
Os únicos juízes capazes de dar uma banana para o Direito em prol de seus patronos políticos seriam Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes, que chegaram a pôr criminosos ricos em liberdade (Salvatore Cacciolla e Daniel Dantas, respectivamente). Mello, porém, de vários anos para cá passou a se portar melhor e tem marcado sua atuação por decisões libertárias e humanistas.
Só havia um juiz que pendia claramente pela desigualdade racial: Gilmar Mendes. Isso fica muito claro, aliás, em seu voto no julgamento da ADPF 186, a das cotas.
Outra matéria da Folha de São Paulo mostra sua tendência e permite, pela lógica, supor que votou contra o DEM, partido com quem andou tendo relações pra lá de esquisitas, por medo de ser o único entre os dez juízes a votar a favor do racismo.
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FOLHA DE SÃO PAULO
27 de abril de 2012
Cotidiano
Gilmar Mendes faz ressalvas a cotas raciais
Apesar de favorável à política de reserva de vagas, ministro chama a atenção para eventuais distorções de sistema da UnB
Depois de dois dias de julgamento da ação proposta pelo DEM, sessão foi encerrada sob sonoros aplausos
DE BRASÍLIA
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes votou a favor das cotas, mas foi o único a fazer críticas ao sistema adotado pela UnB.
Mendes afirmou que o critério racial não é o melhor para definir quem deve ser beneficiado pela reserva de vagas e que um modelo incluindo a renda seria mais apropriado.
Ele citou “distorções e perversões” que poderiam ser geradas pela atual política. Entre elas, a possibilidade de um aluno negro e rico, que sempre estudou em escola particular, entrar na universidade por cotas, enquanto um pobre, porém branco, não.
(…)
—–
Ora, a opinião de Mendes é incompatível com seu voto. Se julga que a política de cotas da UNB contém “perversões e distorções” como a de um negro rico ter possibilidade de tomar o lugar de um branco pobre, deveria ter votado a favor da ADPF do DEM. Se votou diferente, é porque sabia que ficaria isolado e porque essa sua questão poderia ser desmontada facilmente.
Inexiste a possibilidade de um “negro rico”, talvez filho de pagodeiro ou jogador de futebol – situações em que um negro pode enriquecer, salvo exceções –, tomar a vaga de branco pobre. A política de cotas exclui estudantes de escolas particulares, ora. E alguém acha que um negro rico colocaria seu filho em escola pública?

sábado, 9 de julho de 2011

Dirceu aguarda julgamento do STF

Por José Dirceu, em seu blog:

Muitos de vocês leram hoje as manchetes de vários jornais informando que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou ao Supremo Tribunal Federal as alegações finais da Procuradoria com pedido de condenação de 36 dos 38 da ação penal 447, chamada pela mídia de “mensalão”. Suas acusações contra mim não trazem qualquer prova material ou testemunhal. São meras ilações extraídas de sua interpretação peculiar sobre minha biografia.



A vocês que acompanham minha trajetória de 46 anos dedicados à construção de um Brasil mais justo, democrático e forte, gostaria de dizer que estou tranquilo. Continuarei me defendendo, ainda com mais ânimo e dedicação. Não o faço apenas para demonstrar minha inocência, submetido à agressão constitucional de inversão do ônus da prova, graças à fusão de interesses conservadores. Lutarei com ainda mais energia, porque o que está em jogo, acima da minha honra e liberdade, é a imagem do Partido dos Trabalhadores e do projeto de transformação social que representa.

Este momento não difere de outros em minha vida. Já fui banido pela ditadura militar, quando perdi minha nacionalidade, fui cassado e tive os meus direitos políticos suspensos por 10 anos em 1969. Em 2005, a Câmara dos Deputados me cassou o mandato de deputado federal, que obtive com o voto de mais de 556 mil paulistas. A decisão foi tomada sem provas, num fato inédito na história do país.

Sou inocente das acusações que me fazem e vou prová-lo no STF, corte que, confio, julgará a ação com base nos autos e nas provas, na Constituição e na lei. Vou aguardar o julgamento com serenidade, pois sei que, ao final desse doloroso processo, se imporá a justiça e cairá por terra a farsa montada contra mim.

Aproveito para agradecer as manifestações de apoio que tenho diariamente recebido de amigos, militantes, apoiadores ou, simplesmente, de brasileiros que não concordam com o achincalhamento público que tenho sofrido nos últimos seis anos.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sérgio Amadeu: Azeredo quer aprovar o AI-5 Digital nesta quarta-feira

por Sérgio Amadeu, no Trezentos
Na página 17 do Relatório que o ex-Senador Azeredo, agora deputado, escreveu e quer votar nesta quarta-feira está escrito:
“Conclui-se, portanto, que, ao direito de conectar-se a um sistema deve-se contrapor o dever social de identificação, sob pena de que o anonimato venha a permitir àqueles de má-fé praticarem diversas modalidades de crimes e infrações.”
Confirmando o que vários pesquisadores têm afirmado, a proposta de Azeredo é acabar com a navegação anônima e, assim, implantar o completo vigilantismo. Quem se beneficiará disto, as grandes corporações que rastreiam perfis dos cidadãos, que passarão a ter seu rastro digital completamente identificado. Quem mais? A indústria da intermediação que quer ameaçar os jovens que compartilham arquivos digitais; as agências de vigilância estatal e não-estatais; os governos de países autoritários e os criminosos que não terão mais nenhuma dificuldade para reunir os dados dos cidadãos.
Aplicando no Brasil a prática do cadastramento obrigatório os criminosos serão afetados? Obviamente que não. Criminosos usam sofisticados esquemas para se esconder nas redes.
Os únicos prejudicados pela navegação escancarada seremos nós internautas. Em uma rede cibernética, como a Internet, não podemos esquecer que nenhuma máquina pode se esconder por muito tempo, pois trata-se de uma rede de comunicação e controle.
Para se ter uma ideia da gravidade do vigilantismo absurdo da proposta de Azeredo, basta entrar agora no site  < http://panopticlick.eff.org/ > que a Eletronic Frontier Foundation criou para mostrar que quando acessamos um site qualquer nosso computador fica completamente vulnerável. No caso, o site remoto irá dizer que navegador você está usando e tudo que está instalado nele. Isto é possível porque trata-se de uma rede baseada em protocolos de controle.
Assim, ao vincularmos uma identidade civil a navegação de um número de IP estamos constuindo um controle inaceitável dos cidadãos.
Azeredo representa os segmentos da comunidade de vigilância que não aceita que as pessoas possam criar na rede conteúdos e tecnologias, sem ter que pedir autorização para Estados e para as grandes corporações.
MOMENTO HOBBESIANO E SENSACIONALISMO
Azeredo quer aprovar seu parecer que transforma situações de exceção que só poderiam ser autorizadas pelo Poder Judiciário em regra de funcionamento da Internet. Por isso, seu projeto foi chamado de AI-5 Digital.
É repudiado por todo o movimento democrático e pelos pesquisadores de cibercultura e pelos acadêmicos de diversas universidades do país. Na primeira tentativa de aprovar o AI-5 Digital, a sociedade civil conseguiu arregimentar mais de 162 mil assinaturas em um abaixo-assinado denominado “Pelo veto ao projeto de cibercrimes – Em defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na Internet Brasileira” < http://www.petitiononline.com/mod_perl/signed.cgi?veto2008 >.
Para tentar aprovar o projeto aproveitando os exageros da mídia e o sensacionalismo da Rede Globo e da Revista Época, Azeredo quer transformar um ataque infantil a sites do governo em algo que justifique a aprovação urgente de suas medidas vigilantistas. Nenhuma delas por sinal alteraria o cenário dos ataques. Em um show de sensacionalismo desinformativo, a  Época afirma que os ataques da semana passada foram os maiores que o Brasil já sofreu. Completamente falso. No próprio Parecer que pretende aprovar, Azeredo coloca os dados que mostram que somente no ano de 2009 tivemos mais de 300 mil registro de diversos incidentes na rede no CERT.br.
2006     197.892
2007     160.080
2008     225.528
2009     358.343
2010     142.844
2011      90.759
Fonte:http://www.cert.br/stats/incidentes/
Também, em 2009, foram reportados ao CERT 896 notificações de ataques de negação de serviço, os DOS, que geram a elevação de acessos a um serviço para retirá-lo da rede.
Os ataques da semana passada foram menos lesivos para o governo e para os cidadãos do que os vazamentos “quase analógicos” de dados da Receita Federal, expondo as declarações de renda de inúmeros brasileiros.
Estranhamente um conjunto de ataques gera capa de uma revista importante, uma semana depois do Presidente da Febraban clamar pela aprovacão de uma lei de crimes digitais (leia AI-5 Digital do ex-Senador Azeredo).
Azeredo aprendeu com George W Bush. Espalhar o medo é um bom modo de aprovar medidas extremas que destroem direitos em função de uma pretensa segurança. No fundo, Azeredo quer atender os interesses da Febraban que sonha em responsabilizar provedores de acesso por ataques que venham a sofrer. Igualmente pretende abrir caminho para a indústria do copyright agir a partir da criminalização de práticas corriqueiras na rede, intimidando jovens, bloqueando redes P2P, fechando lan houses e acabando com redes wi-fi abertas.

AZEREDO RETIRA EXPRESSÃO INDEFENSÁVEL DO SEU PROJETO E ACHA QUE ENGANA

Muitos especialistas denunciaram a generalidade abusiva da criminalização pretendida pelo ex-senador. Em julho de 2008 escrevi no blog do samadeu:
“[O projeto Azeredo] abre espaço para intimidar os usuários das redes P2P, permite criminalizar jovens que copiam vídeos de TVs a cabo, músicas de dispositivos de comunicação (CDs, DVDs, i-pods, etc), ela torna a obtenção e transferência de informação em desconformidade com a autorização do titular da rede um ato criminoso. Em seguida, ela obriga os provedores que receberem denúncias de indicíos atos criminosos a entregarem seus usuários para as autoridades, leia-se polícia.
Isoladamente, o artigo 285-B é inaceitável.
“285-B. Obter ou transferir, sem autorização ou em desconformidade com autorização do legítimo titular da rede de computadores,dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, protegidos por expressa restrição de acesso, dado ou informação neles disponível.”
Um filme que está em uma “rede de computadores” ou “dispositivo de comunicação”, por exemplo, um vídeo que passa pela TV a cabo (protegida por restrição de acesso) e que foi postado no Youtube, se for transferido para uma rede P2P, SERÁ CONSIDERADO CRIME PELA LEI DO SENADOR AZEREDO. Esta possibilidade é o que chamo de criminalização das redes P2P e de uma série de repositórios de vídeos, como Youtube.
Além disso, se você comprar um CD e passá-lo para o seu próprio computador, isto deixará de ser uma mera violação da sua licença (uma parte das gravadoras proibem em suas licenças as pessoas de colocarem músicas de seus CDs em pen drives e computadores) e passará a ser crime, pois seria enquadrado como violação de “dispositivo de comunicação” em “desconformidade com a autorização do legítimo titular”.
Azeredo disse que isto era uma inverdade.
Todavia, todos perceberam que o que Azeredo trazia a agenda oculta da Febraban e da Indústria de Copyright.
Agora, Azeredo coloca em seu parecer que é pela aprovação do substitutivo inclusive dos artigos 285-A e 285-B, “exceto as expressões “de rede de computadores, ou” e “dispositivos de comunicação ou”.
O que será que aconteceu? Por que Azeredo mudou de ideia?
Simples. Azeredo quer lançar a confusão e dizer que já resolveu o problema. Na verdade, o artigo continua praticamente igual simplesmente mantendo a expressão “sistema informatizado”. Pen drive é sistema informatizado. TV Digital, reprodutor de DVD, computador, laptop, tablet, também são.
O projeto do atual ex-senador Azeredo continua inócuo contra criminosos, abusivo contra criadores e inovadores; arbitrário diante de cidadãos. Projeto continua criminalizando práticas cotidianas na rede e coibindo a criação de novas tecnologias.
Azeredo sabe que não consegue aprovar o cadastrato obrigatório para acessar a Internet, por isso no artigo 22 joga mais “uma casca de banana”. Veja:
“o artigo 22 trata de obrigações para os provedores do serviço de acesso à Internet no Brasil:
- manter em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de 3 (três) anos, com o objetivo de provimento de investigação pública formalizada, os dados de endereçamento eletrônico da origem, hora, data e a referência GMT da conexão efetuada por meio de rede de computadores e fornecê-los exclusivamente à autoridade investigatória mediante prévia requisição judicial. Estes dados, as condições de segurança de sua guarda e o processo de auditoria à qual serão submetidos serão definidos nos termos de regulamento.”
Repare que ele quer criar um novo mercado de segurança para os seus aliados ao dizer que a “condição de segurança” da “guarda” dos logs de acesso será definida em regulamento, ou seja, pelo Poder Executivo. Além disso, para saber se as lan houses, os telecentros, as prefeituras, as escolas, empresas que fornecem acesso à Internet estão guardando os dados conforme o regulamento, elas terão que ser submetidos a um “processo de auditoria”. Será pago ou gratuito, Azeredo? Ah! Não sabemos, pois isto será feito depois na regulamentação da lei.
Além disso, deveríamos exigir que as informações que os provedores guardam de nossos logs na rede e de nossa navegação sejam armazenadas pelo menor tempo possível, exceto suspeita e ordem judicial. Em uma rede cibernética, não podemos tornar vulneráveis nossa privacidade e direito de navegação sem sermos vigiados.
PARA AZEREDO É PIOR ACESSAR INDEVIDAMENTE UM SITE E COMPARTILHAR UM ARQUIVO EM REDES P2P DO QUE INVADIR UM APARTAMENTO…
Seguindo a linha de exgeros na criminalização, Azeredo exagera nas penas. Penas de acesso indevido vão de 1 a 3 anos enquanto a invasão de domicílio no código penal tem pena mais branda.
NÃO É POR MENOS QUE A PODEROSA ASSOCIAÇÃO DO COPYRIGHT NORTE-AMERICANA PEDIU A APROVAÇÃO DO AI-5 DIGITAL
Buscando ampliar a criminalização de práticas coletivas e cotidianas de milhões e milhões de internautas, a IIPA, Associação internacional de Propriedade Internacional que no relatório 2009 fazia referência a necessidade de aprovar o AI-5 Digital no Brasil, agora chegou aos limites da agressividade.
Leia meu post de fevereiro de 2010 e baixe o Relatório (em inglês).
EM DEFESA DA CIDADANIA NA REDE: PELA APROVAÇÃO DO MARCO CIVIL DA INTERNET.
A estratégia de exagero e de atemorizar a sociedade é antiga. Azeredo tentou dizer que seu projeto seria para proteger as crianças da pedofilia. Pedofilia já é crime. Depois de ver fracassar sua tentativa de enfiar sua agenda dos bancos e da indústria do copyright como proteção das crianças, agora vem dizer que seu projeto visa proteger-nos dos ataques “terroristas”. Quem seriam eles? “Os hackers”. Ocorre que os hackers constroem e desenvolvem coisas. Hackers, como demonstrou Manuel Castells, estão na origem e no desenvolvimento da rede mundial de computadores. Quem destroi são crackers.
Independente da disputa semiológica. Antes de mais nada temos que reivindicar que o projeto que regulamenta a Internet no Brasil e que define os direitos e deveres dos internautas denominado Marco Civil seja enviado pelo Ministério da Justiça para o Congresso Nacional.
O Marco Civil foi construído colaborativamnete pelos diversos setores da sociedade contando com milhares de contribuições em uma plataforma aberta na rede, em duas rodadas, durante mais de seis meses. Não dá para aceitar que o Seandor Azeredo venha dar um tapetão porque o Palocci segurou o projeto ao invés de enviá-lo logo o início da gestão. Não dá prá aceitar que o PSDB venha dar um golpe de mão para apoiar a implantação do vigilantismo e do controle desmedido da rede.
Antes de criminalizar precisamos decidir quais os nossos direitos na rede. Deve ser considerado crime a violação de alguns desses direitos. Não todos.
A liberdade e a diversidade cultural na rede deve sobreviver aos ataques das grandes corporações de dos grupos vigilantistas, inconformados com a liberdade de criação e compartilhamento.
DIGA NÃO AO AI-5 DIGITAL.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eleição no Peru: O temor de Washington

Peru’s Election Could Change Hemispheric Relations, and Washington is Worried
por Mark Weisbrot, no jornal britânico Guardian
Em alguns dias, no 5 de junho, vai acontecer uma eleição que terá influência significativa no Hemisfério Ocidental. Neste momento está muito equilibrado para prever. A maior parte das autoridades de Washington tem se mantida relativamente quieta, mas não há dúvida de que o governo Obama tem muito em jogo no resultado da eleição.
A eleição é no Peru, onde o populista de esquerda e ex-oficial militar Ollanta Humala vai enfrentar Keiko Fujimori, a filha do ex-governante autoritário Alberto Fujimori, que foi presidente de 1990 a 2000. Alberto Fujimori está na cadeia, servindo uma sentença de 25 anos por múltiplos assassinatos políticos, sequestros e corrupção. Keiko deixou claro que ela o representa e a seu governo, e está cercada por assessores dele e ex-autoridades do governo Fujimori.
Fujimori foi condenado por ter “responsabilidade criminal” pelos assassinatos e sequestros. Mas o governo dele foi responsável por assassinatos e abusos dos Direitos Humanos mais amplos, inclusive a esterilização forçada de dezenas de milhares de mulheres, a maioria indígenas.
Entre os dois candidatos, quem você pensa que Washington prefere? Se você escolheu Keiko Fujimori, chutou certo. Conversei na segunda-feira à noite, em Lima, com Gustavo Gorriti, um premiado jornalista investigativo peruano, cujo sequestro foi um dos casos que levaram à condenação de Fujimori. “A Embaixada dos Estados Unidos se opõe fortemente à candidatura de Humala”, ele disse. O professor de governança de Harvard Steven Levitsky, que escreve extensivamente sobre o Peru e atualmente é professor-visitante na Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP), chegou à mesma conclusão: “É claro que a Embaixada dos Estados Unidos aqui vê a Keiko como a opção menos ruim”, ele me disse desde Lima, na terça-feira.
Os oponentes de Humala argumentam que a democracia no Peru correria risco se ele fosse eleito, citando uma revolta militar que Humala liderou contra o governo autoritário de Fujimori. (Mais tarde ele foi perdoado pelo Congresso peruano). Mas é difícil comparar a história dele com os crimes provados de Alberto Fujimori.
Humala também é acusado de ser um aliado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ele se distanciou de Chávez, diferentemente do que fez na campanha presidencial de 2006. Mas tudo isso é apenas um golpe midiático da direita. Chávez tem sido demonizado por toda a mídia do hemisfério, e assim os monopólios direitistas da mídia o usaram como espantalho em numerosas eleições, por anos, com graus variáveis de sucesso. Naturalmente que a Venezuela é irrelevante para a eleição peruana porque quase todos os governos da América do Sul são “aliados de Chávez”. Isso é especialmente verdadeiro sobre o Brasil, Argentina, Bolívia, Equador e Uruguai, por exemplo, todos com relações próximas e colaborativas com a Venezuela.
Como em muitas outras eleições na América Latina, a dominação direitista da mídia é chave para as táticas de assustar o eleitorado. “A maioria das estações de TV e jornais tem trabalhado ativamente por Fujimori nessa eleição”, disse Levitsky.
A ideia de um novo governo Fujimori é assustadora para um número de proeminentes conservadores na política do Peru, que decidiram apoiar Humala. Entre eles está o novelista ganhador do Nobel Mario Vargas Llosa, que odeia a esquerda da América Latina tanto quanto muitos. Humala também recebeu o apoio de Alejandro Toledo, o ex-presidente peruano que disputou o primeiro turno da eleição.
Então, por que Washington prefere [Keiko] Fujimori? A resposta é bem simples: é sobre a diminuição da influência de Washington em seu ex-quintal latinoamericano. Na América do Sul há governos de centro-esquerda na Argentina, Brasil, Venezuela, Equador, Bolívia, Uruguai e Paraguai. Estes governos tem uma posição comum na maioria das questões hemisféricas (e algumas vezes em questões internacionais, como o Oriente Médio) e frequentemente essa posição difere da de Washington.
Por exemplo, quando os militares hondurenhos derrubaram o presidente eleito de centro-esquerda, em 2009, e o governo Obama buscou legitimar o governo golpista através de eleições que outros governos não reconheceriam, foram os poucos aliados direitistas de Washington que primeiro se distanciaram do resto da América do Sul.
Antes de agosto, os únicos governos da América do Sul com os quais Washington podia contar como aliados eram o Chile, o Peru e a Colômbia. Mas a Colômbia sob o presidente Manuel Santos já não é um aliado automático, já que hoje ele tem boas relações de cooperação com a Venezuela. Se Humala vencer, há poucas dúvidas de que vai se juntar à América do Sul na maioria das questões concernentes a Washington. O mesmo não pode ser dito sobre Keiko Fujimori.
E é por isso que Washington se preocupa com esta eleição.
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/cifamerica/2011/jun/02/peru-venezuela
Leia, aqui, sobre o “grande valor” que a palavra do Obama tem no Oriente Médio.

Escritores que ABL preteriu em favor de mervais

eduguim 















A Academia Brasileira de Letras (ABL) acaba de eleger Merval Pereira para a cadeira número 31 da instituição, em substituição ao escritor Moacyr Scliar, falecido em 27 de fevereiro.
Merval escreveu dois livros em sua caudalosa carreira literária. Um deles no ano passado, esculhambando Lula.
Abaixo, a lista de alguns dos literatos que a ABL, ao longo de sua história conservadora, preteriu em favor de “imortais” da estirpe de um ex-presidente José Sarney ou de um cirurgião plástico como Ivo Pitanguy ou, agora, de um Merval Pereira:
Carlos Drummond de Andrade
Cecília Meireles
Clarice Lispector
Erico Veríssimo
Lima Barreto
Mário Quintana
Monteiro Lobato
Vinicius de Moraes
Também não participaram da Academia os escritores Jorge de Lima e Gerardo Melo Mourão, indicados ao Prêmio Nobel de Literatura.
A boa relação da ABL com a ditadura militar é vista até hoje como relativa ao pedágio ideológico que vige na instituição.
Posições políticas, compadrios, high-society, interesses econômicos… Um livro explica a influência desses fatores na ABL: Academia Do Fardão e Da Confusão (Geração Editorial), do escritor Jorge Fernando.
A ABL “imortalizou” oligarcas endinheirados, playboys e, agora, os idiotas. Pensando bem, faz sentido.

Comentário Amoral:
Ainda vai chegar a vez de eminências pardas como ACM Neto e a compilação de seus discursos na Câmara, além de Aécio e o rol de roupa suja enviado à lavanderia!

Do ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, logo depois da eleição do jornalista Merval Pereira na Academia Brasileira de Letras, em seu perfil no twitter:

- Há 9 anos publiquei uma coletânea com meus discursos no Senado. Como ando meio sem ter o que fazer, acho que vou concorrer a uma vaga na ABL.

PodreOnline

terça-feira, 31 de maio de 2011

A Campanha babaca do ano.


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terça-feira, 10 de maio de 2011

SENTINELA DO CAOS


Clique aqui para ver o especial Fome e Desordem Financeira Mundial
Para medir a consistência das avaliações de José Serra sobre a "crise" da economia brasileira -- listadas na estréia de seu blog, convém analisar a acurácia de previsões anteriores do luminar tucano. Em 2009, numa reunião do PSDB, o então governador de SP previa nada menos que o esfarelamento do país sob o tsunami do colapso financeiro mundial. E criticava as medidas tomadas pelo Presidente Lula que, como se sabe, fizeram o Brasil fechar 2010 com a criação de 15 milhões de empregos em oito anos de governo petista. Ah, sim, Serra perdeu a eleição para Dilma, perdeu o chão no PSDB, perdeu credibilidade junto à direita, perdeu o discurso e virou um blogueiro a torcer pelo caos para recuperar  algum espaço no PSDB e na política brasileira. CONFIRA AQUI.    
(Carta Maior; 3º feira, 10/05/ 2011)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Grupo de extrema-direita ameaça Dilma de morte


Reproduzo e-mail que recebi do leitor F. O. contendo denúncia gravíssima.
—–
Eduardo,
encaminho e-mail que acabei de receber de um grupo denominado “Guararapes” (formado por militares). Está espalhando na internet. Achei grave. Em minha opinião, há uma ameaça expressa de morte a Dilma.
Talvez seja o caso de encaminhá-lo ao Ministério Público Federal ou à Polícia Federal. Afinal, trata-se de um e-mail enviado por uma associação registrada em cartório, conforme você verá a seguir.
F. O.
—–
O BURACO É GRANDE.
Doc. nº 43- 2011
Estamos começando o ano e o governo tapando os buracos deixados pelo o irresponsável que saiu. Tal é o ROMBO que o aumento do salário mínimo foi uma guerra. Ficou em R$545,00 e pronto; e quem foi contra pode ser expulso pelo “DEMOCRATA” PT.
O irresponsável continua a querer  fazer comício pelo Brasil e mundo afora. Quer cobrar 200 mil por palestra. Quem vai sair de casa para ouvir analfabeto dizer que é Deus, só se for maluco, ou tolo enganado.
Não adianta querer cobrir o sol com a peneira. Em janeiro de 2003 a dívida total Brasileira (interna mais externa) era de 1 trilhão cento e 3 bilhões e em dezembro de 2010 de 2 trilhões trezentos e oitenta e oito milhões de reais, representando um aumento nominal de 98,31%. No período, gastou-se com o serviço da dívida a importância de R$1.665,2 bilhões.(Ricardo Bergamini)
A dívida externa que se tinha anunciado extinta – mas à custa da interna -, voltou a subir e já ultrapassa a casa dos 200 bilhões de dólares. A inflação torna-se uma preocupação e já chegou a cerca de 6%. Planejam-se os cortes possíveis, com prejuízo do resto. O BURACO DO DÉFICIT DO INSS CHEGOU A R$44,3 BILHÕES. O orçamento de 2010, para fechar, teve que passar uma importância acima de 72,4 bilhões de restos a pagar.
A grande maravilha de tudo isso é que o governo atual, responsavelmente, até, procura cortar despesas e determina um contingenciamento de R$50 bilhões e não deixa subir demais o salário mínimo para não aumentar a falência do maior número de municípios brasileiros, e da própria economia. Diz o IPEA: “em 2005 23,1% da população mais pobre estava desempregada e em 2010 passou para 33,3%, já na população mais rica o desemprego diminuiu 57,1%”. FOLHA DE SÃO PAULO de 20 – fev- 2011. E agora José o que dizer?
É de ficar com cabelo arrepiado quando se somam: serviço da dívida, déficit da Previdência, restos a pagar e todo mundo querendo ser empregado do governo. Sabe-se que o governo passado aumentou as despesas com pessoal irresponsavelmente, dando emprego a rodo, protegendo sobretudo a petralha ou com a intenção de compra de votos.
O GOVERNO ATUAL se encontra num beco sem saída. Se corre o bicho pega e se ficar a cobra morde. E agora José? Estamos precisando de coragem e de um estadista para salvar o Brasil. Os demagogos e ladrões estão de boca aberta, querendo engolir o maior pedaço do que resta do bolo.
Ricardo Bergamini nos informa o seguinte: De janeiro de 2003 até dezembro de 2010, apenas com Serviço da Dívida – R$ 1.665,2 bilhões (8,12% do PIB); Transferências Constitucionais e Voluntárias para Estados e Municípios – R$ 1.104,5 bilhões (5,39% do PIB); Previdência INSS – R$ 1.377,7 bilhões com 23,9 milhões de beneficiários (6,72% do PIB) e Custo Total com Pessoal da União – Civis e Militares – Ativos, Aposentados e Pensionistas – R$ 999,3 bilhões com 2.208.596 de beneficiários (4,87% do PIB) totalizando R$ 5.146,7 bilhões (25,11% do PIB), comprometeram-se 90,23% das Receitas Totais (Correntes e de Capitais) no período, no valor de R$5.704,0 bilhões (27,82% do PIB)
A PRESIDENTE OU APERTA OU O BICHO COME. A GUERRA COMEÇOU AGORA. PENSANDO NO BRASIL, SÃO MUITO POUCOS. SE ABRIR O COFRE PARA GANHAR VOTO NO CONGRESSO, MORRE.
VAMOS REPASSAR! A INTERNET É A NOSSA ARMA!
ESTAMOS VIVOS! GRUPO GUARARAPES! PERSONALIDADE JURÍDICA sob reg. Nº12 58  93. Cartório do 1º registro de títulos e documentos, em Fortaleza . Somos 1.780 civis – 49 da Marinha -  474 do Exército – 51 da Aeronáutica; 2.354. In Memoriam 30 militares e dois civis.
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30 . ABR. 2011.
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