Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 25 de abril de 2017

Moro, já ouviu falar em Perón? Quer um cadáver em Curitiba?

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Prende ele, Moro! Leva para a Ilha do Diabo!
Em 1945, ao vencer a II Guerra, os americanos trataram de se livrar de alguns líderes que os atormentavam.
Depuseram Vargas e demitiram Perón, que era Ministro da Assistência Social, já na companhia da Evita.
Os militares argentinos prenderam Perón na isla Martín Garcia, no rio da Prata.
Um milhão de argentinos foram para as ruas de Buenos Aires e arrancaram Perón da cadeia.
Perón saiu de lá e se elegeu Presidente da Argentina, contra um candidato Radical, que levava o embaixador americano para o palanque.
Esses aventureiros da Força Tarefa da Lava Jato se acham no direito de abusar da arbitrariedade - e da autoridade, como diz o Requião - e acham que podem cometer qualquer violência.
(Não deixe de ler a aula do professor Lenio Streck sobre alucinados do "Direito".)
Embarcaram na histeria da Globo Overseas Investment BV e na fúria do Ataulpho Merval, que quer ser o Japa que vai levar o Lula algemado à cadeia (a tempo de pegar o jornal nacional...)
O mundo da política, já se percebe, está longe dessa histeria, da prisão do Lula a qualquer custo...
Mineirinho, o Careca e o Santo, sem falar nos caciques do PMDB, não embarcaram nessa histeria.
Eles já viram no que deu embarcar no Golpe: a primeira vítima do Golpista é o Golpista...
(O FHC Brasif, sim, permanece na caça ao Lula, porque não tem mais nada a perder... Nem a reputação... Só os imóveis ...)
É porque a Política conhece a História - não é como esses neófitos presunçosos da Lava Jato e seus trombones no PiG.
Aqui, no Brasil, os militares foram mais espertos que os argentinos e não prenderam Vargas.
Foram mais prudentes.
Adiaram a volta dele ao poder, por quatro anos.
E botaram no poder o Dutra, um FHC, um MT.
Depois, é verdade, os militares mandaram o Lacerda puxar o gatilho do revólver que ele tinha no peito.
Mas, essa é outra História.
Quem quiser conhecer os detalhes da esclarecedora narrativa sobre a prisao do Peron, recomenda-se assistir ao excelente filme Juan e Evita ou ler o capítulo "Mundo" do também excelente livro de Aldo Rebelo, "O jogo vermelho".
PHA

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Os comunistas do Colégio Central da Bahia Uma história de resistência!

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Carteira de filiação de Marighella ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) - Crédito: Reprodução
Conversa Afiada publica artigo de Emiliano José:
Três comunistas do Colégio Central da Bahia
Emiliano José
O primeiro, nasce em 5 de dezembro de 1911.
O segundo, em 2 de outubro de 1912.
O terceiro, em 14 de junho de 1923.
Marighella, Maurício e Mário.
Baianos.
Os três estudaram no assim nascido Liceu Provincial, e nascido nas lonjuras de 1836, e mal surgido, com vida interrompida pela Sabinada, movimento separatista a pretender a proclamação do Estado livre e independente da Bahia.
Eclética programaticamente, a Sabinada não apoiava a monarquia constitucional unitária, nem a proclamação da República, ficava a meio caminho. Firmava o compromisso de revisar tudo no momento da maioridade de D. Pedro II.
Tal revolução, datada de 7 de novembro de 1837, condenava a aristocracia e defendia a abolição do trabalho escravo. Propostas obviamente ousadas para a época, sem que, no entanto, as lideranças apontassem os caminhos para alcançar objetivos tão avançados. Não prosperou. Mas Salvador viveu dias turbulentos com os sabinos.
O ensino foi seriamente afetado.
Até porque havia alguns professores envolvidos na insurreição, o mais famoso dos quais o padre Antônio Joaquim das Mercês.
Tanto o Liceu Provincial como a Escola Normal, nascida também em 1836, tiveram suas atividades interrompidas por conta da revolução, última das sublevações armadas da Bahia. Como Salvador, as escolas só voltaram à normalidade em 1842.
As duas escolas foram criadas para cobrir lacunas.
O Liceu, para substituir as aulas avulsas de latim, francês e grego.
A Escola Normal, para formar professores do ensino elementar.
O Liceu Provincial tornou-se Ginásio da Bahia. Depois, Colégio Central, nome consagrado até hoje.
Os três estudaram no Central.
Um ninho de comunistas, assim o pensamento conservador qualificava o Central.
Talvez tivesse razão.
Por volta dos anos 40 do século XX, o PCB contava com sete células estudantis, coisa de 20 militantes, o que pode parecer pouco. Mas, só parece para quem não conhece a capacidade da militância comunista no período, a preparação de cada um dos estudantes que ingressavam no partido. Esses poucos militantes foram os principais organizadores das grandes manifestações de massa ocorridas em Salvador a favor da entrada do Brasil na Guerra Mundial, o que acabou acontecendo.
Carlos Marighella, dos três, o precursor.
Nascido em Salvador, espírito irrequieto, do samba de roda, da capoeira, do futebol, carnavalesco e namorador, poeta, inteligência rara, famoso na Baixa dos Sapateiros onde nasceu, comunista muito jovem, revela-se um arguto provocador ao responder provas em versos, o Central foi o seu berço, que lhe deu régua e compasso. Preso na Bahia por Juracy Magalhães em 1932, entra para o PCB, é preso outra vez no Rio de Janeiro no 1º de Maio de 1936, violentamente torturado, sai em julho de 1937, e pouco mais de três anos depois da segunda prisão é encarcerado novamente, 26 de maio, em São Paulo, saindo apenas com a anistia em 1945.
Em seguida, elege-se deputado federal constituinte pela Bahia, já legenda do PCB, recém-legalizado, condição efêmera, mandato-relâmpago, pois o partido foi colocado na ilegalidade em maio, sempre maio, do ano de 1947. Junto com ele, Marighella também na clandestinidade, e nessa situação vai viver até o momento em que é assassinado na Alameda Casa Branca, em São Paulo, no dia 4 de novembro de 1969, num cerco armado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Marighella já então militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), surgida do inconformismo de comunistas insatisfeitos com os rumos adotados pelo PCB, considerados reformistas, sem capacidade para enfrentar a conjuntura de ditadura. Era então considerado o inimigo número um da ditadura militar, que não o queria vivo. Tornou-se, morto, uma referência ainda maior para a esquerda brasileira, por sua coragem e combatividade, exemplo para todos os que se dispõem a lutar pela revolução.
Maurício Grabois, também de Salvador, também do Central, onde aprendeu as primeiras lições comunistas. Muito cedo, foi dirigente da Juventude Comunista, e integrou a Aliança Nacional Libertadora, que tentou a Insurreição de 1935, derrotada.
Com 19 anos, vai para o Rio de Janeiro, estuda na Escola Militar de Realengo, depois na Escola de Agronomia, abandonada no 2º ano em favor da atividade política revolucionária. Edita o jornal A Voz Operária e passa a dirigir a Editora Vitória, ambos do PCB.
É preso no verão de 1941, solto em 1942. Um dos organizadores da Conferência da Mantiqueira, fundamental para a reorganização do PCB, nela é eleito para o Comitê Central do partido.
É eleito deputado federal para a Constituinte, e lidera a bancada comunista.
Com o partido cassado, cai na clandestinidade. Em 1954, no IV Congresso, é reeleito para o Comitê Central.
Em 1962, insubordina-se com a orientação considerada reformista do PCB, e funda o PCdoB ao lado de vários outros companheiros, como João Amazonas, Diógenes Arruda e Pedro Pomar.
Chega à região do Araguaia em dezembro de 1967 para organizar a luta armada revolucionária na perspectiva maoísta. Com ele, segue o filho André Grabois, morto na selva pela ditadura em 1972. Maurício Grabois é morto no natal de 1973 por forças militares do Exército. Tornou-se uma referência para os comunistas.
O terceiro, filho de latifundiário de Sento Sé, sertão da Bahia, Mário Alves, chegou ao Central em 1935, ingressa no PCB em 1939 aos 16 anos, recruta ninguém menos que Jacob Gorender para o partido, torna-se orador combativo nas manifestações a favor da entrada do Brasil na II Guerra contra o nazifascismo, torna-se jornalista do jornal O Estado da Bahia, seu primeiro emprego.
Torna-se, com apenas 20 anos, dirigente do Comitê Central como resultado da Conferência da Mantiqueira.
Em 1945, é diplomado em Ciências Sociais. Joga pro alto o emprego na imprensa burguesa – afasta-se de O Estado da Bahia, a rede dos Diários Associados. Torna-se, aos 23 anos, o redator-chefe de O Momento, o primeiro jornal comunista do período da fugaz legalidade do PCB. Ali ganhava apenas o suficiente para se manter. Enfrentou o empastelamento do jornal em 27 de maio de 1945, sob o governo de Otávio Mangabeira, conhecido por posições democráticas, mas cedendo ao endurecimento de Dutra.
Em 1947, segundo semestre, vai para o Rio de Janeiro, profissionalizado pelo partido. Com o crescimento repressão sob Dutra, segue para São Paulo. Dirige depois a Escola do PCB, orientando os cursos de formação. Vai tornar-se um dos principais quadros teóricos do partido.
Veio 1964, e Mário Alves, ao lado de Apolônio de Carvalho e Jacob Gorender, funda o PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), opondo-se, como Marighella e Grabois, ao que considerava conciliação do PCB, e passa a defender a luta armada. Cai na noite de 16 de fevereiro no Rio de Janeiro, no bairro de Cascadura, Rio de Janeiro. É morto empalado, de modo atroz. Nunca será esquecido: foi modelo de militante comunista, capaz sempre de unir teoria e prática, leal aos seus ideais e a seus camaradas.
Curioso, o destino dos três.
Um mesmo berço: a Bahia.
Um mesmo colégio, o Central.
A beleza da opção pelo comunismo na juventude.
Vidas que não se deixam seduzir pelos encantos burgueses.
Um mesmo caminho na maturidade: o rompimento com o PCB e a adesão à luta armada.
Um mesmo fim, trágico: o assassinato nas mãos sangrentas da ditadura.
Seus erros, à luz da história, podem ser discutidos hoje.
Ninguém deixará de lembrar de seus exemplos, de seu amor às grandes causas da humanidade.
Pudessem, e poderiam dizer, com Brecht no seu belo poema “Aos que virão depois de nós”:
...Ah, os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.
Vós, porém, quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem,
lembrai-vos de nós
com indulgência.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

GLOBO NÃO QUER QUE VOCÊ VOTE PARA PRESIDENTE

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Derretimento de Temer e tucanos pode suspender eleição de 2018

2018-capa
Se não levássemos em conta os retrocessos institucionais que o golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff já acarreta, não seria de todo mau os brasileiros estarem tendo a oportunidade de experimentar o que é ser governado pela direita, sobretudo por uma direita tosca como a que congrega PSDB e PMDB.
O golpe se abateu sobre o Brasil em um momento em que muitos, à esquerda, já não valorizavam as conquistas sociais da era petista, atribuíam a si mesmos a melhora de vida que tiveram só a partir de 2003 e, loucura das loucuras, afirmavam que PT e PSDB seriam “a mesma coisa”.
O golpe, como era previsto, além de não melhorar a economia – já que a crise política continua, apesar de, com Temer, o Congresso ter parado de sabotar o governo federal – ainda trouxe uma avalanche de projetos de medidas antipopulares que prometem piorar a vida do brasileiro – hoje e pelas próximas gerações.
Até antes das eleições, muitos não acreditavam em uma reforma draconiana da Previdência, em terceirização descontrolada do mercado de trabalho e, pior do que tudo, em uma reforma trabalhista que permitisse aos empresários contratar funcionários sem pagar direitos trabalhistas como férias, 13º salário, fundo de garantia etc.
Como se não bastasse, o golpe ainda gerou uma proposta de mudança da Constituição de um teor destrutivo tão grande que fez com que a Organização das Nações Unidas se manifestasse.
Na semana que finda, o relator especial da ONU sobre a extrema pobreza e os direitos humanos, Philip Alston, advertiu que os planos do governo do Brasil de limitar durante 20 anos os gastos sociais “são totalmente incompatíveis” com as obrigações do país em relação aos direitos humanos.
Como se sabe, o Senado deve votar em 13 de dezembro uma emenda à Constituição, conhecida como PEC 55, que limitaria durante 20 anos o crescimento da despesa federal com relação à taxa de inflação do ano anterior.
“O principal e inevitável efeito desta proposta de emenda à Constituição (…) prejudicará os pobres durante décadas”, afirmou Alston em comunicado.
“Se for adotada, esta emenda bloqueará despesas em níveis inadequados e rapidamente decrescentes em saúde, educação e seguridade social e colocará em risco uma geração inteira de receber uma proteção social abaixo dos padrões atuais”, advertiu.
Na opinião do relator especial, “é completamente inadequado congelar só a despesa social e atar os mãos de todos os futuros governos durante outras duas décadas”.
Nesse sentido, o relator da ONU sustentou que, se a emenda for aprovada, o Brasil entrará em um “retrocesso social”.
Não foi o PT que disse isso, foi a ONU, através da pessoa indicada pela organização para fiscalizar as políticas públicas relativas à pobreza e aos direitos humanos. A direita brasileira, claro, dirá que a ONU é “comunista”, apesar de ser controlada pelas maiores potencias capitalistas do planeta.
O mundo está boquiaberto com o que está acontecendo no Brasil, país que, com anuência de grande parcela do seu povo, tirou um governo voltado para a dramática questão social do país para colocar, no lugar, fanáticos de ultradireita que se mostram dispostos a promover um genocídio social.
Em resumo, o que ocorreu no Brasil é que tiraram a parte boa do governo Dilma (ou seja, ela própria e o PT) e deixaram a parte ruim, que logo se aliou ao PSDB, outra excrescência ultraconservadora conhecida pela insensibilidade social.
É por essas e por outras que a comunidade internacional já vê o processo político no Brasil como uma ameaça. Um sólido indício desse fenômeno foi justamente um órgão de imprensa internacional famoso pelo seu conservadorismo decidir premiar duas mulheres derrotadas pela ultradireita em seus respectivos países.
A escolha de Dilma Rousseff e Hillary Clinton como “mulheres do ano” pelo jornal britânico Financial Times sinaliza preocupação da comunidade internacional com os governos que estão ascendendo em dois dos maiores países do mundo, Brasil e Estados Unidos.
A ascensão de Donald Trump nos EUA e do consórcio tucano-peemedebista no Brasil deve acirrar problemas sociais nas Américas e, muito provavelmente, desencadear novas aventuras militares dos norte-americanos.
O mundo vê com preocupação a ascensão fascista nas Américas.
É nesse contexto que o drama brasileiro chega a uma nova etapa, a etapa em que começa a cair a ficha de boa parte dos brasileiros que aderiram ao golpe ou que ao menos condescenderam com ele.
Um bom indício disso é a súbita mudança de atitude da grande imprensa conservadora. Prevendo o que vem por aí, Globos, Folhas, Vejas e Estadões já se preparam para descartar Temer, o PMDB e até o PSDB, como forma de “salvar a cara” diante da comunidade internacional, para a qual já não há mais dúvida de que o Brasil sofreu um golpe de Estado.
Nas últimas semanas, ocorreu o impensável. Tanto o Jornal Nacional quanto a revista Veja atacaram os políticos mais importantes do PSDB.
2018Provavelmente foi a primeira vez no século XXI que o Jornal Nacional e a Veja divulgaram acusações contra Geraldo Alckmin e José Serra.
Aliás, quando a Folha de São Paulo, em 28 de outubro, publicou manchete de primeira página acusando Serra de corrupção, o Jornal Nacional escondeu. Na noite da última sexta-feira (9/12), o telejornal deu a notícia sobre Serra que ocultou em outubro e ainda a denúncia do mesmo jornal, no mesmo dia, contra Alckmin.
O que significa isso? Por que, do nada, o JN e a Veja, que jamais noticiaram nada contra Serra e Alckmin, mudaram tão radicalmente de atitude?
Alguns dirão que a má fama que a grande mídia brasileira está construindo mundo afora, após o golpe, a está obrigando a mudar de atitude. Porém, convenhamos: quem, nesse mesmo mundo afora, não sabe que Globo, Folha, Estadão etc. apoiaram a ditadura militar?
Ora, a imagem internacional da imprensa golpista brasileira nunca foi boa. Por que ela haveria de se preocupar, agora, com isso?
Nas sondagens que o Blog vem fazendo, o consenso é o de que Temer só será mantido no poder até tomar as medidas impopulares que a direita golpista, que congrega megaempresários, grupos de mídia e políticos querem – reformas da Previdência, Trabalhista e do teto de gastos (sociais) do governo.
Feito o serviço sujo, ele não teria mesmo mais como governar. Haverá uma convulsão social que, no plano dos golpistas, só será contida derrubando Temer e colocando um “nome de consenso” no lugar.
O consórcio golpista tem três nomes na manga, na ordem de preferência em que são apresentados:
1 – Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente e xodó da mídia desde sempre
2 – Cármen Lúcia, presidente do STF e quarta na linha sucessória
3 – Nelson Jobim, que foi ministro de FHC e de Lula e ministro do STF
Uma observação: Carmén Lúcia ser a 4ª na linha sucessória não tem a menor importância nesse caso, porque se Temer cair após 31 de dezembro próximo a lei impõe que o presidente substituto seja escolhido via eleição indireta, pelo Congresso Nacional.
Aí, então, vem a bomba: poucos analistas bem informados acreditam (1) que Temer chegue a 2018 e (2) que haja eleição presidencial em 2018.
Nos últimos dias, este blogueiro conversou com grande parte dos blogueiros e jornalistas de esquerda mais influentes e uma infinidade de outros analistas políticos. Praticamente ninguém acredita que, com a desmoralização da direita que vem por aí, esta vai se arriscar a disputar a eleição daqui a quase dois anos.
As reformas da Previdência e trabalhista e o teto de gastos do governo farão cair a ficha dos brasileiros. Até na classe média alta haverá uma grande parcela de frustrados pelo golpe. Sim, os paneleiros não vão gostar do que vem por aí.
2018, portanto, encerra duas possibilidades preocupantes para a direita golpista-midiática.
A principal preocupação da direita é a eleição de um político de esquerda, porque um governo de esquerda, após tudo que ocorreu no Brasil, não iria ser “paz e amor” como os governos Lula e Dilma. Iria para as cabeças já desde o início, para cima dos golpistas.
Uma preocupação menor, mas ainda assim uma preocupação, seria a eleição de um psicopata como Jair Bolsonaro, que poderia jogar um Brasil em uma rota imprevisível e até em uma nova ditadura militar.
Aliás, o teto de gastos do governo e as reformas trabalhista e da Previdência também podem fazer os militares saírem da toca. É grande a possibilidade de essas medidas, aliadas à queda livre da economia – que não vai parar enquanto prosseguir a crise política –, acarretarem uma convulsão social de proporções inéditas e assustadoras.
Aí os militares interviriam. Sem a menor sombra de dúvida.
O mais interessante em tudo isso é que praticamente ninguém ganha nesse jogo de soma zero. O Brasil vai se tornando uma incógnita tão obscura que, nessa toada, uma fuga de capitais é até lógica.
Aonde tudo isso vai parar? A depender do ânimo de grande parte da militância golpista, não vai parar, vai piorar. Já os protagonistas do golpe, não se sabe o que pensam.
A postura da mídia de parar de proteger os tucanos poderia indicar desejo de se afastar do golpe e voltar para seu papel institucional, mas chega a ser ingênuo supor isso. O mais provável é que a direita-midiática ainda tenha planos para transformar o Brasil em uma grande Senzala, com uma Casa Grande habitada por muito poucos.
Oremos – ou torçamos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Aragão: isso aqui não é um lupanar! Nem taverna!

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Em 23 de fevereiro de 1981, o tenente-coronel Antonio Tejero Molina, da Guarda Civil espanhola, invadiu, com uma tropa de 200 homens, o Congresso dos Deputados das Cortes, em Madri, ao tempo em que era juramentado o primeiro-ministro Leopoldo Calvo Sotelo. Exigiam os revoltados a constituição de um governo de salvação nacional sob o comando do General Alfonso Armada. Tratava-se de tentativa de restauração do regime franquista e de abortar o recém inaugurado processo de democratização do país. A revolta foi sufocada e Tejero Molina, juntamente com seus homens presos, expulsos da Guarda Nacional e condenados a longas penas de reclusão.

Em 16 de novembro de 2016, um grupo de fascistas celerados invade o plenário da Câmara dos Deputados em Brasília para exigir o retorno da ditadura militar. Agridem agentes da polícia legislativa, quebram a porta de vidro do recinto, sobem com seus sapatos sobre a mesa da presidência e arrancam o pavilhão nacional de seu mastro para pisoteá-lo. Interrompem com sua algazarra a sessão do legislativo, ameaçam os presentes, tudo sob os olhares contemplativos da segurança e do presidente da Casa, Waldir Maranhão, que parece mais surpreso do que indignado. Controlada a baderna, os invasores são detidos, não sem tentativa de alguns deputados da direita política de passar panos quentes. Resolve-se tomar o depoimento de todos e permitir-lhes o tranquilo regresso a seus lares, como se o acontecido fosse um irrelevante incidente, merecedor apenas de jocosos comentários da mídia local.

Essa diferença de tratamento entre os revoltados espanhóis e os celerados brasileiros traduz bem o grau de decomposição das instituições nacionais depois do deprimente espetáculo do 17 de abril do ano corrente, quando a casa baixa do parlamento pátrio resolveu acatar pedido de instauração de processo de impedimento da Senhora Presidenta da República Dilma Rousseff, num grande carnaval de um desqualificado baixo clero de mandatários, sob a batuta mesquinha de Eduardo Cunha, hoje preso para garantia da ordem pública, acusado de milionário desvio e apropriação de recursos públicos.

Na Espanha, as instituições funcionaram e o país pode celebrar já mais de 40 anos de restauração da democracia. No Brasil, as instituições não se fazem respeitar e, depois de incipiente tentativa de construção de uma democracia inclusiva, o país afunda no caos planejado por quem não aceitou o resultado das eleições presidenciais de 2014.

No mesmo dia 16 de novembro de 2016, assistimos atônitos a um pai assassinar seu filho por ter este participado de protestos estudantis de ocupação de escolas; a um ministro da Corte Suprema faltar ao decoro ao destratar publicamente seu par e a um carro oficial com senadores a bordo atropelar manifestantes que bloqueavam seu caminho ao Palácio da Alvorada. Lá o Sr. Michel Temer recebia, com banquete custeado pelos contribuintes, parlamentares de sua base de apoio (aqueles mesmos que rasgaram os votos de 54 milhões de brasileiros), para garantir a aprovação de emenda constitucional que condenará o Brasil ao desinvestimento público para os próximos vinte anos, sem prejuízo à manutenção plena dos lucros dos rentistas da dívida pública.

Este é nosso terrível estado da arte. A ousadia inconsequente dos reacionários e inimigos da democracia não tem fim. A cada dia um golpe dentro do golpe, direitos desconstruídos, violência política desatada, a alimentar a desesperança dos democratas, enquanto os celerados dançam em volta da fogueira com a cabeça sangrenta da democracia num tabuleiro, feitos Salomé, filha de Herodias, com a cabeça de São João.

Até quando vamos tolerar essa degradação de nossas instituições? Nenhuma parece se salvar. Nas ruas, a violência da intolerância política se torna senso comum. O entusiasmo irrefletido de pessoas obnubiladas pelo discurso de ódio e iludidas com populismo dos órgãos de persecução penal festeja a ruptura constitucional e se esbalda com a exibição pornográfica de políticos e empresários presos para o gáudio da "opinião pública". Trata-se de estratégia bem estudada de semear a infelicidade dos amantes brasileiros da liberdade e torná-los estáticos, incapazes de reagir.

O fascismo se alimenta do desespero e do ódio. É essencialmente perverso. Irriga cérebros com adrenalina a bloquear a capacidade de discernimento dos humanos. Onde endorfinas e serotonina conseguem empurrá-la, para distribuir felicidade em nossas mentes, o fascismo não tem lugar. Por isso, temos que resistir ao derrotismo. Resistir sempre. A luta por dias melhores e o amanhã de nossos filhos e netos só está começando.

Precisamos nos tornar mais dialógicos, conquistar corações e mentes ainda perturbadas pela intensa campanha de desesperança e de descrença na resiliência de nossa democracia. Exijamos o cumprimento da constituição e das leis contra os que a maltratam, sejam eles parlamentares, juízes, procuradores ou gestores. Não aceitemos o esgarçamento de nosso tecido institucional e cobremos respeito pela liturgia dos cargos públicos. Façamos que nem nossos jovens, que nos enchem de esperança ao se contraporem à destruição do sistema educacional: não podemos dar trégua.

O Brasil merece o respeito às instituições e o repudio àqueles que as querem transformar em tabernas ou lupanares. Quanto às autoridades, como tais só podem ser tratadas, quando prestigiam o lugar que lhes é confiado pelo povo. Quando o desmerecem, perdem sua condição e se equiparam a moleques em turba rueira. É bom que disso se lembrem, pois o destino daqueles que desafiam a democracia, num estado civilizatório pleno, não pode ser diferente daquele que os espanhóis deram ao tenente-coronel Antonio Tejero Molina.
Eugenio Aragão, ex-ministro da Justiça, 
que chamou os dallagnóis de fascistas

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Oliver Stone: Dilma sofreu golpe com apoio dos EUA

Ricardo Stuckert


O diretor de cinema Oliver Stone visitou o ex-presidente Lula nesta terça-feira, 8, em São Paulo; ele está no Brasil para divulgação do filme sobre o ex-agente da NSA Edward Snowden, dirigido por ele; em entrevistas à imprensa, Oliver Stone foi categórico ao afirmar que o que aconteceu no Brasil foi um golpe de Estado, e com a participação dos Estados Unidos; "É, verdadeiramente, a definição de um golpe de Estado. E os Estados Unidos apoiaram. Eles reconheceram o novo governo imediatamente", afirmou; "Eles [os norte-americanos] estão ouvindo atentamente as questões brasileiras. Estavam focados na Dilma, na Petrobrás e tenho certeza que eles contribuíram com informações", afirmou; segundo Stone, a esquerda americana não tem um candidato com o perfil de Lula; "Os Estados Unidos precisam de um candidato como o Lula", afirmou 

SP 247 - O diretor de cinema Oliver Stone visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira, 8, em São Paulo. Stone está no Brasil para divulgação do filme sobre o ex-agente da NSA Edward Snowden, dirigido por ele. Snowden: herói ou traidor entra em cartaz quinta-feira (10) no circuito nacional de cinemas e traz questionamentos sobre o controle exercido pelo modelo imperialista geopolítico norte-americano.

Em entrevista ao UOL, Oliver Stone foi categórico ao afirmar que o que aconteceu no Brasil foi um golpe de Estado, que teve participação dos Estados Unidos. "É, verdadeiramente, a definição de um golpe de Estado. E os Estados Unidos apoiaram. Eles reconheceram o novo governo imediatamente", afirmou.

Já à GC Brasil, Oliver Stone defendeu falou sobre as eleições americanas e disse que os Estados Unidos podem ter participado "de alguma forma, do golpe no Brasil". "Você viu no filme: eles [os norte-americanos] estão ouvindo atentamente as questões brasileiras. Estavam focados na Dilma, na Petrobrás e tenho certeza que eles contribuíram com informações. Os EUA estão trabalhando em todos os lugares do mundo: Ucrânia, Ásia, Europa, para atingir seus objetivos. Tem a ver muito com o que o Snowden fala: controle total, nova ordem mundial", afirma.

"Mas lutar pelo seu ideal e ir à guerra por ele é uma coisa, mudar regimes é outra - algo muito perigoso. Deixem as pessoas em paz e deixem terem seu próprio governo", acrescenta o diretor.

Segundo Stone, que é admirador de Lula há anos, a esquerda americana não tem um candidato com o perfil de Lula. "Os Estados Unidos precisam de um candidato como o Lula", afirmou.
Leia na íntegra a entrevista de Oliver Stone

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Em editorial, Folha critica o “banditismo”: ditador Médici faz governo “sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular”

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Por Viomundo

Banditismo

Publicado em 22 de setembro de 1971, no auge da ditadura militar que prendeu, torturou e desapareceu com pessoas, na Folha de S. Paulo

por OCTAVIO FRIAS DE OLIVEIRA
A sanha assassina do terrorismo voltou-se contra nós.
Dois carros deste jornal, quando procediam ontem à rotineira entrega de nossas edições, foram assaltados, incendiados e parcialmente destruidos por um bando de criminosos, que afirmaram estar assim agindo em “represalia” a noticias e comentarios estampados em nossas paginas.

Que noticias e que comentarios? Os relativos ao desbaratamento das organizações terroristas, e especialmente à morte recente de um de seus mais notorios cabeças, o ex-capitão Lamarca.
Nada temos a acrescentar ou a tirar ao que publicamos.

Não distinguimos o terrorismo do banditismo. Não há causa que justifique assaltos, assassinios e sequestros, muitos deles praticados com requintes de crueldade.

Quanto aos terroristas, não podemos deixar de caracterizá-los como marginais. O pior tipo de marginais: os que se marginalizam por vontade propria. Os que procuram disfarçar sua marginalidade sob o rotulo de idealismo politico. Os que não hesitaram, pelo exemplo e pelo aliciamento, em lançar na perdição muitos jovens, iludidos, estes sim, na sua ingenuidade ou no seu idealismo.

Desmoralizadas e desarticuladas, as organizações subversivas encontram-se nos estertores da agonia.
Da opinião publica, o terror só recebe repudio. É tão visceralmente contrario às nossas tradições, à nossa formação e à nossa indole, que suas ações são energicamente repelidas pelos brasileiros e por todos quantos vivem neste país.

As ameaças e os ataques do terrorismo não alterarão a nossa linha de conduta.
Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca houve.

E de maneira especial não há hoje, quando um governo serio, responsavel, respeitavel e com indiscutivel apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social — realidade que nenhum brasileiro lucido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama.

O Brasil de nossos dias é um país que deseja e precisa permanecer em paz, para que possa continuar a progredir. Um país onde o odio não viceja, nem há condições para que a violência crie raizes.
Um país, enfim, de onde a subversão — que se alimenta do odio e cultiva a violencia — está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da Imprensa, que reflete os sentimentos deste. Essa mesma Imprensa que os remanescentes do terror querem golpear.

Porque, na verdade, procurando atingir-nos, a subversão visa atingir não apenas este jornal, mas toda a Imprensa deste país, que a desmascara e denuncia seus crimes.

PS do Viomundo: É o mesmo diário conservador que hoje publicou editorial denominado “Fascistas à solta”.

Leia também:

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Temer autoriza uso das Forças Armadas na Avenida Paulista no domingo

Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A. Foto Coletivo:

Forças Armadas foram autorizadas pelo presidente Michel Temer para atuarem na "garantia da lei e da ordem" durante a passagem da tocha paraolímpica, na Avenida Paulista, neste domingo (4); decisão coincide com o aumento da repressão às manifestações; na mesma data estão marcados vários protestos contra o governo do peemedebista, que foram proibidos nesse dia 

247 - As Forças Armadas foram autorizadas pelo presidente Michel Temer para atuarem na "garantia da lei e da ordem" durante a passagem da tocha paralímpica, na Avenida Paulista, neste domingo (4). Na mesma data, porém, estão marcados vários protestos contra o governo do peemedebista.

A decisão de empregar as Forças Armadas vem na esteira do aumento da repressão As manifestações contra o governo Temer desde que a presidente eleita Dilma Rousseff foi afastada do cargo, nesta quarta-feira (31). O governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Segurança Pública, proibiu manifestações na Paulista alegando que os protestos dos últimos dias foram "violento s e com atos de vandalismo".

Os manifestantes, porém, relatam o abuso da força pelas forças de segurança, além do uso de bombas de efeito moral e de agressões por parte dos policiais militares contra fotógrafos e manifestantes.

Uma estudante perdeu a visão do olho esquerdo após ser atingida por estilhaços das bombas de efeito moral lançadas pela polícia paulista para dispersar a manifestação.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Bloomberg liga Globo ao golpe de 2016

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A Bloomberg, uma das maiores agências financeiras do planeta, publicou reportagem crítica sobre as Organizações Globo na noite de ontem, em que a associa ao golpe de 2016; o texto menciona a reação contra a Globo nos piquetes e manifestações contra o impeachment e o lema “o povo não é bobo, abaixo a rede Globo”

Do GGN - A Agência Bloomberg, uma das maiores agências financeiras do planeta, acaba de publicar reportagem crítica sobre as Organizações Globo (http://migre.me/uQ44H). De autoria do repórter Blake Schmidt, a reportagem começa lembrando a fortuna da família Marinho, a dimensão da Globo frente a concorrência e o fato dos Marinhos ocuparem 3 das dez posições do Índice Bloomberg de Bilionários para o Brasil.

Diz que a história da Globo se confunde com as trevas do regime militar brasileiro e esse legado ainda assombra os Marinho. A reportagem cita partidários de Dilma afirmando que a cobertura de notícias pela Globo ajudou a preparer o processo de impeachment.

Entrevistado, o historiador João Braga informa que o “Globo foi um dos grupos empresariais qiue se beneficiaram da era da ditadura militar”. Diz mais: “Há grupos hoje que enxergam na Globo nào apenas um adversário de Dilma, mas um agente do golpe”.

A reportagem menciona a reação contra a Globo nos piquetes e manifestações contra o impeachment e o lema “o povo não é bobo, abaixo a rede Globo”.

Cita um artigo do Guardian em abril lembrando o golpe militar e mencionando que a Globo atua hoje em dia de forma semelhante para agitar para o brasileiro rico. João Roberto Marinho, presidente do grupo, enviou uma carta para o Guardian, mas recusou-se a comentar o artigo da Bloomberg.

A reportagem vai além. Diz que além do império de mídia, a fundação dos Marinhos também projetou seis museus, “dando à família o domínio na formação da narrativa histórica e cultural da Nação”.
A reportagem diz que a Globo é mencionada 40 vezes em um relatório de 229 páginas publicado em dezembro pela Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, descrevendo as relações comerciais entre Roberto Marinho e a ditadura. Menciona o embaixador norte-americano descrevendo-o como o articulador principal do regime militar.

Diz que essa relação com os militares permitiu à Globo montar a parceria com a Time-Life, que aportou US$ 6 milhões entre 1962 e 1966, 30 vezes o capital do grupo brasileiro na época.

A reportagem lembra o documentário “O Cidadão Kane” sobre Roberto Marinho, mostrando os laços do grupo com a ditadura.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Lula não precisaria recorrer à ONU para pedir asilo, procuradores idiotas





lula capa

É de perder a paciência o nível de burrice, má fé e autoritarismo que permeou a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal após o advento do julgamento do mensalão, em 2012, com seu “domínio fascistoide do fato”, recurso usado para jogar na cadeia, por razões políticas, pessoas contra as quais não existiam provas.

No Brasil ditatorial de Sergio Moro e daquele bando de vedetes que fazem pose de super-heróis para fotos promocionais do Ministério Público e da Polícia Federal, alegar inocência e buscar todos os recursos possíveis contra uma condenação a perda de liberdade é “antidemocrático”; o que essa gente julga democrático é jogar alguém na cadeia sem julgamento e não soltar enquanto a pessoa não confessar um crime.

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Na ditadura tupiniquim do século XXI, não é mais necessário pau-de-arara. Você deixa o sujeito fisicamente incólume enquanto tortura a mente dele, jogando-o em uma cela escura, privando-o até de luz do sol uma vez ao dia, à espera de que fraqueje e diga o que você quiser para ele poder voltar a viver na companhia de outros seres humanos.

Na semana passada, a defesa de Lula recorreu ao Comitê de Direitos Humanos (CDH) da ONU. No imagem abaixo, trecho da reclamação do ex-presidente ao organismo multilateral dá uma pista das razões pelas quais foi feita – trata da condução coercitiva ilegal de Lula para depor, em março deste ano.


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 Para a mídia antipetista e as vedetes da Lava Jato, aquele abuso não teve nada demais. Porém, a iniciativa de levar um ex-presidente da República à força para depor escandalizou todos os que defendem o Estado de Direito. Teve até juiz do Supremo manifestando perplexidade com aquele abuso.

Se alguém não viu, vale ver a explicação de um juiz do Supremo Tribunal Federal sobre por que foi um abuso levar Lula para depor “sob vara”.


 As razões para Lula julgar que está sendo vítima de perseguição política não faltam. A última, aliás, guarda íntima relação com seu recurso à ONU, que está sendo vista pela própria mídia que quer negar ao ex-presidente o direito àquele recurso como causa para um juiz de Brasília tê-lo indiciado por “obstrução da Justiça”. Ou seja: Lula não foi indiciado por ser culpado, mas por ter recorrido à ONU contra Sergio Moro, despertando, assim, o “corporativismo” de magistrados.

 Há dezenas de matérias dos grandes grupos de mídia dizendo isso, que o indiciamento de Lula foi retaliação do Judiciário por ele ter recorrido à ONU contra Moro – basta uma busca na internet para achar essas matérias. 

 Mas a reação mais absurda e antidemocrática ao exercício do direito de Lula de se defender de todas as formas partiu dos procuradores da Lava Jato e dos empregadinhos dos barões da mídia escalados para agirem em consonância com eles. Surgiu a tese maluca de que Lula teria recorrido à ONU como preparação para pedido de “asilo político” como forma de fugir da decretação de sua prisão.

A tese do blogueiro da Globo Noblat de que Lula recorreu à ONU para fundamentar futuro pedido de asilo político caso sua prisão seja decretada não saiu da cabeça desse sujeito, mas da cabeça dos procuradores da Lava Jato, os quais já foram dando a linha de discurso aos grupos de mídia que os sustentam.

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 Fica difícil saber se é só má fé ou se não há, nessa hipótese, uma boa dose de burrice. Será que esses procuradores e pistoleiros da mídia golpista não sabem que há um sem número de países que acolheriam Lula prontamente, bastando ele pedir? 

Só para ficarmos nos países mais próximos, alguém tem dúvida de que Bolívia, Equador, Venezuela ou Uruguai dariam guardiã ao presidente sem perguntar nada, bastando ele pedir?

 Na verdade, essa teoria idiota de que Lula recorreu à ONU para preparar “pedido de asilo” com vistas a fugir da lei soa, isso sim, como justificativa para um ato de violência contra o ex-presidente; qual seja, a decretação de sua prisão preventiva sob essa desculpa esfarrapada de que está pretendendo “pedir asilo” para fugir às suas responsabilidades.

Um governo de extermínio



  

Emir Sader
 
 A que veio o governo que chegou pela via de um golpe? Prometeu que ia reunificar o país, mas tudo o que ele faz é desmontar o que havia sido construído de país, de sociedade, de Estado, de Brasil.Governo que se instalou para destruir: destruir o que temos de democracia. Violou o mandato de uma presidenta reeleita pelo voto popular, por meio de acusações sem fundamento. Violou a democracia, conspirando contra o mandato legal de uma presidenta para se valer de maioria parlamentar eleita na base dos métodos corruptos do seu aliado privilegiado, Eduardo Cunha, para assaltar o Estado.

Governo que só tem agenda negativa: destruição do patrimônio publico, privatizando a preço de banana o pré-sal, conquista da capacidade de pesquisa do setor publico brasileiro, dado de presente a empresas privadas e a corporações multinacionais. Destrói a Petrobras como maior empresas brasileira, para fatia-la e vende-la a corporações multinacionais.

Governo que veio para impor um ajuste fiscal brutal, frente a uma recessão profunda, promovendo o endividamento do Estado, para fazer o Brasil voltar aos braços do FMI, do qual saiu na ultima década.
Governo que destrói o Estado brasileiro, enfraquecendo sua ação de regulação econômica, de indução do crescimento econômico, de garantia dos direitos de todos. Governo que liquida o poder do Estado de limitar a ação selvagem do mercado e dos seus agentes.

Governo que veio para desmontar os direitos que foram estendidos a todos na última década, promovendo a inclusão social de todos, voltando a intensificar a desigualdade, a exclusão social, a pobreza, a miséria e o abandono. Governo que veio para reinserir o Brasil no Mapa da Fome.

Governo que veio para promover a agressão contra os países aliados do Brasil, com atuações violentas e extremadas, fala fino com os EUA e grosso com os nossos vizinhos e, até agora, aliados.

O Senado vai deixar que um governo que destrói o Brasil siga governando? Em 2018, o país estará reduzido a cinzas, socialmente desintegrado e explosivo, politicamente com a rejeição de toda a população ao governo, ao Congresso, aos políticos e ao Judiciário. Economicamente na mais profunda crise recessiva da sua história. Internacionalmente isolado e desprestigiado.

O cenário da votação final do Senado está dado: não ficou em pé nenhum argumento que pudesse fundamentar o impeachment. Está inquestionavelmente configurado que se trata de um golpe, que se vale de uma maioria parlamentar para tentar invalidar as eleições e o voto popular.

A voz das ruas é inequívoca: Fora Temer! Os escrachos dos que mantêm posição a favor do golpe é uma condenação permanente aos que não ouvirem a voz das ruas.

O Senado poderá votar com o povo ou contra o povo, com a democracia ou contra a democracia, com o Brasil ou contra o Brasil. Poderá dar licença para que um governo não eleito pelos brasileiros extermine o que foi construído de melhor no país ou devolva para o povo a decisão sobre o seu destino.

É a votação mais importante da história do Senado, depois daquela vergonhosa em que aprovou o golpe de 1964. Votará com os brasileiros ou contra os brasileiros, pela reconstrução do país como democracia política e social ou o entregará nas mãos dos banqueiros, para que dilapidem a riqueza do país? Votará pela retomada do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, como o povo escolheu em quatro eleições sucessivas ou jogará o país nas trevas da recessão sem saída, do desemprego sem limites e da ditadura, como desprestigio internacional voltando a recair sobre o Brasil? Ou se entrega o país nas mãos dos que o destroem irreversivelmente ou se vota pelo direito dos brasileiros decidirem sobre seu futuro e o destino do país.































terça-feira, 2 de agosto de 2016

“Rock da Ditadura” estreou nos atos fascistas de domingo


doidos capa

Foi um fim de domingo divertido. Nem sabia que havia protesto na avenida Paulista. Mas como aos domingos, por residir lá perto, costumo ir com minha mulher, minha filha Victoria, minha cunhada e sobrinha passear na avenida fechada, dei de cara com ato convocado pelo grupo fascista “Vem Pra Rua”.
vem rp
Minha cunhada, que não gosta de política, não acompanha, prefere manter distância, quase caiu sentada quando viu as faixas pedindo a volta da ditadura militar.

“Eles estão querendo a volta do militarismo?!! Que loucuuura!!”

Enfim, fomos andando e apreciando as cenas de sempre, aquele bando de doidos fantasiados de verde-amarelo. Muitos idosos, alguns mais jovens, porém igualmente esquisitões. Discursos virulentos, aos berros, denunciando como o Brasil é “comunista”.

A manifestação deles foi um rotundo fracasso. A avenida só não estava mais vazia porque o público que a frequenta no domingo caminhava por ali, porém tratando de passar bem longe dos malucos.
Confesso, porém, que fiquei surpreso com o grupo de umas duas dezenas de senhores idosos e com sotaque que não pude identificar que denunciavam a “islamização do Brasil”. Porém, haveria surpresa maior logo ali na frente.

O grupo musical vestido com roupas camufladas que militares usam na selva cantava, em cima de um trio elétrico, um “rock” em que pedia “independência ou morte” e “intervenção militar”. Como caí na gargalhada, o vocalista meu olhou tão feio que pensei que desceria do caminhão pra brigar.
Abaixo, o vídeo do show que aqueles palhaços deram na avenida Paulista no domingo. Ria muito. E depois chore, pois há quem leve esses imbecis a sério. Inclusive no Congresso Nacional, no Judiciário, na mídia etc.

Na ditadura Temer, a volta do dedurismo

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 Tereza Cruvinel

Os mais jovens não sabem disso mas os que chegaram a ditadura sabem o que significa a sigla DSI: Divisão de Segurança e Informação, uma unidade de dedurismo que havia em cada ministério para entregar ao SNI nomes de funcionários suspeitos de serem subversivos ou criticarem o regime. Era o maccarthismo institucionalizado.

Agora, na ditadura civil de Temer, as DSIs estão de volta, embora informalmente. Em todos os ministérios funciona uma máquina de delação de colegas suspeitos de ligações com o PT e de serem contra o governo interino. Se o denunciado tem cargo comissionado, é sumariamente dispensado.

As delações funcionaram na EBC, no Minc e no Ministério da Saúde para ajudar os superiores na montagem das listas de demitidos. O próprio embaixador Fernando Igreja foi destituído da chefia do Cerimonial do Itamaraty esta semana, nas vésperas das Olimpíadas, por ter feito postagens em tom crítico ao processo de impeachment. E ainda que não tivesse feito, era conhecida sua identificação com a política externa anterior.

Triste o país que nada aprende com a História. A ditadura passou e o SNI ficou para a História como uma de suas faces mais perversas. Temer passará carregando na biografia a marca do golpe, do desmonte de políticas sociais e do retorno das práticas autoritárias como o expurgo e perseguição dos que exercitam o sagrado direito de divergir.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Ricardo Amaral: Por que a Lava Jato atiça os jornalistas de “tiragem” na caçada a Lula

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Lava Jato atiça a “tiragem” na caçada a Lula

Como na ditadura, República de Curitiba usa os jornais para destruir os inimigos

por Ricardo Amaral, no Conversa Afiada, publicado 17/07/2016

Nos últimos dez dias, Globo, Folha e Estadão republicaram antigos vazamentos da Lava Jato contra o ex-presidente Lula.

Notícias velhas foram requentadas e servidas como carne fresca a quem perdeu a memória dos desmentidos: uma sede do Instituto Lula que nunca existiu, uma rodovia na África e o acervo que Lula tem de guardar por força da lei.

Isso se chama publicidade opressiva, violência inerente ao estado de exceção e essencial aos “julgamentos pela mídia”.

Não pode ser coincidência. A ofensiva dos vazadores e seus repórteres amestrados segue-se à ação da defesa de Lula, que levantou a suspeição de Sérgio Moro para julgá-lo, por perda da imparcialidade.
Essa é a notícia nova do caso, que a imprensa brasileira escondeu. Deu no New York Times, mas não saiu no Jornal Nacional.

A ação aponta 12 afirmações de Moro antecipando a decisão prévia de condenar Lula.
Registra os abusos que ele cometeu – da condução coercitiva sem base legal à divulgação criminosa de grampos telefônicos.

No estado de direito, Moro deveria declinar do caso para outro juiz, isento, imparcial, condição que ele perdeu em relação a Lula.

O Datafolha também ajuda a entender a ofensiva. Só Lula cresceu. Tem um terço dos votos válidos no primeiro turno e mais de 40% no segundo, contra os três tucanos e a insustentável Marina.

Só perde, hoje, para o antipetismo; e debaixo de uma campanha de difamação sem precedentes.
É preciso acabar com Lula, fazer sua caveira, antes que ele tenha chance de voltar pelo voto. E antes que sua defesa desmoralize a Lava Jato. Tem de bater na cabeça da jararaca.

Mas como, se não há crime para acusá-lo? Se há só pedalinhos, obras de alvenaria, propriedades imaginárias, palestras profissionais, presentes de governos estrangeiros?

Desde a reeleição de Dilma (aliás, por isso mesmo), Lula, seus filhos, sua empresa de palestras e o Instituto Lula tornaram-se alvos de 9 inquéritos do Ministério Público e da Polícia Federal, 3 proposições de ação de penal, 2 fiscalizações da Receita e 38 mandados de busca. Quebraram e vazaram seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.

Numa afronta à Constituição e a princípios universais do Direito, adotados pelo Brasil em tratados internacionais, Lula é investigado pelos mesmos fatos em inquéritos simultâneos: da Procuradoria-Geral da República, de procuradores regionais do Paraná e Brasília e de promotores do Estado de São Paulo.
É tiro-ao-alvo.

Essa verdadeira devassa – insisto: sem precedentes no Brasil – não encontrou nenhum depósito suspeito, conta no exterior, empresa de fachada ou contrato de gaveta; nenhum centavo sonegado, nenhuma conversa de bandido.

Nada que associe Lula direta ou indiretamente aos desvios na Petrobras investigados na Lava Jato ou qualquer ilegalidade.

Nem mesmo os réus delatores, que negociam acusações sem provas em troca de liberdade e (muito) dinheiro, apontaram fatos concretos contra Lula.

No máximo, ilações, do tipo “ele devia saber”, conduzindo à esfarrapada tese do domínio do fato.
No estado de exceção midiática, apela-se à tese da obstrução da justiça (o maldito direito de defesa), a partir do pré-julgamento de grampos ilegais.

O fato é que a Lava Jato e a Procuradoria-Geral da República não têm como entregar – na só-base da prova, da lei e do direito – a mercadoria esperada desde sempre por seus patrocinadores: Lula na cadeia.
Não em julgamento justo, com policiais e procuradores apartidários, juiz natural e imparcial, tribunais fiscalizadores da primeira instância. Não no estado de direito democrático.

Para tirar Lula do jogo, precisam desesperadamente da cumplicidade dos meios de comunicação; a Rede Globo à frente e o rebotalho dos impressos na retaguarda.

Precisam promover um julgamento pela mídia, com base na publicidade opressiva.
Precisam espalhar que Lula estaria metido “nessa coisa toda”; silenciar e até intimidar quem duvide disso, para sancionar uma condenação sem prova.

Quem foi jornalista na ditadura tem amarga lembrança de colegas que serviam à repressão (alguns em dupla jornada, como na Folha da Tarde, da família Frias).

Noticiavam assassinatos de presos como “atropelamentos”, tratavam torturas como “rigorosas investigações”.

Faziam a caveira dos “subversivos”.

Eram chamados jornalistas de “tiragem” – a serviço dos “tiras”, é claro, não da verdade.
Recordo sem intenção de ofender os jornalistas “investigativos” de hoje que comem na mão dos “investigadores” anônimos.

Podem acreditar sinceramente que contribuem para “combater a corrupção”.

Ganham as manchetes, mas abrem mão do jornalismo, que é a busca da verdade.

Quando a meganha pauta e o repórter obedece, cegamente, quem perde é a notícia. E perde a democracia.

PS do Viomundo: Fora que a Globo não fala que foi procurar o Lula no edifício Solaris e em Las Vegas e encontrou a neta de Roberto Marinho…

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Jeferson Miola: Crime do Lula é liderar as pesquisas eleitorais