Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Em manifestação pacífica, milhares lotam a Paulista para pedir Fora Temer; PM acerta gás em parlamentares e bala de borracha em ex-presidente do PSB; veja as imagens




 Vídeos Luiz Carlos Azenha e Jornalistas Livres, fotos Luiz Carlos Azenha e Daniel Arroyo; abaixo, foto do braço ferido do ex-ministro Roberto Amaral postada por ele em seu blog com a denúncia de que “começou a ditadura constitucional de Michel Temer”

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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Mídia internacional denuncia censura de Temer

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Jornais americanos Washington Post e New York Times publicam reportagens com histórias de torcedores que foram expulsos dos estádios por protestarem contra o presidente interino, Michel Temer, durante os Jogos Olímpicos; NYT fala em "repressão" e destaca que protestos marcam a impopularidade do interino hoje no País, além de citar a denúncia de que o peemedebista pediu R$ 10 milhões para o PMDB, entregue em dinheiro vivo, conforme a delação de Marcelo Odebrecht; o Washington Post usou a palavra "censura" para noticiar a punição contra torcedores que protestavam contra Temer durante as competições 


247 – A punição do governo interino de Michel Temer contra manifestantes que pedem a saída do peemedebista durante os Jogos Olímpicos já chamou a atenção da mídia internacional. Os jornais americanos The New York Times e The Washington Post noticiaram relatos de torcedores expulsos como "repressão" e "censura".

A reportagem do NYT, jornal mais influente do mundo, destaca que protestos durante a Rio 2016 pedindo a saída de Temer marcam a impopularidade do presidente interino atualmente no País, confirmando pesquisas recentes. O texto também cita a denúncia de que o peemedebista pediu R$ 10 milhões para o PMDB, entregue em dinheiro vivo, conforme delação do empresário Marcelo Odebrecht.

Já o texto do Washington Post usou a palavra "censura" – "uma palavra que tem conotações amargas em um país que vivia sob uma ditadura militar 1964-1985", afirma o jornal - para contar relatos de manifestantes que foram expulsos de seus assentos e de estádios pela polícia e pela Força Nacional porque protestavam contra Temer.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Ensaios sobre a repressão

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Tereza Cruvinel

Todo governo ilegítimo tende a cair, em algum momento, na tentação de usar a força para reprimir adversários. Temer sofrerá tal tentação porque vai propor e tentar aprovar reformas impopulares, que subtraem direitos, como a da previdência e a da legislação trabalhista. Inevitavelmente, os movimentos sociais irão para as ruas. Já falam até em greve geral. A fala do ministro Eliseu Padilha, ao comentar o risco de vaias e protestos contra Temer nesta sexta-feira no Rio, na abertura das Olimpíadas, foi ambígua.


Depois de anunciar a disposição para ouvir manifestações democráticas, ele subiu o tom avisando que quem protestar estará protestando contra o Brasil e deve arcar com as consequências, em resumo.

 O que haverá no Rio, veremos amanhã. Mais preocupante foi, porém, o envio de forças do Exército a Natal, para conter uma onda de violência comandada de dentro das penitenciárias por organizações criminosas.

Paulo Moreira Leite já comentou ontem, aqui no 247, sobre o grave significado do emprego do Exército, que tem a função de defender a segurança e a soberania nacionais, ao lado das outras Forças Armadas, como substituto das polícias – a PM estadual, a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança. Lembrou que, após a redemocratização, os presidentes sempre evitaram tal emprego, que rebaixa a função do Exército.

Nesta quinta-feira, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, deu uma declaração preocupante. A de que “a desordem não será tolerada” pelo governo e que sempre que ela se manifestar as Forças Armadas poderão atuar com energia.

A fala de Jungmann deixa uma pergunta no ar e levanta uma preocupação. As Forças Armadas serão acionadas também quando a “desordem” for de natureza social e política? Vale dizer, serão usadas para conter protestos contra o governo e contra suas políticas?

Quando e se isso acontecer, já não faltará nada para a transfiguração do atual regime, se efetivado no poder, em ditadura. As falas de Padilha e Jugmann semeiam este temor.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Ricardo Amaral: Por que a Lava Jato atiça os jornalistas de “tiragem” na caçada a Lula

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Lava Jato atiça a “tiragem” na caçada a Lula

Como na ditadura, República de Curitiba usa os jornais para destruir os inimigos

por Ricardo Amaral, no Conversa Afiada, publicado 17/07/2016

Nos últimos dez dias, Globo, Folha e Estadão republicaram antigos vazamentos da Lava Jato contra o ex-presidente Lula.

Notícias velhas foram requentadas e servidas como carne fresca a quem perdeu a memória dos desmentidos: uma sede do Instituto Lula que nunca existiu, uma rodovia na África e o acervo que Lula tem de guardar por força da lei.

Isso se chama publicidade opressiva, violência inerente ao estado de exceção e essencial aos “julgamentos pela mídia”.

Não pode ser coincidência. A ofensiva dos vazadores e seus repórteres amestrados segue-se à ação da defesa de Lula, que levantou a suspeição de Sérgio Moro para julgá-lo, por perda da imparcialidade.
Essa é a notícia nova do caso, que a imprensa brasileira escondeu. Deu no New York Times, mas não saiu no Jornal Nacional.

A ação aponta 12 afirmações de Moro antecipando a decisão prévia de condenar Lula.
Registra os abusos que ele cometeu – da condução coercitiva sem base legal à divulgação criminosa de grampos telefônicos.

No estado de direito, Moro deveria declinar do caso para outro juiz, isento, imparcial, condição que ele perdeu em relação a Lula.

O Datafolha também ajuda a entender a ofensiva. Só Lula cresceu. Tem um terço dos votos válidos no primeiro turno e mais de 40% no segundo, contra os três tucanos e a insustentável Marina.

Só perde, hoje, para o antipetismo; e debaixo de uma campanha de difamação sem precedentes.
É preciso acabar com Lula, fazer sua caveira, antes que ele tenha chance de voltar pelo voto. E antes que sua defesa desmoralize a Lava Jato. Tem de bater na cabeça da jararaca.

Mas como, se não há crime para acusá-lo? Se há só pedalinhos, obras de alvenaria, propriedades imaginárias, palestras profissionais, presentes de governos estrangeiros?

Desde a reeleição de Dilma (aliás, por isso mesmo), Lula, seus filhos, sua empresa de palestras e o Instituto Lula tornaram-se alvos de 9 inquéritos do Ministério Público e da Polícia Federal, 3 proposições de ação de penal, 2 fiscalizações da Receita e 38 mandados de busca. Quebraram e vazaram seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.

Numa afronta à Constituição e a princípios universais do Direito, adotados pelo Brasil em tratados internacionais, Lula é investigado pelos mesmos fatos em inquéritos simultâneos: da Procuradoria-Geral da República, de procuradores regionais do Paraná e Brasília e de promotores do Estado de São Paulo.
É tiro-ao-alvo.

Essa verdadeira devassa – insisto: sem precedentes no Brasil – não encontrou nenhum depósito suspeito, conta no exterior, empresa de fachada ou contrato de gaveta; nenhum centavo sonegado, nenhuma conversa de bandido.

Nada que associe Lula direta ou indiretamente aos desvios na Petrobras investigados na Lava Jato ou qualquer ilegalidade.

Nem mesmo os réus delatores, que negociam acusações sem provas em troca de liberdade e (muito) dinheiro, apontaram fatos concretos contra Lula.

No máximo, ilações, do tipo “ele devia saber”, conduzindo à esfarrapada tese do domínio do fato.
No estado de exceção midiática, apela-se à tese da obstrução da justiça (o maldito direito de defesa), a partir do pré-julgamento de grampos ilegais.

O fato é que a Lava Jato e a Procuradoria-Geral da República não têm como entregar – na só-base da prova, da lei e do direito – a mercadoria esperada desde sempre por seus patrocinadores: Lula na cadeia.
Não em julgamento justo, com policiais e procuradores apartidários, juiz natural e imparcial, tribunais fiscalizadores da primeira instância. Não no estado de direito democrático.

Para tirar Lula do jogo, precisam desesperadamente da cumplicidade dos meios de comunicação; a Rede Globo à frente e o rebotalho dos impressos na retaguarda.

Precisam promover um julgamento pela mídia, com base na publicidade opressiva.
Precisam espalhar que Lula estaria metido “nessa coisa toda”; silenciar e até intimidar quem duvide disso, para sancionar uma condenação sem prova.

Quem foi jornalista na ditadura tem amarga lembrança de colegas que serviam à repressão (alguns em dupla jornada, como na Folha da Tarde, da família Frias).

Noticiavam assassinatos de presos como “atropelamentos”, tratavam torturas como “rigorosas investigações”.

Faziam a caveira dos “subversivos”.

Eram chamados jornalistas de “tiragem” – a serviço dos “tiras”, é claro, não da verdade.
Recordo sem intenção de ofender os jornalistas “investigativos” de hoje que comem na mão dos “investigadores” anônimos.

Podem acreditar sinceramente que contribuem para “combater a corrupção”.

Ganham as manchetes, mas abrem mão do jornalismo, que é a busca da verdade.

Quando a meganha pauta e o repórter obedece, cegamente, quem perde é a notícia. E perde a democracia.

PS do Viomundo: Fora que a Globo não fala que foi procurar o Lula no edifício Solaris e em Las Vegas e encontrou a neta de Roberto Marinho…

Leia também:

Jeferson Miola: Crime do Lula é liderar as pesquisas eleitorais 

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Beto Richa cometeu crime de responsabilidade e cabe impeachment


RICHA CAPA
Blogcidadania
Vendo o governador Beto Richa dar sua versão dos fatos no Jornal Nacional, a impressão que se tem é a de que ele não sabe o que a sua polícia fez nesta quarta-feira diante da Assembleia Legislativa do Paraná. Ou, então, ainda não lhe caiu a ficha.
Essas hipóteses, porém, são descartáveis; é óbvio que Richa não só sabe o que aconteceu, mas, também, absolutamente tudo o que aconteceu foi sob suas ordens. Apesar disso, em sua declaração ao Jornal Nacional ele mentiu escancaradamente logo após as imagens da tevê Globo contarem uma história muito diferente da sua.
Assista, abaixo, ao trecho da reportagem do principal telejornal da Globo que mostra os policiais atacando aqueles que Richa diz, em seguida, que não foram os responsáveis pela “agressão aos policiais”.




Ao JN, Richa disse, textualmente, que sua tropa só atacou quem a atacou. Palavras dele: “Temos imagens de pessoas infiltradas que não são do movimento dos professores”. Porém, imagens fartamente distribuídas pela internet e o que se vê no JN, dizem outra coisa. Mostram a polícia de Richa atacando indiscriminadamente.. Mostram a polícia de Richa atacando indiscriminadamente.
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Na foto abaixo, momento em que a polícia paranaense atira bombas de gás contra manifestantes estáticos, que nada faziam.
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A foto no alto desta página mostra muito bem quem foi que Beto Richa atacou – ou mandou atacar: a qualquer um que estivesse no local ou nas cercanias. A reportagem da Globo mostra que até crianças foram afetadas. Há mais de 200 feridos. Alguns, com gravidade.
Ainda que Richa possa ter algum vídeo mostrando que alguém fez algo errado, ele promove essa barbaridade? Ataca indiscriminadamente, tal qual cachorro louco?
Não há muito o que falar: o governador do Paraná pôs em risco as vidas de muitas pessoas, inclusive daquelas que disse que protestavam pacificamente, para, supostamente, repelir um ataque que atribuiu a “infiltrados”.
Depois, contradizendo-se, atribuiu tudo à CUT e ao PT, como sempre fazem os tucanos quando têm que se defender de qualquer acusação. Mas o fato é que ele não podia mandar atacar qualquer um que estivesse na rua só porque diz que alguns “infiltrados” atacaram sua polícia.
Richa cometeu crime de responsabilidade. O procurador-geral do Estado tem que mover ação contra ele e pedir seu impeachment. Se a Assembleia Legislativa do Paraná não acatar a Procuradoria, tem que sofrer intervenção da Justiça Federal. Se o procurador-geral do Paraná não denunciá-lo, tem que ser denunciado ao Conselho Nacional do Ministério Público.
Richa vai se safar do crime que cometeu em 29 de abril de 2015? Se isso acontecer, será inaugurada uma nova era no país. Uma era de sombra. Um Estado policial e – como disseram recentemente – “medievalesco” terá se instalado no Brasil.
A partir da impunidade de Richa, no Brasil passa a valer tudo. E o pior é que isso, como sempre, vai acabar valendo para os dois lados.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

O grande perigo está de volta


Algumas palavras sobre a manifestação ocorrida ontem em São Paulo e suas consequências. Antes, uma observação importante. Defendo manifestações democráticas. Não venham me chantagear com esse papo de “criminalizar” movimentos sociais.
Mas já aprendi uma coisa, de uns tempos para cá. Manifestações com presença de mascarados não são democráticas. Mascarados mancham indelevelmente qualquer manifestação, porque a gente sabe, antecipadamente, que apelarão para violências, e podem conter infiltrados cujo objetivo é justamente destruir ou desqualificar a manifestação.
Grandes armadilhas contra a nossa democracia estão sendo armadas. O movimento #naovaitercopa reúne inúmeros grupelhos de extrema-esquerda, mas conta com o apoio esquizofrênico de todos os grupos de extrema-direita, também interessados no caos e na derrubada do regime. Esses grupos financiam páginas na internet, memes e textos. Não, não é mais paranóia. Proliferam nas redes sociais um número alarmante de grupos e indivíduos que defendem um golpe de Estado, inclusive militar. Setores da direita, desesperados com a distância do poder, e farejando nova derrota este ano, perderam os escrúpulos democráticos que fingiam ter e estão demonstrando um perigoso descontrole emocional.
Falei em armadilhas porque é disso que se trata. Fazer a população se lançar voluntariamente no abismo, achando que está participando de uma revolução.
A maioria dos intelectuais brasileiros de esquerda pode ser facilmente manipulada por estratégias simples. Bota-se um punhado de jovens na rua pregando revolução, pedindo mais gastos em educação, reclamando da Globo, coisas simples e boas. Mas aí se acrescenta um elemento explosivo: algumas dezenas, ou centenas, de mascarados para assustar a polícia, quebrar bancos e incitar repressão.
Pronto. Temos o cenário perfeito. Alguns líderes de movimentos sociais, cansados de apanhar da polícia, rapidamente aderem aos protestos. Como ser contra?
Em pouco tempo, contudo, ninguém mais sabe porque está na rua, nem manifestantes nem policiais, repetindo-se a lógica irracional de uma guerra civil.
Sei que é difícil acreditar na imprensa hoje, mas todos os sites que eu li falavam de 2 manifestantes e cinco PMs feridos.
Isso é perigoso. As polícias militares têm imensas deficiências. Mas o culpado não é o policial, um trabalhador que ganha pouco e se arrisca muito. A partir do momento em que os manifestantes começarem a descontar sua testosterona em cima desses PMs, correremos enorme risco. O culpado pela violência policial é o sistema.
Nosso judiciário também tem culpa, por ser truculento e reacionário, evitando penas alternativas e prisão domiciliar inclusive para presidiários doentes que não oferecem nenhum perigo à sociedade. Por que a imprensa não fez violentos protestos quando descobriu que o Judiciário negava prisão domiciliar a um tetraplégico preso na Papuda por fumar maconha? Não protestou porque isso poderia beneficiar José Genoíno?
Por que os manifestantes só hostilizam as instituições democráticas e deixam o Judiciário e o Ministério Público em paz?
Entretanto, o mais surreal é que o movimento #naovaitercopa pede mais gastos em educação e saúde, mas o cancelamento da Copa provocaria um prejuízo enorme ao Estado, e portanto, forçaria cortes em educação e saúde.
Essa é a grande esquizofrenia coxinha, que se mistura ao marxismo enfumaçado de jovens universitários, que tem planos de saúde e estudam em universidades públicas.
Dinheiro para Saúde e Educação não cai do céu. É fruto dos impostos. A arrecadação fiscal per capita no Brasil é ainda muito inferior a dos países desenvolvidos. Somos um país rico, mas um povo pobre. A única maneira de aumentar a arrecadação é aumentar a atividade econômica. E aí entra a importância da Copa. Se ela atrai turistas, se gera novos negócios, gerará também mais atividade econômica, que por sua vez gerará impostos, que poderão ser usados em Saúde e Educação.
A Copa é importante, portanto, para gerar mais gastos em Educação e Saúde.
Sobre os mascarados, já falei aqui. Sou contra a presença dele em manifestações. O Brasil deveria fazer uma legislação específica para coibir o uso de máscaras em manifestações, para proteção dos próprios manifestantes. A presença de mascarados facilita a infiltração de provocadores, que agem para destruir a própria manifestação.
Não podemos esquecer tão rápido a morte do repórter Santigo, até porque ainda não discutimos profundamente o que aconteceu. Um dos rapazes disse que o rojão era destinado à polícia. Esse é o grande perigo. Imagine se o rojão explodisse no rosto de um policial, ferindo-o. Seus colegas se descontrolariam emocionalmente e partiriam para cima dos manifestantes, e eis que ocorre uma morte de um manifestante, quiçá de um totalmente pacífico. Balas são traiçoeiras.
O que aconteceria? Haveria uma comoção nacional? O Brasil se ergueria em fúria? Contra o quê? Contra quem?
Pior, e se o rojão que feriu o policial tivesse sido disparado justamente com essa intenção?
Será possível que o Brasil tenha se tornado um país tão facilmente manipulável? Tão frágil? É tão fácil assim nos derrubar?
Pior que sim.
A nossa mídia é um caso perdido. Ela se vende a quem paga mais caro. E sabemos muito bem a quem ela presta continência em primeiro lugar. Esse é um problema importante em toda a América Latina. Suas mídias não são comprometidas, de fato, com a democracia, apesar de sempre usarem o vocabulário democrático para venderem suas teses. Foi assim em 1964. É assim hoje.
Qual a solução? A solução é lutar por uma reforma política e uma regulamentação democrática da mídia.
A nossa imprensa faz ataques ao Sarney, e a Henrique Alves, mas jamais informou ao Brasil de onde eles tiram seu poder eleitoral: suas famílias controlam as mídias regionais, sobretudo a distribuidora da Rede Globo.
A elite é muito esperta. Pode financiar, secretamente, manifestações lideradas por jovens de extrema esquerda que pregam o fim do capitalismo. O objetivo é fomentar o caos, constranger o governo e criar na população o desejo por uma liderança forte, austera, que reestabeleça a ordem.
Não é uma conspiração tão complicada assim, afinal. Nem moderna. Os romanos a praticavam há mais de mil anos. Fomentavam revoltas domésticas nos povos que desejavam dominar. Às vezes financiavam inclusive movimentos contra Roma, sempre com objetivo de dividir e conquistar.
Quem participa de manifestações que contam com a presença de mascarados, portanto, pode estar participando de um ataque à nossa democracia sem o saber. Afinal, como saber que não há, entre os mascarados, gente que defende o golpe militar ou mercenários pagos por organizações de extrema-direita?
O pior é que os setores mais perigosos da direita sabem que apenas a emergência de uma situação de caos poderia lhe dar esperanças de uma mudança no regime. O caos é criativo. Pode gerar mudanças também para melhor. É esta a melhor armadilha para a esquerda: uma isca. Ela vê a possibilidade de mudança e seus olhos brilham, e vai atrás, não vendo que caminha para o abismo.
Os que financiam essas iniciativas com certeza saberão minimizar os riscos de que esses protestos se voltem contra eles. Não à tôa, a mídia já tem feito, desde as jornadas de junho, um malicioso jogo duplo.
Primeiro, fingiu apoiar as manifestações, mesmo com a violência ultrapassando todos os limites do tolerável, a ponto de repórteres cobrirem os protestos do alto de helicópteros para não serem agredidos, seja por manifestantes, seja por policiais (principalmente, sabe-se lá porque). O que acho ridículo. Manifestações minimamente civilizadas jamais agridem jornalistas. Agora, a mídia finge ser contra os black blocs, mas lhes dão um espaço que jamais nenhum outro grupelho jamais teve. Suas mensagens são reproduzidas em seus portais imediatamente após serem publicadas.
Estamos diante de grandes perigos, complexas armadilhas. Por isso temos que ser firmes. A defesa da ordem não é monopólio da direita ou da ditadura. A democracia também precisa de ordem. Jovens cheios de testosterona e fumaça podem se esquecer disso. O povo, não. Se a democracia não oferecer ordem, segurança e estabilidade ao povo, ele escolherá a ditadura.
A democracia, por isso mesmo, tem de se defender. O Brasil precisa de paz, para terminar de construir as estradas, ferrovias, hidrelétricas, pontes, refinarias, portos e aeroportos de que necessita para crescer economicamente e dar continuidade ao processo de distribuição de renda e melhora dos serviços oferecidos à população.
Não há nada de progressista achar que o país deva ficar refém de grupos violentos, sem qualquer tipo de repressão. Aliás, a PM de São Paulo que cercou a manifestação inaugurou uma tática louvável. Os Pms não portavam armas. O número de feridos caiu drasticamente.  Esse é o caminho. Repressão inteligente, estratégica, apenas na medida em que a necessidade exige.
Até porque não me surpreenderia se alguns estados fizessem uma repressão calculada, justamente para produzir comoção nacional e estimular mais protestos.
Temos alguns pactos tácitos na nossa sociedade. Movimentos de sem teto e sem terra, por exemplo, tem suas liberdades. Podem invadir fazendas improdutivas e edifícios abandonados, porque a democracia precisa de alguns empurrões para avançar. Mas não há sentido em entender a democracia como um regime em que todos podem tudo. Não tem sentido permitir que jovens mimados quebrem agências bancárias, provoquem caos no trânsito, revirem lixeiras, invadam e depredem repartições públicas. E tudo isso sem objetivo, sem liderança, sem qualquer estratégia.
Não é assim que faremos o país melhorar. O Brasil precisa de inteligência, não de truculência. Se houver necessidade de sermos violentos um dia, que seja para defendermos a democracia, não para sabotá-la.
Jovem e pacífico manifestante protestando contra a Copa, ontem em SP. Foto G1
Jovem e pacífico manifestantes protestando contra a Copa, ontem em SP. Foto G1

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Vandalismo de jovens mostra perda de fé na democracia

Pelo quinto mês consecutivo, o país convive com cenas assustadoras de violência em protestos convocados pelas mais diversas razões – algumas justíssimas, outras nem tanto. Em todos esses movimentos populares, porém, a violência, o vandalismo e algumas vezes verdadeiras tragédias tornaram-se subprodutos. Eventos tão previsíveis como o próximo alvorecer.
Por exemplo: na segunda-feira, um protesto de moradores de três favelas de São Paulo terminou em tragédia: manifestantes viraram um carro em cima de uma barreira com material pegando fogo e o veículo explodiu. Seis pessoas ficaram feridas. Duas delas, gravemente. Uma das vítimas foi uma criança.
Algumas dezenas de pessoas já morreram durante protestos, desde junho. Os feridos chegam a centenas, entre civis e policiais. E algumas vítimas nem participavam dos protestos, tendo sido tolhidas por estarem passando pelos locais.
Os prejuízos ao patrimônio público e privado alcançam bilhões de reais e frequentemente têm sido suportados não só por bancos e grandes empresas, mas por cidadãos comuns e pequenos comerciantes que perderam veículos ou pequenos negócios, como bancas de jornal, pequenas lojas etc.
No mesmo dia da tragédia em São Paulo, um protesto no Rio de Janeiro provocou um princípio de incêndio na Câmara Municipal. Mascarados atiraram coquetéis molotov contra o patrimônio do povo carioca.
No Facebook, na postagem de uma foto do incêndio que por pouco não consumiu a sede do Legislativo municipal, centenas de comentários. A grande maioria de pura comemoração pela cena dantesca.
Lendo o que as pessoas dizem naqueles comentários, salta aos olhos que são todos jovens. Os mascarados – ou “black blocs” – que promovem esses atos de vandalismo, idem. Ou seja: primordialmente, quem está indo à rua (mascarado ou não) para “quebrar tudo” são jovens. E eles acreditam firmemente que estão agindo bem, em prol do país.
Dirão que no Rio há partidos políticos envolvidos nas depredações e que esses que promovem essas sandices são todos filhinhos de papai – ou “coxinhas”, como preferem alguns. Sim, há políticos por trás, mas há muita gente que participa sem ser estimulada por nada além de sua visão das coisas.
O elitismo dos que protestam até já foi verdade, lá no começo dos protestos, mas deixou de ser. Sabe-se que há muito jovem pobre e revoltado que se uniu a protestos que começaram nas classes mais favorecidas e contagiaram a juventude cansada de não ter esperança no futuro devido à cor da pele ou à classe social a que pertence.
Pobres ou ricos, o fato é que essa juventude que comemorava no Facebook ou nas ruas as cenas trágicas que se viu ontem em cidades como Rio ou São Paulo decididamente não acredita mais na democracia, nos meios tradicionais de luta política – e muito menos na classe política.
Alguns desses comentários na postagem no Facebook sobre o princípio de incêndio na Câmara municipal do Rio chegaram a descrever a cena dantesca como “linda”, como indício de que o país estaria “mudando” por uma Casa que é do povo estar sendo atacada com aquele nível de violência.
Vendo a honestidade das manifestações daqueles jovens que comemoravam o caos e o descaminho da democracia – pois naquela Casa legislativa que foi atacada é que deveria ocorrer o embate, mas não físico e sim de ideias –, reflito que nós, os maduros, estamos perdendo essa juventude para a desesperança na única força que pode nos salvar.
De quem é a culpa? É minha e sua, que, como eu, tem idade para ser pai ou mãe desses jovens. Não soubemos legar-lhes um pais melhor ou educá-los de forma a que entendessem que a nossa geração lutou para que Casas legislativas funcionassem e não para que fossem depredadas.
Sim, julgo que estão equivocados. Mas não têm culpa. Aliás, por que ocorreu aquele tumulto? Porque os professores que educam tantos daqueles jovens são pisoteados pelo Estado, que finge que os paga enquanto fingem que ensinam, até por não terem condições mínimas de fazê-lo após jornadas exaustivas e até desumanas de trabalho mal pago.
Enquanto penso nisso, arrependo-me de não tê-los compreendido antes. Talvez por ter me esquecido do que é ser jovem e se frustrar com o status quo. Eu, que vivi um período da história deste país em que havia infinitamente mais motivos para frustração.
Estaremos fadados, os seres humanos, a perder a capacidade de sonhar e de ousar conforme a idade passa? Estaremos fadados a perder a capacidade de dialogar com a juventude? Por que os maduros que desaprovamos – com carradas de razão – os desatinos que a desesperança instilou nessa juventude não estamos sabendo chamá-la à razão?
Talvez por termos esquecido a linguagem da juventude…
Por mais que discorde desses jovens, não posso negar que é bonito ver como acreditam no que estão fazendo. Julgam que estão ajudando o país. Não percebem que estão fazendo o contrário. E se não percebem a culpa é nossa, da geração anterior que não soube educar esta transmitindo-lhe a importância da democracia.
Quando jovens descreem completamente da política ao ponto de atacar seus símbolos estão abandonando o caminho democrático para mudar o país para melhor e apelando para a barbárie, como se esta fosse resultar em algo mais além de um excelente pretexto para alguns espíritos autoritários invocarem uma repressão que a minha geração conheceu muito bem.
Não sei se há tempo para chegar a essa juventude e convencê-la a não dar pretextos para que autoritários desencadeiem a boa e velha reação contra demandas legítimas da sociedade, mas, seguramente, não podemos tratá-la como criminosa ou vilã. É, no máximo, vítima da geração anterior, que não soube lhe transmitir valores e legar-lhe o país que deveria.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

PROTESTO 'FORA, ALCKMIN' TERMINA EM CONFRONTO

quarta-feira, 19 de junho de 2013

PREPAREM-SE: VEM AÍ O DISCURSO DA ORDEM



O que haveria , caso não haja eleições em 2014 , pelo motivo de ocorrer alguma radicalização das manifestações. A quem isso interessaria? O grito de alguns grupos de manifestantes já acusam ao "NÃO AOS PARTIDOS POLÍSTICOS". "NÃO À POLÍTICA". Então , ninguém nos representa , é isso? Não haveria essa necessidade , pois nessa podridão da POLÍTICA e, dos POLÍTICOS, por quê ? PARA QUE ? Do jeito em que estão colocando  a situação, sem objetivo definido ," CONTRA TUDO ISTO QUE ESTÁ AÍ".Então, haveríamos uma democracia sem representação e SEM POVO. Já passamos por isso e, o discurso que foi "FOI PRECISO COLOCAR A CASA EM ORDEM" , MAU NECESSÁRIO, já conhecemos. Não podemos correr o risco de que queiram transformar um direito de manifestação de anseios de mudança para melhor, em retrocesso e trazermos para cena atual a velha e desbotada roupagem de uma nova e repaginada "MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS" em que ficamos marchando , mas sem sair do lugar, por 21 longos anos. Mudanças na democracia , só no voto.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O ponto final das manifestações contra o preço das passagens


Administrações de partidos tão distintos quanto PSDB, PT e PMDB nos níveis federal, estadual e municipal, uniram-se em um só discurso para enfrentar manifestações contra o aumento do preço das passagens do transporte público nas capitais.
Em São Paulo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad adotaram um discurso único, sempre negando qualquer possibilidade de capitulação frente aos protestos.
Enquanto isso, a mídia adotou um discurso razoavelmente equilibrado em relação a governos de todos os partidos, inclusive do PT.
Os conflitos entre polícia e manifestantes se espalharam por várias cidades de distintas regiões do país na última quinta-feira. E, apesar de os manifestantes terem reduzido o nível de depredações nesta última rodada de ações, a polícia aumentou a violência da repressão.
Aparentemente, a imagem de um policial ferido por manifestantes em São Paulo predispôs as polícias, sobretudo desse Estado, a agirem com maior violência e, nesta quinta-feira, a repressão foi exponencialmente mais dura.
Nesse processo, impressiona o número de jornalistas vitimados por aparatos como bombas de efeito moral, balas de borracha etc.
A cena de uma jornalista com um olho ferido, sentada no chão, correu a internet e provocou manifestações de sindicatos de jornalistas e até da Anistia Internacional, que condenou a violência dos manifestantes mas fez exortações às autoridades brasileiras para que moderem a repressão.
As redes sociais, por sua vez, induzem percepção que está fazendo militantes e expoentes dos partidos ligados ao movimento insurrecional exultarem. Contudo, podem ser manifestações equivocadas, iludidas por correntes na internet que não traduzem o sentimento popular.
No início do ato de São Paulo, o ex-candidato a presidente pelo PSOL Plínio Arruda Sampaio foi um dos raros políticos que se misturaram aos manifestantes, sendo recebido por estes com com ovações. Contudo, os manifestantes não podem ser confundidos com a coletividade.
Saindo do universo dos partidos de esquerda nas redes sociais e do caudaloso braço deles que está nas ruas tentando paralisar capitais, o que se vê nas ruas se coaduna com a percepção dos diversos níveis de governo que se deram as mãos contra os protestos.
Que ninguém se engane: a postura de políticos de variadas tendências de rejeitar capitulação diante dos protestos se coaduna com o desejo da maioria, que está assustada. Do contrário, já teriam cedido.
Entre cidadãos menos engajados – que são a grande maioria –, o que mais se ouve nas ruas são opiniões de que “Há algo estranho em tudo isso” e queixas contra os protestos, ainda que com ressalvas quanto à justeza da causa brandida pelos manifestantes.
A visão dessa maioria silenciosa, amedrontada com as cenas de guerra que se espalharam pelas cidades, portanto, reflete-se nas posturas homogêneas de políticos tão distintos quanto José Eduardo Cardozo, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad.
Vale notar que quem está acostumado com as redes sociais percebe que, entre os defensores dos protestos, não há apenas militantes de partidos que estão insuflando as manifestações – PSOL, PSTU e PCO.
Há muitos militantes petistas irmanados a militantes dos partidos que pretensamente estariam se beneficiando politicamente dos confrontos e que, com estes, tecem duras críticas, por exemplo, ao prefeito Fernando Haddad.
O governador do Rio e o de São Paulo, o prefeito da capital paulista e o ministro da Justiça, entre outras autoridades, não estão adotando um discurso tão homogêneo à toa. É certeza absoluta que não estão se suicidando politicamente.
Correm especulações de que esses políticos teriam dados que comprovam que a maioria se voltou contra um movimento que, inicialmente, desfrutou de grande apoio.
Apesar disso, a situação dos governadores e prefeitos das capitais atingidas pelos protestos, é delicada. As forças de repressão começam a demonstrar que estão psicologicamente afetadas pelo caráter interminável dos confrontos.
E estamos falando de forças armadas até os dentes…
Por outro lado, governos estaduais, municipais e até a união vão se vendo em um impasse, pois o movimento insurrecional não parece disposto a parar, denotando organização centralizada.
Já os governos, não têm mais como retroagir. Reduzir o preço das passagens iria desmoralizá-los, retirando o apoio que parecem acreditar ter entre a maioria silenciosa e amedrontada.
E apesar de governadores, prefeitos e até o ministro da Justiça estarem atribuindo caráter político ao movimento, até aqui não há certeza ou provas. E mesmo que a PF, que está entrando no caso, identifique motivações políticas, é inegável que há uma massa de manobra agindo de boa-fé.
Há o temor, portanto, de que o movimento insurrecional esteja almejando um desfecho muito específico e que teria o condão de converter uma imagem que acabou ficando negativa em imagem positiva.
Vai se solidificando, assim, uma certeza: é questão de tempo para que surja a primeira vítima fatal desses confrontos. Surgindo, o movimento insurrecional será beneficiado e os governos que resistem a ceder se verão fragilizados.
Com toda a carga dramática que a premissa encerra, a certeza é uma só: o que certamente reduzirá o preço das passagens, a esta altura do campeonato, será um cadáver, o qual, instantaneamente, transformar-se-á em mártir.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O editorial de Roberto Marinho que exaltou a Ditadura Militar




Nestes dias em que o golpe militar de 1964 completa 49 anos, ‘Carta Maior’ traz a seus leitores o editorial escrito por Roberto Marinho no jornal ‘O Globo’, em 1984, em que exalta conquistas políticas e econômicas supostamente obtidas pela ditadura, assim como a própria participação de seu grupo empresarial no golpe.


Em 7 de outubro de 1984, às vésperas do fim da ditadura militar e da retomada do governo federal pelos civis, o presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho, publicava um editorial no jornal ‘O Globo’ em que exaltava conquistas políticas e econômicas supostamente obtidas pela ditadura, assim como a própria participação de seu grupo empresarial no golpe de 1964. Veja a seguir a íntegra do texto assinado por Roberto Marinho.

”Julgamento da Revolução

Roberto Marinho

Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das lnstituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada. Quando a nossa redação foi invadida por tropas anti-revolucionárias, mantivemo-nos firmes e nossa posição.Prosseguimos apoiando o movimento vitorioso desde os primeiros momentos de correção de rumos até o atual processo de abertura, que se deverá consolidar com a posse do novo presidente. 

Temos permanecidos fiéis aos seus objetivos, embora conflitando em várias oportunidades com aqueles que pretenderam assumir o controle do processo revolucionário, esquecendo-se de que os acontecimentos se iniciaram, como reconheceu o Marechal Costa e Silva, "por exigência inelutável do povo brasileiro". Sem o povo não haveria revolução, mas apenas um 'pronunciamento" ou "golpe" com o qual não estaríamos solidários. 

O Globo, desde a Aliança Liberal, quando lutou contra os vícios políticos da Primeira República, vem pugnando por uma autêntica democracia, e progresso econômico e social do País. Em 1964, teria de unir-se aos companheiros jornalistas de jornadas anteriores, aos 'tenentes e bacharéis' que se mantinham coerentes com as tradições e os ideais de 1930, aos expedicionários da FEB que ocupavam a Chefia das Forças Armadas, aos quais sob a pressão de grandes marchas populares, mudando o curso de nossa história. 

Acompanhamos esse esforço de renovação em todas as suas fases. No período de ordenação de nossa economia, que se encerrou em 1977. Nos meses dramáticos de 1968 em que a intensificação dos atos de terrorismo provocou a implantação do AI-5. Na expansão econômica de 1969 a 1972, quando o produto nacional bruto cresceu à taxa média anual de 10 %. Assinale-se que, naquele primeiro decênio revolucionário, a inflação decrescera de 96 % para 12,6 % ao ano, elevando-se as exportações anuais de 1 bilhão e 300 mil dólares para mais de 12 bilhões de dólares. Na era do impacto da crise mundial do petróleo desencadeada em 1973 e repetida em 1979, a que se seguiram aumentos vertiginosos nas taxas de juros, impondo-nos , uma sucessão de sacrifícios para superar a nossa dependência externa de energia, a deterioração dos preços dos nossos produtos de exportação e a desorganização do sistema financeiro internacional. Essa conjunção de fatores que violaram a administração de nossas contas externas obrigou- nos a desvalorizações cambiais de emergência que teriam fatalmente de resultar na exacerbação do processo inflacionário. Nas respostas que a sociedade e o governo brasileiros deram a esses desafios, conseguindo no segundo decênio revolucionário que agora se completa, apesar das dificuldades, reduzir de 80 % para menos de 40% a dependência ex- terna na importação de energia, elevando a produção de petróleo de 175 mil para 500 mil barris diários e a de álcool, de 680 milhões para 8 bilhões de litros; e simultaneamente aumentar a fabricação industrial em 85%, expandir a área plantada para produção de alimentos com 20 milhões de hectares a mais, criar 13 milhões de novos empregos, assegurar a presença de mais de 10 milhões de estudantes nos bancos escolares, ampliar a população economicamente ativa de 29 milhões para 45 milhões, 797 mil, elevando as exportações anuais de 12 bilhões para 22 bilhões de dólares. 

Volvendo os olhos para as realizações nacionais dos últimos vinte anos, há que se reconhecer um avanço impressionante: em 1964, éramos a quadragésima nona economia mundial, com uma população de 80 milhões de pessoas e uma renda per capita de 900 dólares; somos hoje a oitava, com uma população de 130 milhões de pessoas, e uma renda média per capita de 2.500 dólares. 

O Presidente Castello Branco, em seu discurso e posse, anunciou que a Revolução visava? à arrancada para o desenvolvimento econômico, pela elevação moral e política". Dessa maneira, acima do progresso material, delineava-se o objetivo supremo da preservação dos princípios éticos e do restabelecimento do estado de direito. Em 24 de junho de 1978, o Presidente Geisel anunciou o fim dos atos de exceção, abrangendo o AI-5, o Decreto-Lei 477 e demais Atos Institucionais. Com isso, restauravam-se as garantias da magistratura e o instituto do habeas-corpus. Cessava a competência do Presidente para decretar o fechamento do Congresso e a intervenção nos Estados, fora das determinações constitucionais. Perdia o Executivo as atribuições de suspender os direitos políticos, cassar mandatos, demitir funcionários e reformar militares. Extinguiam-se as atividades da C.G.1 (Comissão Geral de Inquéritos) e o confisco sumário de bens. Desapareciam da legislação o banimento, a pena de morte, a prisão perpétua e a inelegibilidade perene dos cassados. Findava-se o período discricionário, significando que os anseios de liberalização que Castello Branco e Costa e Silva manifestaram em diversas ocasiões e que Médici vislumbrou em seu primeiro pronunciamento finalmente se concretizavam. 

Enquanto vários líderes oposicionistas pretenderam considerar aquelas medidas fundamentais como 'meros paliativos", o então Deputado Tancredo Neves, líder do MDB na Câmara Federal, reconheceu que a determinação governamental ?foi além do esperado". 

Ao assumir o Governo, o Presidente Flgueiredo jurou dar continuidade ao processo de redemocratização. A concessão da anistia ampla e irrestrita, as eleições diretas para Governadores dos Estados, a colaboração federal com os novos Governos oposicionistas na defesa dos interesses maiores da coletividade, são demonstrações de que o presidente não falou em vão. 

Não há memória de que haja ocorrido aqui, ou em qualquer outro país, que um regime de força, consolidado há mais de dez anos, se tenha utilizado do seu próprio arbítrio para se auto-limitar, extinguindo os poderes de exceção, anistiando adversários, ensejando novos quadros partidários, em plena liberdade de imprensa. É esse, indubitavelmente, o maior feito da Revolução de 1964 

Neste momento em que se desenvolve o processo da sucessão presidencial, exige-se coerência de todos os que têm a missão de preservar as conquistas econômicas e políticas dos últimos decênios. 

O caminho para o aperfeiçoamento das instituições é reto. Não admite desvios aéticos, nem afastamento do povo. 

Adotar outros rumos ou retroceder para atender a meras conveniências de facções ou assegurar a manutenção de privilégios seria trair a Revolução no seu ato final". 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Brasil ainda vive uma ditadura, a ditadura da mentira



Comecei a ler jornal aos treze anos.  Era 1973 e minha leitura favorita era o primeiro caderno do Estadão, o de política – começara a me interessar pelo assunto porque via a família discuti-lo de uma forma que me intrigava. Mesmo dentro de casa, familiares conversavam sussurrando. E interrompiam o assunto quando eu aparecia.
Lendo o Estadão, percebia que faltavam informações. E quando fazia perguntas à família, não conseguia respostas satisfatórias – jovens da minha idade eram tratados como crianças, àquele tempo.
Naquele ano, assisti a uma reportagem no programa Fantástico – que estreara na Globo no mesmo ano – que me faria entender que aquilo que lia no Estadão não traduzia a verdade do que se passava no Brasil.
Lembro-me com clareza do título da reportagem: “Eleição, um show americano”. Mostrava, se bem me lembro, uma convenção partidária nos Estados Unidos – só não me lembro se era do partido democrata ou republicano.
Não era ano eleitoral nos Estados Unidos, mas a matéria era sobre a forma como funcionava a democracia naquele país.
Vejo, como se fosse ontem, as bandeirolas coloridas, um clima de euforia. Parecia uma festa. Tudo aquilo era para escolher um candidato a presidente do país que produzia os filmes, seriados e revistas em quadrinhos que tanto amava.
Mas o que me intrigava era por que, no Brasil, aquilo não existia. Por que em meu país não elegíamos presidentes? O jornal não me contava.
Perguntei à família, mas me enrolaram e não responderam. Nem minha mãe, que desde que me entendo por gente fazia questão de me doutrinar culturalmente por todos os meios, deu-me uma resposta. Sugeriu-me que parasse com a leitura de política porque, em nosso país, não era “bom” se interessar por aquele assunto.
Ficara muito intrigado. Aliás, sentia uma certa revolta. Vira na televisão um país que, então, era tido como exemplo para o mundo fazendo da sua democracia uma festa. Mas, no meu país, aquilo tudo, que me parecia tão positivo, era proibido.
Por que?
Um ano mais tarde, na escola – estudava no Colégio São Luis, em São Paulo –, então no “ginásio”, travei amizade com um rapaz do “científico” (ensino médio) que me contou em detalhes o que passava no Brasil e que a família não me queria revelar.
Daniel era quatro anos mais velho do que eu – tinha 18 anos. Ele fazia parte do que chamou de “partido” e disse que o Brasil estava sob uma ditadura, que militares nos governavam na marra e, assim, não podiam permitir que votássemos porque a maioria não os queria no poder e, assim, se o povo pudesse votar eles não continuariam governando.
Naquele distante 1973, filho de uma família abastada – vivia com mãe e avós e meu avô era um alto executivo da Mercedes Bens –, descobri que o regime militar era nefasto, uma violência. Mas minha repulsa àquele período de trevas se consolidou de forma indelével em meu espírito quando meu amigo Daniel “sumiu”.
Quando parou de ir à escola, após algumas semanas peguei minha bicicleta e fui à sua casa. Sua irmã me atendeu à porta. Tinha um semblante desolador. Fiquei assustado. Disse que Daniel “viajara” e me mandou embora.
De volta à escola, seus colegas de classe, mais velhos do que eu, não quiseram me dar informações.
Alguns poucos anos depois, já sabia que meu amigo tinha sido tragado por uma repressão que destruía a todo aquele que ousava pensar diferente dos ditadores. Mesmo que fosse um rapazola.
Cheguei a frequentar reuniões no colégio Equipe, na Bela Vista. Falavam em resistência, em enfrentar a ditadura. E falavam dos riscos. Tive medo, muito medo e me omiti. Tinha uns 16 anos e, até o fim dos anos setenta, conformei-me em acompanhar pelo Estadão o processo que levaria o Brasil à abertura política. Mas nunca me envolvi.
Até hoje sinto vergonha disso, e só relato aqui como que para expiar minha culpa. Sempre que posso, confesso minha covardia na juventude.
Hoje, quando me dizem “corajoso” por incomodar os barões da mídia que atiraram meu país naquele horror, dou um sorriso amargo e me lembro de quão covarde eu fui. E reflito que ser “corajoso” hoje, em plena democracia, não tem valor algum.
Mas prometi a mim mesmo que sempre que pudesse confessaria a covardia a que me dei na juventude, quando tantos outros como eu deram sua vida para libertar o Brasil de uma ditadura feroz que – há pouco o país descobriu – chegou a torturar bebês diante de mães militantes políticas para obrigá-las a lhe dar informações.
A ditadura, porém, não terminou. Apesar de a ditadura político-institucional ter acabado há décadas, o país ainda é prisioneiro de uma outra ditadura, a ditadura da mentira.
Vejo na internet, nos jornais e até na tevê, inclusive em editoriais desses veículos, justificativas aos crimes daqueles militares e civis que ceifaram a vida de tantos jovens como meu amigo Daniel. Dizem que as vítimas daquele regime criminoso queriam implantar uma ditadura no país e atribuem a “terroristas” como aquele amigo crimes iguais aos que cometeram.
Mentirosos.
Onde estão as famílias das vítimas dos “terroristas” a bradarem contra os assassinatos ou torturas de país, mães, irmãos, amigos? Por que, como as vítimas da ditadura, não se organizam e levam fotos de entes queridos que os que tentavam devolver a democracia ao Brasil teriam exterminado ou torturado?
Claro que, sim, houve alvos militares. E é claro que alguns soldados da ditadura tombaram em combate com “terroristas”. Mas nada que sequer se aproxime dos meninos e meninas que aquele regime hediondo sequestrou, seviciou e exterminou.
Hoje, 1º de abril de 2013, faz 49 anos que o inferno foi desencadeado no país. Sobreviventes que enfrentaram aqueles psicopatas, assassinos, estupradores, ladrões, pervertidos que colocaram este país de joelhos, chegaram ao poder. Aliás, o Brasil é governado por uma heroína que, altiva, enfrentou aqueles demônios.
Contudo, o Brasil não é livre. Enquanto as mentiras que os autores daquela loucura inventaram não forem desmascaradas, enquanto o nosso povo não souber a verdade do que se passou naquelas duas terríveis décadas, a mentira continuará nos governando. Seremos tão prisioneiros dela quanto fomos da ditadura militar.
Deveria escrever mais, muito mais. Mas a boca está seca e os olhos, molhados. Quem sabe um outro dia termino de dizer tudo o que deveria. Talvez, nesse dia, consiga mergulhar fundo naquelas memórias sem ficar no estado emocional em que estou ao terminar este texto. Sobretudo pela culpa por minha omissão, que nunca me deixou em paz.