Editorial desta quinta-feira 1º do The New York Times, um dos
jornais mais influentes do mundo, é dedicado ao processo de impeachment
de Dilma Rousseff; "Será uma vergonha se a História mostrar que ela
estava certa", diz o texto, que lembra que muitos senadores que votaram
'sim' pelo afastamento são alvos de investigação; o NYT também relembra
os avanços no País com o PT no poder , mas recorda destaca erros de
Dilma, como a nomeação de Lula para a Casa Civil; sobre Michel Temer,
diz que ele não deve se colocar entre as investigações da Lava Jato,
rejeitando "iniciativas do legislativo com o objetivo de minar o
trabalho dos promotores"; e o aconselha a respeitar a plataforma
aprovada pelos brasileiros no pleito de 2014, tomando cuidado com cortes
em programas sociais
247 - O The New York Times,
um dos jornais mais influentes do mundo, dedicou um de seus editoriais
desta quinta-feira 1º para o cenário político brasileiro. "Será uma
vergonha se a História mostrar que ela estava certa", diz o texto, em
referência a Dilma Rousseff, afastada por 61 votos a 20 pelo Senado
nesta quarta-feira.
O jornal lembra que muitos senadores que votaram 'sim' pelo
afastamento da petista são alvos de investigação por corrupção. O NYT
também relembra a trajetória do PT e "um transformando período de 13
anos" do partido no governo, mas também recorda o que considera erros de
Dilma, como a nomeação do ex-presidente Lula para o ministério da Casa
Civil.
Sobre Michel Temer, o jornal recomenda que ele não deve se colocar
entre as investigações da Lava Jato, rejeitando "iniciativas do
legislativo com o objetivo de minar o trabalho dos promotores". E
aconselha o peemedebista a respeitar a plataforma aprovada pelos
brasileiros no pleito de 2014, tomando cuidado com cortes do ajuste
fiscal e redução em programas sociais.
Leia abaixo a íntegra do editorial, em português:
A presidente brasileira deposta
O Brasil teve quatro presidentes eleitos desde que a democracia foi
restaurada, em 1985. Dois deles cumpriram seus mandatos. Na quarta-feira
(31), Dilma Rousseff foi a segunda a ser deposta enquanto no cargo, em
meio a um turbilhão político e denúncias de malfeitos.
Os senadores votaram por larga maioria no impeachment de Rousseff
pelo uso de fundos de bancos estatais para sustentar o orçamento do
governo antes de sua reeleição em 2014, o que eles consideraram um
crime; alguns de seus antecessores usaram truques orçamentários
semelhantes. A saída de Rousseff marca o fim de um regime transformador
de 13 anos do Partido dos Trabalhadores, de esquerda, que usou as
receitas do Estado geradas por um apogeu das matérias-primas para tirar
milhões de pessoas da pobreza, mas perdeu o apoio quando a economia
entrou em recessão nos últimos anos.
Rousseff denunciou o processo como um golpe de adversários políticos
que a consideravam uma ameaça porque não impediu um inquérito sobre
corrupção que envolvia dezenas de membros da classe governante do país.
Rousseff comparou o caso contra ela com o período do regime militar,
quando foi uma das centenas de pessoas detidas e torturadas.
"Hoje o Senado tomou uma decisão que entrará para a história como uma
grande injustiça", disse ela em um discurso desafiador, depois que os
legisladores votaram por 61 a 20 por seu impeachment. "Sessenta e um
senadores reverteram a vontade expressa por 54,5 milhões de votos."
Rousseff prometeu combater o que ela descreveu como a tentativa de
uma coalizão de políticos homens de direita, eles mesmos manchados por
denúncias de corrupção, para sequestrar o processo político. "O projeto
nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo
interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária", disse
ela.
Será uma vergonha se a história provar que ela tem razão. Mas o
legado de Rousseff, e os fatos que levaram a sua queda, são mais
complexos do que ela admite. Rousseff tornou-se profundamente impopular
quando a recessão se instalou e ela não conseguiu criar a coalizão
necessária para governar com eficácia. Quando investigadores da
corrupção se concentraram em seu antecessor na Presidência, Luiz Inácio
Lula da Silva, ela abusou de sua autoridade ao lhe dar um cargo de
ministro, para protegê-lo de um processo. Há passos concretos que o governo pode dar para começar a restaurar a
fé dos brasileiros em sua elite política assolada por escândalos.
Michel Temer, que se tornou presidente interino em maio quando Rousseff
foi afastada, deve permitir que continuem as investigações de corrupção e
rejeitar as iniciativas legislativas destinadas a enfraquecer os
promotores.
Desde que ele assumiu o cargo, a economia do Brasil melhorou
modestamente, conforme os mercados reagiram positivamente a seus planos
econômicos, que incluem a privatização de companhias estatais e a
reforma do inchado sistema de aposentadorias do país. Equilibrar o
orçamento exigirá cortes dolorosos, mas Temer deve ser judicioso ao
reescalonar os programas sociais que deram popularidade ao Partido dos
Trabalhadores. Até que os brasileiros possam eleger um novo presidente,
em 2018, ele poderia honrar o processo democrático do país ao permanecer
razoavelmente fiel à plataforma que eles aprovaram na última vez.
Processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff
está sendo definido como "golpe" por todos os jornais mais importantes
do mundo nos Estados Unidos, na Europa, na América do Sul e na Ásia;
"Senadores conspiram para tirar Dilma e matar a Lava Jato", afirma o
inglês The Guardian; "Se uniram pela retirada de Dilma sabendo que seria
injusto", diz o americano The Washington Post
247 - O processo de impeachment contra a presidente
Dilma Rousseff, a ser consumado no Senado nesta quarta-feira 31, está
sendo definido como "golpe" por todos os jornais mais importantes do
mundo.
Veículos nos Estados Unidos, na Europa, na América do Sul e na Ásia
tratam o afastamento de Dilma como "injusto" e um "castigo
desproporcional". "Senadores conspiram para tirar Dilma e matar a Lava
Jato", afirma o inglês The Guardian. "Se uniram pela retirada de Dilma
sabendo que seria injusto", diz o americano The Washington Post.
O deputado Paulo Teixeira, do PT de São Paulo, publicou ontem um texto sobre o assunto em sua página no Facebook,
em que reúne links de diversas matérias da imprensa internacional
chamando o impeachment de golpe. Leia abaixo a íntegra e ainda
reportagem da Agência Brasil sobre algumas reportagens internacionais
sobre o impeachment:
NA IMPRENSA INTERNACIONAL FICOU CLARO: É GOLPE
O
golpe contra a presidenta Dilma Rousseff está sendo denunciado por
alguns dos maiores meios de comunicação do mundo. Sim, golpe, com todas
as letras.
Ao contrário do que têm pregado alguns dos maiores
jornais e boa parte da grande mídia brasileira, signatários do golpe,
para os maiores jornais do mundo fora do Brasil, “Dilma é vítima de um
"golpe" encenado por seus adversários” (Le Monde), e que os senadores se
“uniram pela retirada de Dilma sabendo que seria injusto”(The
Washington Post), em concordância com a rede RT, que diz que “60% do
congresso é acusado de corrupção e contra-ataca Dilma, que tentou fazer
uma limpeza no congresso”.
Tragicomédia foi a palavra escolhida
tanto pelo jornal português Público quanto pelo argentino Página 12, da
Argentina. A Al Jazeera, árabe, preferiu escolher a palavra hipocrisia
para definir o processo. Enfim, veículos de imprensa de todo o planeta
ressaltam a ilegitimidade e desproporcionalidade desse processo de
impeachment.
O fato é que o governo Dilma Rousseff foi
implacável no combate a corrupção, dando autonomia para a Polícia
Federal, para a justiça, criando facilitadores para as investigações.
Isso incomodou os aliados de Temer e Cunha, como o senador Romero Jucá,
que chegou a ser empossado ministro e foi flagrado conspirando para
acabar com a punição dos corruptos.
É de se ressaltar que a
imprensa internacional já fez diversas manifestações mostrando espanto
ao ver boa parte dos nossos grandes jornais e canais de televisão atuam
como cabos eleitorais de um impeachment sem crime, contra uma pessoa
honesta, apoiado por investigados por corrupção.
O golpe é
também midiático, além de parlamentar e empresarial. Por isso é
fundamental divulgarmos o que o mundo pensa dessa triste página de nossa
história.
Imprensa internacional prevê que senadores vão decidir pela saída de Dilma José Romildo - Correspondente da Agência Brasil
A imprensa internacional está acompanhando a votação final do impeachment da
presidenta afastada Dilma Rousseff, marcada para hoje (31), e já
antecipa que ela será removida do cargo. O jornal britânico The Guardian, em sua edição americana, publicou artigo com perguntas e respostas para que o leitor entenda o que está acontecendo no Brasil.
O jornal explica que o Senado brasileiro está votando hoje a saída
definitiva de Dilma Rousseff da presidência da República, dando
sequência a um processo de impeachment que a afastou do cargo
desde maio. De acordo com o artigo, a previsão é de que mais de dois
terços dos 81 senadores vão apoiar a remoção de Dilma e confirmar o
presidente interino Michel Temer como chefe de governo do país. O The Guardian observa que a acusação contra Dilma é que ela
teria tomado empréstimos de bancos estaduais, sem a aprovação do
Congresso, para compensar a falta de recursos orçamentários para
executar projetos.
O jornal informa que os que se opõem a Dilma chamam de “pedaladas” a
utilização de dinheiro não previsto no Orçamento, sem autorização do
Congresso, para financiar a agricultura familiar, o que dá uma
“impressão enganosa” sobre a real situação das finanças do Estado.
O jornal também dá espaço para as explicações da defesa de Dilma
Rousseff. De acordo com essas explicações, o dinheiro usado não era um
empréstimo, mas transferências de recursos públicos, práticas utilizadas
por administrações anteriores, embora não na mesma escala.
O The Guardian acrescenta que todas as explicações são apenas “pretexto” para a remoção de Dilma do poder. As verdadeiras razões para o impeachment, segundo o jornal, “são políticas”.
O
jornal diz ainda que Dilma “é impopular” porque é vista como culpada
pelas múltiplas crises que o país enfrenta e revelou-se uma líder inepta
para enfrentar os problemas. “Mas a Constituição do Brasil não permite
que haja um voto de desconfiança para tirá-la do poder”, que é o
argumento utilizado para justificar o impeachment, de acordo com o
artigo.
Lava Jato
Atrás da motivação para prosseguir com o processo de impeachment contra
Dilma, de acordo com o jornal, estão alguns políticos “claramente
motivados por um desejo de matar a investigação da Lava Jato, o que
Dilma Rousseff se recusou a fazer”
O jornal lembra que o impeachment foi iniciado pelo
ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, depois que o
Partido dos Trabalhadores se recusou a protegê-lo de uma investigação no
comitê de ética da Casa. O The Guardian informa também que
conversas secretamente gravadas revelaram que o líder do PMDB no Senado,
Romero Jucá, queria remover a presidenta para que a investigação da
Lava Jato pudesse ser “sufocada por seu sucessor”.
The New York Times
O jornal The New York Times publicou artigo assinado pela
jornalista brasileira Carol Pires, da Revista Piauí, com o título
"Impeachment muda o governo, não a política". O artigo diz que, para
muitos brasileiros, "o foco não está mais na política do governo em
dificuldades, mas em seus próprios bolsos". A jornalista afirma que, com a saída de Dilma Rousseff e do Partido
dos Trabalhadores (PT) do governo, o PMDB - ex-aliado de Dilma - passou a
chefiar o processo de impeachment. "No entanto, o PMDB não
está menos envolvido nos desfalques da Petrobras do que os outros
partidos". O artigo lembra que a economia em naufrágio e a indignação
contra a corrupção provocaram "sucessivas e intensas manifestações
populares que levaram a uma mudança de governo, mas não na política
brasileira".
Já o siteThe Daily Beast afirma que Dilma Rousseff
sairá formalmente do governo, apesar de ter protagonizado "uma última
resistência incansável contra as acusações de irregularidades fiscais
movidas contra ela, que muitos no Brasil veem como uma cortina de fumaça
para sua remoção a qualquer custo". O jornal lembra a frase de Dilma,
durante o depoimento no Senado, que durou 14 horas: "Estamos a um passo
de assistir a um golpe [parlamentar de Estado] real".
O site da agência de notícias Reuters diz que os
acusadores da presidenta afastada Dilma Rousseff reafirmaram que estão
julgando não só a quebra de regras orçamentárias, "mas também um
escândalo de corrupção e uma profunda recessão que eclodiu no seu devido
tempo". O site observa que Dilma é acusada de usar dinheiro de
bancos estatais para reforçar os gastos durante a campanha à reeleição
em 2014, um truque orçamentário já aplicado por muitos outros candidatos
eleitos no Brasil. A Reuters lembra, porém, que Dilma negou, em seu depoimento, as irregularidades e disse que o processo de impeachment foi
destinado "a reverter os ganhos sociais alcançados durante os 13 anos
de governo de esquerda e proteger os interesses das elites endinheiradas
na maior economia da América Latina".
O jornal The Washington Post também comenta que a advogada
Janaina Paschoal, que acusa a presidenta Dilma Rousseff de ter cometido
“fraude” em suas práticas contábeis, derramou lágrimas ao pedir
desculpas a Dilma por tê-la feito sofrer. O gesto “teatral”, segundo o
jornal, foi o ato final de uma luta política que consumiu a maior nação
da América Latina desde que o pedido de impeachment foi apresentado na Câmara dos Deputados no ano passado.
A imprensa internacional exprime com absoluta precisão a verdade que a Globo e a imprensa golpista do Brasil escondem.
No mundo inteiro o impeachment
é divulgado pelo que é: um golpe de Estado, um atentado à democracia e à
Constituição; uma farsa montada por políticos corruptos para derrubar
uma Presidente inocente.
O francês Le Monde avalia em editorial que “se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa”. Para o inglês The Guardian, “o impeachment de Dilma é tragédia e escândalo”. O argentino Página12, por exemplo, lançou o livro “Golpe no Brasil – genealogia de uma farsa”. O New York Times alerta que estão “tentando tirar a líder do Brasil, mas enfrentam acusações contra si mesmos”.
Naquela
“assembléia geral” estavam presentes a Janaína Paschoal e a denúncia
comprada a ela pelo PSDB por R$ 45 mil; estava presente o relatório
fraudulento elaborado por um cupincha do Cunha; estava também a quase
metade dos deputados réus e investigados por corrupção e crimes
diversos, inclusive de homicídio; e estavam os neo-canalhas do PSB,
alguns canalhas do PDT e todos os canalhas do PSDB, DEM, PTB, PSD, PMDB,
PP, PPS.
Apesar de tantas e repugnantes presenças, naquela
“assembléia geral” só faltou o essencial: o crime de responsabilidade
para aceitar a denúncia e instalar o processo de impeachment da
Presidente Dilma. Ainda assim, sob o predomínio do fascismo, a fraude do
impeachment foi acolhida e aprovada.
Em 12 de maio o Senado deu seguimento à farsa. Converteu-se, assim, num cenário do crime continuado.
Suas
excelências – os senadores e as senadoras golpistas – adotam as devidas
cautelas para evitar outra vez o espetáculo escatológico oferecida por
sua malta ao mundo em 17 de abril. Eles se esforçam para aparentar
recato e serenidade, mas no fundo são uns cínicos que se dissimulam com
uma cordialidade apenas aparente. Entre eles, há de se ter maior cuidado
com os de fala mansa e controle científico das expressões faciais: são
os que fazem o gênero do homicida que crava a faca na vítima olhando-a
nos olhos com um sorriso cortês nos lábios.
Essa falsidade toda,
contudo, não atenua o crime que estão cometendo, e tampouco retira-lhes
a qualidade de integrantes de uma “assembléia geral de bandidos” que,
nesta ocasião, não será “comandada por um bandido chamado Eduardo
Cunha”.
Na “assembléia geral” do Senado deste dia 29 de agosto,
estarão as mesmas repugnantes presenças que participaram da “assembléia
geral” de 17 de abril. Outra vez, todavia, a grande ausência será o
fundamento legal e constitucional para que os golpistas pudessem julgar,
condenar e, sobretudo, cassar a Presidente.
Tão ou mais grave que a inexistência de fundamento para o impeachment,
porém, são as duas fraudes grotescas que a defesa da Dilma desmascarou
no Senado. A primeira delas, foi a do militante partidário disfarçado de
“técnico do TCU” que usou a função pública para forjar um parecer de
oposição incriminando a Presidente Dilma.
A segunda fraude
desmascarada foi a do outro militante partidário do golpe, o auditor do
TCU que também usou o cargo público para participar, com seu comparsa,
da redação do parecer incriminador que ele próprio teria de julgar.
As
ilegalidades e vícios deste processo são flagrantes. Dariam razão
suficiente, segundo o Código de Processo Civil e a Constituição do
Brasil, para a completa nulidade do processo e a conseqüente anulação
desta farsa que avacalha a imagem do país no mundo.
Dilma é
vítima de um julgamento de exceção injusto e de cartas marcadas. Os
golpistas não estão conspirando contra a pessoa da Presidente, mas estão
atentando contra a democracia, o Estado de Direito e a Constituição.
Na
ata da “assembléia geral de bandidos” realizada no dia 29 de agosto de
2016 deverá constar que, no golpe de Estado perpetrado para operar a
restauração neoliberal ultraconservadora e reacionária, ecoaram no
plenário do Senado, que não estava sendo presidida por Eduardo Cunha, as
palavras de Tancredo Neves vocalizadas na madrugada de 2 de abril de
1964: “Canalhas! Canalhas! Canalhas!”.
Jornais americanos Washington Post e New York Times publicam
reportagens com histórias de torcedores que foram expulsos dos estádios
por protestarem contra o presidente interino, Michel Temer, durante os
Jogos Olímpicos; NYT fala em "repressão" e destaca que protestos marcam a
impopularidade do interino hoje no País, além de citar a denúncia de
que o peemedebista pediu R$ 10 milhões para o PMDB, entregue em dinheiro
vivo, conforme a delação de Marcelo Odebrecht; o Washington Post usou a
palavra "censura" para noticiar a punição contra torcedores que
protestavam contra Temer durante as competições
247 – A punição do governo interino de Michel Temer
contra manifestantes que pedem a saída do peemedebista durante os Jogos
Olímpicos já chamou a atenção da mídia internacional. Os jornais
americanos The New York Times e The Washington Post noticiaram relatos
de torcedores expulsos como "repressão" e "censura".
A reportagem do NYT,
jornal mais influente do mundo, destaca que protestos durante a Rio
2016 pedindo a saída de Temer marcam a impopularidade do presidente
interino atualmente no País, confirmando pesquisas recentes. O texto
também cita a denúncia de que o peemedebista pediu R$ 10 milhões para o
PMDB, entregue em dinheiro vivo, conforme delação do empresário Marcelo
Odebrecht.
Já o texto do Washington Post
usou a palavra "censura" – "uma palavra que tem conotações amargas em
um país que vivia sob uma ditadura militar 1964-1985", afirma o jornal -
para contar relatos de manifestantes que foram expulsos de seus
assentos e de estádios pela polícia e pela Força Nacional porque
protestavam contra Temer.
No começo da crise, a mídia internacional simplesmente reproduzia o
que dizia a imprensa brasileira. Era uma espécie de continuidade da
operação de desconstrução da imagem do Brasil de Lula, iniciada com as
manifestações de 2013. Por ela, o Brasil deixava de ser o país que
combatia radicalmente a fome e a desigualdade para ser o país da
corrupção. O país deixava de ter modelo de desenvolvimento econômico com
distribuição de renda factível e virtuoso para ser um país inviável
economicamente e caótico.
Comandavam essa operação alguns dos órgãos
conservadores de maios peso na formação da opinião pública
internacional, entre eles The Economist, Wall Street Journal, El País,
Financial Times.
Era preciso destruir a imagem do Brasil como modelo
internacionalmente reconhecido de alternativa ao neoliberalismo. A
imagem de Lula como o mais importante líder político no combate à fome,
como "o cara", deveria ser substituída pela de um líder de um projeto
falido e sua imagem esquecida.
A crise, segundo grande parte da mídia internacional, no seu início,
era uma continuidade da interpretação dela simplesmente como um estágio
final da esgotamento dos governos do PT, corroído por sua própria
corrupção. Era a versão da mídia brasileira reproduzida mecanicamente
fora do Brasil.
Quando a crise se tornou aguda, os principais meios de comunicação de
todo o mundo mandaram seus correspondentes para acompanhar seu
desenlace, conforme anunciada pela mídia. Ao chegar, logo se deram conta
que se tratava exatamente do contrário: são os corruptos, com Eduardo
Cunha e Michel Temer à cabeça, os que tratam de derrubar uma presidenta
honesta, que não havia cometido nenhum crime de responsabilidade que
permitisse a aplicação do impeachment e que se trata efetivamente de um
golpe político dos setores mais conservadores do país, para bloquear um
modelo vitorioso quatro vezes nas urnas e cuja imagem é o prestígio
vigente do próprio Lula, sobre quem nenhuma acusação de corrupção foi
comprovada.
Gerou-se então uma impressionante unanimidade internacional, maior do
que em qualquer outro momento, inclusive durante a ditadura militar, de
condenação do golpe e de ilegitimidade do governo que surge daí. Mesmos
os órgãos mais neoliberais, que se entusiasmam com os planos
privatizadores de Henrique Meirelles, se dão conta da fragilidade
política do governo e de como ele está composto por um bando dos
políticos mais corruptos do Brasil
Os sinais estão todos aí, só não vê quem não quer. A reportagem que
você vai ler a seguir mostra que o governo Michel Temer está se
enforcando sozinho e explica porque o jogo político começa a
experimentar uma reviravolta surpreendente no Brasil.
Confira:
“O ministro de combate à
corrupção do presidente interino do Brasil, Michel Temer, renunciou
segunda-feira depois de uma gravação secreta mostrar que ele tentou
frustrar arrebatadora investigação de corrupção que gira em torno
Petrobras, a empresa nacional de petróleo.
A queda de Fabiano Silveira,
cujo título era ministro da transparência, é outro golpe para um governo
que parece mancar de um escândalo a outro poucas semanas depois de o
Sr. Temer substituir Dilma Rousseff.
Dilma foi suspensa como presidente para enfrentar acusações de manipulação orçamentária em um processo de impeachment.
Um dos principais assessores
do Sr. Temer, Romero Jucá, deixou o cargo na semana passada como
ministro do Planejamento após outra gravação indicaram que o centrista
Partido do Movimento Democrático Brasileiro, ou P.M.D.B., tinha
provocado a queda de Dilma para frustrar o inquérito sobre o esquema de
corrupção na Petrobras.
Em um ambiente cada vez mais
paranoico na capital, Brasília, membros da elite política e empresarial
do país estão gravando secretamente um ao outro com o objetivo de reunir
o que oferecer em uma delação premiada. Sergio Machado, político que
foi executivo-chefe de uma unidade de transporte da Petrobras por mais
de uma década, transformou-se em um tesouro para os investigadores, com
suas gravações.
Ao fazê-lo, o Sr. Machado,
que foi acusado de ajudar a orquestrar o esquema de suborno na
Petrobras, está traindo várias figuras políticas graúdas às quais
gravou. Incluindo José Sarney, ex-presidente; Renan Calheiros, chefe do
Senado; e Sr. Jucá, ex-ministro do Planejamento que continua um senador e
presidente da P.M.D.B.
Na última revelação, o Sr.
Machado gravou conversa telefônica neste ano envolvendo o Sr. Calheiros e
o Sr. Silveira. Na época, o Sr. Silveira integrava o Conselho Nacional
de Justiça, um órgão de supervisão do Judiciário do Brasil.
Nessa gravação, que teve
partes transmitidos no fim de semana na rede de televisão Globo, o Sr.
Silveira foi ouvido aconselhando o Sr. Calheiros sobre como enganar os
promotores.
Um porta-voz do Sr. Silveira disse que os comentários foram ‘tirados de contexto’.
O Sr. Calheiros, juntamente
com uma série de outros políticos poderosos, está sob investigação sob
acusações de que embolsou enormes subornos no esquema Petrobras. Cerca
de 40 políticos, magnatas de negócios, estrategistas de campanha e
financiadores de campanhas foram presos desde que promotores começaram a
investigar o esquema dois anos atrás.
O Sr. Temer tinha resistido a
demitir o Sr. Silveira mesmo depois de funcionários do ministério
anteriormente chamado de Controladoria Geral ter impedido o Sr. Silveira
de entrar no prédio na segunda-feira por conta das investigações. Mas
aumentou a pressão sobre o Sr. Silveira durante o dia e ele caiu.
‘É decepcionante que o
ministro encarregado da transparência esteja agora sob suspeita de fazer
parte de uma operação de encobrimento’, disse Alejandro Salas, o
diretor para as Américas da Transparência Internacional, um grupo
internacional de combate à corrupção.”
A novidade contida na matéria acima é que não foi escrita por nenhum
blog “petista”. Você acaba de ler tradução de reportagem do maior jornal
do mundo, o The New York Times, publicada nesta segunda-feira (31/5),
conforme mostra imagem abaixo.
Para acessar a matéria original do NYT, clique na imagem abaixo
É impressionante como Temer não faz nem questão de disfarçar as suas
intenções nefastas. Formou um ministério essencialmente composto de
investigados por corrupção e, ó que surpresa, surgem gravações mostrando
que eles são mesmo corruptos.
O humorista Gregório Duvivier foi quem melhor definiu esse aspecto
impressionante do governo Michel Temer na divertidíssima crônica The ‘House of Soraya‘, que você pode ler abaixo.
“A política nacional tá
melhor que “House of Cards”! Quem diz isso nunca viu “House of Cards”.
Acho uma falta de respeito com “House of Cards”.
Se fosse uma série, teria
reviravoltas. Mas não. Desde o primeiro episódio que tá todo o mundo
dizendo que é golpe. Tudo indica que é golpe. Eis que, na quinta
temporada, os roteiristas escrevem uma grande revelação: ouvimos o
ministro do Planejamento planejando (perceberam a sacada do roteirista?)
um golpe. “Óóóóóóó”, grita a plateia, meu deus! “Que surpresa! Por essa
não esperávamos!”
Se fosse uma série de
qualidade, Temer não teria tanta cara de vilão. Desde “Super Xuxa Contra
o Baixo Astral” não se vê um malvado tão caricato –até ACM, o Toninho
Malvadeza, achava Temer uma escolha óbvia demais para o papel: “Parece
mordomo de filme de terror”. Nem no pior filme de James Bond (“007
contra o Foguete da Morte”, que se passa, não por acaso, no Brasil) se
pensou num malvado tão obviamente malvado. Qualquer criança de seis anos
quando vê um sujeito pálido com rosto esticado e voz de sarcófago sabe
que é “do mal”. “Foi ele, mamãe!”, as crianças gritariam no teatro
infantil. “Foi o vampiro que matou!”.
Numa série de respeito, os
vilões tentam, pelo menos, fingir que são “do bem”: não escalariam um
ministério só com homens, não receberiam o Frota no Ministério da
Educação e, sobretudo, não revelariam todo o plano maléfico nem para o
melhor amigo.
Esse recurso de roteiro é um
truque baixo. Nunca entendi por que o vilão, quando finalmente
encurralava o super-herói, perdia tanto tempo explicando o plano para o
mocinho, em vez de simplesmente matá-lo –o tempo que levava explicando o
plano era o tempo necessário para o herói se livrar das amarras. O
áudio de Jucá combinando tirar Dilma, não porque ela está investigada,
mas porque ela deixava investigar, parece o capítulo final de “Maria do
Bairro”, em que Soraya revela: “Sou eu, Soraya! Sua pior inimiga!”. Sim,
todo o mundo já sabia que era você, Soraya. Quer dizer, todo o mundo,
menos a Maria do Bairro, claro.
A maioria das pessoas que
clamavam pelo impeachment recebeu o áudio de Jucá tal qual Maria do
Bairro: com surpresa. Cristovam Buarque disse que estava perplexo, que
“não imaginava” nada disso quando votou pelo impeachment. Ih, rapaz,
tenho várias coisas pra te contar. Sabe o Clark Kent? Era a verdadeira
identidade do Super-Homem. Sim! Por isso eram tão parecidos! Mas não
espalha”
A situação está tão feia para os golpistas que a colunista mais
tucana do Brasil, Eliane Cantanhêde, do Estadão, pediu arrego. Não se
sabe a quem ela se dirigiu, mas escreveu um apelo para que “deem um
tempo” para Temer, senão Dilma volta. Um trecho desse apelo “de$intere$$ado” de Cantanhêde pela salvação do governo golpista de Temer dá a medida da confusão mental dessa mulher.
“Tanto quem é a favor quanto
quem é contra o afastamento de Dilma tem de ter em mente a
responsabilidade coletiva com a história e que só há três saídas para um
país mergulhado em tantas crises. Fora disso, não há alternativa, a não
ser anarquia. Uma saída é dar uma trégua para Temer governar e a equipe
de Henrique Meirelles tentar por a economia em ordem nesses dois anos e
meio, para entregar para os eleitores em 2018 um país razoavelmente
saneado. Temer não é perfeito e o PMDB tornou-se muito imperfeito, mas
ele foi escolhido por Dilma e por Lula e eleito na chapa do mesmo PT que
anima os queimadores de pneus, os invasores da Cultura, os que gritam
“Fora Temer” e uma turma que mora fora – uns, há tantas décadas, que
deveriam estar mais preocupados com o Trump”
A colunista deveria pedir “trégua” a Temer. Ele que pare de nomear bandidos para seu ministério, extinguir políticas públicas e alardear
planos “brilhantes” como diminuir a assistência pública de saúde em um
país que, de Norte a Sul, clama por mais atendimento médico, não menos.
Contudo, o desespero da colunista do PSDB (agora, peemedebista desde
criancinha) mostra que, sim, a militância pela democracia está
aproveitando tão bem as oportunidades oferecidas pelos golpistas para
serem desmascarados que o jogo está mudando.
O mais importante nesse texto é que Cantanhêde confirma informação
que este Blog obteve, de que no Congresso já é senso comum que Dilma vai
voltar se Temer continuar sendo trucidado todo santo dia.
O que Cantanhêde não considera é que várias pesquisas dão Temer como
mais impopular que Dilma. Inclusive, não para de circular boato de que a
petista recuperou aprovação e aumentou muito a rejeição ao impeachment.
Não é à toa que os institutos de pesquisa estão congelados. Não
pesquisaram mais nada depois do golpe. A mídia não tem absolutamente
nenhuma curiosidade em aferir a (im) popularidade de Temer.
Contudo, apesar de essas Cantanhêdes da vida acharem que podem fazer
as pessoas engolirem um governo como esse só por raiva de Dilma, vai ser
difícil de mudar esse quadro. A imprensa internacional não acredita na
grande imprensa brasileira, tanto que está mandando suas próprias
equipes de reportagem para o Brasil para cobrir a crise política.
Nos EUA, por exemplo, há uma legião de blogueiros e vlogueiros
importantes e respeitados difundindo os fatos reais sobre o golpe. Um
desses jornalistas norte-americanos divulgou por web TV um comentário
arrasador para os golpistas. Trata-se do excelente programa Os Jovens
Turcos (The Young Turks).
Assista.
como bem relata o apresentador, não é ele quem está achando que houve
um golpe no Brasil; a mídia de seu país e as de outras potências do
dito “primeiro mundo” já sacaram que o golpe é golpe. Daí que a pressão
sobre o Senado não vem só daqui, mas vem “de lá”…
A esta altura, qualquer pesquisa que surgir mostrando a quantas anda a
popularidade de Temer e a opinião da opinião pública sobre o
impeachment poderá influir fortemente sobre a decisão que o Senado
tomará daqui a alguns meses sobre o mandato de Dilma.
Até aqui, os institutos de pesquisa ligados a impérios de
comunicação, o Datafolha e o Ibope, abstiveram-se de divulgar pesquisas
sobre a popularidade de Temer, de seu governo, de Dilma e do
impeachment. Mas será difícil segurar por muito tempo.
A mídia espera que, daqui a pouco, Temer pare de cometer, digamos,
temeridades, e de, assim, adiantar a bola para os adversários chutarem,
para, só então, ir a campo pesquisar a opinião pública em busca de algum
resultado menos ruim para o golpista.
Não é muito provável que isso aconteça. E o que é pior para os
golpistas: se o clima que está se formando contra Temer no país mostrar
piora de seu governo nas pesquisas, senadores que votaram pelo
afastamento de Dilma podem mudar de ideia.
Detalhe: para Dilma recuperar o cargo, só faltam três senadores. Se
aqueles que votaram contra seu afastamento mantiverem o voto e mais três
votarem contra o golpe, não vai ter golpe. Nesse contexto, dois
senadores já avisaram que agora vão votar contra o impeachment.
*
PS: Não sei se precisava dizer, mas é por tudo isso que não estão
saindo pesquisas. Mas uma hora vão ter que sair. Senão, os interessados
têm que pagar por ao menos uma pesquisa mostrando o que a maioria dos
brasileiros está achando da troca de governo que apoiou.
Assim como vários outros veículos da imprensa internacional, como The Guardian, El País, CNN e Der Spiegel, o NYT, maior jornal do mundo, também condenou o golpe parlamentar liderado por Eduardo Cunha & Cia, que transformou o Brasil numa república bananeira aos olhos do mundo; segundo editorial, as pedaladas fiscais foram um pretexto para um referendo sobre o PT, no poder desde 2003; “Dilma, que foi reeleita em 2014 por quatro anos, está sendo responsabilizada pela crise econômica do país e pelas revelações das investigações de corrupção que envolvem a classe política brasileira”, diz o texto, que ressalta que o processo é conduzido por políticos acusados de crimes mais graves do que os atribuidos à presidente; ainda há tempo para que o Senado e o Supremo Tribunal Federal corrijam a lambança
247 - Assim como vários outros veículos da imprensa internacional, como The Guardian, El País, CNN e Der Spiegel, o NYT, maior jornal do mundo, também condenou o golpe parlamentar liderado por Eduardo Cunha & Cia, que transformou o Brasil numa república bananeira aos olhos do mundo.
Segundo editorial, as pedaladas fiscais foram um pretexto para um referendo sobre o PT, no poder desde 2003: “Dilma, que foi reeleita em 2014 por quatro anos, está sendo responsabilizada pela crise econômica do país e pelas revelações das investigações de corrupção que envolvem a classe política brasileira”, diz o texto.
Jornal diz ainda que o processo é conduzido por politicos acusados de crimes mais graves do que os atribuidos à presidente Dilma. Conclui que, se ela sobreviver à batalha, terá de apresentar forte liderança para consertar a economia e erradicar a corrupção (leia aqui).
Ainda há tempo para que o Senado e o Supremo Tribunal Federal corrijam a lambança.
LEWANDOWSKI
REITERA: STF PODE
ANALISAR MÉRITO
DO
IMPEACHMENT
Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, reafirmou que a Corte poderá analisar o mérito do processo de impeachment que tramita contra a presidente Dilma Rousseff se o governo entrar com um recurso; “O Supremo não se pronunciou ainda sobre essa matéria", afirmou; na semana passada, ele disse que o STF “não fecharia as portas para uma eventual contestação no que diz respeito à tipificação dos atos imputados à senhora presidente no momento adequado”
247 - O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, reafirmou nesta segunda-feira, 18, que a Corte poderá analisar o mérito do processo de impeachment que tramita contra a presidente Dilma Rousseff se o governo entrar com um recurso.
“O Supremo não se pronunciou ainda sobre essa matéria. É o plenário que vai decidir se vier o recurso nesse sentido”, afirmou.
Até o momento, o STF se pronunciou apenas sobre o rito que deveria ser adotado pelo Congresso no processo de impeachment, e não sobre o suposto crime cometido pela presidente de responsabilidade ao autorizar as chamadas pedaladas fiscais e a publicação de decretos com alterações orçamentárias.
Na semana passada, Lewandowski afirmou que o STF “não fecharia as portas para uma eventual contestação no que diz respeito à tipificação dos atos imputados à senhora presidente no momento adequado”.
Uma das consultorias mais ouvidas e celebradas por analistas de banco e gestoras de investimentos, a Eurasia Group, rebaixou sua previsão de impeachment de Dilma Rousseff. De acordo com relatório divulgado na terça (5), a consultoria internacional estima que se o impeachment fosse votado hoje pela Câmara dos deputados, seria barrado.
A informação foi divulgada por Christopher Garman, diretor da consultoria internacional de risco político Eurasia. Para Garman, faltam entre 20 e 40 votos para os adversários da presidente Dilma aprovar o processo de impeachment na Câmara.
No relatório, a consultoria afirma que, nos últimos dias, o impeachment perdeu força e ganhou espaço a ideia de haver novas eleições — a Rede, de Marina Silva, e periódicos como a Folha de S.Paulo e a Economist passaram a defender abertamente essa opção.
Outra razão para a menor probabilidade de impeachment, segundo a Eurasia, é que a saída do PMDB do governo motivou a negociação desse governo com partidos que podem ajudar Dilma a ter votos suficientes para evitar seu afastamento.
“O nível de abstenção será equivalente ao número de parlamentares que o governo conseguir convencer. Abstenção equivale ao voto favorável. Mais importante que acompanhar os indecisos é acompanhar o número de votos que o movimento pró-impeachment tem convicção que terá. Hoje está de 20 a 40 votos aquém do necessário”, explica Garman.
Para o diretor da Eurasia, porém, novos desdobramentos da Lava Jato e protestos nas ruas definirão o desfecho do pedido de impeachment de Dilma.
“Ambos podem impactar a expectativa de que o governo pode sobreviver. O cerne do impeachment se resume a isso. Se existir expectativa de que mais cedo ou mais tarde o governo vai cair, as promessas de novos cargos valem muito menos, porque o benefício de se associar ao governo cai”, explica Garman.
Dessa forma, o lado que conseguir fazer sobressair sua tese – de que o governo será interrompido ou não – tende a ganhar mais votos. A articulação política, tal como no mercado, tem trabalhado em cima de expectativas.
Uma importante arma da ala governista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode ter seu poder de convencimento reforçado caso tome posse na Casa Civil antes da votação em plenário. “A conversa de bastidor que se fala na imprensa é de que o governo seria feito pelo ex-presidente Lula, com uma repactuação, o que daria condições de sobrevida do governo”, afirma o diretor da Eurasia.
Feitos os cálculos, o que se deve ter em mente é que em menos de uma semana poder-se-á definir a continuidade do governo Dilma Rousseff.
A mobilização à esquerda foi muito forte nos últimos dias. O impeachment começou a semana com mais chances do que na semana anterior devido à forte mobilização de intelectuais, advogados, juristas, artistas, movimentos sociais, militância nas redes sociais. Mas, sobretudo, a difusão internacional do que está acontecendo no Brasil concorreu para reduzir as chances do golpe.
Nesse aspecto, na última quarta-feira (6) a Folha de São Paulo publicou uma bomba. O impeachment de Dilma foi duramente criticado pelo celebrado jornalista norte-americano Glenn Greenwald, quem iniciou a divulgação, através do jornal britânico The Guardian, das informações sobre os programas de vigilância global dos Estados Unidos pela NSA, revelados em junho de 2013 através dos documentos fornecidos por Edward Snowden, um ex-administrador de sistemas da CIA que tornou públicos detalhes de programas que constituem o sistema de vigilância global da NSA americana e que está sendo caçado pelo governo norte-americano por isso.
Greenwald, hoje refugiado no Rio de Janeiro, é cofundador do site especializado em reportagens sobre política nacional e externa The Intercept. É vencedor do Prêmio Pulitzer de Jornalismo em 2014 e do Prêmio Esso de 2013. Sua voz tem forte repercussão internacional.
Nesse contexto, trecho inicial de seu artigo na Folha mencionado acima revela como está sendo visto, fora do Brasil – sobretudo nos países desenvolvidos -, o processo que busca tirar Dilma do Poder sem causas justificáveis.
Os três primeiros parágrafos do texto de Greenwald bastam para explicar por que o impeachment perdeu força nos últimos dias.
“O fato mais bizarro sobre a crise política no Brasil é também o mais importante: quase todas as figuras políticas de relevância que defendem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff –e aqueles que poderiam assumir o país no caso de um eventual afastamento da mandatária– enfrentam acusações de corrupção bem mais sérias do que as que são dirigidas a ela.
De Michel Temer a Eduardo Cunha, passando pelos tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin, os adversários mais influentes de Dilma estão envolvidos em chocantes escândalos de corrupção que destruiriam a carreira de qualquer um numa democracia minimamente saudável.
Na verdade, a grande ironia desta crise é que enquanto os maiores partidos políticos do país, inclusive o PT, têm envolvimento em casos de corrupção, a presidenta Dilma é um dos poucos atores políticos com argumentos fortes para estar na Presidência da República e que não está diretamente envolvido em casos de enriquecimento pessoal (…)”
A reação progressista ao impeachment que se espalha pelo mundo já preocupa figuras públicas que têm apreço pela própria biografia. Juristas, artistas, intelectuais, movimentos sociais, pensadores de todas as partes não querem se confundir ou ser acusados de leniência com o que parece, cheira e soa como um golpe praticamente desabrido, de tão fácil de diagnosticar.
Porém, o cálculo político imediatista, a ânsia pelo Poder e uma maioria de políticos que não está nem aí para “essa coisa de biografia” ainda são os fatores determinantes do destino do governo Dilma.
Nesse aspecto, só a continuidade inabalável do combate decidido que a esquerda começou a dar ao golpismo da direita político-jurídico-midiática pode manter o golpe onde está, ou seja, barrado. No dia da votação do golpe na Câmara, os fascistas estarão nas ruas para pressionar os deputados. Se a esquerda não se fizer presente, o golpe será consumado.
Teoria do garoto da Veja vira piada para jornalista do LA Times
O
garoto do site da Veja, Rodrigo Constantino deve ter deixado muita
gente constrangida na editora. Após surfar pela rede, acreditou ter
descoberto o ouro e disparou em sua coluna o texto “O logo vermelho da
Copa”, em que pergunta ao leitor se “é paranoia ficar esquentando com
esse 2014 em vermelho?" (ops) e continua "um leitor vai além, e diz que
logo abaixo do número temos claramente a letra L em amarelo, referência
ao ex-presidente Lula”.
Leia também: Alceu Valença desmente presença no jantar de apoio a Aécio Neves.
O próprio colunista reconhece que o "amarelo L" é demais (ainda bem),
mas não recua em suas considerações quanto 2014 vermelho. “Propaganda
subliminar? Provavelmente. Funciona? Deixo a resposta com os
especialistas do ramo. Aqui, apenas desabafo, mostrando minha indignação
com esse logo que pula diante de meus olhos a todo momento, com esse
vermelho gritante e destoante que marca o ano eleitoral em que estamos.
Não deveria ser… azul?" (podemos rir?).
E não é que o corresponde do LA Times aqui no Brasil, Vincent Bevins
leu a pérola e resolveu mostrar sua perplexidade diante de tal “teoria
da conspiração” do garoto Veja!. “Oh Lord. Brazil columnist arguing the
red “2014” in World Cup logo is obvious socialist propaganda MT” (Oh
Deus, colunista brasileiro defendendo que o vermelho 2014 na logo da
Copa do Mundo é obviamente uma propaganda socialista). Ele ainda
compartilhou os risos que arrancou de um de seus seguidores e também a
sugestão de outro, para que Constantino verificasse o contrato junto com
a agência que criou a arte.
Pelo visto, a má impressão que ficará para a imprensa estrangeira é da duvidosa linha editorial de alguns periódicos brasileiros. Então #ficaadica (link is external). Após surfar na internet, vale pesquisar um pouco mais sobre o tema.
MAIS UMA:
ESSA ANTA DO DIOGO MAIMERDA, DIGO, MAINARDI , NÃO SE CANSA DE APANHAR, PARECE MULHER DE MALANDRO. MAS, QUEM É ESSE BUNDINHA ?
O texto “Dilma irá ao antro midiático da SIP?” gerou certa polêmica. Alguns amigos argumentaram que, como presidenta da República, ela não teria como se ausentar de um fórum de empresários da mídia do continente. Uma atitude deste tipo seria encarada como um “desrespeito à liberdade de expressão”. Os mais otimistas chegaram a dizer que até seria positiva a sua participação na 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, que ocorrerá em outubro na capital paulista, para “dizer umas verdades”.
Respeito os argumentos, mas discordo. A SIP não é uma entidade empresarial, mas sim um antro golpista. Na semana retrasada, a própria presidenta Dilma arrumou uma desculpa para não participar de um evento do Grupo Abril, após saber de uma reportagem asquerosa da Veja contra o ex-presidente Lula [vale insistir: cadê a entrevista com o Marcos Valério?]. No caso da SIP, não há diferença nas ações asquerosas. Não precisa nem inventar desculpa. Exponho abaixo um pouco da sinistra história desta entidade “empresarial”.
Jules Dubois, o homem da CIA
A Sociedade Interamericana de Imprensa não tem nada a ver com liberdade de expressão e, muito menos, com democracia. Ela reúne os barões da mídia do continente que apoiaram golpes militares e sustentaram ditaduras sanguinárias – alguns destes grupos, como a Globo e o Clarín, inclusive construíram seus impérios neste período com as mãos sujas de sangue. Com a redemocratização na região, estes mesmos barões da mídia foram os difusores do receituário neoliberal de desmonte de estado, da nação e do trabalho.
Sediada em Miami, a SIP defende os interesses das megacorporações capitalistas e as políticas imperiais dos EUA. Ela até tenta se travestir de “independente”, mas a sua direção sempre foi hegemonizada pelos empresários mais ricos e reacionários do continente. Num estudo intitulado “Os amos da SIP”, o jornalista Yaifred Ron ainda apresenta inúmeros documentos que comprovam os vínculos da entidade com a central de “inteligência” dos EUA, a famigerada CIA.
A SIP foi fundada em 1943 numa conferência em Havana, durante a ditadura de Fulgencio Batista. Num primeiro momento, devido à aliança contra o nazi-fascimo, ela ainda reuniu alguns veículos progressistas. Mas isto durou pouco tempo. Com a onda macartista nos EUA, ela foi tomada de assalto pela CIA. Em 1950, na conferência de Quito, dois serviçais da agência, Joshua Powers e Jules Dubois, passam a dirigir a entidade. Dubois comandou a SIP por 15 anos e tem seu nome gravado no edifício da entidade em Miami.
Desestabilizar governos progressistas
Neste período, a SIP se tornou um instrumento da CIA para desestabilizar os governos progressistas da América Latina. Para isso, os estatutos foram adulterados, garantindo maioria às publicações empresariais dos EUA; a sede foi deslocada para os EUA; e as vozes críticas foram alijadas. “Em resumo, eles destruíram a SIP como entidade independente, transformado-a num aparato político a serviço dos objetivos internacionais dos EUA”, afirma Yaifred.
Na década de 50, ela fez oposição ao governo nacionalista de Juan Perón e elegeu o ditador nicaragüense Anastácio Somoza como “anjo tutelar da liberdade de pensamento”. Nos anos 60, seu alvo foi a revolução cubana; nos anos 70, ela bombardeou o governo de Salvador Allende, preparando o clima para o golpe no Chile. “A ligação dos donos da grande imprensa com regimes ditatoriais latino-americanos tem sido suficientemente documentada e citada em várias ocasiões para demonstrar que as preocupações da SIP não se dirigem a defesa da liberdade, mas sim à preservação dos interesses empresariais e oligárquicos”.
Contra a regulação da mídia
Na fase mais recente, a SIP foi cúmplice do golpe midiático na Venezuela, em abril de 2002, difundido todas as mentiras contra o governo democrático de Hugo Chávez. Este não vacilou e considerou os seus representantes como personas non gratas no país. Ela também tem feito ataques sistemáticos aos governos de Evo Morales, Rafael Correa e Cristina Kirchner. Atualmente, o maior temor da SIP decorre das mudanças legislativas que objetivam democratizar os meios de comunicação na América Latina.
Qualquer iniciativa que vise regulamentar o setor e diminuir o poder dos monopólios é taxada de “atentado à liberdade de expressão”. Como aponta Yaifred, o maior esforço da entidade na atualidade é “para frear as ações governamentais que favoreçam a democratização da mídia”. A 68ª Assembleia Geral deverá, apenas, ratificar esta linha golpista. Ou seja: nada justifica a participação da presidenta Dilma Rousseff!
Venho de uma maratona de três dias com a filha caçula (13 anos) na UTI de um hospital. Fui “rendido” na vigília ao lado dela por um acompanhante substituto e temporário – ficará com menina até à noite para que eu possa, por algumas horas, finalmente desfrutar do luxo de uma cama após três noites dormindo em uma poltrona.
Esta irrequieta veia de blogueiro, no entanto, não me deixa pegar no sono. Vim caminhando do hospital até em casa – são só quatro quadras – já fuçando a internet pelo celular e perguntando nas redes sociais quais eram as últimas sobre o caso Demóstenes-Cachoeira, que pôs o país perplexo ao desnudar alguns fatos que parecem oriundos de uma ficção policial ou de espionagem.
Amigos daquelas redes me mostraram que Hollywood não faria melhor. Primeiramente, descubro que não preciso mais da imprensa porque foi só de ontem para hoje que jornais como Folha de São Paulo e O Globo deram uma notícia da qual eu tomara conhecimento há quase uma semana: o governador de Goiás, Marconi Perillo, está envolvido no escândalo em tela.
Diálogos de assessores diretos do governador com o bicheiro Carlinhos Cachoeira que este blog e ao menos outros dois publicaram no meio da tarde do dia 29 último – portanto, há seis dias – através da reprodução do inquérito da Justiça sobre a Operação Monte Carlo já davam, então, acesso ao material que aqueles jornais parecem só ter notado na terça-feira (3) e que só realçaram em suas páginas na quarta (4).
Ainda não chegou à grande mídia outra notícia estupefaciente (venho querendo usar o adjetivo há dias, porque me surgiu do nada na cabeça). A maior revista semanal do país, a qual ganhou fama por publicar escândalos políticos, empreendeu uma epopéia denuncista contra um só lado do espectro político ao longo da década passada valendo-se de relações permanentes e profundas com uma quadrilha que se encontra (quase) toda presa.
Um jornalista e blogueiro de renome publica, em primeira mão, que a publicação que se relaciona com bandidos manteve centenas de ligações telefônicas com eles sem jamais ter notado que enquanto eles lhe forneciam informações sobre políticos aos quais essa publicação se opõe escancaradamente, cometiam graves crimes. Tão graves que foram flagrados pela Polícia Federal.
Em seguida, o mesmo jornalista divulga uma extensa lista de matérias de capa que a tal revista semanal publicou contra o governo do país e informa que todas elas derivaram de informações daquela quadrilha que está vendo o sol nascer quadrado em uma penitenciária de segurança máxima.
Enquanto isso, a mesma revista e outros grandes veículos tão distraídos que até agora não descobriram nada disso, tentam, desesperadamente, achar algum membro do partido do governo federal ou de algum partido aliado para envolver em um escândalo que mostra que o segundo maior partido de oposição não passa de um ajuntamento de criminosos que vai sendo flagrado ano após ano, obrigando esse “partido” a uma teatralização de “surpresa” com os crimes de mais um membro até então emérito.
Essa grande imprensa que se especializou em divulgar escândalos valendo-se de informações miraculosamente levantadas contra o governo federal não foi capaz de ver o que acontecia na oposição – ainda que, até 2003, vivesse descobrindo escândalos do partido que, então, era oposição e que, hoje, ocupa o Poder.
Ainda estou caminhando entre o hospital e a minha residência quando um amigo argentino, que também é jornalista, liga-me no celular e pergunta se é verdade que a tal revista publicou todas aquelas matérias contra o governo usando informações da quadrilha de Goiás, e revela que a imprensa internacional só espera a confirmação dessas informações para divulgá-las.
Para a nossa imprensa seria mais fácil. Os relatórios da Polícia Federal e o próprio inquérito que está na Justiça sobre a operação Monte Carlo permitem comprovar tudo. Porém, a imprensa brasileira fatalmente será furada pela estrangeira, pois as provas contra a tal revista são escandalosas.
Quando a imprensa internacional começar a discutir esse assunto, o mundo saberá que as instituições se mobilizaram para investigar denúncias que aquela revista publicou e que se originaram de uma quadrilha de criminosos (!) com a qual a tal publicação mantinha estreita relação. Também saberá que tais denúncias consumiram recursos públicos e nenhuma foi comprovada.
Detalhe: refiro-me às denúncias contra o governo federal que a revista fez baseada em informações da quadrilha que está no xilindró e que, nos grampos da Polícia Federal, os bandidos dizem que foram “todas” fornecidas por eles mesmos.
O que o mundo dirá do Brasil? O que você diria de um país que coloca polícia, toda a grande imprensa, a Procuradoria da República e até o Judiciário para correrem atrás de denúncias feitas por bandidos de forma a distraírem essas autoridades das próprias atividades criminosas? Você, leitor, não sei, mas eu diria que é um país de otários.
Ecoou na África foi o puxão de orelhas que Lula deu nos sindicalistas que querem mudar a regra do salário mínimo por oportunismo político. Na agência de notícias Associated Press , postado por "New York Times" e outros, "Herói da classe trabalhadora Lula diz que capitalismo morreu". A longa matéria, descreve Lula como "ícone dos oprimidos" e diz que justificou com a crise financeira ao apontar a morte do capitalismo, para a "multidão que aplaudia". Na manchete da Bloomberg , "Africa precisa de revolução verde para amortecer preço dos alimentos, diz Lula", e da espanhola Efe , "Lula retorna à cena internacional para pedir mudanças". Mais FrancePresse , a indiana IANS etc.
Enquanto isso, aqui no Brasil...
O destaque da Folha do PSDB é:O, filho mais velho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda não devolveu o passaporte diplomático que ganhou do Itamaraty