Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 22 de janeiro de 2011

A régua que usa Augusto Nunes quando afirma que 'Os idiotas estão por toda parte'



Augusto Nunes acordou, olhou-se no espelho e descobriu que estava ali, à sua frente, o plot de sua coluna. No banheiro mesmo, sentou-se e perpetrou a obra: Os idiotas estão por toda parte.
Como Jabor, refugiou-se em Nelson Rodrigues, o pai de todos os reacionários, mas que era um escritor e teatrólogo genial. Assim, eles pensam que são da mesmo time. Não são.
Em seu texto, Nunes desce o pau em Lula e Dilma (eu precisava dizer isso?), afirma que os oito anos do governo Lula foram a Era da Mediocridade, e, num malabarismo verbal, diz que se orgulha de fazer parte dos "40 milhões de brasileiros que continuam enxergando as coisas como as coisas são e contando o caso como o caso foi".
Esquece-se Nunes que seu candidato, Serra, não pensa como ele. Identificou-se em grande parte da campanha como um continuador do governo Lula. E muitos que votaram em Serra, certamente o fizeram por isso.
Se no horário eleitoral Serra obrasse o texto de Augusto Nunes levaria uma surra nas urnas maior do que a que lhe foi aplicada por uma candidata que chegou à presidência sem disputar uma única eleição.
Mas os colunistas da mídia oposicionista escrevem para eles mesmos. Nisso, reproduzem aquela histórica cena de 2006, quando FHC, Serra e um outro tucano do bico grande, de que não me recordo o nome agora (Tasso?), pensavam decidir o futuro do país em um jantar num restaurante de luxo de SP. O raio de influência deles era tão pequeno que nem a candidatura Serra conseguiram emplacar (Alckmin foi o candidato).
Por isso, quando Augusto Nunes diz que os idiotas estão por toda parte é porque ele e seu grupo pensam que o mundo se resume a eles.

Vazou uma “suposta” Ley de Medios. É boicote ?


O Franklin entregou uma cópia ao Paulo Bernardo. E só
O número 275, de 21 de janeiro de 2011 da publicação tele.síntese traz uma “suposta” (como diria a Folha (*) ) Ley de Medios.

Seria a Ley de Medios do ex-ministro Franklin Martins.

A “suposta” Ley de Medios fala da “suposta” criação de uma Agência Nacional de Comunicação.

Estabelece o princípio do “quem produz não distribui, quem distribui não produz”.

Ou seja, permite que as operadoras de telefonia entrem no mercado de tevê por assinatura, desde que comprem conteúdo de terceiros.

A “suposta” Ley de Medios preveria que um produtor independente transmitisse seu programa pela operadora de telecom ou pela emissora de tevê – como a Globo –, já que o compartilhamento será obrigatório.

A “suposta” Ley de Medios também proíbe político de ter emissora de rádio e tevê.

Navalha
Este ansioso blogueiro tem a informação de que o ex-ministro Franklin Martins entregou uma ÚNICA cópia de sua Ley de Medios ao ministro Paulo Bernardo.

Das duas uma: ou a “Ley de Medios” da tele.síntese é uma fraude.

Ou a Ley de Medios do Franklin vazou de dentro do Ministério das Comunicações.

E, se vazou, é para detonar.

Para detonar, porque uma divulgação prematura das linhas mestras do projeto permite que os grupos de pressão – o Senador Evandro Guimarães (Partido da Globo-RJ) à frente – entrem em ação.

O Ministro Paulo Bernardo já sugeriu que os ansiosos se acalmassem: a Ley de Medios seria precedida de uma ampla discussão.

Conversa Afiada acha isso inútil: neste país se discute Ley de Medios desde que a Globo editou o debate do Lula com o Collor.

Mas, se o Ministro quer um “amplo debate”, ele não vazaria a Ley de Medios do Franklin.

Logo, o vazamento é para detonar.

Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Pouco após o cidadão Marinho


A produção independente da tevê britânica “Muito Além do Cidadão Kane” foi ao ar pela primeira vez em 1993, através da BBC de Londres (a tevê pública do Reino Unido), no auge do poder do protagonista do documentário, o empresário brasileiro Roberto Marinho, então controlador do maior império de comunicação do país e um dos maiores do mundo.
Reproduzi o documentário neste blog mais uma vez devido ao momento surpreendente que este país está vivendo, um momento que deve ser analisado tendo como pano de fundo o poder quase absoluto que Marinho teve em vida e que parecia inesgotável, mas que foi diminuindo ao longo da última década.
A produção britânica foi furiosamente censurada pelo ex-todo-poderoso magnata das comunicações durante a última década do século XX,  valendo-se do poder de pressão sobre as instituições que amealhou durante aquele século ao prestar serviços à ditadura mais cruel que este país conheceu.
Todavia, a censura global não adiantou por muito tempo. A internet simplesmente anulou a proibição que a Justiça brasileira impôs ao povo em defesa dos interesses pessoais e comerciais de Marinho. Mas não foi só esse o  poder que perdeu aquele que se tornou o símbolo maior do coronelismo eletrônico latino-americano.
O documentário britânico mostra como Marinho manipulava a política brasileira, elegendo e derrubando políticos ao sabor de seus próprios interesses e, reconheça-se, das próprias convicções ideológicas. Mas, também, mostra uma história de derrotas que sofreu apesar do poder imenso que detinha – e que seus sucessores genéticos, reconheça-se igualmente, ainda detêm, em parte.
As Diretas Já, por exemplo. O documentário mostra a ousadia da Globo de tentar esconder  manifestações que chegavam a juntar um milhão de pessoas no Rio de Janeiro ou em São Paulo, mas mostra como os brasileiros, naquela época, já tinham aprendido a desconfiar de Marinho.
Tragicamente, o fracasso dos governos Sarney e Collor manteve o país enterrado em crises econômicas por mais de década após o fim do regime militar, permitindo à mídia conservadora incutir na sociedade uma certa “saudade” de uma ditadura que caiu, mais do que tudo, por ter atirado o país em uma crise econômica sem precedentes devido à corrupção imperscrutável dos ditadores.
Apesar do fracasso do Plano Real , de Fernando Henrique Cardoso, que reduziu por alguns anos o descontrole inflacionário – que retornaria ao longo de seu segundo mandato –, a mudança efetiva que tal plano promoveu na vida das pessoas por algum tempo restabeleceu a fé na democracia, mostrando ao povo que a política era, sim, o caminho para mudar de vida.
Sem a reversão do caos inflacionário ao fim do governo Itamar Franco e durante o primeiro mandato de FHC, a sociedade jamais teria ousado eleger Lula, que, em 2002, convertera-se em uma espécie de “última tentativa” popular para mudar o país através do voto, pois até havia pouco inexistia a crença em que a política pode melhorar a vida de todos.
Ressalte-se a importância do sucesso da era Lula, sem o qual o país seria tomado por uma profunda descrença na democracia, com resultados imprevisíveis sobre o próprio Estado Democrático de Direito.
E é na chegada da era Lula, na reeleição do ex-operário e na eleição da sucessora que indicou que se deve analisar o momento imediamente posterior à era Roberto Marinho, encerrada com a sua morte. Uma era que a Globo, agora sob a batuta de seus herdeiros, falhou miseravelmente em prorrogar, tendo perdido o poder de eleger os governos nacionais, ainda que tenha mantido sua capacidade de criar crises políticas.
À luz da realidade política contemporânea, o documentário Muito Além do Cidadão Kane soa meio fantasioso. Não se concebe que a Globo ousasse mentir hoje  como o filme mostra que mentiu ao dizer que manifestação de um milhão de pessoas pelas Diretas Já fora um ato público em comemoração ao aniversário de São Paulo, ou que tentasse fraudar uma eleição, como fez com Leonel Brizola no Rio de Janeiro, no escândalo Proconsult.
Além dos fatores políticos que enterraram boa parte do poder da Globo e a totalidade da era Roberto Marinho, houve, também, o fenômeno da internet, que promoveu a maior revolução nas comunicações depois do surgimento da imprensa – aliás, uma revolução maior do que o surgimento da própria imprensa, a meu juízo.
Pouco após o “Cidadão Marinho”, o ritmo da história vai se mostrando, novamente, impermeável aos impérios, à ilusão dos déspotas de que poderes discricionários podem se manter indefinidamente.
Nesse aspecto, notícia recente dá conta de outro mito que vai caindo, o da supremacia eterna da audiência da Globo. A Record acaba de ultrapassar a audiência da concorrente logo ao fim do horário nobre da tevê.
Ainda que a sociedade esteja trocando seis por meia dúzia – Edir Macedo é um crápula menos pernicioso que Marinho, mas tampouco é flor que se cheire –,  não se pode desconhecer que a mera desconcentração de audiência é um evento a comemorar. Pouco após o cidadão Marinho, já se pode sonhar com o fim das ditaduras midiáticas. Não é pouco.