Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

domingo, 26 de maio de 2013

O reacionarismo insensível dos médicos brasileiros


Parece que essa montagem é de Alex Moreira. Ou não.
O passado desnecessário

Os médicos brasileiros contrários à vinda de médicos estrangeiros para atuar no interior desassistido ainda não perceberam que desejam modelar o futuro com pedaços do passado de má memória até para eles.

Quando a crise social e econômica bateu aqui de verdade, muitos médicos se foram em busca de alguma oportunidade nos Estados Unidos. Os dentistas brasileiros descobriram Portugal. A propagação do conceito de serem mais atualizados tecnicamente, à época, lotou seus consultórios com a clientela portuguesa. E levou mais dentistas daqui.

Dos anos 1980 para os 1990, a batalha foi intensa e incessante, com envolvimento diplomático, dos governos, médicos e dentistas, meios de comunicação, entidades científicas de um lado e do outro. As relações entre os dois países ficaram difíceis.

Os portugueses cobravam que os dentistas brasileiros se submetessem, para validação dos seus diplomas, a exame baseado no currículo local. Os brasileiros respondiam que o currículo português incluía, em detrimento do maior domínio técnico, matérias médicas não adotadas no Brasil. Atritos e impasse por mais de dez anos.

A recusa à vinda de médicos reproduz exatamente a posição dos portugueses, à qual nenhum núcleo médico, odontológico, intelectual ou outro deu apoio no Brasil. A diferença entre os fatos de lá e os de cá está só nos motivos. Já foi dito que os médicos brasileiros defendem o seu mercado, a tal reserva de mercado. Só os portugueses fizeram isso.

Os médicos daqui não querem saber do interior atrasado, não importa que mercado haja aí e que condições sejam oferecidas. Mesmo as periferias das cidades são incapazes de atraí-los no número necessário, como prova a procura para os hospitais e postos públicos. A mera recusa à contratação de espanhóis, cubanos e portugueses despreza ainda outra realidade inegável: a dos milhões deixados a sofrimentos que até conhecimentos médicos elementares podem evitar ou atenuar.

Responder à proposta do governo com grosserias, como tem feito o Conselho Federal de Medicina, não disfarça outra realidade. Médicos de alta reputação e entidades científicas e de classe têm insistido na adoção, para os recém-diplomados, de exame à maneira do que faz a OAB para dar status de advogado aos bacharéis em direito. O pedido do exame é o reconhecimento de que a proliferação de faculdades tem diplomado levas de médicos com despreparo alarmante.

* A coluna de Janio de Freitas comenta também outro assunto, mas eu a editei para não misturar alhos com bugalhos.

Dez mentiras que a direita quer tornar verdades


A direita brasileira é tão bobinha que faz rir.
Sofisma sem  o menor constrangimento.
E ainda cita a frase nazista sobre mentiras que se tornam verdades.
É o que gostaria de fazer.
Não consegue.
Dez mentiras da direita que não emplacam:
1) Capa da Forbes mostra Lula como bilionário.
Era uma montagem rastaquera.
2) Não há liberdade de imprensa na Venezuela.
Os jornais El Nacional e El Universal provam o contrário.
3) Cristina Kirchner quer calar o Clarín.
O Clarín tem mais de 200 concessões de televisão. A lei dos meios, inspirada na lei americana, quer evitar a concentração de mídia.
4) Os dois lados precisam ser investigados pela Comissão da Verdade.
Um lado, o dos que resistiram à ditadura, foi investigado pela justiça militar do regime, submetido a processo, condenado, preso, torturado, morto, exilado.
A história dos processos e condenações dos resistentes está em documentos, livros, depoimentos, relatos, reportagens, etc.
Por que o lado dos resistentes deveria ser condenado duas vezes?
Os torturadores é que nunca foram investigados nem condenados.
5) O Brasil estava à beira do comunismo em 1964.
Trata-se de uma tese sem fundamentação histórica.
6) O bolsa-família torna as pessoas preguiçosas e dependentes.
Um milhão e seiscentos mil beneficiados saíram espontaneamente do sistema.
7) Alunos cotistas não conseguem acompanhar o ritmo dos outros.
A média dos cotistas, numa escala comprimida, é 5.4, a dos não cotistas, 6.0. Uma diferença mínima, estatisticamente irrelevante.
8) Não havia corrupção no regime militar.
O historiador Carlos Fico e muitos outros mostram o tamanho da corrupção ao longo da ditadura. Só não se podia falar sobre ela nos jornais.
9) Jango foi um presidente fraco.
Jango foi um visionário que se dispôs a antecipar reformas que teriam melhorado tanto o Brasil que os conservadores trataram de derrubá-lo.
10) O Estado mínimo produz o máximo de benefícios e não existe a divisão esquerda/direita.
Paul Krugman, prêmio Nobel de economia, tem surrado os que acham, por ignorância ou ideologia, que a crise de 2008 nada tem a ver com Estado mínimo e com neoliberalismo.
“EXAME - Os defensores do Estado mínimo não estão agora na defensiva?
Paul Krugman – Claramente estão. É preciso muita ginástica intelectual para defender que o livre mercado estabiliza a si mesmo. Muitos economistas até criaram explicações para que as persistentes e elevadas taxas de desemprego não sejam mais consideradas deficiência do mercado. Mas certamente esse não é um ambiente muito amistoso a quem defenda o rigoroso funcionamento do livre mercado.”
A crise de 2008 enterrou essa vulgata de manual do neoliberalismo. A ideia de que não existem mais esquerda e direita é uma ideia de direita.
Juremir Machado da Silva

Por que Dilma ficou com Barroso

Ela resolveu o problema do mensalão sem se indispor com a Globo, que gosta do novo ministro.


Resolveu um problema sem criar outro
Resolveu um problema sem criar outro
O que você faz para resolver um problema e não criar outro?
Bem, no caso do STF, você nomeia Luís Roberto Barroso.
Barroso resolve o problema do mensalão. Sua chegada ao Supremo muda o cenário no momento fundamental dos recursos.
Desfaz-se o estado de espírito anti-réus que dominou o STF, e que por um momento pareceu que levaria Zé Dirceu à cadeia.
(Quem não se lembra do relato de Mônica Bergamo, na Folha, sobre o dia em que Dirceu fez as malas à espera de que o levassem pela madrugada?)
Joaquim Barbosa, o grande derrotado na nomeação, agora é minoritário, e é uma benção que seja assim, tamanha a inépcia grosseira, pedante e autoritária do ex Batman.
A segunda etapa do julgamento – aquela, sabemos agora – quase que começa do zero. Dirceu pode desfazer a mala, se já não desfez.
As sentenças extraordinariamente rigososas comandadas por Barbosa, e alinhadas com a mídia, vão sofrer uma enorme redução.
Teses como a Teoria do Domínio do Fato, pela qual você pune sem provas, voltarão ao ostracismo.
Será difícil, como aconteceu, condenar alguém com base em denúncias de jornais e revistas – a maior parte delas sem comprovação.
Barroso trouxe isso a Dilma – a certeza de que ela não terá que aturar a expressão de sarcasmo vitorioso de Barbosa, tão bem expressa no funeral de Niemeyer.
Para os repórteres, Dilma disse que a nomeação nada teve a ver com o mensalão, mas chamo aqui Wellington para comentar: quem acredita nisso acredita em tudo.
É um pastelão, é verdade – mas o final é melhor que o começo, tamanhas as barbaridades dos juízes no mensalão.
Dilma, com Barroso, resolve também um problema, como foi dito acima
Ela poderia enfrentar muitas críticas da mídia com a indicação. Com Barroso, ela neutralizou o maior foco das críticas: as Organizações Globo. Monopolista como a Globo é, você ganha a aprovação dela e o resto está feito no capítulo das relações com a mídia.
Barroso é amigo da Globo. Foi advogado da Abert, a associação que defende os interesses da Globo. Conforme mostrei num artigo anterior, chegou a escrever um artigo em que defendia a reserva de mercado para a Globo. (Os argumentos eram ridículos: até Mao Tsetung era invocado como um risco. Mas o fato é que ele escreveu o artigo e ele foi publicado no Globo.)
Portanto: você não vai ver Jabor, Merval, Ali Kamel, Míriam Leitão ou quem quer que seja na Globo atacando Barroso agora ou, um pouco depois, em suas intervenções no julgamento do recurso.
A família Marinho gosta dele: então seus vassalos também gostam.
São todos papistas, para usar a expressão com que o ex-diretor do Globo Evandro de Andrade se insinuou a Roberto Marinho quando quis o cargo.
Faço o que o senhor mandar, disse Evandro. É o que todos ali fazem, basicamente.
Barroso só não resolve o problema dos brasileiros de ter um Supremo patético – mas nada é perfeito.
Paulo Nogueira
No DCM

Boatos do fim do Bolsa Família teriam sido 'vacina' para 2014?




Setores da velha mídia e da oposição resolveram discutir a paternidade dos boatos sobre o fim do programa Bolsa Família. Óbvio que quem planta um boato destes pela lógica é oposicionista. A quem interessa tocar o terror nas pessoas de baixa renda? Sem fazer ilações sobre nomes, nem a vínculos partidários, só alguém contra o programa, a ponto de ter raiva, faria uma maldade dessas com pessoas mais vulneráveis socialmente.

Colunistas da velha mídia, para tirar o constrangimento de oposicionistas que fizeram declarações públicas contra o programa no passado, lançaram um teste de hipótese, na forma da pergunta: "Quem ganha com o boato do fim do Bolsa Família?", e responderam, eles mesmos, "o governo, que se beneficiaria ao reafirmar que o programa é 'imexível'".
Argumento fraco, raciocínio frágil e retorcido, pois nenhum governo tem nada a ganhar com tumultos e confusões, e jamais precisaria espalhar um boato só para reafirmar seu compromisso com o programa. Bastaria fazer uma campanha de divulgação institucional, se achasse necessário.

Se é para testar hipótese, há outra bem mais plausível, sobre quem ganharia com o boato. Há gravações do programa Roda Viva com o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) dizendo que o Bolsa Família estimula a preguiça .Há vídeos no Youtube gravados pelo próprio deputado Roberto Freire (PPS ou MD) em chat com militantes do PPS, onde afirma que o Bolsa Família é pernicioso ao país. E há declarações negativas ao Bolsa Família de diversas outras lideranças oposicionistas.
Logo, o assunto pode vir à tona na próxima campanha eleitoral, e essas declarações serem resgatadas, em tempos de internet, onde não dá mais para esconder aquilo que disse no passado. Isso fragiliza o discurso de compromisso oposicionista com essas políticas sociais.
Se oposicionistas espalhassem um boato anonimamente como esse, mesmo sabendo que o povo acabaria descobrindo a mentira, o fato poderia funcionar como uma "vacina" na campanha de 2014. Se viessem críticas questionando a sinceridade da oposição no engajamento ao programa social, diante de tantas críticas no passado perpetradas por seus líderes, um candidato oposicionista poderia se defender lembrando que questionamentos ao Bolsa Família seriam boatos, como o ocorrido nesta semana.

Modelo

O Bolsa Família é um sucesso internacional. Foi adotado no México, Venezuela, Bolívia, Peru, Equador, dentre outros países da América Latina. Recomendado pela ONU, foi levado para a África do Sul, Gana e Egito, no continente africano; e para a Turquia, Paquistão, Bangladesh e Indonésia, na Ásia.

Como se vê, se é para testar hipóteses, a oposição teria muito mais a ganhar.

VOLTAMOS Verdade dá calafrios na Folha e no Globo



Postei aí na seção de vídeos a reportagem  veiculada ontem pelo SBT sobre as precauções de segurança tomadas para assegurar a inviolabilidade do túmulo do ex-presidente João Goulart, em São Borja, Rio Grande do Sul.
Tem lógica, pois se aguarda a exumação de seus restos mortais, proposta pela Comissão da Verdade e autorizada pela família, que não acredita estarem plenamente esclarecidas as circunstâncias de sua morte, em dezembro de 1976.
As cartas trocadas naqueles dias entre o general Ernesto Geisel e o recém-ditador argentino – morto esta semana – Jorge Rafael Videla, recém-reveladas, só ampliam as suspeitas.
E as viúvas da ditadura estão em polvorosa com a pretensão da maioria da Comissão da Verdade brasileira representar pela revisão do esdrúxulo julgamento do Supremo que, contrariando os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, aceita a prescrição dos crimes de Estado cometidos aqui, ao contrário do que fizeram os argentinos, após a redemocratização.
Esta semana, O Globo publicou um editorial no qual qualifica como “no mínimo, ilegal” que a comissão encaminhe qualquer nomes – e provas, portanto – ao Ministério Público para levar ao Judiciário assassinos e torturadores. Agentes, aliás, de um regime que cevou e engordou o império Globo.
Hoje é a vez da Folha, que chama a ditadura de “ditabranda”, sair em defesa dos fantasmas da repressão, dizendo em editorial que a ação dos integrantes da Comissão da Verdade “a desconfiança de que os trabalhos em curso se pautem pelo espírito de revanchismo”.
A ambos, pelo seu papel colaboracionista nos tempos de um regime que só pode despertar nojo e revolta em qualquer democrata, falta autoridade moral para falar em revanchismo ou institucionalidade.
Aliás, qualquer coisa que tenha o nome de Verdade parece lhes provocar calafrios.