Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 7 de maio de 2012

FALTAM AS ESCUTAS ENTRE VEJA E A QUADRILHA




Na edição desta semana a revista VEJA atreve-se a insultar seus próprios leitores com a pergunta cínica estampada numa chamada de capa: "Como Demóstenes enganou tantos por tanto tempo". Bastaria folhear o longo histórico de suas perorações contra a esquerda, o Estado, a democracia participativa, a cidadania engajada, o pensamento crítico, bem como a demonização de lideranças, idéias e projetos progressistas para obter a resposta em suas próprias páginas.  A sedimentação golpista de uma parte da opinião pública de classe média não se dá ao acaso. Há responsáveis na lubrificação cotidiana dessa engrenagem. É um equívoco dissolver a sua assinatura numa confortável 'predisposição da sociedade ou de parte dela para ser canalha ou egoísta'. Ainda que isso seja um fato, o que plasma esse apetite em nervos e musculatura política é a ação deliberada e organizada para esse fim. Incensar os demóstenes e satanizar os lulas e respectivas agendas é o fermento que transforma instintos em história (LEIA MAIS AQUI)  

Ferro, CPI: Civita é cúmplice.
Kassab e Cerra na mira



No programa Entrevista Record Atualidade, que a Record News exibe nesta segunda-feira, às 22h15, logo após o programa do Heródoto Barbeiro, o deputado Fernando Ferro, PT/PE, diz que foi “uma associação para o crime” o que a Veja de Robert(o) Civita e Carlinhos Cachoeira montaram.

Foi Fernando Ferro quem cunhou a expressão PiG (*), a propósito de um artigo do Ali Kamel – clique
aqui para ler a mais recente peça da “Antologia da Treva”, que reúne textos inolvidáveis do Cardeal Ratzinger da Globo.

Foi Ferro também o primeiro a dizer que o Robert(o) Civita tinha que ser convocado para depor na CPI da Veja.

Alguém ali dava ordens, lembra Ferro.

A CPI tem que ouvir Civita e também o Policarpo, o chefe da sucursal: quem dá 200 telefonemas ao Cachoeira quer muito mais do obter uma informação.

Isso não é colaboração, disse Ferro.

É cumplicidade.

Ferro refuta os argumentos de Merval Pereira e da Urubóloga: jornalista pode, sim, conversar com bandido.

Clique
aqui para ler “A Voz de Cachoeira – como Robert(o) chega mais perto da cadeia”. E aqui para ler o que o Mauricio Dias disse do argumento do Merval. E o Nassif, quando diz que o problema da Veja é o Crime e não a Ética.

Mas, não pode ser cúmplice.

Sabendo que é cúmplice.

Ferro lembra que as relações da Veja com Cachoeira eram recorrentes, seguiam um mesmo estilo.

Cachoeira comemorava !

E exultava com as vitórias empresariais que a Veja proporcionava.

Não se ouvia “o outro lado”.

E havia o nexo central: confrontar o Governo, desestabilizar o Governo.

O ansioso blogueiro pergunta sobre as relações da Delta com o Padim Pade Cerra.

Clique
aqui para ler “CPI da Veja vai afundar o Cerra e o Paulo Preto”.

Ferro lembra que isso vem do Governo Arruda, no Distrito Federal.

Liga Kassab a Arruda, então no mesmo partido (Arena, PFL, DEM).

Ferro recorda que Arruda e Cerra, segundo Alexandre Maluf Garcia, era a chapa imbatível para 2010: vote num careca e leve dois.

A Delta sai de Brasília e vem para São Paulo.

E é preciso explorar, diz Ferro, como Cachoeira “ocupava espaços públicos com a empreiteira”.

O Brasil tem que fazer como a Inglaterra fez com Murdoch, ele sugere.

Investigar, ouvir, aprofundar.

Isso é bom para a Democracia, diz ele.

Assim como ele rejeita a generalização de que todo político é corrupto, não se pode aceitar a generalizada incriminação da imprensa brasileira.

A própria imprensa deve estar interessada em separar o “Cachoeira do trigo”, completou o ansioso blogueiro.

O Brasil não pode viver sob a chantagem de um órgão de imprensa, ele conclui.

Chantagem de Robert(o) Civita.

Em tempo: como diz o delegado Protógenes, “jornalista bandido bandido é”.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Nassif: problema da Veja é Crime. Não é Ético



Clique aqui para ler: “O Crime da Veja que pode levar Robert(o) Civita à cadeia”.

Nassif alinha novos e irrefutáveis argumentos sobre a tipificação do Crime de Robert(o) Civita:

O problema de Veja é criminal, não apenas ético


Alguns analistas teimam em analisar o comportamento da Veja -  nas relações com Cachoeira – como eticamente condenável.


Há um engano nisso.


Existem problemas éticos quando se engana a fonte, se adulteram suas declarações, desrespeita-se o off etc,


O comportamento da Veja é passível de enquadramento no Código Penal. Está-se falando de suspeita de atividade criminosa, não apenas de mau jornalismo.


Sua atuação se deu na associação com organizações criminosas visando objetivos ilegais, de obstrução da Justiça até conspiração.


É curioso o que a falta de democracia trouxe ao país. Analistas de bom nível tentam minimizar as faltas de Veja sustentando que não houve pagamento em dinheiro ou coisa do gênero. Esquecem-se que, em qualquer país democrático, não há crime mais grave do que a conspiração contra as instituições.


O acordo da revista com o crime organizado trazia ganhos para ambos os lados:


1. O principal produto de uma revista é a denúncia. O conjunto de denúncias e factóides plantados por Cachoeira permitiram à revista a liderança no mercado brasileiro de opinião – influenciando todos os demais veículos -, garantiu vendagem, permitiu intimidar setores recalcitrantes. O poder foi utilizado para tentar esmagar concorrentes da Abril no setor de educação. Principalmente, fê-la conduzir uma conspiração visando constranger Executivo, Legislativo, Supremo e Ministério Público.


2. A parceria com Veja tornou Cachoeira o mais influente contraventor do Brasil moderno, com influência em todos os setores da vida pública.


Há inúmeras suspeitas contra a revista em pelo menos duas associações: com Carlinhos Cachoeira e com Daniel Dantas que necessitam de um inquérito policial para serem apuradas.


Em relação a Dantas:


A matéria sobre as contas falsas de autoridades no exterior, escrita por Márcio Aith.

O dossiê contra o Ministro Edson Vidigal, do STJ. Nele, mencionava-se uma denúncia de uma ONG junto ao CNJ. Constatou-se depois que a denúncia tonava por base a matéria da própria revista, demonstrando total cumplicidade da revista com o esquema Dantas.

A atuação de Diogo Mainardi, levando o tal Relatório italiano ao próprio juiz do caso. Na época, procuradores do MPF em São Paulo explicaram qual seria a estratégia de Dantas (contaminar o inquérito da PF com o princípio do “fruto contaminado”) e  sustentaram que Mainardi atuava a serviço de Dantas. Atacados virulentamente por Mainardi, recuaram.

A matéria falsa sobre o grampo no Supremo Tribunal Federal.

O “grampo sem áudio”, entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres.

Em relação a Cachoeira:


O episódio do suborno de R$ 3 mil nos Correios, que visou alijar o esquema do deputado Roberto Jefferson e abrir espaço para o esquema do próprio Cachoeira. No capítulo que escrevi sobre o tema mostro que, depois de feito o grampo, Policarpo Jr segurou a notícia por 30 dias. Um inquérito policial poderá revelar o que ocorreu nesse intervalo.

A invasão do Hotel Nahoum com as fotos de Dirceu, clara atividade criminosa.

A construção da imagem do senador Demóstenes Torres, sendo impossível – dadas as relações entre Veja e Cachoeira – que fossem ignoradas as ligações do senador com o bicheiro.

Levantamento de todas as atividades de Demóstenes junto ao setor público, visando beneficiar Cachoeira, tendo como base o ativo de imagem construído por Veja para ele.

Reportagem da Record sobre Veja irá destravar regulação da mídia

Faz-se necessária uma análise serena sobre o que pode e deve provir da reportagem sobre a revista Veja que a TV Record levou ao ar na noite do último domingo, pois pode inaugurar um novo ciclo do debate sobre a regulação da comunicação no Brasil.
O que de mais imediato se deve lembrar é que, à diferença do que alguns podem estar pensando, não foi a primeira grande matéria jornalística contendo críticas à imprensa em uma grande rede de televisão. Em 2009, no âmbito de efêmera guerra aberta que eclodiu entre Record e Globo e Record e Folha de São Paulo, todos esses veículos certamente perderam mais do que ganharam.
Desta vez, porém, será diferente.
A menos que alguma grande TV tome as dores da Veja, a nova guerra midiática será desigual. O público que a Record abrange é infinitamente maior que o da Veja. E não é só isso. As acusações entre Record, Globo e Folha não foram sobre fatos concretos como agora.
Agora, a Record não acusou a Veja por relações com a ditadura militar. Há um fato concreto, uma poderosa organização criminosa pode ter sido integrada pelo Grupo Abril, em última análise. E os crimes supostamente cometidos podem ser claramente tipificados.
Resta analisar o impacto da matéria sobre o público. Ainda à diferença de embates anteriores da Record contra veículos de comunicação, este, pelo que acaba de ser explicado, certamente induziu setores da população a uma reflexão sobre a mídia que certamente nunca fizeram.
É aquele setor da sociedade que só pensa em futebol, novela e Carnaval. Que se limita a ver telejornais sem prestar muita atenção e a ler capas de jornais e revistas pendurados nas bancas de jornais durante os dias úteis, quando esse perfil de cidadão sai pela manhã para trabalhar.
Eis que um dos principais entraves à propositura de uma lei da mídia ao Congresso pode ter sido fortemente reduzido, só não se sabe se ao ponto de desmontar a argumentação da mídia sobre “censura” quando se toca no assunto.
Todavia, a matéria da Record sobre a Veja preparou a sociedade para os debates sobre a mídia que deverão sobrevir da CPI do Cachoeira, conforme presidente e relator da investigação declararam que ocorrerão.
É infinitamente diferente uma matéria de capa da revista Carta Capital de uma reportagem de imensos 15 minutos na televisão, reportagem que granjeou 15 pontos no Ibope. No momento em que escrevo, milhões de brasileiros estão comentando o assunto.
Aliás, como a reportagem de domingo foi repetida mais de uma vez na segunda-feira, só quem vive no mato, sem qualquer meio de comunicação com o mundo exterior, poderá escapar. Todo o esforço que a mídia fez para ocultar o caso, foi em vão.
Não foi à toa que o presidente do PT, Rui Falcão, declarou que, após enfrentar os bancos, o novo oligopólio que o governo Dilma deverá enfrentar deve ser o da mídia. Nunca antes na história deste país existiram condições tão favoráveis para tanto.

Partido de esquerda que propõe romper com a troika ultrapassa socialistas na Grécia

Syriza quer governo de esquerda para romper com a troika

do Esquerda.net
Os partidos da troika podem ficar em minoria no parlamento grego. O líder do Syriza, que alcança o segundo lugar na eleição, propõe um governo de esquerda para romper com o memorando. E diz que “Merkel tem de perceber que as políticas de austeridade sofreram uma grande derrota”. Resultados na Grécia são um “sinal importante que o povo grego dá à Europa”, afirmou a eurodeputada do Bloco Marisa Matias.
Artigo | 6 Maio, 2012 – 22:26
O resultado das eleições gregas representa um autêntico terremoto político: com cerca de metade dos votos contados, a coligação Syriza, que se opõe ao memorando da troika, já ultrapassou em muito o resultado obtido nas eleições de 2009 e confirma-se como a segunda força política grega e a primeira da esquerda. Alexis Tsipras, o líder da coligação, diz que o resultado de hoje mostra que os gregos e os europeus querem “cancelar o memorando da barbárie” a que a troika tem sujeitado o seu país nos últimos anos. A confirmarem-se os resultados que apontam que os partidos apoiantes do memorando serão minoritários no parlamento grego – mesmo com os 50 deputados que são automaticamente atribuídos ao partido vencedor, a Nova Democracia -, Tsipras propôs a formação de um governo de esquerda e disse que esta eleição é “uma mensagem de derrube” do governo da troika.
“A nossa proposta é a de um governo de esquerda que, com o apoio do povo irá recusar o memorando e pôr fim ao rumo pré-determinado do país para a miséria”, afirmou Tsipras, que disse estar certo que a subida meteórica do Syriza não se deve a uma pessoa ou partido em especial, mas a esta proposta que repetiu na campanha eleitoral. A coligação parceira do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu e no Partido da Esquerda Europeia – de que Tsipras é vice-presidente – venceu as eleições em onze círculos eleitorais, incluindo a capital Atenas.
O líder do PASOK falou antes de Tsipras e reagiu à derrota histórica – o partido deve perder mais de dois terços dos votos que teve na última eleição – dizendo que procurará formar um governo com os partidos que apoiam o memorando. Evangelos Venizelos disse estar certo que os resultados deste domingo “excluem o velho sistema dos dois partidos” no governo.
Antonis Samaras, líder do partido mais votado, reagiu aos resultados conhecidos com duas condições para dar início à formação do governo: a manutenção do euro e a mudança das políticas do memorando da troika para “ter crescimento e dar alívio à sociedade grega”.
Os resultados eleitorais — numa altura em que estão contados 70% dos votos –  dão 19.8% para a Nova Democracia, 16,3% para o Syriza, 13,6% para o PASOK, 10,5 para os Gregos Independentes, 8,4% para o KKE (PC grego), 6,9% para os neonazis da Aurora Dourada e 6% para a Esquerda Democrática. A extrema-direita do LAOS, que participou e depois rompeu com o governo da troika, não deverá eleger deputados, obtendo 2,9%. A abstenção está estimada em 38%.
Em comunicado, o KKE já veio rejeitar a proposta do Syriza, classificando esta força de social-democrata e acusando-a de servir para impedir a radicalização da sociedade grega. Para a secretária-geral Aleka Papariga, o resultado do partido não foi uma surpresa, mas a distribuição dos votos indica que o KKE não conseguiu mobilizar o sentimento antitroika do povo grego desta eleição, nem mesmo nos tradicionais bstiões eleitorais comunistas, perdendo votos nas zonas urbanas, onde disputa deputados com os neonazis. O surgimento em força da Aurora Dourada – sobretudo no voto urbano e nos bairros populares – veio abalar a política grega.
Resultados na Grécia são um “sinal importante que o povo grego dá à Europa”
“Já felicitámos o dirigente e o candidato da coligação de esquerda, com quem temos excelentes relações e com quem temos feito um caminho conjunto no sentido de combater esta Europa de austeridade”, informou Marisa Matias.
A eurodeputada do Bloco de Esquerda considera que, com estes resultados, o povo grego “rejeitou a deriva neoliberal de austeridade”. “O que é muito importante porque é um sinal claro de que o povo grego está aberto a que outras propostas surjam, que não sejam sempre neste mesmo caminho”, disse, sublinhando ainda que “rejeitou uma outra, de rejeitar o projeto europeu, porque a Europa pode ser outra coisa”.
Para Marisa Matias, porque “nunca colocaram a hipótese da saída do Euro, nem da União Europeia, mas antes lutaram por um projeto europeu que seja mais solidário e mais consistente”, os gregos dão “um sinal muito importante quer à Europa, quer a Portugal”, que está “numa situação muito semelhante à da Grécia”.
PS do Viomundo: No mesmo dia, o socialista François Hollande se elegeu presidente da França e Angela Merkel perdeu eleições regionais na Alemanha.
Leia também:
Weisbrot: Argentina é a saída para a crise que tentam esconder

Cachoeira, Demóstenes e a arapongagem no hotel: “O risco dela é cair” e a CPI do PT

publicado em 5 de maio de 2012 às 13:28

do Quid Novi, do jornalista Mino Pedrosa, que já trabalhou com Carlinhos Cachoeira
O trecho do texto do blog — que acompanha o áudio acima — que nós, do Viomundo, consideramos mais significativo, é o que segue:
“Já se sabe que o espião Jairo Martins de Souza entrou no quarto de Zé Dirceu no Hotel Naoum, mexeu na pasta pessoal do ex-ministro, e não se tem notícias se algum documento ou objeto foi subtraído. Ou, se o araponga plantou alguma escuta ambiente”.
Seria a frase acima um recado?
Do Roteiro de Cinema (grampo de antes de sair a capa da Veja com Zé Dirceu como O Poderoso Chefão):

A reportagem de Domingo Espetacular sobre Cachoeira


Do R7
Escutas telefônicas gravadas com autorização da Justiça revelaram uma ligação sombria entre o chefe de um esquema milionário de jogos ilegais, Carlinhos Cachoeira, e a maior revista semanal do Brasil, Veja. As conversas mostram uma relação próxima entre o contraventor e Policarpo Júnior, diretor da revista em Brasília (DF). Segundo documentos da Polícia Federal, Cachoeira teria passado informações que resultaram em pelo menos cinco capas da Veja, além de outras reportagens em páginas internas, publicadas de acordo com interesses do bicheiro e de comparsas. Trata-se de uma troca de favores, que rendeu muitos frutos a Carlinhos Cachoeira e envolveu a construtora Delta. O escândalo pode levar Roberto Civita, presidente da empresa que publica a Veja e um dos maiores barões da imprensa do País, a ser investigado e convocado para depor na CPI.

CPI da Veja. Dias a Merval: vale-tudo não vale nada

Na foto, Merval (D) com imortais. Jornalista bandido ...


Saiu na Carta Capital, de Mauricio Dias, na imperdível “Rosa dos Ventos”:

Veja, um caso sério


Dias se vale da contribuição do professor Marcus Figueiredo, da Uerj, que desde 1996 estuda a midia brasileira e concluiu que “… há certa resistência, da parte dos jornalistas, em admitir a legitimidade da análise de mídia.”

Completa Dias:

Há poucos dias, no entanto, o veterano jornalista Merval Pereira, de O Globo, quebrou essa regra não escrita e se dedicou ao tema. Saiu em defesa da revista Veja, envolvida com questões do receituário da CPI.


“O relacionamento de jornalistas da revista Veja com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e seus asseclas nada tem de ilícito”, assegurou Merval.


Essa afirmação vigorosa se sustenta em bases frágeis. Merval enalteceu o “jornalismo investigativo” praticado na revista. Veja, no entanto, foi parceira de um jogo criminoso. Aliou-se a um contraventor e, no afã de denunciar escândalos, criou escandalosamente um deles. Cachoeira oferecia a munição e Veja atirava.


No futuro, esse episódio e outros deverão ser objeto de estudo acadêmico possivelmente sob o título de “O caso Veja”. Melhor seria abandonar o formalismo acadêmico e chegar a um título mais adequado à tese “Veja é um caso sério”.


Não é a primeira vez que a revista sapateia sobre as regras do jornalismo. Mais do que isso. Frequentemente, ela sai do jogo e -adota o vale-tudo.


Em 2006, por exemplo, Veja foi protagonista de um episódio inédito no jornalismo mundial, ao acusar o então presidente Lula de ter conta no exterior. Na mesma reportagem, no entanto, confessa não ter conseguido comprovar a veracidade do documento usado para fazer sustentar o que denunciava. Só o vale-tudo admite acusação sem provas.


A imprensa brasileira, particularmente, tem assombrosos erros históricos. Um prontuário que inclui, entre outros, a participação na pressão que levou Vargas ao suicídio, em 1954, e quando se tornou porta-voz do movimento de deposição de Jango, em 1964.


A ascensão de um operário ao poder é outro marco divisório da imprensa brasileira. A eleição de Lula acirrou os ânimos dos “barões da mídia”. O noticiário passou a se sustentar, primeiramente, nas divergências políticas e, depois, mas não menos importante, no preconceito de classe. A imprensa adotou o que Marcus Figueiredo chama de “discurso ético de autoqualificação diante dos leitores”.


Em tempo: não deixe de ler “A voz da Veja e de Cachoeira leva Robert(o) à porta da cadeia”. E “sem Robert(o) e a Globo, a CPI será uma farsa”.

Em tempo2: como diz o delegado Protógenes, jornalista bandido bandido é.


Paulo Henrique Amorim

A voz da Veja e do Cachoeira: Robert(o) na porta da cadeia

Jornalista bandido bandido é


O Domingo Espetacular já tinha melado o mensalão.

O programa Domingo Espetacular deste domingo 6 de maio melou mais ainda: levou ao ar reportagem de Afonso Monaco e Leandro Sant’anna com os áudios de conversas que jogam luz sobre a relação entre o detrito sólido de maré baixa, seu dono, Robert(o) Murdoch,  e o crime organizado.

A reportagem deu 15 pontos de audiência.

(Clique aqui para ver a reportagem no R7.)

(Veja a repercussão da reportagem no Blog da Cidadania, do Edu Guimarães:

#VejaVaiPraCPI foi a hashtag que criei e postei no Twitter por volta das 19 horas do domingão para anunciar reportagem do programa da Record Domingo Espetacular, que, sob a batuta do jornalista Paulo Henrique Amorim, apresentou, pela primeira vez na televisão aberta, tudo o que há nas escutas da Operação Monte Carlo que envolve a revista Veja com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. A hashtag, em questão de minutos, espalhou-se pelo Twitter e chegou aos Trending Topics Brasil, onde permaneceu por duas horas. )


(Não deixe de ler o que Mauricio Dias diz da defesa que Merval Pereira fez do detrito sólido de maré baixa.)

A certa altura, a voz de Claudio Abreu – daquela empresa, a Delta, que operou com o Padim Pade Cerra e Paulo Preto às margens dos rios fétidos de São Paulo – aparece num diálogo sobre a alegria do “repórter” da Veja, Policarpo, chefe da Veja em Brasília, ao receber um detrito originário de Cachoeira para publicar no detrito sólido.

Claudio a Cachoeira:

“Cara, show de bola. Achei que ele ia me dar um beijo”.

Cachoeira forneceu cinco capas à Veja, sempre através do chefe da revista em Brasília.

Apesar da merval argumentação, os áudios do Domingo Espetacular comprovam que a Veja era instrumento e beneficiária dos negócios de Cachoeira e da Delta, essa empresa que operou com o Cerra e o Paulo Preto.

Cachoeira diz com todas as letras que plantava as reportagens – ou seja, mandava publicar – na revista de Robert(o) Civita.

Cachoeira dizia quando a plantação ia ser publicada no detrito sólido e ainda escolhia o lugar.

Há 200 gravações de telefonemas entre o Policarpo e sua “fonte”, o Cachoeira.

Ele mereceu até dois gentis apelidos: “PJ” e Poli”.

Muito simpático, não ?

A certa altura, com a própria e límpida voz, Cachoeira diz que o detrito deve ser plantado na seção “Radar”, sob a imaculada responsabilidade de Lauro Jardim (que processa Luis Nassif).

Mas, na verdade, nem o Cachoeira leva o “Radar” a sério: “se for na revista melhor ainda”, diz o notável empresário.

(Clique aqui para ler texto do Nassif: “o Policarpo (o Lauro Jardim -PHA) não interessa. Quem interessa é o Roberto(o) Civita”.)

A reportagem de Afonso Monaco mostra como Robert(o) Civita e Cachoeira tramaram a “reportagem” para entrar no apartamento de José Dirceu num hotel de Brasília.

Poderia ser para plantar cocaína no apartamento.

Mas, resultou numa pífia denúncia: que Dirceu recebia amigos e aliados para “derrubar” o Palocci.

Palocci, como se sabe, se derrubou porque não revelou a quem dava consultoria.

Na plantação da imagem de corrupção dos Correios, que deu origem ao mensalão – que está por provar-se – o alvo também era o Dirceu.

Cachoeira e Demóstenes acertaram pegar o Dirceu, porque Dirceu tinha impedido Demóstenes de ser Secretário Geral de Justiça – e legalizar o jogo.

As vozes dos personagens desse conluio comprovam o óbvio (que os mervais tentam encobrir): o que a Veja do Robert(o) fazia com o Cachoeira é um crime e aproxima Robert(o) da cadeia.

O PiG (*) tenta proteger Robert(o).

Robert(o) deve achar que desfruta da impunidade de que Roberto Marinho se valeu, no regime militar, para simular um atentado que o convertesse de cúmplice em vítima do regime.

Clique aqui para ler “A Veja é o que é porque o dono é um perdedor”.

A CPI vai desvendar outra operação Robert(o)/Cachoeira/Demóstenes: o grampo sem áudio que tirou Daniel Dantas da forca.

E por que, segundo Demóstenes, o “Gilmar mandou buscar” um processo que envolvia interesses empresariais de Cachoeira.

A reportagem de Afonso Monaco conclui com o bravo deputado Fernando Ferro, PT/PE, o autor da expressao PiG (*).

Ele quer que Robert(o) apareça para depor na CPI.

E se pergunta: quem essa elite pensa que é ?

Que vale mais que os outros?

Que está acima da Lei ?

A turma da Veja acha que sim.

E os mervais parecem concordar.

Mas, como diz o delegado Protógenes: jornalista bandido bandido é.


Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

ELEIÇÃO PLEBISCITÁRIA NA FRANÇA CONDENA A ORDEM NEOLIBERAL.A HISTÓRIA APERTA O PASSO

*Frente de Esquerda Radical (Syriza) faz 48 deputados e se torna a segunda força política no Parlamento grego**coalizão conservadora fica sem maioria; neonazistas ganham 20 cadeiras.
  
ELEIÇÃO PLEBISCITÁRIA NA FRANÇA CONDENA A ORDEM NEOLIBERAL.A HISTÓRIA APERTA O PASSO As eleições presidenciais francesas (leia o relato da festa socialista nas ruas de Paris, pelo correspondente  Eduardo Febbro;nesta pág) e o avanço da Frente de Esquerda Radical na Grécia, que se tornou a segunda força política do país subtraindo maioria parlamentar aos artífices do suicídio ortodoxo (leia análise nesta pág), a exemplo da derrota de Cameron na 5ª feira, na Inglaterra (leia o artigo de Marcelo Justo, direto de Londres), são decisões locais. Mas o revés que elas impuseram ao conservadorismo tem um alcance mundial e o seu significado é claro: devem acelerar a travessia para um novo ciclo histórico, como já ocorre no Brasil com o governo Dilma. (LEIA MAIS AQUI)

*Frente de Esquerda Radical (Syriza) faz 48 deputados e se torna a segunda força política no Parlamento grego**coalizão conservadora fica sem maioria; neonazistas ganham 20 cadeiras.
  


(Carta Maior; 2ª feira/07/05/2012)
 
Milhares festejam nas ruas de Paris a vitória de François Hollande
 
As eleições presidenciais francesas (leia o relato da festa socialista nas ruas de Paris, pelo correspondente  Eduardo Febbro;nesta pág) e o avanço da Frente de Esquerda Radical na Grécia, que se tornou a segunda força política do país subtraindo maioria parlamentar aos artífices do suicídio ortodoxo (leia análise nesta pág), a exemplo da derrota de Cameron na 5ª feira, na Inglaterra (leia o artigo de Marcelo Justo, direto de Londres), são decisões locais. Mas o revés que elas impuseram ao conservadorismo tem um alcance mundial e o seu significado é claro: devem acelerar a travessia para um novo ciclo histórico, como já ocorre no Brasil com o governo Dilma. (LEIA MAIS AQUI)

Mídia oculta negócios de Serra e Kassab com esquema Cachoeira

Esta matéria precisa ser lida não apenas pelos parlamentares membros da CPI do Cachoeira, mas por toda a classe política, sobretudo por aqueles políticos que estão do lado oposto ao que estão os grandes meios de comunicação, o lado governista.
De sexta-feira para cá, falei ao telefone com dois políticos governistas de grande expressão. Ambos, sem combinarem nada entre si, relataram-me que enxergam risco concreto de parte dos governistas na CPI se unir à oposição para aliviar a barra da mídia nas investigações.
Um político governista que integra a CPI (como suplente) e que pode agir nesse sentido é o senador Delcídio Amaral (PT-MS), outro é o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). Ambos trabalham, junto à oposição, para blindar a mídia.
Mas não são apenas os membros governistas da CPI que deveriam atentar para este texto, mas toda a classe política, pois político algum pode ter certeza de que estará sempre do lado que a mídia apóia.
Vejam o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que já foi do PSDB carioca e que esteve entre os mais contundentes acusadores do PT durante o escândalo do “mensalão”. Hoje, está no PMDB, é aliado do governador Sérgio Cabral e deixou de receber os favores que a mídia lhe fazia quando estava do lado que ela considera “certo”.
Uma imprensa partidarizada, uma imprensa que escolhe um lado e trabalha por ele não é ruim apenas para a classe política, mas, também, para a democracia e para a sociedade como um todo.
Nesse aspecto, fato recentíssimo comprova, sem deixar dúvidas, que a grande imprensa não passa de um poder discricionário que não hesita até em cometer crimes, como é bem provável que fique caracterizado na televisão neste domingo (6/5) à noite… Mas essa é outra história.
Vamos aos fatos. Matéria da revista IstoÉ desta semana se constitui em uma bomba atômica jornalística, política e institucional, apesar de que boa parte do que a revista revela não é novidade. Matéria da jornalista Conceição Lemes, do site Viomundo, antecipara que a empreiteira Delta fez a festa também em São Paulo.
Todavia, a matéria da IstoÉ vai ainda mais longe. Além de mostrar os contratos suspeitos da empreiteira com o governo do Estado e com a prefeitura de São Paulo durante as gestões José Serra e Gilberto Kassab, mostra escutas da Operação Monte Carlo que incriminam os dois políticos.
Por muito, muito, mas muito menos do que aparece na matéria da IstoÉ contra Serra e Kassab, o governador de Brasília, Agnelo Queiróz, esteve sob bombardeio de toda grande mídia ao longo de semanas. A matéria da revista, que saiu neste fim de semana, até agora não teve destaque em lugar algum da grande mídia, e foi citada de passagem e discretamente em alguns raros veículos.
O Jornal Nacional, por exemplo, um dos que mais atacaram e continuam atacando Agnelo, não disse uma vírgula sobre os gravíssimos indícios que pesam contra os dois políticos paulistas. Não apareceu nada na televisão ou nos jornais impressos neste fim de semana.
A exceção foi uma notinha curta na versão do jornal O Estado de São Paulo na internet e uma matéria mais completa no portal IG. Ambas, porém, publicadas com grande discrição.
A despeito disso, o envolvimento dos políticos paulistas no caso é tão grave que já está sob escrutínio da CPI do Cachoeira e do Ministério Público. Leia, abaixo, a nota da Agência Estado.
—–
Laço de Cachoeira com Serra é investigado pelo MP, diz revista —–
Gravações apontariam que a Delta foi favorecida nas obras de ampliação da Marginal do Tietê
Agência Estado
O Ministério Público de São Paulo e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o contraventor Carlinhos Cachoeira investigam um possível favorecimento do grupo do bicheiro em São Paulo, na gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e durante o mandato de José Serra (PSDB) no governo do Estado (2007-2010) e na prefeitura paulistana (2004-2006).
De acordo com reportagem da revista IstoÉ na edição desta semana, a suspeita é que a construtora Delta, que seria o braço operacional de Cachoeira, teria sido favorecida com a ampliação do número de contratos durante essas administrações.
A IstoÉ afirma que os parlamentares que compõem a CPI tiveram acesso a conversas telefônicas gravadas com autorização judicial entre junho de 2011 e janeiro deste ano. Segundo a revista, as gravações apontam que a construtora Delta foi favorecida em contratos de obras de ampliação da Marginal do Tietê, na cidade de São Paulo, e na prestação de serviços de varredura de lixo na capital, que somariam mais de R$ 2 bilhões.
Nas gravações, às quais a revista afirma ter tido acesso, pessoas próximas de Cachoeira fazem referências a adequações de editais e contratos para que a Delta fosse beneficiada.
Na última quarta-feira, o Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito civil para apurar a existência de irregularidades nas licitações, superfaturamento e conluio entre
Em depoimento para a revista, o deputado estadual João Paulo Rillo (PT) diz que a apuração sobre os contratos da Delta pode revelar um “caixa 2″ do PSDB em São Paulo. Já o líder tucano, Álvaro Dias, argumenta que os contratos devem ser verificados com o intuito de apontar se os valores pagos foram justos.

Estou certo de que boa parte dos leitores se surpreendeu, pois a discrição midiática em torno do caso deve estar mantendo muita gente absolutamente alheia a um escândalo dessa proporção apesar de que o procedimento investigativo do Ministério Público não é de hoje.
Tudo o que há contra os governadores Agnelo Queiróz, Sergio Cabral e Marconi Perillo está presente contra Serra e Kassab nas escutas da Operação Monte Carlo. Não existe justificativa para a mídia não citar os dois ao relacionar políticos envolvidos, mas há uma explicação que nem precisa ser escrita.
Apesar disso, no sábado à tarde surgiu a esperança de que pode estar chegando o Waterloo desse comportamento criminoso da mídia. Este blogueiro e alguns outros fizeram bombar no Twitter a hashtag #VejaPodreNoAr, que, em questão de uma hora, foi parar nos Trending Topics Brasil.
Sugere-se que o leitor fique atento à televisão neste domingo à noite, e não me refiro à Globo. É só o que posso dizer neste momento.
Só digo aos políticos que estão sendo beneficiados por essa máfia midiática que deveriam refletir que nenhum deles sabe quando poderá não estar mais do lado que goza da simpatia midiática. Aos prejudicados que ainda ajudam essa máfia, não adianta dizer nada.