Na edição desta semana a revista VEJA atreve-se a insultar seus próprios leitores com a pergunta cínica estampada numa chamada de capa: "Como Demóstenes enganou tantos por tanto tempo". Bastaria folhear o longo histórico de suas perorações contra a esquerda, o Estado, a democracia participativa, a cidadania engajada, o pensamento crítico, bem como a demonização de lideranças, idéias e projetos progressistas para obter a resposta em suas próprias páginas. A sedimentação golpista de uma parte da opinião pública de classe média não se dá ao acaso. Há responsáveis na lubrificação cotidiana dessa engrenagem. É um equívoco dissolver a sua assinatura numa confortável 'predisposição da sociedade ou de parte dela para ser canalha ou egoísta'. Ainda que isso seja um fato, o que plasma esse apetite em nervos e musculatura política é a ação deliberada e organizada para esse fim. Incensar os demóstenes e satanizar os lulas e respectivas agendas é o fermento que transforma instintos em história (LEIA MAIS AQUI)
Ferro, CPI: Civita é cúmplice.
Kassab e Cerra na mira
No programa Entrevista Record Atualidade, que a Record News exibe nesta segunda-feira, às 22h15, logo após o programa do Heródoto Barbeiro, o deputado Fernando Ferro, PT/PE, diz que foi “uma associação para o crime” o que a Veja de Robert(o) Civita e Carlinhos Cachoeira montaram.
Foi Fernando Ferro quem cunhou a expressão PiG (*), a propósito de um artigo do Ali Kamel – clique aqui para ler a mais recente peça da “Antologia da Treva”, que reúne textos inolvidáveis do Cardeal Ratzinger da Globo.
Foi Ferro também o primeiro a dizer que o Robert(o) Civita tinha que ser convocado para depor na CPI da Veja.
Alguém ali dava ordens, lembra Ferro.
A CPI tem que ouvir Civita e também o Policarpo, o chefe da sucursal: quem dá 200 telefonemas ao Cachoeira quer muito mais do obter uma informação.
Isso não é colaboração, disse Ferro.
É cumplicidade.
Ferro refuta os argumentos de Merval Pereira e da Urubóloga: jornalista pode, sim, conversar com bandido.
Clique aqui para ler “A Voz de Cachoeira – como Robert(o) chega mais perto da cadeia”. E aqui para ler o que o Mauricio Dias disse do argumento do Merval. E o Nassif, quando diz que o problema da Veja é o Crime e não a Ética.
Mas, não pode ser cúmplice.
Sabendo que é cúmplice.
Ferro lembra que as relações da Veja com Cachoeira eram recorrentes, seguiam um mesmo estilo.
Cachoeira comemorava !
E exultava com as vitórias empresariais que a Veja proporcionava.
Não se ouvia “o outro lado”.
E havia o nexo central: confrontar o Governo, desestabilizar o Governo.
O ansioso blogueiro pergunta sobre as relações da Delta com o Padim Pade Cerra.
Clique aqui para ler “CPI da Veja vai afundar o Cerra e o Paulo Preto”.
Ferro lembra que isso vem do Governo Arruda, no Distrito Federal.
Liga Kassab a Arruda, então no mesmo partido (Arena, PFL, DEM).
Ferro recorda que Arruda e Cerra, segundo Alexandre Maluf Garcia, era a chapa imbatível para 2010: vote num careca e leve dois.
A Delta sai de Brasília e vem para São Paulo.
E é preciso explorar, diz Ferro, como Cachoeira “ocupava espaços públicos com a empreiteira”.
O Brasil tem que fazer como a Inglaterra fez com Murdoch, ele sugere.
Investigar, ouvir, aprofundar.
Isso é bom para a Democracia, diz ele.
Assim como ele rejeita a generalização de que todo político é corrupto, não se pode aceitar a generalizada incriminação da imprensa brasileira.
A própria imprensa deve estar interessada em separar o “Cachoeira do trigo”, completou o ansioso blogueiro.
O Brasil não pode viver sob a chantagem de um órgão de imprensa, ele conclui.
Chantagem de Robert(o) Civita.
Em tempo: como diz o delegado Protógenes, “jornalista bandido bandido é”.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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