Após o estrondo político causado pela pesquisa Datafolha da última sexta-feira, na qual Dilma disparou no primeiro e no segundo turnos, Marina caiu e Aécio permaneceu estagnado abaixo de 20 pontos percentuais, durante o fim de semana começaram a vazar trackings das campanhas dos três principais candidatos a presidente.
Como o bem informado leitor já deve saber, no primeiro dia útil desta semana pesquisa CNT/MDA mostrou forte vantagem de Dilma sobre Marina e Aécio no primeiro e no segundo turnos. No primeiro, a presidente subiu a 40,4%, Marina caiu para 25,2% e Aécio cresceu apenas dentro da margem de erro (de 17,6% para 19,8%).
E o mais importante: no segundo turno, a vantagem de Dilma sobre Marina já soma 9 pontos percentuais (47,7% a 38,7%).
Nesta segunda-feira (29), por volta das onze horas, o Ibovespa registrava queda de mais de 4%, o dólar disparou e as ações da Petrobrás caíram cerca de 9%. A pesquisa CNT/MDA explica parte da volatilidade do mercado, mas não toda.
Mais uma vez, boatos sobre pesquisas ainda mais recentes dando conta de vitória de Dilma no primeiro turno espalharam-se por sites, blogs e redes sociais, gerando esses solavancos no mercado financeiro.
Paralelamente aos fenômenos supracitados, a boataria vem se somando a teorias conspiratórias das mais diversas, com o costumeiro protagonismo da CIA ou de Cuba em versões sobre golpes de última hora que estariam sendo preparados por candidatos contra candidatos – Marina contra Aécio, Dilma contra Marina, Aécio contra Dilma etc. – para impedir ou garantir que a eleição vá para 2º turno.
Algumas dessas teorias, aliás, são muito bem elaboradas. Contêm fotos, reproduções de documentos, nomes e mais nomes estrangeiros (de pessoas e organizações) envolvidos em planos para interferir no resultado da eleição presidencial brasileira.
Em uma eleição tão polarizada e repleta de ocorrências dramáticas, como no caso da morte surpreendente de Eduardo Campos em um acidente aéreo cujas explicações ainda não convencem a muitos, teorias conspiratórias não soam tão absurdas como soariam em pleitos anteriores, nos quais os golpes se restringiram às conhecidas denúncias de corrupção de última hora contra o PT.
Nesse mar de teorias conspiratórias, uma certeza: dificilmente a mídia partidarizada (Globo, Folha de São Paulo, Veja e Estadão) deixará de lançar uma “bomba” para impedir que Dilma se reeleja daqui a seis míseros dias.
A Veja bem que tentou, no último fim de semana; acusou Dilma de envolvimento em corrupção. Não é pouco. Ainda mais sem uma mísera prova, o que reforça toda sorte de teoria conspiratória. Se a revista foi capaz de tal ousadia, o que mais pode chegar a fazer?
Ao mesmo tempo, ao longo dos últimos dez dias notícias importantíssimas – e acima de suspeitas de manipulação – contribuíram para que a maioria do eleitorado tenha se inclinado por Dilma nas pesquisas de opinião.
A ONU, por exemplo, elogiou fartamente o Brasil por seus programas de combate à fome e de redução da pobreza. E, além de o país ter saído do mapa da fome no mundo, notícia sobre suas políticas sociais favoreceu a presidente: segundo estudo do Ministério do Desenvolvimento Social, houve aumento da altura média das crianças atendidas pelo Bolsa Família. Entre 2008 e 2012, as meninas de 5 anos ficaram 0,7 centímetro mais altas e os meninos, 0,8 centímetro.
Se no social as notícias foram boas para o governo, na economia tampouco foram más. Apesar da cantilena sobre baixo crescimento e inflação, esta vem caindo. E o que realmente importa ao povo em economia não é crescimento, mas o binômio emprego-salário.
Segundo o IBGE, ambos vão muito bem, obrigado. Em agosto, o desemprego de cerca de 5% foi o menor da série histórica de 12 anos mensurada mês a mês pela instituição. Além disso, a renda média do trabalhador brasileiro do setor privado subiu 2,5% acima da inflação. E a do setor público, 7%.
Inflação controlada, salários subindo, desemprego e pobreza caindo, tudo isso vem fazendo o eleitor pensar se tem mesmo tanto sentido a cantilena midiática sobre baixo crescimento. Apesar de a mídia dizer que desemprego e inflação vão aumentar e os salários vão cair, o que se vê é o contrário.
Ora, é aí, então, que vemos a oposição midiático-banqueira numa sinuca de bico. Denúncias de corrupção vêm falhando miseravelmente contra o petista da vez, eleição presidencial após eleição presidencial; o terrorismo econômico, iniciado exageradamente antes das eleições, perdeu a força.
E agora?
É nesse momento que as teorias conspiratórias vêm à mente. O conclave político-midiático-financeiro vai aceitar que Dilma vença a eleição em primeiro turno após todo o trabalho que teve? Sério que alguém acredita nisso?
Dentre as muitas teorias conspiratórias que vêm pingando tanto “in box” nas redes sociais quanto na caixa de correio eletrônico ou nos telefones do blogueiro, uma lhe é particularmente cara: se denúncias de “corrupção petista” e terrorismo econômico não estão funcionando, e se a vitimização de Marina não deu frutos, que tal algo mais parecido com a queda do avião de Eduardo Campos, a fim de gerar novo clima de comoção?
Uau! Não é pouco. Seria arriscado e, talvez, inútil. Mas…
Pense comigo, leitor: é óbvio que a simulação de um atentado violento contra Marina ou Aécio seria um “fato gerador” de comoção. E a culpa recairia sobre Dilma, claro. Ou sobre algum “aloprado” que simbolizaria como é “bandida” essa “gente do PT”.
Mas tal construção padece de um problema incontornável: por que Dilma ou algum aliado “aloprado” cometeria uma sandice dessas se a presidente disparou nas pesquisas tanto em primeiro quanto em segundo turnos, com possibilidade de vencer no primeiro?
Ora, ainda se fosse no segundo turno poderiam tentar vender que a violência contra um adversário decorreria de uma última cartada do PT por “desespero” diante do tudo ou nada. Mas não é o que está acontecendo. Se Dilma não vencer no primeiro turno, tudo indica que vencerá no segundo.
Contudo, a lógica não tem valido muito, ultimamente. Vejam, por exemplo, que as últimas pesquisas de opinião têm mostrado que, apesar de o desemprego continuar caindo de forma pronunciada no país, quase metade dos brasileiros acredita que irá aumentar. Qual é a lógica desse contingente tão expressivo de pessoas?
Não há lógica. Essas pessoas se guiam pela mentirada que os adversários assumidos e enrustidos de Dilma, sobretudo na mídia, têm espalhado. Desse modo, confiar em sensatez total do eleitorado pode ser uma aposta furada. Nesse aspecto, um “fato gerador” de comoção talvez seja a última esperança de essa gente tirar o PT do poder.
Teoria conspiratória? Claro que sim. Eu acho…