62 anos depois da morte de Getúlio Vargas, a quem interessa retirar de cena um Partido dos Trabalhadores?
A Alemanha dos anos 1930, impulsionada pela grande crise de 29, foi marcada por uma grave desestabilização econômica, caracterizada pelo desemprego e pela hiperinflação.
Nesse contexto de crise foi que o discurso do partido nazista encontrou ampla aceitação na sociedade alemã. Assim Hitler chegou ao poder.
Um ditado antigo, no qual não recordo o nome do autor, afirmava que “loucos são aqueles que nós colocamos nos hospícios em tempos de paz, mas colocamos no poder em tempos de crise”.
Os nazistas montaram uma poderosa máquina de propaganda.
A tática nazista incluía o patrulhamento ideológico, a calúnia e a difamação, aplicando a frase atribuída ao chefe da propaganda nazista: “Uma mentira muitas vezes repetida vira verdade”.
Assim o governo de Hitler conseguiu convencer os alemães de que os judeus eram sujos, perversos, corruptos e traidores, responsáveis pela crise econômica que jogou os alemães na pobreza.
Tudo isso fundamentou a criação de leis que justificaram a perseguição, prisão, escravização, confisco de bens e o homicídio de milhões de judeus, dentro e fora dos campos de concentração.
Fenômeno idêntico pode ser observado no Brasil de hoje.
A velha imprensa empresarial, em especial a Rede Globo de Televisão, utilizando as mesmas técnicas de intimidação, patrulhamento ideológico liberal, calúnia e difamação, escolheu o maior partido de representatividade dos trabalhadores para negar sua legitimidade no Brasil.
O PT e suas principais lideranças têm sido alvos de escancarados e assombrosos ataques e perseguição.
Você já deve ter se perguntado algum dia o porquê a canoa de Lula vira manchete de uma hora no Jornal Nacional e as 18 delações do Senador Aécio Neves na Lava-Jato, não.
Ou porque os pedalinhos dos netos de Lula têm garantidos 24 horas na programação da Rede Globo, mas os R$ 23 milhões que o senador e atual ministro de Temer, José Serra, teria recebido de propina, já tenham caído no esquecimento popular.
O PSDB e boa parte dos políticos brasileiros, assim como a grande mídia, estão em defesa do status quo da elite brasileira.
Não é à toa que estamos vivendo um período muito parecido com aquele que colocou Adolf Hitler no poder na Alemanha da década de 30.
Aproveitam-se da crise econômica para colocar medo na população e deslegitimar o maior partido de representação aos trabalhadores em nosso país.
O ódio ao PT tem garantido uma cortina de fumaça que legitima os golpistas.
A venda colocada nos olhos dos brasileiros com a forte campanha midiática contra o PT vai garantir que o atual Governo Golpista de Michel Temer mexa nos principais direitos dos trabalhadores.
Hoje completamos 62 anos da morte de Getúlio Vargas, pai da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Getúlio se suicidou depois de uma forte campanha de difamação, ódio e calúnia.
Mais uma vez o mote da corrupção impulsionada por monopólios de comunicação, como o Diário Associados, de Assis Chateaubriand e Carlos Lacerda, serviram para golpear um governo com vertente trabalhista. No dia de sua morte a população saiu às ruas, indignada.
A Tribuna da Imprensa de Lacerda foi empastelada. A redação de O Globo foi atacada, carros do jornal foram destruídos.
Mais de seis décadas depois de sua morte, a história volta a se repetir. Mais uma vez um governo com viés trabalhista sofre um golpe.
Com amplo apoio das organizações Globo, o Brasil vive, sob o comando do presidente golpista interino Michel Temer, o maior desmonte dos direitos trabalhistas da história.
Na pauta a jornada de trabalho (oito horas diárias e 44 semanais), jornada de seis horas para trabalho ininterrupto, banco de horas, redução de salário, férias, 13º salário, adicional noturno e de insalubridade, salário mínimo, licença-maternidade, auxílio-creche, descanso semanal remunerado e FGTS.
Outro projeto em pauta, o PLP 257, resultará no congelamento dos salários, revisão dos benefícios e gratificações, demissão de servidores públicos, suspensão de concursos públicos, aumento da alíquota ou privatização da Previdência Social, limitação dos programas sociais.
O governo Temer também se esforça para aprovar a PEC 241/2016, que congela os investimentos públicos para os próximos 20 anos.
Na educação, essa PEC significa que nenhum centavo novo vai chegar para creches, escolas, universidades públicas e para melhorar o salário dos professores e praticamente inviabiliza as metas do Plano Nacional de Educação.
A proposta de privatização do SUS ganha cada dia mais força.
O ministro da Saúde do governo Temer já deu diversas declarações de que pretende extinguir a gratuidade da saúde para todos no Brasil.
Foi publicado no Diário Oficial da União proposta que cria grupo de trabalho para analisar a implementação de planos de saúde pagos pela população brasileira, favorecendo as chamadas “indústrias da morte, ou das doenças”.
A medida de Temer potencializa a lógica do mercado, colocando os serviços públicos não como direitos, mas como mercadorias.
Com a campanha nazista de ataque ao maior partido brasileiro de representação dos trabalhadores, o plano Temer de desmonte dos serviços públicos e ataques aos trabalhadores ganha uma confortável margem de implementação.
Não fica difícil concluir a pergunta desse título. A quem interessa retirar de cena um Partido dos Trabalhadores?
*Jean Volpato é jornalista, especialista em Gestão Estratégica em Políticas Públicas
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