Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Bolsonaro pode ter armado pegadinha contra Jean Wyllys em voo da TAM

bolsonaro capa
Na manhã da última terça-feira (7/4), o deputado federal pelo PSOL fluminense Jean Wyllys passou por constrangimento ao embarcar no voo JJ 3024 (10H19), da TAM, que o levaria do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, para o aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília.
Wyllys estava sentado na poltrona 12 C (corredor), entretido em leitura, quando o deputado pelo PP fluminense Jair Bolsonaro chamou-lhe a atenção ao avisá-lo de que sua poltrona era a 12 B, bem ao lado esquerdo do psolista. Wyllys, de forma automática, levantou-se e foi sentar-se em outra poltrona mais distante.
Assista ao vídeo postado por Bolsonaro em seu canal no You Tube.



Poucas horas após o desembarque, Bolsonaro postou a mensagem abaixo em seu perfil no Facebook.
bolsonaro 1
A postagem de Bolsonaro espalhou-se nas redes sociais como uma fagulha no palheiro. No fim da tarde desta quarta-feira (8/4), o vídeo já contava com mais de 600 mil visualizações no You Tube e a postagem do pepista no Facebook já tinha mais de 80 mil likes e quase 30 mil compartilhamentos.
Poucos se deram conta – inclusive este que escreve – de alguns fatos estranhos envolvendo esse episódio. Só me dei conta desses fatos graças a mensagem recebida em comentário neste Blog, o qual reproduzo abaixo.
Prezado Eduardo: apesar de ser s/ seguidor no Facebook, optei por colocar comentário no s/ blog porque p/ razões q vc ira entender ñ quero me identificar. Peço a vc. que assista ao vídeo deste linkhttps://www.youtube.com/watch?v=_Ezo283VfbA Como vc vai ver, o bolsonaro (em minúscula mesmo) fez uma pegadinha com o Jean Willys num vôo da TAM. Ele conseguiu saber c/ funcionário da empresa q vôo que Jean ia pegar e q assento que ele ia sentar e pediu pra ser colocado do lado. Vc pode notar que esse facista já chegou no avião filmando. Pq ele entrou no avião filmando? Sou homossexual e fiquei revoltado com o que a TAM ou um funcionário dela fez com o Jean, por isso estou te contando essas coisas. Edu sei que teu blog, registra IP dos leitores, por favor não coloque o meu. Queria que vc denunciasse isso pq foi muita sujeira do Bolsonaro e quem ajudou ele.
De fato, é bastante suspeito que Bolsonaro tenha entrado no avião já filmando. Quem faz isso? Entrar em avião é complicado, pessoas cheias de bagagem se esbarram. Não há motivo para alguém entrar em um avião filmando o ambiente, a menos que seja alguém que nunca voou e quer registrar o momento de estreia, o que, obviamente, não é o caso de Bolsonaro.
Por fim, vejamos a crítica do deputado pepista. Ele acusou Jean Wyllys de “heterofobia”. É de matar de rir. Isso não existe. Nunca alguém foi espancado até a morte por ser heterossexual. Nunca houve discriminação no mercado de trabalho ou em qualquer ambiente por uma pessoa gostar do sexo oposto.
É óbvio que a reação de Wyllys foi por uma questão pessoal. Ele não saiu da poltrona ao lado da de Bolsonaro porque ele é heterossexual e, sim, porque ele debocha de homossexuais, insulta-os etc.
Até onde sei, não ir com a cara de uma pessoa não é discriminação. O que caracteriza discriminação é não querer ficar perto de alguém por aquele alguém pertencer a um grupo social, étnico, religioso etc.
Se foi mesmo uma armação que permitiu a Bolsonaro captar essa cena para tentar mostrar uma contradição de Wyllys, ela só irá funcionar entre pessoas tão desprovidas de inteligência quanto o deputado homofóbico.
Senão, vejamos: se o deputado do PSOL fosse “heterofóbico”, não iria querer ficar ao lado de quase ninguém nem no avião nem em parte alguma, pois, supostamente, a esmagadora maioria das pessoas é heterossexual.
Este blogueiro, por exemplo, é heterossexual e tampouco ficaria ao lado de Bolsonaro. Talvez, por dever de ofício, suportasse estar com ele para entrevistá-lo – nunca é demais expor seu “intelecto”. Mas não poderia ser a seco. Uma dose de uísque – ou de plasil – ajudaria.

US$ 70 BI DA SHELL MOSTRAM O VALOR REAL DO PRÉ-SAL

Sionismo religioso: o fundamentalismo contra a paz


































Os fanáticos do sionismo religioso pregam a necessidade de construir um templo no lugar da atual Mesquita Al-Acqsa, terceiro lugar mais sagrado do Islã.

Leneide Duarte-Plon, de Paris




Eles esperam o Messias, cantam e dançam a cada novo metro de terra conquistada à força, são obcecados pelo problema demográfico, defendem a anexação pura e simples da Cisjordânia (que chamam de Judéia-Samaria) e se opõem a todos os que dizem buscar soluções políticas de paz, sejam políticos, sejam diplomatas. Seus líderes religiosos instigaram seguidores a pedir a morte de Itzak Rabin, que negociara com Shimon Peres e Arafat os Acordos de Oslo, em 1993. Logo apareceu um voluntário para executar o primeiro-ministro, visto como "traidor".

Eles são os fanáticos do sionismo religioso que seguem rabinos extremistas como HaCohen Kook e seu filho Yéhuda. São cada vez mais numerosos e pregam a iminente chegada do Messias e a necessidade de construir o templo no lugar da atual Mesquita Al-Acqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islã, cuja cúpula dourada pode ser vista de quase toda Jerusalém, cidade santa dos três monoteísmos. O local onde fica Al-Acqsa é conhecido pelos árabes como a Esplanada das Mesquitas e pelos sionistas como o Monte do Templo.

Alguns dos sionistas religiosos falam abertamente do plano de explosão da mesquita de 1300 anos, para dar lugar ao templo que, segundo a tradição judaica ortodoxa, ocupava aquele espaço. Arquitetos já têm o projeto pronto.

O jornalista e escritor Charles Enderlin, um dos maiores conhecedores do conflito Israel-Palestina, que cobre há longos anos, é o autor do extraordinário documentário “Au nom du Temple” (Em nome do templo), realizado em parceria com Dan Setton (a íntegra aqui).

O filme - que mostra a ascenção do sionismo religioso e seu combate contra todas as iniciativas de paz - foi foi feito há um ano e exibido pelo canal France2 apenas na terça-feira, 31 de março. Ficou engavetado no canal público e depois de muitas hesitações pôde finalmente ser exibido. Mas um pouco antes de meia noite, para evitar o grande público do horário nobre pois o filme incomoda os que preferem denunciar o fundamentalismo islâmico.

Os documentaristas recolheram testemunhos de sionistas religiosos e de seus críticos para contar como o Estado de Israel viu a direita "annexioniste" (um neologismo que funde as palavras sionista e anexação) se expandir até representar mais da metade dos eleitores e garantir a perenidade da política de colonização representada por governantes como Benjamin Netaniahu. O documentário rememora os últimos 20 anos da política israelense para mostrar como o país mergulhou numa espécie de messianismo fundamentalista.

Para o historiador Zeev Sternhell, "a esquerda não quis ver por covardia essa corrente ideológica e política enorme, poderosa, uma verdadeira torrente". Se os fundamentalistas resolverem atacar a mesquita de Jerusalém isso será visto como uma declaração de guerra ao Islã em geral, adverte Sternhell.
Pesquisas feitas em Israel mostram que 51% das pessoas acreditam que o Messias vai chegar e 67% pensam que o povo judeu é o povo eleito de Deus. Todos os indicadores revelam que o sionismo messiânico ganha terreno no país. O documentário mostra um grupo de fundamentalistas matando um cordeiro para sacrificá-lo num altar a ceu aberto, ritual que os judeus cumpriram desde o tempo de Abraão e mantiveram até dois mil anos atrás, ainda na época de Cristo.

O professor Matti Steinberg, ex-analista principal do Shin Beth (serviço de segurança interna israelense) afirma que o conflito pode transformar-se em guerra de religião. Ele argumenta que sunitas e xiitas se unirão para atacar o agressor do terceiro lugar mais sagrado da religião muçulmana. Ninguém sabe o que pode resultar desse ataque.

Ao falar dos 400 mil colonos israelenses que já ocupam 60% da Cisjordânia, o geógrafo palestino Khalil Toufakji diz, comparando um mapa de alguns anos atrás com o atual: "a solução do conflito com dois Estados não é mais viável".
O filme mostra que as iniciativas diplomáticas se chocam com a realidade de colonos nacionalistas determinadas a ocupar a Cisjordânia e impedir qualquer possibilidade de criação do Estado da Palestina. Os diferentes governos de direita fazem um jogo duplo se equilibrando entre o direito internacional e os colonos.

Os nacionalistas consideram Baruch Goldstein um herói pelo fato de ter matado 29 palestinos que rezavam numa mesquita em Hebron, em 1994. Na visão dos fanáticos, os palestinos, apresentados como "colonos árabes", é que são os ocupantes.

Reportagem feita pela televisão francesa mostrou há poucas semanas um grupo de militantes do Estado Islâmico, armados até os dentes. Um deles gritava que estavam lutando para em breve libertar Jerusalém dos sionistas.

Quando o combate político cede lugar aos dogmas religiosos, os fanáticos tomam o lugar dos diplomatas.

No que resultará o encontro dos dois fundamentalismos?