Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 22 de maio de 2012

Foi só Paulo Preto e Serra aparecerem no rolo da Delta, que a Folha virou a pauta para fantasmas

Até ontem a tucanada dizia que precisava investigar a empreiteira Delta em todos os estados, desde já. A velha imprensa também dizia o mesmo.

O objetivo era constranger o PMDB, ao estabelecer como alvo um governador do partido, Sérgio Cabral, de forma a salvar um governador tucano, Marconi Perillo (PSDB-GO).

A manobra começou a desandar quando se deram conta de que Cabral não está no mesmo nível de Perillo, e sim de José Serra (PSDB-SP). Investigar a Delta nacional, o que poderá ocorrer com os desdobramentos da CPI, pegará o diretor da empreiteira em São Paulo, Heraldo Puccini Neto, atualmente foragido, com mandado de prisão. Este diretor assinou contratos milionários da Delta com Paulo Preto, na gestão de José Serra.

Quando o jornal "Folha de São Paulo" se deu conta disso, resolveu direcionar a pauta para outro lado, caçando fantasmas no gabinete do senador Vital do Rego (PB), também do PMDB, partido que a velha imprensa acha mais fácil de chantagear com notícias desfavoráveis, para impedir investigações sobre a revista Veja.

Funcionários fantasmas são deploráveis e devem ser repudiados, seja no Senado, seja em outros órgãos, por isso, bem feito que o senador Vital do Rego responda por essas nomeações. Aliás, vários vícios praticados no Senado são deploráveis, a ponto de se tornar defensável um regime unicameral. Mas causa estranheza a Folha jogar esse assunto em pauta misturando com CPI do Cachoeira, sabendo que, desde a crise dos atos secretos, a relação de servidores de cada senador é divulgada na Internet (aqui), e a Folha já poderia ter feito uma matéria destas há muito tempo, não só com este senador, como com outros, assim como o site Congresso em Foco fez com a farra das passagens aéreas.

Folha adota método Veja-Cachoeira de fazer "jornalismo"

A Paraíba tem dois outros senadores tucanos, que devem ter servido de fonte para a Folha. Se vasculhar o gabinete destes dois senadores, como fizeram com Vital do Rego, não deve causar surpresa se encontrar um ou outro fantasma.

Quando a Folha ataca seletivamente um grupo político para beneficiar outro, repete o esquema Veja-Cachoeira, cujo modus operandi era derrubar quem era obstáculo aos objetivos da organização criminosa, na expectativa de conseguir emplacar nomes que não ferissem os interesses da turma.

Lula, Agnaldo Timóteo e o preconceito

Na contramão da História

Leitor da seção “O Globo há cinquenta anos”, recomendo sua leitura por alunos e professores em sala de aula. Ali, quase diariamente, encontra-se um repositório notável do atraso de nossa vida republicana, o que nos possibilita conhecer o papel de nossa imprensa corporativa como eficiente correia de transmissão da ideologia da Guerra Fria (importando um embate que não nos dizia respeito e trazendo para cá a visão estadunidense), invariavelmente de costas para os interesses nacionais, avessa aos interesses populares e sempre atenta aos negócios do grande capital, principalmente o capital internacional.
os grandes jornais sempre se opuseram ao nacional e ao popular, e assim combateram a campanha do “Petróleo é nosso” e ainda hoje rejeitam a Petrobrás. Foto: José Vieira Trovão / Ag. Petrobras
 
 
Escrevo “nossa imprensa” de forma proposital, pois O Globo não era, não foi e não é uma exceção nesse servilismo aos interesses antinacionais e, sobretudo, contrários ao desenvolvimento do país e a tudo que diga respeito ao povo. O cheiro dos marmiteiros sempre ofendeu ao olfato sensível dos comensais dos Le bec fin.
Por coerência, os grandes jornais sempre se opuseram ao nacional e ao popular, e assim combateram a campanha do “Petróleo é nosso” e ainda hoje rejeitam a Petrobrás e se arrepiam, irritadiços, sobressaltados, diante de qualquer movimento que lhes possa sugerir o menor sintoma de nacionalismo (ou defesa dos interesses nacionais) que possa pôr em risco o projeto do grande Império. Ou de defesa do Estado. E sempre que este submerge, quem paga o pato são os interesses da Nação e dos mais pobres.
Exemplar do que afirmo é a primeira página da edição do Globo do dia 26 de abril de 1962. Depois de anunciar com alegria a “Primeira explosão nuclear no Pacífico”, sem danos ambientais (embora também diga que “o engenho lançado de um avião que voava a grande altitude, desencadeou numa força explosiva calculada entre 20.000 e um milhão de toneladas de TNT”), o jornal condenava a ameaça de aprovação do projeto do deputado Aarão Steinbruch que instituía o 13º salário: “Os meios financeiros consideram altamente inflacionária e de consequências desastrosas para a economia nacional a implantação de um 13º salário”.
A previsão catastrofista vem no discurso do oráculo do conservadorismo de então: “Deixando de lado a agricultura, para a qual faltam dados positivos, o economista Eugênio Gudin calcula em cerca de Cr$ 80 bilhões a sobrecarga que o aumento representaria no orçamento das empresas”.
Contam os fatos que o projeto foi aprovado e que sua aplicação acumula, hoje, 50 anos de sucesso. Nenhuma empresa faliu por conta dele, o comércio ganhou (e ainda hoje festeja a iniciativa) e começávamos ali a investir no que até os ortodoxos reconhecem ser a alternativa de nossa economia, a saber, o fortalecimento do mercado interno.
 
Mino Carta: Eternos chapa-branca
Na contramão da História, a mesma imprensa combatia, desde sua instituição, tanto o salário mínimo (Decreto-Lei n.2 2.162 , de 12 de maio de 1940), quanto seus reajustes anuais, sempre apontados como inflacionários. Assim, em 1954, o anúncio de um reajuste de 100%, afinal concedido, provocou grande campanha de imprensa, a edição de um famoso e subversivo “Memorial dos Coronéis” e, afinal, a demissão do Ministro do Trabalho, João Goulart. Jamais aumentar salários, jamais regular a remessa de lucros para o exterior, taxar as grandes fortunas e as grandes heranças. Jamais estabelecer alíquotas crescentes do Imposto sobre a Renda. Derrubar a CPMF e assim desfalcar o orçamento de nada menos que o ministério da Saúde, ah! isso, sim… Para “destravar a economia”? Não. Seu objetivo era reduzir o controle das movimentações financeiras.
Lembremo-nos de que um dos primeiros atos dos golpistas de 1964 foi a revogação da lei de remessa de lucros…
Agora, já começa a mesma imprensa a dizer que o combate aos juros altos, aumentando o crédito ao consumidor, pode constituir-se em agente inflacionário. Todos os países do mundo podem ter juros mais baixos que o nosso e muitos deles crescer em índices superiores ao nosso. Mas o Brasil, não. Esquecem-se os catastrofistas, e esquecem propositalmente, que nosso país sempre cresceu por força da expansão de seu mercado interno, responsável, ademais, pela resistência de nossa economia ao abalos exógenos, de que é exemplo esta última (no sentido de a mais recente) crise do capitalismo financeiro.
O panorama internacional é de desaceleração (e sabemos hoje que as potências europeias não conhecem vacina para a crise, cenário persistente ainda por muitos anos), principalmente na medida em que insistem na suicida política recessiva, imposta unilateralmente (contra os países e suas populações) por uma Alemanha governada pelos interesses dos banqueiros.
A desaceleração das grandes economias, seja qual for o comportamento da China, cuja taxa de crescimento tende a decair sob controle (felizmente), indica, para países como o Brasil, uma queda de suas exportações, principalmente em setores como a exportação de produtos primários, commodities e minérios.
Esse panorama, que assim se descreve desde a aceleração da crise, cobra da economia brasileira o fortalecimento do mercado consumidor interno. Consumidor, bem entendido, na medida em que tiver trabalho e renda.
O fortalecimento desse mercado interno – antigo e permanente pleito da esquerda brasileira – é uma das mais significativas conquistas do governo Lula. Para tal objetivo foi importante o Bolsa Família, foram importantíssimas as políticas de transferências previdenciárias e de assistência social e o apoio à agricultura familiar. Mas fundamental foi o aumento de algo como 60% do salário mínimo. Essas medidas foram responsáveis, em seu conjunto, pela criação do que se chama de Classe C (ou de uma nova classe C), cujo poder de compra é equivalente a 12% do PIB.
Essa política é aprofundada pela presidente Dilma quando, corajosamente, decide enfrentar a ganância do sistema financeiro insaciável e irresponsável, impondo uma política de juros consentânea com nossa realidade e as necessidades de nosso mercado, a saber, aumentando o acesso ao crédito, de que decorre o aumento do poder de compra do mercado interno, a reativação do comércio e da indústria, transformando em virtuoso o círculo vicioso da recessão que aumentaria a recessão.
Nesse ponto identificamos um salto de qualidade da atual política, na medida em que se livra dos grilhões do sistema financeiro (parasita por definição) e se associa ao capital produtivo, construindo novas perspectivas de vida para as grandes massas, sempre marginalizadas pelos monetaristas de plantão.
Sabe-se, porém, que a nova política de Dilma, nada obstante sua decisão pessoal, não seria exequível se o governo não dispusesse do tripé Banco do Brasil-Caixa Econômica Federal-BNDES, quase privatizados pela insânia neoliberal.
A política Lula-Dilma, assim, incorpora ao desenvolvimento sua fundamental dimensão social, o acesso à cidadania das populações mais pobres.
Enquanto isso, do outro lado do Equador, as economias classicamente desenvolvidas (EUA, Inglaterra e Japão, para não lembrar Grécia, Irlanda, Espanha e Itália…) convivem com altas taxas de desemprego, baixíssimas taxas de crescimento (tendendo para a estagnação) e no limiar da recessão, com seu perverso custo político, as restrições ao Estado do bem-estar, a xenofobia, as restrições ao livre-trânsito dos nacionais em suas fronteiras, e, mesmo, a realimentação da direita, na França com o fortalecimento da herdeira de Le Pen e na Grécia com o reaparecimento de um arremedo de nazismo, e como tal tanto abjeto quanto grotesco.
A combinação de recessão, miséria e desemprego foram sempre o caminho mais curto para a instauração das tiranias.
De outra parte, os países que se afastaram do monetarismo e do catecismo neoliberal, como o Brasil, retomaram o crescimento, aumentaram suas taxas de emprego e até aqui mantêm sob controle a ameaça da recidiva inflacionária, e, assim, em situação melhor que os “ricos” a enfrentar a crise global, uma crise do sistema privado que estourou no colo do setor público.
Por isso mesmo, cada vez mais consolidamos a opção democrática e começamos a transitar da democracia formal (política), para o que, num amanhã ainda distante, poderemos chamar de democracia real (à falta de denominação mais adequada), aquela que realizará a justiça social.

SABOTAGEM CONTRA O PAÍS

 Economistas de bancos, nariz empinado, gostam de pontificar que o corte dos juros exigido pelo governo forçará a demanda, uma  irresponsabilidade heterodoxa, sublinham, que atrairá contra o país o vento frio da inflação. Na verdade, o mecanicismo indigente vendido com soberba professoral recobre --agora se sabe-- uma perniciosa manobra perpetrada pela própria banca. Sob pressão direta da Presidenta Dilma para cortar taxas e reduzir spreads -- os maiores do mundo, no caso brasileiro-- os bancos simularam adesão ao apelo oficial, depois de escaramuças em que o sindicato do setor, a Febraban e seu presidente, sairam chamuscados. Ao mesmo empo, porém, conspiravam deflagrando a seca do crédito e o aumento explosivo dos preços das  tarifas, componentes que juntos mais do que anulam qualquer corte perfunctório dos juros que possam fazer. Foi o que evidenciou a prévia do INPC para o mês de maio: a alta do índice de  0,51% foi tratorada pela explosão das tarifas da banca que subiram três vezes mais: 1,66%. Amanhã o dispositivo midiático neoliberal estampará manchetes cínicas para festejar a profecia autorealizável. O nome disso é sabotagem.

Dilma: Brasil está 300% preparado para a crise

Vamos resistir à crise criando empregos e investindo em infraestrutura, afirma Dilma


A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (21) que o Brasil resistirá à crise econômica internacional gerando empregos e investindo em infraestrutura. Ao participar da cerimônia de assinatura da ordem de serviço das obras de construção da ponte sobre a Lagoa do Imaruí, na BR-101, em Santa Catarina, Dilma abordou os problemas econômicos enfrentados pela Europa e disse que o Brasil criou um conjunto de armas para enfrentar as crises externas.


“Me perguntaram outro dia se a gente estava preparado para o que puder acontecer na Europa. Eu posso assegurar a vocês, nós estamos 100% preparados, 200% preparados, 300% preparados (…) Nós vamos resistir à crise criando emprego, investindo em infraestrutura”.


Segundo a presidenta, o Brasil tem condições de enfrentar os graves efeitos da crise internacional que atinge os países ricos.


“Nós últimos anos, a partir do governo do presidente Lula, nós tivemos o cuidado de criar um conjunto de armas contra crises externas. Se vocês lembram bem, no passado, o mundo espirrava lá fora e nós pagávamos uma pneumonia. Hoje, nós não pegamos pneumonia”.


A presidenta reiterou o compromisso do seu governo com o crescimento do país e citou o investimento de R$ 500 milhões do governo federal na construção da ponte sobre a Lagoa do Imaruí como forma de melhorar a infraestrutura e gerar emprego e renda. Dilma disse ainda que o governo vai investir, em Santa Catarina, na duplicação das rodovias BR-470 e BR-280 e na construção do túnel do Morro dos Cavalos.



Leia também o que foi publicado na Agência Brasil:

Presidente da Anfavea diz que montadoras repassarão reduções de impostos ao consumidor


Wellton Máximo

Repórter da Agência Brasil


Brasília – As reduções de impostos para a compra de automóveis serão integralmente repassadas aos consumidores, assegurou hoje (21) o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. Segundo ele, a desoneração de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) mais os descontos sobre os preços de tabela prometidos pelas montadoras permitirão que os carros populares fiquem quase 10% mais baratos.


Para veículos de até 1.000 cilindradas, o IPI será reduzido em 7 pontos percentuais. Somada ao desconto de 2,5% sobre o preço de tabela acertado entre as montadoras e o governo, a redução para o consumidor totalizará 9,5%.


Segundo Belini, a medida representa uma oportunidade para o setor automotivo recuperar as vendas, que estão diminuindo desde o início do ano. “Sem dúvida, [o pacote de estímulos] atende à demanda do setor. A indústria está com estoques altos, e as medidas vão destravar o crédito”, disse o presidente da Anfavea, logo após o anúncio do ministro da Fazenda, Guido Mantega.


(…)



Dilma cumprimenta populares após cerimônia de assinatura da ordem de serviço das obras de construção da ponte sobre a Lagoa do Imaruí, em SC. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR



O PiG está certo: pra cima da Delta (em SP)

O Conversa Afiada é obrigado a concordar com o Álvaro Dias, o Catão dos Pinhais, e com o Sérgio Guerra,  uma autoridade em Orçamento.

Eles é que, no fundo, no fundo, tem razão.

Que Gurgel, que Robert(o), que Kamel, qual nada !

Essa CPI tem que ir pra cima da Delta.

E não pode ser seletiva, com diz o Catão dos Pinhais.

Não pode ficar só em cima do coitadinho do Perillo.

Tem que ampliar.

Tem que descer no mapa.

Descer, descer até chegar a São Paulo.

É que o passarinho pousou na janela lá de casa e contou:

- Estava com um cheiro de pizza, de muzzarela queimada, quando o Guardião começou a cuspir.

- Que é isso, passarinho ?

- Começou a sair grampo lá de dentro …

- Da Gruta do Diabo …

- Não, essa é onde o Temer e o Henrique Alves encontraram a Globo.

- Ah, é verdade. Tinha me esquecido.

- Lá de dentro da CPI.

- E o que é que saiu de lá, insigne passarinho ?

- O Cerra e seu fiel escudeiro, o Paulo Preto …

- Fedelíssimo !

- Pois é, tá chovendo Cerra com Paulo Preto lá de dentro.

- A chuva vai provocar algum alagamento?

- Vai. Vai alagar a marginal (sic) de São Paulo.

- Por que … sic?

- Modo de dizer. Marginal, porque, ali, se você bobear, cai mala de dinheiro vivo na tua cabeça …

- É mesmo, passarinho ?

- É, a meteorologia de lá é muito peculiar…

- Mas, e o Cerra , faz chover ?

- Isso eu não sei, agora, o que eu sei é que a Delta começou a operar em São Paulo quando ele assumiu a breve prefeitura.

- Brevíssima !

- Breve e farta … para a Delta.

- Quer dizer que depois que o Cerra virou Prefeito, a Delta começou a chover em São Paulo…

- Chover de balde, de mala, meu filho…

- E tá tudo lá no Guardião da CPI?

- Tá começando a pingar do lado de fora.

- Como diria o Stanislaw Ponte Preta, vai chover m… na marginal (sic) .

- Não, meu querido. Vai chover é grana.

- Nossa ! O que dirá o Varão dos Pinhais ?

- Nada !

Pano rápido.


Paulo Henrique Amorim

CACHOEIRA: O CRIME E A DIREITA POLÍTICA

*E se eles ainda estivessem no comando? Governo anuncia desonerações e corta custo do crédito para incentivar consumo e investimento: em agosto de 2011 quando o BC cortou o juro pela primeira vez, dispositivo midiático conservador indignou-se** FHC disse ao Valor que era precipitado** Mendonção de Barros vaticinou que Dilma ficara refém de um agravamerno da crise mundial e o economista de banco, Alexandre Schwartzman, asseverou em 04-09-2011:"não há indícios de crise grave como a de 2008" Recessão européia continua em 2013, diz OCDE** cúpula do euro reúne-se nesta 4ª feira em Bruxelas em meio à emergência na Espanha**país estrebucha com 26% da infância e adolescência abaixo da linha da pobreza e banca asfixiada por ativos podres e fuga de depósitos** Grécia:'é preciso derrotar o poder  financeiro", diz candidato do Syriza.
A lista de sordidez e atrocidades  incluída no livro 'Memórias de uma guerra suja', do ex-delegado do DOPS, Claudio Guerra, converge  para um denominador normalmente pouco pesquisado e menos ainda divulgado pela mídia conservadora: a absoluta ausência de escrúpulos da direita nativa em recorrer à expertise do crime comum para perseguir, atacar e, se possível, eliminar fisicamente, sem pistas,  a militância de esquerda que resistiu à ditadura militar. Ao permanecer resguardada da opinião pública essa simbiose entre bandidos e direita política criou raízes e se reciclou no ambiente democrático. A truculência assumiu novas formas para persistir no mesmo objetivo de eliminar o adversário e suas idéias. A principal revista semanal brasileira, cuja especialidade editorial é articular campanhas difamatórias contra movimentos sociais, partidos e lideranças populares, ademais de ter sido o auto-falante da tentativa de transformar o obscuro episódio denominado de 'mensalão' em clamor pelo impeachment do Presidente Lula, agora se sabe, arrendou uma quadrilha criminosa para 'apurar' pautas de seu interesse. A oportunidade para exorcizar essas práticas na vida política nacional está nas mãos dos integrantes da CPI do Cachoeira e daqueles da recém-criada Comissão da Verdade. (LEIA MAIS AQUI

De ex a anti-esquerdistas


Isaac Deutscher tem um artigo que ele intitula “De hereges a renegados”, delineando o caminho de gente que começa rompendo com teorias e posições esquerdistas, para terminarem como furibundos anti-esquerdistas. São figuras que povoam a direita de todo o mundo, ao longo do tempo.

Alguns se valeram do stalinismo para terminarem condenando a Lenin e, finalmente, a Marx e ao marxismo. Não por acaso uma proporção não desprezível deles teve origem trotskista, para absolutizar o “totalitarismo stalinista”, passando a identificá-lo com o nazismo e dali estão já a um passo do liberalismo e do anti-comunismo.

Há os tipos padrão, os que foram de esquerda, militantes mesmo, de repente “se arrependem”, largam tudo, renegam, denunciam seu passado e seus companheiros, os ídolos em que acreditaram cegamente, para se entregar de armas, bagagens e, frequentemente, emprego, para a direita.

Alguns se mantem na esquerda, no seu espaço mais moderado, com um tom fortemente anti-esquerdista, denunciando o que não seria “democrático” em correntes da própria esquerda. São adeptos fortes de alianças com correntes do centro e mesmo da direita, tendem a diluir as distinções entre direita e esquerda.

Outros, os casos mais conhecidos, se tornam militantes da direita, de suas correntes mais fundamentalistas, no velho estilo anti-comunista da guerra fria. Ganham espaços na mídia de direita – desde direção de revistas a colunas em jornais, convites para a televisão – como prêmio pela sua adesão.

Há ainda escritores, intelectuais, músicos, decadentes, em triste fim de carreira, que abandonam posturas rebeldes que tiveram no passado para submeter-se aos donos do poder e dos meios de comunicação em troca de espaços para escrever, prêmios, elogios, que confirmam sua perda de dignidade no fim da carreira.

Postado por Emir Sader