Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
terça-feira, 19 de abril de 2011
Mercadante: o que a Foxconn se comprometeu a fazer
No programa Entrevista Record desta terça-feira às 21:15, na Record News, o Ministro Aloizio Mercadante, da Tecnologia, retomou o tema do maior investimento que o Brasil receberá: US$ 12 bilhões de dólares da chinesa Foxconn, ao longo de 5 anos.
Clique aqui para ler “Mercadante explica o salto tecnológico que a Presidenta deu na China”.
E aqui para ler a entrevista com o magnífico professor Eugênio Gudinho, que inspirou as críticas piguentas ao investimento.
O professor Gudinho e seus piguentos discípulos disseram, primeiro, que o Brasil ia ser apenas um montador dos produtos da Foxconn.
O Brasil se tornaria nada mais que uma maquiladora, aquelas fábricas mexicanas que ficam na fronteira com a Califórnia e não absorvem tecnologia alguma.
Mercadante mostrou que Terry Gou, o taiwanês que fundou a Foxconn vai continuar como controlador do investimento, mas terá sócios brasileiros – obrigatoriamente.
Gou terá que abrir a tecnologia aos sócios brasileiros.
Na primeira fase, os brasileiros serão mais integradores, montadores na produção de tela para tablets.
Entre 2011 e 2013, aí, a fabrica brasileira já produzirá, ela própria, celulares e tablets.
A partir de 2014, serão produzidas tevês high definition.
Todas as patentes terão que ser registradas no Brasil, para desespero do prof. Gudinho.
Essas telas para tablets e tevê de alta definição exigem uma tecnologia de ponta, com utilização de chips e circuito integrado.
É bom lembrar ao prof. Gudinho que a Foxconn fatura 100 bilhões de dólares por ano e há oito anos é a maior exportadora da China: US$ 86 bi em 2010.
Ela produz celular para a Sony, Nokia e tela de computador para a Dell, por exemplo.
Foi a Foxconn quem montou a infra-estrutura para a Amazon, uma livraria virtual, onde os discípulos piguentos do prof. Gudinho pensam que só eles compram.
Gou veio para o Brasil porque já tem indústrias na China, na Índia e na Rússia e ele quer ser o Rei dos BRICS.
E já tem quatro plantas no Brasil, com 5 mil trabalhadores.
No Brasil, a Foxconn será a única produtora de tela para tablet do Hemisfério Sul.
Ele pretende construir aqui uma Cidade Inteligente.
Ou seja, explicou Mercadante, uma cidade de 100 mil pessoas (20 mil engenheiros) toda integrada por banda larga.
Os serviços de saúde, educação e divulgação de métodos de gestão serão todos prestados via internet.
A segunda crítica mortífera do professor Gudinho foi sobre os 20 mil engenheiros .
Onde é que vamos arrumar isso tudo ?, perguntam o professor e seus piguentos discípulos.
Mercadante explicou que o sistema educacional brasileiro tem 198 mil vagas nos cursos de Engenharia e apenas 115 mil alunos.
Por que essa discrepância, num País que tem fome de Engenharia ?
Educadamente, o Ministro atribuiu aos anos de estagnação econômica, quando os candidatos a engenheiro se sentiam “desmotivados”.
Como este ansioso blogueiro é menos educado, fica combinado assim: os anos sombrios do Cerra e do Farol de Alexandria destruiram até isso: a produção de engenheiros.
Eles foram férteis na produção de economistas para bancos e advogados para Dantas.
Segundo Mercadante, a Presidenta – ela própria Engenheira sob a capa de Economista (o Cerra não tem diploma de um nem outro) está para lançar um programa para motivar jovens a estudar Engenharia.
E não só para trabalhar na Foxconn.
Mercadante lembrou que a GE e a IBM instalaram seus primeiros laboratórios de pesquisa e desenvolvimento no Hemisfério Sul, no Rio.
A GE botou US$ 550 milhões no laboratório.
E tome engenheiro !
As chinesas ZTE – clique aqui para ler – ( US$ 200 milhões) e Huawei (US $ 300 milhões ) virão para o Brasil com tecnologia de ponta em busca de mestres e doutores.
O professor Gudinho que nos perdoe, mas ele e seus piguentos discípulos é que podiam ir carpir café.
Em tempo: amigo navegante Fabio lembra que o Brasil tem um interessante chamariz para a Foxconn: o programa Computador para Todos, que deverá incluir, também, os tablets. Sem falar nos tablets para acompanhar a Copa e a Olimpíada. Um horror !
Paulo Henrique Amorim
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Folha (*) e CBN usam TCU para detonar a Copa
Às 14h30 desta terça-feira, uma diligente repórter da CBN, a rádio que troca a notícia, replicou a Folha (*) e distorceu o relatório do Tribunal de Contas da União para detonar a Copa.
Como se sabe, o PiG (**) e o PSDB jogam todas as cartelas e bolachas de chopp na aposta de que o Governo da presidenta Dilma não conseguirá produzir estádios, aeroportos ou bolas de futebol para a Copa do Mundo – clique aqui para ler.
Na verdade, aguarda-se para qualquer momento um telefonema da presidenta ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, com um apelo patético: transferir a sede da Copa para o Haiti, país muito mais equipado do que o Brasil para sediar uma competição deste porte.
(No mesmo gesto, a presidenta vai sugerir ao Cala Boca Galvão transferir sua modesta residência de Monte Carlo para uma casinha à beira-mar em Port-au-Prince)
Sobre Joseph Blatter, convém rever o vídeo em que o Nunca Dantes enxota os notórios urubus (êpa, falei em urubu?) – clique aqui para ver.
O site Amigos do Presidente Lula – clique aqui para ler – já desmontou a obra piguenta da Folha (*) e da CBN, a rádio que troca notícia:
Como se sabe, o PiG (**) e o PSDB jogam todas as cartelas e bolachas de chopp na aposta de que o Governo da presidenta Dilma não conseguirá produzir estádios, aeroportos ou bolas de futebol para a Copa do Mundo – clique aqui para ler.
Na verdade, aguarda-se para qualquer momento um telefonema da presidenta ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, com um apelo patético: transferir a sede da Copa para o Haiti, país muito mais equipado do que o Brasil para sediar uma competição deste porte.
(No mesmo gesto, a presidenta vai sugerir ao Cala Boca Galvão transferir sua modesta residência de Monte Carlo para uma casinha à beira-mar em Port-au-Prince)
Sobre Joseph Blatter, convém rever o vídeo em que o Nunca Dantes enxota os notórios urubus (êpa, falei em urubu?) – clique aqui para ver.
O site Amigos do Presidente Lula – clique aqui para ler – já desmontou a obra piguenta da Folha (*) e da CBN, a rádio que troca notícia:
Folha tucana manipula a notícia: TCU não vê atraso na Copa
Na Uol, da Folha, Jornal de apoio ao PSDB, a manchete “TCU indica atrasos na liberação de verbas para Copa de 2014″
Jornal Correio Braziliense outra manchete “TCU não vê atraso na Copa”
Tribunal acredita que flexibilizar a lei de licitações permitirá o fim das obras a tempo
Na contramão da previsão sombria do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Tribunal de Contas da União (TCU) aposta que as obras dos aeroportos e da maioria dos estádios para a Copa do Mundo serão entregues no prazo previsto e não causarão constrangimento por atrasos desnecessários.
Na avaliação de ministros do TCU, incluindo o presidente do órgão, Benjamin Zymler, o estudo do Ipea que apontou que nove dos 13 aeroportos não ficarão prontos em tempo desconsiderou parte importante: a flexibilização das regras de concorrência. O regime especial está em discussão pelo Congresso e é tratado como prioridade pela base governista para ser aprovado no primeiro semestre.
Zymler elogiou a proposta em análise pela Câmara. Segundo ele, o TCU destacou técnicos para contribuir com a elaboração do texto. “Podemos dizer que 90% do projeto de lei contém boas práticas e 10% precisa de mais discussão. O TCU está pronto para contribuir”, disse o presidente da Corte.
Entre as ideias para agilizar o processo de concorrência estão a inversão de fases, a não divulgação do orçamento e a possibilidade de adequação dos projetos para atender exigências da Fifa. O órgão que regula o futebol mundial dá-se ao direito de apresentar novas exigências durante ou após a realização de um certame.
O ministro Valmir Campelo, que realizou palestra ontem para colegas do TCU, descartou a possibilidade de atrasos no cronograma atrapalharem o prazo final. “Eu acredito no modelo. Pode haver atraso de dois, três ou quatro meses, mas não vai comprometer”, afirmou. Durante a apresentação do ministro, Lucas Furtado, procurador-geral do Ministério Público junto ao TCU, manifestou contrariedade com a flexibilização da lei de licitações. “Estou preocupado com o afrouxamento da Lei nº 8.666. É possível que percamos a Copa antes de começar o jogo”, vaticinou o procurador. A preocupação é que o regime especial de licitações abra brechas para adendos infinitos nos projetos dos aeroportos de forma a elevar o orçamento total, hoje estipulado em pouco mais de R$ 5,15 bilhões .
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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A Veja e os sacerdotes da privataria
Reproduzo artigo de Gaudêncio Frigotto, Zacarias Gama, Eveline Algebaile, Vânia Cardoso da Mota e Hélder Molina, publicado no sítio Carta Maior:
Vários meios de comunicação utilizam-se de seu poder unilateral para realizar ataques truculentos a quem ousa contrariar seus interesses. O artigo de Gustavo Ioschpe, da edição de 12 de abril de 2011 da revista Veja (a campeã disparada do pensamento ultra-conservador no Brasil), não apenas confirma a opção deliberada da revista em atuar como agência de desinformação – trafegando interesses privados mal disfarçados de interesse de todos –, como mostra o exercício dessa opção pela sua mais degradada face, cujo nível, deploravelmente baixo, começa pelo título – “hora de peitar os sindicatos”. Com a arrogância que o caracteriza como aprendiz de escriba, desde o início de seu texto, o autor considera patrulha ideológica qualquer discordância das suas parvoíces.
Na década de 1960, Pier Paolo Pasolini escrevia que o fascismo arranhou a Itália, mas o monopólio da mídia a arruinou. Cinquenta anos depois, a história lhe deu inteira razão. O mesmo poderia ser dito a respeito das ditaduras e reiterados golpes que violentaram vidas, saquearam o Brasil, enquanto o monopólio privado da mídia o arruinava e o arruínam. Com efeito, os barões da mídia, ao mesmo tempo em que esbravejam pela liberdade de imprensa, usam todo o seu poder para impedir qualquer medida de regulação que contrarie seus interesses, como no caso exemplar da sua oposição à regulamentação da profissão de jornalista. Os áulicos e acólitos desta corte fazem-lhe coro.
O que trafega nessa grande mídia, no mais das vezes, são artigos de prepostos da privataria, cheios de clichês adornados de cientificismo para desqualificar, criminalizar e jogar a sociedade contra os movimentos sociais que lutam pelos direitos que lhes são usurpados, especialmente contra os sindicatos que, num contexto de relações de super- exploração e intensificação do trabalho, lutam para resguardar minimamente os interesses dos trabalhadores.
Os artigos do senhor Gustavo Ioschpe são um exemplo constrangedor dessa “vocação”. Os argumentos que utiliza no artigo recentemente publicado impressionam, seja pela tamanha tacanhez e analfabetismo cívico e social, seja pelo descomunal cinismo diante de uma categoria com os maiores índices de doenças provenientes da super-intensificação das condições precárias de trabalho.
Um dos argumentos fundamentais de Ioschpe é explicitado na seguinte afirmação:
"Cada vez mais a pesquisa demonstra que aquilo que é bom para o aluno na verdade faz com que o professor tenha que trabalhar mais, passar mais dever de casa, mais testes, ocupar de forma mais criativa o tempo de sala de aula, aprofundar-se no assunto que leciona. E aquilo que é bom para o professor – aulas mais curtas, maior salário, mais férias, maior estabilidade no emprego para montar seu plano de aula e faltar ao trabalho quando for necessário - é irrelevante ou até maléfico aos alunos".
A partir deste raciocínio de lógica formal, feito às canhas, tira duas conclusões bizarras. A primeira é relativa à atribuição do poder dos sindicatos ao seu suposto conflito de interesses com “a sociedade representada por seus filhos/alunos”: “É por haver esse potencial conflito de interesses entre a sociedade representada por seus filhos/alunos e os professores e funcionários da educação que o papel do sindicato vem ganhando importância e que os sindicatos são tão ativos (...)”.
A segunda, linearmente vinculada à anterior, tenta afirmar a existência de uma nefasta influência dos sindicatos sobre o desempenho dos alunos. Neste caso, apóia-se em pesquisa do alemão Ludger Wossmann, cujas conclusões o permitiriam afirmar que “naquelas escolas em que os sindicatos têm forte impacto na determinação do currículo os alunos têm desempenho significativamente pior”.
Os signatários deste breve texto analisam, há mais de dois anos, a agenda de trabalho de quarenta e duas entidades sindicais afiladas à Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) e acompanham ou atuam como afiliados nas ações do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES-SN. O que extraímos destas agendas de ação dos sindicatos é, em tudo, contrário às delirantes e deletérias conclusões do articulista.
Em vez de citar pesquisas de segunda mão, para mostrar erudição e cientificidade em seu argumento, deveria apreender o que demanda uma análise efetivamente científica da realidade. Isto implicaria que de fato pesquisasse sobre a ação sindical docente e sobre os processos econômico-sociais e as políticas públicas com as quais se confrontam e dialogam e a partir das quais se constituem. Não imaginamos que um filho de banqueiros ignore que os bancos, os industriais, os latifundiários, a grande mídia têm suas federações ou organizações que fazem lobbies para ter as benesses do fundo público.
Um efetivo envolvimento com as pesquisas e com os processos sociais permitiria ao autor perceber onde se situam os verdadeiros antagonismos e “descobrir” que os sindicatos não se criaram puxando-se de um atoleiro pelos cabelos – à moda do Barão de Münchhausen –, auto inventando-se, muito menos se confrontando com os alunos e pais de alunos.
As análises que não levam isto em conta, que se inventam puxando-se pelos cabelos a partir dos atoleiros dos próprios interesses, não conseguem apreender minimamente os sentidos dessa realidade e resultam na sequência constrangedora de banalidades e de afirmações levianas como as de Ioschpe.
Uma das mais gritantes é relativa ao entendimento do autor sobre quem representa a sociedade no processo educativo. É forçoso lembrar ao douto analista que os professores, a direção da escola e os sindicatos também pertencem à sociedade e não são filhos de banqueiros nem se locupletam com vantagens provenientes dos donos do poder.
Ademais, valeria ao articulista inscrever-se num curso de história social, política e econômica para aprender uma elementar lição: o sindicato faz parte do que define a legalidade formal de uma sociedade capitalista, mas o ultra conservadorismo da revista na qual escreve e com a qual se identifica já não o reconhece em tempos de vingança do capital contra os trabalhadores.
Cabe ressaltar que todos os trocadilhos e as afirmações enfáticas não conseguem encobrir os interesses privados que defende e que afetam destrutivamente o sentido e o direito de educação básica pública, universal, gratuita, laica e unitária.
Ao contrário do que afirma a respeito da influência dos sindicatos nos currículos, o que está mediocrizando a educação básica pública é a ingerência de institutos privados, bancos e financistas do agronegócio, que infestam os conteúdos escolares com cartilhas que empobrecem o processo de formação humana com o discurso único do mercado – educação de empreendedores. E que, muitas vezes com a anuência de grande parte das administrações públicas, retiram do professor a autoridade e autonomia sobre o que ensinar e como ensinar dentro do projeto pedagógico que, por direito, eles constroem coletivamente e a partir de sua realidade.
O que o sr. Ioschpe não mostra, descaradamente, é que esses institutos privados não buscam a educação pública de qualidade e nem atender o interesse dos pais e alunos, mas lucrar com a venda de pacotes de ensino, de metodologias pasteurizadas e de assessorias.
Por fim, é de um cinismo e desfaçatez vergonhosa a caricatura que o articulista faz da luta docente por condições de trabalho e salário dignos. Caberia perguntar se o douto senhor estaria tranquilo com um salário base de R$ 1.487,97, por quarenta horas semanais, para lecionar em até 10 turmas de cinquenta jovens. O desafio é: em vez de “peitar os sindicatos”, convide a sua turma para trabalhar 40 horas e acumular essa “fortuna” de salário básico. Ou, se preferir fazer um pouco mais, trabalhar em três turnos e em escolas diferentes. Provavelmente, este piso para os docentes tem um valor bem menor que o que recebe o articulista para desqualificar e criminalizar, irresponsavelmente, uma instituição social que representa a maior parcela de trabalhadores no mundo.
Mas a preocupação do articulista e da revista que o acolhe pode ir aumentando, porque quando o cinismo e a desfaçatez vão além da conta, ajudam a entender que aqueles que ainda não estão sindicalizados devem fazê-lo o mais rápido possível.
* Gaudêncio Frigotto, Zacarias Gama e Eveline Algebaile são professores do
Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPFH/UERJ).
* Vânia Cardoso da Mota é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e colaboradora do PPFH/UERJ.
* Hélder Molina é educador, assessor sindical e doutorando do PPFH/UERJ.
Vários meios de comunicação utilizam-se de seu poder unilateral para realizar ataques truculentos a quem ousa contrariar seus interesses. O artigo de Gustavo Ioschpe, da edição de 12 de abril de 2011 da revista Veja (a campeã disparada do pensamento ultra-conservador no Brasil), não apenas confirma a opção deliberada da revista em atuar como agência de desinformação – trafegando interesses privados mal disfarçados de interesse de todos –, como mostra o exercício dessa opção pela sua mais degradada face, cujo nível, deploravelmente baixo, começa pelo título – “hora de peitar os sindicatos”. Com a arrogância que o caracteriza como aprendiz de escriba, desde o início de seu texto, o autor considera patrulha ideológica qualquer discordância das suas parvoíces.
Na década de 1960, Pier Paolo Pasolini escrevia que o fascismo arranhou a Itália, mas o monopólio da mídia a arruinou. Cinquenta anos depois, a história lhe deu inteira razão. O mesmo poderia ser dito a respeito das ditaduras e reiterados golpes que violentaram vidas, saquearam o Brasil, enquanto o monopólio privado da mídia o arruinava e o arruínam. Com efeito, os barões da mídia, ao mesmo tempo em que esbravejam pela liberdade de imprensa, usam todo o seu poder para impedir qualquer medida de regulação que contrarie seus interesses, como no caso exemplar da sua oposição à regulamentação da profissão de jornalista. Os áulicos e acólitos desta corte fazem-lhe coro.
O que trafega nessa grande mídia, no mais das vezes, são artigos de prepostos da privataria, cheios de clichês adornados de cientificismo para desqualificar, criminalizar e jogar a sociedade contra os movimentos sociais que lutam pelos direitos que lhes são usurpados, especialmente contra os sindicatos que, num contexto de relações de super- exploração e intensificação do trabalho, lutam para resguardar minimamente os interesses dos trabalhadores.
Os artigos do senhor Gustavo Ioschpe são um exemplo constrangedor dessa “vocação”. Os argumentos que utiliza no artigo recentemente publicado impressionam, seja pela tamanha tacanhez e analfabetismo cívico e social, seja pelo descomunal cinismo diante de uma categoria com os maiores índices de doenças provenientes da super-intensificação das condições precárias de trabalho.
Um dos argumentos fundamentais de Ioschpe é explicitado na seguinte afirmação:
"Cada vez mais a pesquisa demonstra que aquilo que é bom para o aluno na verdade faz com que o professor tenha que trabalhar mais, passar mais dever de casa, mais testes, ocupar de forma mais criativa o tempo de sala de aula, aprofundar-se no assunto que leciona. E aquilo que é bom para o professor – aulas mais curtas, maior salário, mais férias, maior estabilidade no emprego para montar seu plano de aula e faltar ao trabalho quando for necessário - é irrelevante ou até maléfico aos alunos".
A partir deste raciocínio de lógica formal, feito às canhas, tira duas conclusões bizarras. A primeira é relativa à atribuição do poder dos sindicatos ao seu suposto conflito de interesses com “a sociedade representada por seus filhos/alunos”: “É por haver esse potencial conflito de interesses entre a sociedade representada por seus filhos/alunos e os professores e funcionários da educação que o papel do sindicato vem ganhando importância e que os sindicatos são tão ativos (...)”.
A segunda, linearmente vinculada à anterior, tenta afirmar a existência de uma nefasta influência dos sindicatos sobre o desempenho dos alunos. Neste caso, apóia-se em pesquisa do alemão Ludger Wossmann, cujas conclusões o permitiriam afirmar que “naquelas escolas em que os sindicatos têm forte impacto na determinação do currículo os alunos têm desempenho significativamente pior”.
Os signatários deste breve texto analisam, há mais de dois anos, a agenda de trabalho de quarenta e duas entidades sindicais afiladas à Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) e acompanham ou atuam como afiliados nas ações do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES-SN. O que extraímos destas agendas de ação dos sindicatos é, em tudo, contrário às delirantes e deletérias conclusões do articulista.
Em vez de citar pesquisas de segunda mão, para mostrar erudição e cientificidade em seu argumento, deveria apreender o que demanda uma análise efetivamente científica da realidade. Isto implicaria que de fato pesquisasse sobre a ação sindical docente e sobre os processos econômico-sociais e as políticas públicas com as quais se confrontam e dialogam e a partir das quais se constituem. Não imaginamos que um filho de banqueiros ignore que os bancos, os industriais, os latifundiários, a grande mídia têm suas federações ou organizações que fazem lobbies para ter as benesses do fundo público.
Um efetivo envolvimento com as pesquisas e com os processos sociais permitiria ao autor perceber onde se situam os verdadeiros antagonismos e “descobrir” que os sindicatos não se criaram puxando-se de um atoleiro pelos cabelos – à moda do Barão de Münchhausen –, auto inventando-se, muito menos se confrontando com os alunos e pais de alunos.
As análises que não levam isto em conta, que se inventam puxando-se pelos cabelos a partir dos atoleiros dos próprios interesses, não conseguem apreender minimamente os sentidos dessa realidade e resultam na sequência constrangedora de banalidades e de afirmações levianas como as de Ioschpe.
Uma das mais gritantes é relativa ao entendimento do autor sobre quem representa a sociedade no processo educativo. É forçoso lembrar ao douto analista que os professores, a direção da escola e os sindicatos também pertencem à sociedade e não são filhos de banqueiros nem se locupletam com vantagens provenientes dos donos do poder.
Ademais, valeria ao articulista inscrever-se num curso de história social, política e econômica para aprender uma elementar lição: o sindicato faz parte do que define a legalidade formal de uma sociedade capitalista, mas o ultra conservadorismo da revista na qual escreve e com a qual se identifica já não o reconhece em tempos de vingança do capital contra os trabalhadores.
Cabe ressaltar que todos os trocadilhos e as afirmações enfáticas não conseguem encobrir os interesses privados que defende e que afetam destrutivamente o sentido e o direito de educação básica pública, universal, gratuita, laica e unitária.
Ao contrário do que afirma a respeito da influência dos sindicatos nos currículos, o que está mediocrizando a educação básica pública é a ingerência de institutos privados, bancos e financistas do agronegócio, que infestam os conteúdos escolares com cartilhas que empobrecem o processo de formação humana com o discurso único do mercado – educação de empreendedores. E que, muitas vezes com a anuência de grande parte das administrações públicas, retiram do professor a autoridade e autonomia sobre o que ensinar e como ensinar dentro do projeto pedagógico que, por direito, eles constroem coletivamente e a partir de sua realidade.
O que o sr. Ioschpe não mostra, descaradamente, é que esses institutos privados não buscam a educação pública de qualidade e nem atender o interesse dos pais e alunos, mas lucrar com a venda de pacotes de ensino, de metodologias pasteurizadas e de assessorias.
Por fim, é de um cinismo e desfaçatez vergonhosa a caricatura que o articulista faz da luta docente por condições de trabalho e salário dignos. Caberia perguntar se o douto senhor estaria tranquilo com um salário base de R$ 1.487,97, por quarenta horas semanais, para lecionar em até 10 turmas de cinquenta jovens. O desafio é: em vez de “peitar os sindicatos”, convide a sua turma para trabalhar 40 horas e acumular essa “fortuna” de salário básico. Ou, se preferir fazer um pouco mais, trabalhar em três turnos e em escolas diferentes. Provavelmente, este piso para os docentes tem um valor bem menor que o que recebe o articulista para desqualificar e criminalizar, irresponsavelmente, uma instituição social que representa a maior parcela de trabalhadores no mundo.
Mas a preocupação do articulista e da revista que o acolhe pode ir aumentando, porque quando o cinismo e a desfaçatez vão além da conta, ajudam a entender que aqueles que ainda não estão sindicalizados devem fazê-lo o mais rápido possível.
* Gaudêncio Frigotto, Zacarias Gama e Eveline Algebaile são professores do
Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPFH/UERJ).
* Vânia Cardoso da Mota é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e colaboradora do PPFH/UERJ.
* Hélder Molina é educador, assessor sindical e doutorando do PPFH/UERJ.
Postado por Miro
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Mau Dia, Brasil!
APOCALIPSE, JÁ!!!
A escatológica porta-voz do fim do Brasil como nação, ainda continua calada a respeito de uma das suas “abalizadas” opiniões sobre a ingerência do supremo Gilmar Mendes (cria do FHC) numa empresa privada do banqueiro Daniel Dantas. Aliás, a “urubóloga” (blogs imundos!) discorre e faz previsões precisas até sobre o acelerador de partículas que ela diz que tem a finalidade de descobrir como Fernando Henrique criou o Universo.
Não acerta uma...
Recentemente, Leitão teceu críticas ao governo Dilma, porque o governo federal, como legítimo acionista da mineradora Vale, se interessou pelo destino da empresa, participando da escolha do sucessor de Roger Agnelli, o queridinho da imprensa golpista desde 2001, quando a Vale foi presenteada pela privataria FHC/que diz que foi o Serra/que diz que nem tinha nascido.
Pois bem. Em 2002, aconteceu algo muito mais surreal, conforme foi publicado na revista da Globo - Época revela que a AGU, sob Gilmar Mendes, advogou para Daniel Dantas.
O governo FHC privatizou as empresas de telefonia em 1998, seguindo a cartilha neoliberal de destruição do Estado brasileiro, alegando que não deveria atuar onde a iniciativa privada tivesse interesse.
Mas, em 2002, sob a batuta do então advogado geral da União, Gilmar Mendes (ELE MESMO, o mercador de habeas corpus!), a Advocacia Geral da União (AGU), sustentada com dinheiro público para atuar em causas públicas, resolveu prestar assistência advocatícia em uma causa do interesse do banco Opportunity de Daniel Dantas, em uma disputa societária exclusivamente privada na Telemig, uma empresa privatizada, que FHC dizia não ser da alçada do governo.
Diferente da mineradora Vale, onde o governo é grande acionista por intermédio do BNDES, a disputa na Telemigera entre dois grupos privados: o Opportunity contra o grupo canadense ITW.
E agora? O que tem a dizer Miriam Leitão?
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O menor desemprego em março desde 2002.
Que horror !
Casal 45 corre o risco de ter que ser o Casal 51Clique aqui para ler no Blog do Planalto.
O rendimento médio foi de R$ 1.557,00, o valor mais alto para o mês de março desde 2002.
A massa de rendimento subiu 6,7% em relação a março do ano passado.
O jornal anti-nacional desta noite dirá que a taxa de desocupação “não apresentou variação”.
Embora o número de trabalhadores com carteira assinada nas empresas privadas – 10,7 milhões – tenha crescido 7,4% em termos anuais.
Mas, como se sabe, o jornal anti-nacional, que só existe porque está embedded entre duas novelas, é antes de tudo e sempre anti-nacional.
No dia de ontem, todas as notícias situadas no Brasil foram anti-nacionais.
Bye-bye Aécio 2014 !
Bye-bye Cerra 2014, que sobrevivem apenas no PiG (*) !
O rendimento médio foi de R$ 1.557,00, o valor mais alto para o mês de março desde 2002.
A massa de rendimento subiu 6,7% em relação a março do ano passado.
O jornal anti-nacional desta noite dirá que a taxa de desocupação “não apresentou variação”.
Embora o número de trabalhadores com carteira assinada nas empresas privadas – 10,7 milhões – tenha crescido 7,4% em termos anuais.
Mas, como se sabe, o jornal anti-nacional, que só existe porque está embedded entre duas novelas, é antes de tudo e sempre anti-nacional.
No dia de ontem, todas as notícias situadas no Brasil foram anti-nacionais.
Bye-bye Aécio 2014 !
Bye-bye Cerra 2014, que sobrevivem apenas no PiG (*) !
Conversa Afiada!
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Ex-governador chama FHC de 'múmia'
Palavras mal proferidas
Cláudio Lembo, para o Terra
De São Paulo
Cláudio Lembo, para o Terra
De São Paulo
A última semana foi farta em acontecimentos político-partidários. Lançamento de novo partido. Finalização por Comissão do Senado de parecer sobre a Reforma Política. Só estes fatos bastariam para preencher a pauta de todos os veículos informativos. Houve mais, porém. As lideranças políticas - vivas e mumificadas - disseram o que queriam e ouviram o que não queriam.
Um texto político é muito diverso de um trabalho acadêmico. Neste as idéias devem jorrar sem qualquer limite. É a criação. Indica, por vezes, novos caminhos. Abre perspectivas. Novas veredas para o conhecimento.
O documento político, por seu turno, deve receber forte cuidado de seu autor. Com suas idéias ele está envolvendo toda a militância de sua agremiação e pode ferir sensibilidades da sociedade.
É, pois, imperdoável para o líder político equivocar-se nas palavras ou escrever descuidadamente. No mínimo demonstra profunda soberba e total desrespeito a seus pares. Muitos são os temas na sociologia contemporânea suportados em aspectos político-partidários das sociedades democráticas. Grandes espaços do mundo - dentre eles a América Latina - conheceram a plenitude das práticas democráticas há menos de cinqüenta anos.
Ingressar em terminologia chula para se referir ao conjunto do coletivo eleitoral é barbarizar as instituições e desrespeitar a cada eleitor em particular. Não há, na nossa legislação, o voto censitário. Aquele que dividia o eleitorado de conformidade com sua capacidade contributiva ou os bens que possuía.
A República adotou o voto universal, abandonando as velhas práticas da monarquia. Todo eleitor conta com um voto de igual peso ao de todos os demais eleitores. No momento atual, paira no ar uma vontade de retorno ao passado por parte de alguns políticos. Um divide o eleitorado de conformidade com visões elitistas.
Outros desejam retomar ao sistema de lista fechada. Este perdurou durante o Império e se transformou em instrumento de extinção das oposições. A situação tornou-se tão insustentável que, em determinado momento, D.Pedro II resolveu por instituir listas incompletas. Desta forma, permitia-se a eleição de representantes oposicionistas.
Apesar da experiência existente na História eleitoral pátria, alguns dos atuais legisladores parecem desconhecer o passado ou não se preocupar com os exemplos recolhidos por nossos antepassados.
Quando os tenentes de 1930 chamaram Assis Brasil para elaborar o novo Código Eleitoral, examinaram todos os contextos da sociedade e só depois editaram o novo diploma legal. A sociedade alterou-se profundamente nestes últimos oitenta anos, mas os princípios reformistas dos revolucionários daquela época mostram-se capazes de recolher as grandes mutações sociais.
Inseriram, por exemplo, na legislação nacional o voto feminino. Na época, era conquista que atingia a poucas mulheres. No entanto, hoje, qualquer estudioso de temas eleitorais, sabe que o voto da mulher é essencial para a conquista de vitórias eleitorais.
Neste longo intervalo de tempo, aconteceu a Revolução Tecnológica. Basta aproximá-la da Revolução Industrial e se captarão todas as novas situações surgidas ou por surgir.
A Revolução Industrial destronou a burguesia e deu espaço aos trabalhadores. Permitiu a concepção de partidos socialistas e o surgimento do comunismo. Hoje, a Revolução Tecnológica contém elementos ainda mais explosivos no espaço social. Deverá levar a individualismo sem precedentes na História. Fragilizara as religiões tradicionais. Conduzirá a um hedonismo acentuado.
Tudo isto leva a um mundo novo, onde alguns constatam a crise dos intelectuais e das velhas elites. Esgotaram-se as formas clássicas de fazer política. Não há espaço para príncipes exporem - sem censura - suas opiniões. Todos somos iguais nesta grande aurora. As palavras, em sua forma clássica, encontram-se no ocaso.
Cláudio Lembo é advogado e professor universitário. Foi vice-governador do Estado de São Paulo de 2003 a março de 2006, quando assumiu como governador.
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Um Larry Rother para Aécio Neves
Um dos fatores que furtaram da grande mídia o poder de influir na decisão de voto dos brasileiros fica evidente no recente caso envolvendo o ex-governador de Minas Gerais e atual senador tucano por esse Estado, Aécio Neves, flagrado dirigindo bêbado pelas ruas do Rio de Janeiro.
O mais interessante é que essa grande mídia, infestada por colunistas que cheiram mais do que bebem e que transformou em “fato” invenções jamais comprovadas de que o ex-presidente Lula seria alcoólatra, por Aécio ser tucano não diz um A sobre suas bebedeiras públicas, sem falar nos boatos sobre uso de cocaína.
Em maio de 2004, o então correspondente do jornal The New York Times no Brasil, Larry Rother, publicou extenso artigo acusando o Lula de ser alcoólatra e dizendo que a “sociedade” estaria “preocupada” com seu “alcoolismo” em meio aos seguidos “fracassos” de seu governo – vejam só.
Aproveitando o embalo, poucos dias depois, em 16 de maio de 2004, a Folha de São Paulo chegou a publicar matéria com chamada na primeira página sob o seguinte título: “Alcoolismo marca três gerações dos Silva”. Acredite quem quiser, o jornal disse que o alcoolismo de Lula seria genético…
O artigo de Larry Rother foi uma armação entre o correspondente e o colunista da Veja Diogo Mainardi e serviria tanto para a oposição quanto para a imprensa, nos anos que se seguiriam, tentarem desmoralizar Lula para impedir que se reelegesse em 2006.
Ontem (segunda-feira), discuti longamente o assunto pelo Twitter com um dos maiores detratores de Lula que conheço, o ex-diretor de Redação do jornal O Estado de São Paulo Sandro Vaia, que, se não me engano, foi sucessor direto, naquele jornal, de um homem que se tornou o símbolo da grande imprensa brasileira, o editor-assassino Pimenta Neves, que jamais foi preso por ter assassinado uma namorada com um tiro nas costas. Vaia nega que a mídia tenha acusado Lula de alcoolismo (!).
A diferença de tratamento que a mídia dá a tucanos e petistas, no caso das drogas lícitas e ilícitas (como álcool, cocaína ou maconha) ganha uma roupagem toda especial. Parece haver uma obsessão midiática em acusar petistas de usarem ou estimularem o uso dessas drogas.
Vejam só os casos de Paulo Teixeira, deputado federal petista por São Paulo, e Fernando Henrique Cardoso. Ambos têm praticamente a mesma opinião sobre as drogas, sendo favoráveis à descriminalização da maconha. Apesar disso, a opinião de FHC é tratada com respeito e discrição pela mesma Folha de São Paulo que acaba de publicar manchete de primeira página acusando Teixeira de estimular uso da maconha.
A estratégia bolsonarista de negar os excessos que se diz publicamente vai se tornando uma característica da direita. O ex-editor do Estadão, supracitado, teimou comigo pelo Twitter que a mídia jamais acusou Lula de ser alcoólatra. Contudo, o próprio Larry Rother, naquele seu artigo, diz claramente que a mídia é que vivia espalhando acusações de alcoolismo do petista.
Eis o que disse Rother em seu já “histórico” artigo acusando Lula:
“Sempre que possível, a imprensa brasileira publica fotos do presidente com os olhos avermelhados e as bochechas coradas e constantemente fazem referências tanto aos churrascos de fim de semana na residência presidencial, onde a bebida corre solta, como aos eventos oficiais onde Da Silva parece nunca estar sem um copo de bebida nas mãos.
‘Eu tenho um conselho para o Lula’, escreveu em março [de 2004] o crítico mordaz Diogo Mainardi, colunista da ‘Veja’, a revista mais importante do país, enumerando uma lista de reportagens contendo referências ao hábito do presidente. ‘Pare de beber em público’, ele aconselhou, acrescentando que o presidente tornou-se ‘o maior garoto-propaganda para a indústria da bebida’ com seu notório consumo de álcool.
Uma semana depois, a mesma revista publicou uma carta de um leitor preocupado com o ‘alcoolismo de Lula’ e seu efeito na habilidade do presidente de governar. (…)”
Quem será o Larry Rother ou Diogo Mainardi de Aécio Neves? Sim, porque se existiram para Lula, contra quem não havia provas de alcoolismo, teriam que existir para Aécio, que acaba de ser flagrado dirigindo bêbado no Rio. Além de haver provas contra o tucano, a prova ainda inclui um crime relacionado à bebida.
Bem, podem esperar sentados. Nunca mais a mídia tocará no assunto do alcoolismo comprovado de Aécio Neves, à diferença do que fez com o suposto alcoolismo de Lula.
Só que a sociedade percebe isso. É tão escancarado que, na hora de votar, a maioria absoluta dos brasileiros, que tantas vezes votara como queriam Folhas, Estadões e Vejas, agora lhes dá uma banana.
Esse caso do alcoolismo comprovado de Aécio e a diferença de tratamento para o alcoolismo não-comprovado de Lula só ajuda as pessoas a entenderem como a mídia é desonesta e como não deve ser levada a sério quando trata de política. Por isso, quando tem acusação verdadeira a fazer, o povo ignora.
Abaixo, na íntegra, o artigo de Larry Rother publicado em maio de 2004 no jornal americano The New York Times.
—–
Hábito de bebericar do presidente vira preocupação nacional
LARRY ROTHER
DO “NEW YORK TIMES”, EM BRASÍLIA
16/05/2004
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca escondeu sua inclinação por um copo de cerveja, uma dose de uísque ou, melhor ainda, um copinho de cachaça, o potente destilado brasileiro feito de cana-de-açúcar. Mas alguns de seus conterrâneos começam a se perguntar se sua preferência por bebidas fortes não está afetando suu performance no cargo.
Nos últimos meses, o governo esquerdista de Da Silva tem sido assaltado por uma crise depois da outra, de escândalos de corrupção ao fracasso de programas sociais cruciais.
O presidente tem ficado longe do alcance público nesses casos e tem deixado seus assessores encarregarem-se da maior parte do levantamento de peso.
Essa atitude tem levantado especulação sobre se o seu aparente desengajamento e passividade podem de alguma forma estar relacionados a seu apetite por álcool. Seus apoiadores, entretanto, negam as acusações de excesso de bebida.
Apesar de líderes políticos e jornalistas falarem cada vez mais entre si sobre o consumo de bebidas de Da Silva, poucos estão dispostos a expressarem suas suspeitas em público ou oficialmente. Uma exceção é Leonel Brizola, líder do esquerdista PDT, que foi companheiro de Lula na eleição de 1998, mas agora está preocupado que o presidente esteja “destruindo os neurônios de seu cérebro”.
“Quando eu fui candidato a vice-presidente de Lula, ele bebia muito”, disse Brizola, agora um crítico do governo, em um discurso recente. “Eu o avisei que bebidas destiladas são perigosas. Mas ele não me escutou e, de acordo com que estão dizendo, continua a beber.”
Durante uma entrevista no Rio de Janeiro em meados de abril, Brizola argumentou sobre a preocupação que ele havia expressado a Da Silva e que o que ele dissera ter sido desconsiderado. “Eu disse a ele: “Lula, eu sou seu amigo e camarada, e você precisa controlar isso’”, ele lembra.
“Não, não há perigo, eu tenho isso sob controle”, Brizola lembra da resposta de Da Silva, imitando sua voz rouca. “Ele resistiu, ele é um resistente”, Brizola continuou. “Mas ele tinha aquele problema. Se eu bebesse como ele, estaria frito.”
Os porta-vozes de Da Silva recusaram-se a discutir oficialmente os hábitos de beber do presidente, afirmando que não iriam dar crédito a acusações infundadas com uma resposta oficial. Em uma breve mensagem por e-mail que respondia a um pedido de comentário, afirmaram que a especulação que Da Silva bebe em excesso como “uma mistura de preconceito, desinformação e má-fé”.
Da Silva, um metalúrgico de 58 anos, mostrou ser um homem de apetites e impulsos fortes, o que contribui para seu apelo popular. Com um misto de compaixão e simpatia, os brasileiros têm assistido a seus esforços para não fumar em público, a seus flertes com atrizes em eventos públicos e à sua batalha contínua para evitar comidas gordurosas -que fizeram seu peso aumentar muito em pouco tempo desde que assumiu o cargo em janeiro de 2003.
Além de Brizola, líderes políticos e a mídia parecem preferir lidar com isso de forma mais sutil e indireta, mas com com um certo apetite. Sempre que possível, a imprensa brasileira publica fotos do presidente com os olhos avermelhados e as bochechas coradas e constantemente fazem referências tanto aos churrascos de fim de semana na residência presidencial, onde a bebida corre solta, como aos eventos oficiais onde Da Silva parece nunca estar sem um copo de bebida nas mãos.
“Eu tenho um conselho para o Lula”, escreveu em março o crítico mordaz Diogo Mainardi, colunista da “Veja”, a revista mais importante do país, enumerando uma lista de reportagens contendo referências ao hábito do presidente. “Pare de beber em público”, ele aconselhou, acrescentando que o presidente tornou-se “o maior garoto-propaganda para a indústria da bebida” com seu notório consumo de álcool.
Uma semana depois, a mesma revista publicou uma carta de um leitor preocupado com o “alcoolismo de Lula” e seu efeito na habilidade do presidente de governar.
Apesar de alguns sites estarem reclamando de “nosso presidente alcoólico”, foi a primeira vez que a grande imprensa nacional referiu-se a da Silva desta maneira.
Historicamente, os brasileiros têm razão para estarem preocupados com sinais de hábitos de abuso do álcool de seus presidentes. Jânio Quadros, eleito em 1960, foi um bebedor manifesto que um dia declarou: “Bebo porque é líquido”.Sua inesperada renúncia, menos de um mês após ter assumido -período considerado uma maratona de excessos- iniciou um período de instabilidade política que levou a um golpe de Estado, em 1964, e a 20 anos de uma rígida ditadura militar.
Independentemente se Da Silva tem um problema com bebida ou não, o tema tem se infiltrado na consciência pública e se tornado alvo de piadas.
Quando o governo gastou US$ 56 milhões no início do ano para comprar um novo avião presidencial, por exemplo, o colunista Claudio Humberto, uma espécie de Matt Drudge da política brasileira, fez um concurso para dar um apelido à aeronave. Uma das escolhas vencedoras, em alusão de que o avião presidencial americano é chamado de Força Aérea Um, sugeriu que o nome do jato de Da Silva deveria ser “”Pirassununga 51″ -nome de uma marca popular de cachaça no Brasil.
Outra sugestão foi “Movido a Álcool”, um trocadilho com o plano governamental de incentivar o uso de etanol em carros.
Especulação sobre os hábitos de bebida do presidente tem sido alimentada por várias gafes e passos em falso que ele tem feito em público. Como candidato, ele uma vez se referiu aos moradores de uma cidade considerada uma abrigo para os gays chamando-a de “pólo exportador de veados”. Como presidente, suas escorregadas em público continuaram e se tornaram parte do folclore político brasileiros.
Numa cerimônia aqui em fevereiro para anunciar um grande investimento, por exemplo, Da Silva duas vezes se referiu ao presidente da General Motors, Richard Wagoner, como presidente da Mercedes-Benz. Em outubro, num dia em homenagem aos idosos do país, Da Silva disse a eles: “Quando vocês se aposentarem, não fiquem em caso aborrecendo sua família. Encontrem alguma coisa para fazer”.
No exterior, Da Silva também tropeçou ou foi mal aconselhado. Em visita ao Oriente Médio no ano passado, ele imitou um sotaque árabe falando em português, inclusive com pronúncias erradas. Em Windhoek, na Namíbia, o presidente disse que a cidade parecia tão limpa que “não parece que está num país africano.”
A equipe de Da Silva e seus simpatizantes respondem que esses escorregões são apenas ocasionais e previsíveis para alguém que gosta de falar de improviso e não tem nada a ver com seu consumo de álcool, que eles descrevem como sempre moderado. Para eles, Da Silva é visto de um padrão diferente -e injusto- com relação a seus antecessores porque ele é o primeiro presidente brasileiro vindo da classe trabalhadora e estudou apenas até a quinta série.
“Qualquer um que já tenha estado em recepções formais ou informais em Brasília testemunhou presidentes bebericando uma dose de uísque”, escreveu recentemente o colunista Ali Kamel, no diário carioca “O Globo”. “”Mas sobre o fato nada se leu a respeito dos outros presidentes, somente de Lula. Isso cheira a preconceito.”
Da Silva nasceu em uma família pobre, num dos Estados mais pobres do país e passou anos liderando sindicatos de trabalhadores, um ambiente famoso pelo alto consumo de álcool. Relatos da imprensa brasileira têm repetidamente descrito o pai do presidente, Aristides -o qual ele pouco conheceu e morreu em 1978- como um alcólatra que maltratava suas crianças.
Histórias sobre episódios de beber envolvendo Da Silva são abundantes. Depois de uma noite na cidade onde ele fora membro do Congresso, no final dos anos 1980, Da Silva saiu do elevador no andar errado do prédio onde morava na época e tentou arrombar a porta de um apartamento que ele imaginava ser o seu, de acordo com políticos e jornalistas aqui, incluindo alguns que moravam no mesmo edifício.
“Sob Lula, a caipirinha virou “bebida nacional” por decreto presidencial”, escreveu o diário Folha de S. Paulo no mês passado, em artigo sobre a associação de Da Silva com álcool e em alusão a um coquetel feito com cachaça.
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