Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

DILMA: AÉCIO, POR QUE TITIO TINHA A CHAVE DO AEROPORTO? Bláblá, quem é o dono do jatinho?




A Presidenta Dilma Rousseff respondeu, nesta sexta-feira (26), as críticas do candidato à presidência Aécio Neves (PSDB) quanto às denuncias de corrupção do governo da petista. “Aécio deveria responder antes sobre a questão do aeroporto, em vez de fazer acusações genéricas”, afirmou Dilma em coletiva. “Ele tem que responder porque quem tinha a chave do aeroporto de Claudio era o tio de Aécio”, completou.

Questionada sobre a avaliação de Marina Silva (PSB) sobre o programa de energia do Brasil, Dilma afirmou: “Não é especialidade da Dona Marina a questão da energia no Brasil. A candidata talvez não saiba o quanto nós ampliamos e investimos em energia nos meus 4 anos de governo. Fiz o dobro das linhas de transmissão do que os 8 anos de governo do FHC”, lembrou. E prosseguiu: “Nós garantimos que não houvesse racionamento durante a seca que o Brasil passou. Essa seca foi maior do que a de 2001/2002. De lá pra cá, o país teve um aumento de geração de energia e linhas de transmissão”.
A petista também anunciou um conjunto de medidas para combater a impunidade: 

1. Modificação da legislação eleitoral para criação do crime de prática de “Caixa Dois”, punindo todos os que se utilizarem de tais procedimentos;

2. Aprovação, por lei, de crime que puna com rigor agentes públicos que apresentem enriquecimento sem justificativa ou sem demonstração da origem dos ganhos patrimoniais;

3. Criação de uma nova espécie de ação judicial – “ação civil pública de extinção de domínio” -  que permita declarar a perda da propriedade ou da posse de bens adquiridos por atividades ilícitas, ou de bens sem comprovação de procedência lícita;

4. Ateração da legislação processual para agilização do julgamento de processos judiciais que digam respeito a desvio de recursos públicos, respeitando o contraditório e o mais amplo direito de defesa; 

5. Criação de uma nova estrutura no poder judiciário, em especial junto aos tribunais superiores, que permita agilização e  maior eficácia da investigação e dos processos contra agentes que possuem foros privilegiados.



“Nós, ao longo do governo, tivermos várias iniciativas que podiam ser feitas por envio de lei ou medidas administrativas”,afirmou. “Caixa 2, por exemplo, no Brasil não é crime. Quem tem propriedades adquiridas de forma ilícita pode ficar com elas contanto que pague imposto”, comentou a Presidenta.

“Consideramos isso o centro do combate à impunidade. É como se fosse uma nova etapa, levar às últimas consequências o processo de combate à corrupção, tornando o processo de combate à corrupção mais rápido e eficiente e tipificando o crime”, prosseguiu Dilma aos jornalistas.

“Temos que ter garantias de que órgãos públicos não sejam usados em favor deste ou daquele candidato. Por isso tem que ter isenção da Polícia Federal”, finalizou.


Alisson Matos, editor do Conversa Afiada


Leia mais:

DILMA NÃO QUER MAIS MONOPÓLIO DA GLOBO”


BLÁBLÁ MENTE SOBRE O BNDES

PML: a verdade sobre a declaração das florestas

Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília, conta em seu blog fatos inéditos sobre a decisão do governo Dilma de não assinar o documento "Declaração de Nova York sobre Florestas", "um texto de cinco páginas" apresentado como "pacto" ou "acordo" da ONU contra o desmatamento, mas que "não vem a ser uma coisa nem outra", segundo ele; Marina Silva chamou ato de "lamentável", seguida por Aécio Neves; PML expõe bastidores sobre a exclusão da diplomacia brasileira na elaboração do documento e o posicionamento do Acre, estado natal da candidata do PSB, que assinou o texto apesar da decisão da presidente; para ele, "ao cobrar assinatura de Declaração apoiada por apenas 1/7 dos países-membros da ONU, a oposição mostra que atira para qualquer lugar na campanha presidencial" 

247 – O debate criado pela não assinatura, por parte do governo brasileiro, da "Declaração de Nova York sobre Florestas", um "texto de cinco páginas" e que vem sendo apresentado como "pacto" ou "acordo" das Nações Unidas contra o desmatamento, mas que "não vem a ser uma coisa nem outra", mostra que a oposição "atira para qualquer lugar na campanha presidencial", escreve Paulo Moreira Leite, em nova coluna em seu blog no 247.

O jornalista traz fatos inéditos e relevantes sobre o episódio, que provocou críticas de Marina Silva contra a presidente Dilma Rousseff. Para a candidata do PSB, a atitude do Brasil em não se comprometer com o "pacto" pelo desmatamento das Nações Unidas foi "lamentável". A presidenciável logo foi seguida pelo adversário do PSDB, Aécio Neves, em suas críticas.

PML minimiza, no entanto, o chamado "acordo" da ONU. Trata-se de "um texto diplomaticamente paralelo: não foi votado nem debatido em nenhuma instância deliberativa da ONU", além de assinado por mais empresas (34) – multinacionais como Cargill e Mc Donald´s – do que países (27). "No total, apenas 1/7 dos países-membros da ONU assinaram o documento", diz. "A lista de quem ficou de fora, que chega a 166 países, inclui Itália, Espanha e Portugal", acrescenta Paulo Moreira Leite.

O colunista descreve ainda como o Brasil foi excluído dos debates que resultaram na elaboração do documento e o fato de o Acre, estado natal de Marina Silva, ter assinado o texto, na condição de um estado "subnacional" brasileiro. "Se fosse uma decisão séria e grave, teria sido um ato de secessão ucraniana — pois os subnacionais peruanos acompanharam a diplomacia do presidente do país", observa. Além disso, consta do texto que o governo brasileiro recebeu a primeira notícia sobre o documento no dia 21 de agosto – por coincidência, um dia depois de o PSB confirmar a chapa Marina Silva-Beto Albuquerque para disputar a eleição presidencial.


Dilma vai a Nova York e adversários perdem rumo de casa


PML na íntegra.

Ao cobrar assinatura de Declaração apoiada por apenas 1/7 dos países-membros da ONU, oposição mostra que atira para qualquer lugar na campanha presidencial

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Quando se recorda que a ONU possui 193 países-membros, é obrigatório refletir pelo menos um minuto sobre a representatividade de uma declaração assinada pelos governos de 27 países — ou menos de um sétimo do plenário nos raros dias de casa cheia. Mas como o Brasil se encontra no vale tudo da reta final da campanha presidencial onde o condomínio Lula-Dilma pode cravar a quarta vitória consecutiva, a ausência da assinatura do governo brasileiro provocou um debate para consumo interno  a menor relação com a relevância de um texto de cinco páginas intitulado “Declaração de Nova York sobre Florestas.”

O texto da declaração tem sido apresentado como “pacto” ou “acordo”, quando não vem a ser uma coisa nem outra. Trata-se de uma declaração de intenções — algumas boas, outras razoáveis, outras ruins — mas especialmente confusas. É um texto diplomaticamente paralelo: não foi votado nem debatido em nenhuma instância deliberativa da ONU, nem mesmo pela Secretaria Geral e muito menos pelos organismos voltados para o meio ambiente. É assinado por mais empresas (34) do que que países, entre elas gigantes com um passivo de denúncias ambientais, como a Cargill e a Mc Donald´s. Numa miscelânea pós-moderna, o número de ONGs chega a 45. As nações e entidades ligadas à causa indígena são 16. Do ponto de vista técnico, a Declaração mistura conceitos contraditórios e aponta para soluções reconhecidamente impraticáveis.

Num comportamento que leva observadores mais zangados a se perguntar o que não se faz por um patrocínio num conjuntura de vacas magérrimas para causas que não ajudam a pagar o almoço de amanhã, um anexo do documento faz questão de falar bem de grandes grupos multinacionais — Nestlé, Unilever, Wal-Mart, Danone, Carrefour, Kellogg’s — que têm feito “progresso para eliminar o desmatamento da cadeia de suprimentos” sem perder a oportunidade de registrar referências positivas a parcerias com ONGs.”

O documento recebeu assinatura do Reino Unido, hoje adversário agressivo do Brasil em encontros diplomáticos, Alemanha e Estados Unidos, além de países menos desenvolvidos, como Colômbia, Peru, Guiana, Libéria, Mongólia e Nepal. A lista de quem ficou de fora, que chega a 166 países, inclui Itália, Espanha e Portugal. Nenhum parceiro do Brasil no condomínio chamado Brics — China, Índia, Rússia e África do Sul — assinou o documento.

Num esforço que ajudou a dar volume à lista de assinantes, a coluna de signatários é engordada por oito estados “subnacionais”, um nome fictício, culturalmente questionável, para falar de governos estaduais ou províncias. Destes oito, sete são peruanos. Há um estado “subnacional” brasileiro. O Acre do governador Tião Viana, do PT, deixou seu autógrafo na declaração. Se fosse uma decisão séria e grave, teria sido um ato de secessão ucraniana — pois os subnacionais peruanos acompanharam a diplomacia do presidente do país.

Há um elemento curioso neste estado “subnacional” brasileiro. Em 18 de agosto de 2014, quando faltavam dois dias para Marina Silva oficializar sua candidatura presidencial, ocorreu uma mudança importante no primeiro escalão do governo do Acre. Seu marido, Fábio Vaz, deixou o governo petista. Até então, Fabio era secretario-adjunto, empossado em 2011, encarregado de políticas de desenvolvimento florestal — exatamente o tipo de assunto que foi debatido nos encontros diplomáticos que produziram a “Declaração de Nova York.”

Na semana passada, a candidata presidencial (e mulher de Fábio Vaz) Marina Silva classificou a ausência da assinatura do governo brasileiro como “lamentável.” Como previsível, Aécio Neves reagiu no mesmo tom.
Dilma esclareceu que o governo não foi convidado a discutir o conteúdo do documento — mas apenas para assinar, ou não, um texto final, fechado, que não era mais sujeito a alterações nem acréscimos.

Na prática, é possível considerar razões favoráveis e desfavoráveis para assinar o documento, mesmo sem concordar inteiramente. Acontece todos os dias na diplomacia. Um motivo a favor é que, num anexo, o documento faz referências elogiosas ao Brasil, que poderiam ser úteis para o governo comprar o debate sobre seu desempenho ambiental, inclusive na campanha.

O texto diz que “o Brasil demonstrou que o progresso (contra o desmatamento) pode ser obtido em larga escala.” Usando números que permitem comparar o desempenho de Lula-Dilma com a gestão de Fernando Henrique, o documento afirma: “Em 2013, o Brasil reduziu o desmatamento em 71%, quando se compara com a média de 1996-2005.”

O texto faz ainda uma afirmação que deixa os críticos do desempenho ambiental do governo de cabeça baixa. Está lá: “pelo tamanho das emissões evitadas, (o Brasil) pode muito bem ser o maior caso de sucesso até a hoje, globalmente, em qualquer setor.”

Você leu isso mesmo: “maior caso de sucesso, globalmente, em qualquer setor.” São governos dos EUA, França, Alemanha, mais quatro dezenas de ONGs que assinam isso.
Há outras questões além do marketing, porém. O documento — em fase de pegar ou largar quando foi apresentado ao Brasil — estabelece meta zero para o desmatamento.

O problema é que o Congresso brasileiro acabou de aprovar uma legislação, negociada longamente, definindo limites para o desmatamento. Podem chegar a 50% numa região, 35% em outras, 20% mais adiante. Não se fala em desmatamento zero nem isso seria possível — pois qualquer criança que já cuidou das plantas do jardim de casa dos avós sabe que sem algum nível de desmatamento não é possível trocar os cravos brancos pelas rosas vermelhas, e muito menos manter a agricultura como atividade básica para a sobrevivência humana.

Quem acompanha a postura diplomática do Brasil sob o governo Lula e Dilma, sabe que o país faz o possível para evitar entrar em festa pela porta dos fundos nem aceita ultimatos. No segundo turno da campanha presidencial de 2010, lideranças do Partido Verde promoveram um ato de apoio a Dilma. Até assessores de Marina estavam presentes. Na última hora, militantes do Greenpeace resolveram fazer uma cena: abriram uma faixa pedindo que Dilma assinasse o compromisso com o fim do desmatamento. “Não assino documentos sem ler antes,” respondeu a candidata. “E não faço demagogia para ganhar votos.”

A reconstituição dos fatos de 2014, que você irá ler a seguir, mostra que o governo brasileiro — um protagonista mais do que reconhecido dos debates ambientais desde a Rio 92 — foi deixado a margem de uma discussão travada nos bastidores, por iniciativa de adversários conhecidos de longa data.
A missão do Brasil na ONU tomou conhecimento da existência de que havia “uma” declaração sobre florestas em 21 de agosto — por coincidência, um dia depois do PSB confirmar a chapa Marina Silva-Beto Albuquerque para disputar a eleição presidencial.

Pelo que se sabe, foi naquele dia que o governo brasileiro recebeu a primeira notícia.

Isso aconteceu numa conversa informal em Nova York, quando um diplomata brasileiro foi informado a respeito por um colega da Indonésia, país que participava dos debates fechados. Em 27 de agosto, seis dias depois do primeiro encontro informal em Nova York, a missão do Brasil recebeu, por email, uma cópia da versão do texto, com uma advertência em inglês: “Final for approval.” No dia seguinte, a Missão do Brasil encaminhou formalmente a declaração para a Secretaria Executiva. Vinte dias depois, a Secretaria se manifestou. Admitiu que “o governo brasileiro não participou da elaboração da ‘Declaração de Nova York’ e tampouco foi procurado a respeito pelos proponentes da iniciativa. ” No mesmo dia, diplomatas brasileiros solicitaram novas informações, inclusive sobre a possibilidade de contribuir para o documento.

Eles enviaram um email a Charle McNeill, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que coordenava debates que, em teoria, teriam mais relação com a área ambiental da ONU. Este conformou que o texto estava fechado e “em fase de adesão”, o que excluía qualquer possibilidade de alteração.
Ao longo da semana, mesmo empresários de agro-negócio engajados em campanhas adversárias, como Roberto Rodrigues, que foi ministro da Agricultura no governo Lula, deram razão neste ponto. Entidades ambientais se dividiram.

Se o enredo está claro, falta esclarecer algumas questões. A “Declaração…”foi divulgada durante a Conferência do Clima, um evento que reuniu 120 chefes do governo, dos quais 70% ficaram de fora do documento. Reunindo ativistas do mundo inteiro, com apoio de sindicatos e entidades populares dos países desenvolvidos, uma marcha que pedia medidas efetivas pela preservação ambiental foi um sucesso de mobilização. Reuniu meio milhão de pessoas nas ruas de Nova York. “Chegou a haver engarrafamento de militantes na altura da rua 84″, ironiza um participante brasileiro. Atividade preparatória para 2015, quando haverá uma nova Conferência Ambiental em Paris, a Declaração recuperou, por vias tortas, um debate que mobiliza países ricos e pobres desde que a palavra ecologia foi pronunciada pela primeira vez.

Ao dar prioridade à preservação das florestas, o documento retoma o costume de colocar a carga mais pesada do ambientalismo sobre a população dos países pobres. O problema é que o desmatamento responde por apenas 12% das emissões atmosféricas, enquanto outras emissões, típicas dos países desenvolvidos, ficam com a maior parte. Imagine se, com a crise infinita de 2008, que está levando o desemprego para a Europa inteira, derrubando governos em toda parte, aqueles chefes de Estado de sorriso amarelo do Velho Mundo irão fazer os desembolsos bilionários que seriam necessários para modernizar seu parque industrial — não para aumentar a produção, mas para diminuir a poluição.

“Num quadro de injustiça ambiental, as populações pobres são as mais vulneráveis, principalmente em nossas cidades,” discursou Dilma, na Conferência do Clima. “Historicamente, os países desenvolvidos alcançaram o nível de bem estar de suas sociedades graças a um modelo de desenvolvimento baseado em altas taxas de emissões de gases danosos ao clima. Nos não queremos repetir esse modelo. Mas não renunciaremos ao imperativo de reduzir as desigualdades e elevar o padrão de vida da nossa gente. Nós, países em desenvolvimento, temos igual direito ao bem-estar. E estamos provando que um modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável e possível.”

FHC, chanceler ad hoc da Bláblá Se o Covas tivesse deixado, ele teria sido chanceler do Collor … – PHA

Por sugestão da amiga navegante Elizabete, o Conversa Afiada republica imperdível artigo do Dario Pignotti,na Carta Maior:

FHC, chanceler ad hoc de Marina

Como em 1990, quando tratou de ser ministro das Relações Exteriores de Collor, o dirigente tucano viajou aos EUA na condição de chanceler ad hoc de Marina

Dario Pignotti

As reincidências de Fernando Henrique Cardoso. Do mesmo modo como fez em 1990, quando procurou ser ministro de Relações Exteriores de Fernando Collor de Mello, agora o dirigente tucano volta a apostar em uma personagem outsider, uma paladina da não política como é Marina Silva. No caráter de chanceler ad hoc da candidata, Cardoso viajou aos Estados Unidos. FHC fez proselitismo “marineiro” ao falar diante de banqueiros em Nova York e em uma entrevista dada a um jornal ultradireitista de Miami.

Desde agosto, quando uma tragédia matou Eduardo Campos dando vida à candidatura de Marina e deixando Aécio Neves quase de fora da disputa (salvo algum giro imprevusto), FHC deu asas às suas fantasias de recuperar influência e poder.

Com sua vaidade ferida (a qual é inversamente proporcional à sua popularidade), FHC foi deixado de lado, e até mesmo escondido, pelos candidatos presidenciais tucanos desde 2003 (Serra 2002 e 2010, Alckmin 2005), inclusive pelo próprio Aécio, que o mostra pouco em sua campanha, apesar de reivindicar o legado dos dois governos de FHC.

Paradoxalmente, foi Marina, no contexto de seu alinhamento com as elites financeiras e midiática, quem proferiu palavras favoráveis a FHC e prometeu consultá-lo se fosse a vencedora das eleições de outubro.

Gostando dos elogios recebidos de Marina, o pragmático Fernando Henrique se desentendeu com a campanha de Aécio para preconizar o voto útil da candidata ecológica liberal e promovê-la no exterior. E foi na condição de fiador de Marina que ele viajou a Nova York para assegurar, diante de uma plateia de investidores que, com ela, defensora da independência do Banco Central e do ajuste ortodoxo, poderão fazer bons negócios.

O café e os croissant do café da manhã de Nova York foram comprados com dinheiro do JP Morgan, banco organizador da reunião em que Cardoso reconheceu a vitória de Marina que, apesar de desejada, não é certa, pois Dilma é uma candidata temível.

Primeiro parêntese: anos atrás, o JP Morgan contratou a filha de José Serra e atualmente continua ligado, segundo informações da imprensa especializada, à Gavea Investiments, onde atua o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, tucano que, como FHC, anunciou sua disposição para pular no barco de Marina quando o navio de Aécio acabar de afundar. Nesta semana, FHC e Fraga tiveram um encontro com investidores brasileiros em São Paulo, expressando seu apoio a Aécio ma non troppo.

Segundo parêntese: JP Morgan pagou apenas os croissant e o café consumidos durante o café da manhã de FHC e dos investidores em Nova York? Quem pagou o hotel e a passagem aérea? Se foi o banco de investimento que emite a classificação de risco sobre o Brasil, seria completamente legal, é preciso reconhecer. Mas convenhamos que parece pouco ético que um banco financie uma viagem pouco menos proselitista a favor de Marina, que até hoje não revelou quem pagou suas palestras de um milhão de reais.


Velha diplomacia


Os elogios de FHC para Marina, sem partido e defensora de uma nova política reservada apenas para “homens novos”, lembram os primeiros meses de 1990, quando o sociólogo tucano agia nos bastidores a favor de outro político outsider, Fernando Collor de Mello.

FHC não apenas aspirava ser o chanceler do “caçador de marajás”, como também era uma espécie de conselheiro informal dele. Os dois tiveram diversas reuniões particulares, conta como a jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni na biografia “Fernando Henrique Cardoso. O Brasil do possível”,  publicada em 1997 pela editora Nova Fronteira.

Voltemos ao presente. O périplo norte-americano de FHC terminou com uma entrevista ao jornalista Andres Oppenheimer, do jornal El Nuevo Herald, de Miami.

Essa publicação é conhecida como um dos baluartes da direita fundamentalista norte-americana, cujas páginas apoiam as campanhas contra o governo cubano, a desestabilização na Venezuela, assim como os movimentos conspiratórios contra os governos da Bolívia e do Equador.

Nas declarações de FHC ao jornal da Flórida, há momentos em que surgem ecos de um discurso anticomunista clássico, combinados com a exaltação a Marina, uma predestinada escolhida pelo destino para reinstalar a velha diplomacia aplicada entre 1995 e 2003. “A visão prevalecente (no governo Dilma) é antiquada, terceiro-mundista, dos anos sessenta ou setenta, acredito que Marina Silva não tenha essa mesma visão, tão antiquada, ela é mais aberta no que diz respeito a questões externas”, afirmou Cardoso.

“Existe uma situação de quase cumplicidade do governo do Brasil com os desatinos da Argentina”, cujas autoridades se opõem à assinatura de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, queixou-se.

“A vitória da oposição poderia significar uma espécie de ruptura na atual política externa do Brasil”, ponderou o último presidente brasileiro que viajou a Washington no marco de uma visita de Estado, tendo como anfitrião seu amigo democrata Bill Clinton.

Em 2013, Dilma Rousseff recebeu um convite de Barack Obama para viajar com o mesmo status – visita de Estado – mas ela rejeitou em repúdio à espionagem contra seu gabinete e escritórios da Petrobras perpetrada pela agência NSA, resultando em um virtual congelamento das relações bilaterais, que Fernando Henrique acredita que melhorarão se Marina vencer.

“Há uma paralisia na política externa… [porque] o coração de muitos funcionários [de Rousseff] é, para dizer em uma palavra simples, ‘bolivariano’”, defendeu Cardoso, bem relacionado não apenas com o Partido Democrata como também com ex-funcionários republicanos como Henry Kissinger, a quem concedeu uma alta condecoração diplomática em 2002, mas a cerimônia não foi realizada no Brasil diante de uma ameaça de protestos por parte de organismos humanitários.

Historicamente dedicado às posições extremistas dos republicanos, o jornal El Nuevo Herald de Miami, assim como seu colunista Andrés Oppenheimer, coincidem em tudo com FHC, a quem se referem como “grande estadista” que modernizou o Brasil e o integrou ao mundo.

Oppenheimer, uma das principais estrelas do jornal, opinou que em razão da pouca probabilidade de Aécio conseguir vencer nas urnas, Marina merece ser apoiada em sua condição de alternativa real diante de uma Dilma “intervencionista” no âmbito econômico e hostil a Washington no diplomático. Há semanas Oppenheimer questiona Dilma e faz votos de uma vitória de oposição em seus artigos no Herald e em seu programa dominical transmitido pela rede de televisão CNN.

“Acredito que isto [vitória de Marina] poderia ajudar o Brasil a voltar ao ciclo do crescimento e poderia mudar o rumo econômico de toda a região”, disse esperançoso o jornalista, diante da hipótese plausível de uma vitória da dirigente ambientalista.

Com tudo isso, vale lembrar que os presságios de Oppenheimer às vezes não passam de mera propaganda ideológica, e mais de uma vez foram desmentidos pelos fatos.

Há 21 anos, o jornalista publicou, após meses de investigação e dezenas de entrevistas, um livro pretensioso, muito anunciado, com o título “La Hora Final de Castro”, cujo subtítulo dizia “La historia secreta detrás de la inminente caída del comunismo en Cuba” (A história secreta por trás da iminente queda do comunismo em Cuba). Como se vê, os presságios da direita são infalíveis.

Leia também:



Bláblá mente sobre o BNDES

Histórico: Bláblá vai à tv com Bornhausen

Bláblá mente sobre o BNDES E sobre Belo Monte e etc etc




Na entrevista no Mau Dia Brasil, quando foi gentilmente poupada do jatinho em que viajou dez vezes, Bláblárina mentiu sobre Belo Monte.

E sobre o BNDES, como se vê nesse irrespondível artigo de Fábio Kerche, originalmente publicado na Fel-lha (dicionarizada):


Marina e o BNDES

Fábio Kerche


O BNDES é um dos principais instrumentos que o governo brasileiro dispõe para implementar sua política econômica. É o governo em exercício que escolhe as áreas prioritárias e as linhas de atuação do banco, que as executa por meio de um rigor técnico garantido por seu capacitado corpo funcional.


Para ficarmos em apenas dois exemplos: no governo Fernando Henrique Cardoso, o BNDES teve um papel fundamental nas privatizações e no governo Lula, respondendo à forte crise iniciada em 2008, expandiu o crédito à indústria e à infraestrutura.


É, portanto, absolutamente legítimo que o papel do BNDES seja debatido na campanha eleitoral. O próximo presidente terá a responsabilidade de manter ou modificar as prioridades do banco nos próximos anos, decisão que poderá afetar todo o financiamento ao setor produtivo brasileiro.


Mas esse necessário debate eleitoral seria mais proveitoso para o país se fosse lastreado por um correto diagnóstico por parte dos candidatos. Como corrigir rumos se não conseguimos entender a atual direção? Esse parece ser o caso da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva. Senão, vejamos.


Nesta quinta-feira (25), em entrevista ao programa “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, a candidata disse que “o que enfraquece os bancos é pegar o dinheiro do BNDES e dar para meia dúzia de empresários falidos, uma parte deles, alguns deles que deram, enfim, um sumiço em bilhões de reais do nosso dinheiro”. O número de imprecisões só dessa frase é impressionante.


Em primeiro lugar, o BNDES não “dá” dinheiro a ninguém, ele empresta. Isso significa que o banco recebe de volta, corrigidos por juros, os seus financiamentos. Sua taxa de inadimplência é de 0,07% sobre o total da carteira de crédito, segundo o último balanço, sendo a mais baixa de todo o sistema bancário no Brasil, público e privado.


Isso nos leva a outra imprecisão da fala da candidata. A qual “sumiço” de recursos ela se refere se o BNDES recebe o dinheiro de volta e obtém lucros expressivos de suas operações? O lucro do primeiro semestre, de R$ 5,47 bilhões, foi o maior da história do banco.


Em relação aos empresários “falidos”, talvez a candidata, em um esforço de transformar em regra a exceção, esteja se referindo ao caso Eike Batista. Se isso for verdade, temos mais uma imprecisão: seja por causa de um eficiente sistema de garantias das operações, seja porque grupos sólidos assumiram algumas empresas, o BNDES não sofreu perdas frente aos problemas enfrentados pelo empresariado.


Por fim, nada mais falso do que dizer que o BNDES empresta para “meia dúzia”. No ano passado, o banco fez mais de 1 milhão de operações, sendo que 97% delas para micro, pequenas e médias empresas.


Embora o BNDES não tenha a capilaridade dos bancos de varejo, a instituição aumentou seus desembolsos para as pequenas empresas de cerca de 20% do total liberado na primeira década de 2000 para mais de 30% no ano passado. Se retirássemos as típicas áreas onde os pequenos não atuam (setor público, infraestrutura e comércio exterior), os financiamentos para os menores representariam 50% dos desembolsos do banco.


Das cem maiores empresas que atuam no Brasil, 93 mantém relação bancária com o BNDES. Entre as 500 maiores, 480 são seus clientes. Como sustentar que o BNDES escolhe “meia dúzia” se o banco apoia quase todas as empresas brasileiras dos mais variados setores de nossa economia?


A candidata Marina lembrou recentemente que uma mentira repetida diversas vezes não a transforma em verdade. Isso também vale para o papel que o BNDES vem desempenhando nos últimos anos.


FÁBIO KERCHE, 43, doutor em ciência política e pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa, é assessor da Presidência do BNDES. Foi secretário-adjunto e secretário de Imprensa da Presidência da República (governo Lula)

De insanidade, basta a dos terroristas do “Estado Islâmico”

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Qualquer pessoa de bom senso sabe que não é por falta de bomba que Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Líbano, Iêmem e uma série de nações árabes estão mergulhadas em conflitos sectários. Afinal, o Ocidente está jogando bombas, foguetes, mísseis, drones e tudo o quanto mais se dispõe de tecnologia há mais de uma década. Ninguém de  boa-fé e juízo acredita que bombardear o Estado Islâmico (ISIS) resolverá o problema da violência fundamentalista no Oriente Médio.


A “onda” que a imprensa brasileira, com sua notória imparcialidade, faz em cima do assunto  se desmancha com um simples parágrafo da entrevista da presidenta em Nova York:
“Dilma também defendeu que os conflitos sejam resolvidos dentro dos marcos legais internacionais. “Quais são eles? É o Direito Internacional e o fato de qualquer ação ter de se submeter ao acordo do Conselho de Segurança da ONU.”

A posição brasileira é mais do que clara e se expressa muito bem nas palavras do embaixador Paulo Sergio Pinheiro, presidente da comissão da ONU que investiga as violações de direitos humanos na Síria, em entrevista que deu à Istoé, no dia 23, antes, portanto, da manifestação de Dilma:
ISTOÉ – E quem financia esse grupo terrorista?

Pinheiro – Há vários financiadores. Eu não posso citar os países, mas, basicamente, quem banca o EI são as monarquias do Golfo, que são sunitas e têm interesses muito antigos na Síria. A Síria sempre foi um polo independente na luta contra Israel e hoje é ligada ao Irã. Essas monarquias do Golfo querem que a Síria se desligue do Irã. É um conflito muito regional. Quem domina a Síria é uma vertente dos xiitas, que são os alauítas, minoria à qual pertence o presidente Assad. E os membros do EI são todos sunitas. No início, o conflito na Síria não era uma luta tão sectária. Mas hoje a presença do EI é o ápice de uma luta entre sunitas e o governo, que é xiita. Isso posto, o próprio EI tem recursos extraordinários. Eles saqueiam bancos e exploram e contrabandeiam petróleo. Têm recursos, armas e experiência em combate, e até pagam salários aos combatentes.

ISTOÉ – Qual é a responsabilidade de países como os Estados Unidos e os membros da União Europeia na ascensão do Estado Islâmico?

Pinheiro – Os EUA e a Europa, assim como o Qatar, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e a Turquia, em determinado momento, apoiaram os grupos armados contrários ao governo de Assad. Em 2011, o início desses movimentos na Síria parecia uma vertente da Primavera Árabe, mas que logo foi militarizada. Se no começo esses grupos eram moderados, hoje são todos militarizados. Nenhum tem um projeto claro de democracia. Os desejos nutridos no berço dessa revolução síria se perderam. O objetivo do EI hoje é a restauração do califado, algo que terminou com o fim do Império Otomano. Eles querem criar uma autoridade que irá confrontar diretamente a Arábia Saudita, atual guardiã de Meca e de lugares sagrados para os islâmicos. Os membros do grupo terrorista contestam essa autoridade. Isso é curioso, já que muitos combatentes sauditas estavam na origem desses grupos radicais na Síria.
Precisa ser mais claro para dizer que esta monstruosidade de hoje é filha do intervencionismo ocidental, ou pró-ocidental?
Antes do bombardeio americano, o embaixador Pinheiro elogiava, inclusive, a prudência de Barack Obama:

ISTOÉ – O presidente Barack Obama tem sido criticado por não combater militarmente o EI. O que o sr. acha disso?

Pinheiro – O presidente Obama está hesitante, mas, a meu ver, ele está agindo certo. Atacar o EI com bombardeios afetaria muito a população civil. Sem um acordo com o governo Assad, qualquer ação militar estrangeira na Síria seria muito complicada e limitada. Por enquanto não há indicação de que o governo americano irá de fato despachar tropas terrestres para a Síria. Oficialmente, a posição dos EUA continua sendo a de não enviar soldados para lá. E o EI é uma bomba de efeito retardado. Na medida em que forem atacados no Iraque, irão voltar para a Síria. Se forem atacados no Iraque e na Síria, os combatentes voltarão para os países de origem, especialmente europeus, o que fatalmente irá ocorrer, já que a identificação e o controle desses indivíduos são muito difíceis.

ISTOÉ – E como o sr. vê a posição do Brasil nessa questão?

Pinheiro – É muito clara a posição do governo brasileiro de que não há solução militar para o conflito na Síria. O Brasil compartilha com a visão da Comissão de que a negociação política tem de recomeçar. Todas as propostas de derrubada do governo Assad foram equivocadas. Três anos depois ele ainda está no poder. Se nada for feito, essa guerra pode continuar por dez anos, e aí a Síria seria destruída. 

malafaia

Mas Aécio Neves e o porta-voz religioso do
marinismo, Silas Malafaia,  querem transformar isso em “dialogar com assassinos” – assassinos, aliás, em alguma época armados e pagos pelo Ocidente – numa pobreza mental e num oportunismo sem par, procurando assustar as pessoas menos informadas e, se depender da imprensa, sempre mal informadas.

Quer dizer, então, que ser contra a invasão do Afeganistão e do Iraque seria “dialogar com terroristas que explodem prédios com aviões”?

Que proveito se tira em dizer o óbvio, que é chocante e repugnante fazer execuções e espalhar suas imagens pela internet, no que o embaixador chamou de “pornografia do terror”?

O que cabe a chefes de Estado ou a quem pretenda sê-lo é romper este círculo de morte e barbárie que parece interminável.

Não é nenhum site esquerdista, mas a conservadoríssima The Economist quem compara hoje as ações unilaterais de Barack Obama com as de George Bush após o 11 de Setembro.

O triste deste primarismo é bem retratado numa mensagem de  twitter reproduzida pelo Brasilpost, alguns dias atrás: ““A Primeira Guerra do Golfo gerou a Al Qaeda. A segunda, o ISIS. Mal posso esperar para ver os horrores que nos esperam depois da terceira!”

Grupo “antipetista” da PF prepara denúncia para o 2º turno


Escrevo da capital da República. Estou aqui desde a tarde de quinta-feira (25) para participar, nesta sexta, de evento a ser divulgado em breve. Devido a tais compromissos, divulgo, de forma sucinta, informação (não tão) surpreendente a que tive acesso aqui em Brasília.

Lula e Dilma Rousseff dizem que fortaleceram e deram condições de trabalho à Polícia Federal para investigar a qualquer um, “doa a quem doer”. Contudo, fizeram bem mais do que isso, como será demonstrado a seguir.

O Ministério da Justiça permite que funcione na Polícia Federal um conclave de agentes e delegados que, segundo as informações obtidas, tem pessoas com “grande influência” junto ao diretor-geral da instituição, Leandro Daiello Coimbra, e que anuncia, abertamente, que pretende “tirar o PT do poder”.

Segundo a minha fonte, o recente “vazamento” de “convites” da PF a Lula para depor teria sido produto de ações desse grupo “antipetista” da Polícia Federal. Os agentes procuraram Folha de São Paulo e Estadão simultaneamente e passaram a “informação” de que “há 7 meses” tentam “ouvir” o ex-presidente.

Mas não é só. Esses policiais estão vasculhando a vida de expoentes do PT e desencadearam uma busca frenética por qualquer dossiê, por qualquer denúncia que possam usar no segundo turno para tentar impedir a reeleição de Dilma Rousseff.

A atuação desse grupo, inclusive, não é um segredo tão bem guardado. Minha fonte afirma que a campanha de Dilma sabe de sua existência, o ministro da Justiça sabe, o diretor-geral da PF sabe. E ninguém faz nada, apesar de ser ilegal uma instituição como essa ter grupos promovendo atuação político-ideológico-partidária.

O que não se sabe, o que não se compreende, o que é difícil de aceitar é que dinheiro público seja usado para financiar perseguições políticas por setores de uma Polícia que NÃO PODE – ou não deveria poder – usar critérios políticos ou ideológicos em seu trabalho.

O governo do PT dar liberdade a órgãos de controle, é compreensível e até desejável. Contudo, permitir aparelhamento político e ideológico da PF – e ainda contra o próprio governo e o partido do governo -, é absurdo. Esse fato precisa ser apurado. Já.