Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
João Correia agride jornalista durante entrevista na TV
Esses aprenderam com os capangas do José SSerra.
Carta: o dossiê Dantas. A filha do Serra está lá
Conversa Afiada.
A revista CartaCapital colocou no ar – clique aqui para ler – o dossiê com todas as reportagens que publicou sobre o passador de bola apanhado no ato de passar bola, Daniel Dantas.
É uma contribuição, diz a Carta, ao “jornalismo investigativo”.
São as reportagens que a Carta publicou (95) até 2008.
A filha do Zé Serra está lá dentro.
O PSDB também.
O Fernando Henrique idem, com batatas.
Já que o PiG (*), especialmente a Folha (**), gosta tanto de dossiê, a CartaCapital dá desinteressada contribuição.
Clique aqui para ler: “Falam mal do BNDES, mas não falam mal da BrOi”
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
A revista CartaCapital colocou no ar – clique aqui para ler – o dossiê com todas as reportagens que publicou sobre o passador de bola apanhado no ato de passar bola, Daniel Dantas.
É uma contribuição, diz a Carta, ao “jornalismo investigativo”.
São as reportagens que a Carta publicou (95) até 2008.
A filha do Zé Serra está lá dentro.
O PSDB também.
O Fernando Henrique idem, com batatas.
Já que o PiG (*), especialmente a Folha (**), gosta tanto de dossiê, a CartaCapital dá desinteressada contribuição.
Clique aqui para ler: “Falam mal do BNDES, mas não falam mal da BrOi”
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
Paranóia?
Autor: Lelis
Plano Brasil
Quer dizer que os gringos dizem paranóia….aqui vão algumas frases ditas na imprensa mundial naquele período (final da década de 80/90)..
Al Gore, ex-Vice-Presidente norte-americano: “…ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós”.
Gorbatchov, ex-Presidente da Rússia: “O Brasil deve delegar parte dos seus direitos sobre a Amazônia aos Organismos Internacionais Competentes”.
Margaret Thatcher, a “Dama de Ferro” inglesa, também advogando a internacionalização da área: “…se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas”.
“A destruição da Amazônia seria a destruição do Mundo”. Parlamento Italiano, 1989.
“O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia” François Mitterrand, 1989, então presidente da França.
“A Amazônia deve ser intocável, pois constitui-se no banco de reservas florestais da Humanidade”. Congresso de Ecologistas Alemães, 1990.
“Só a internacionalização pode salvar a Amazônia”. Grupo dos Cem, 1989, Cidade do México.
“As nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo. As campanhas ecologistas internacionais que visam à limitação das soberanias nacionais sobre a região amazônica estão deixando a fase propagandística para dar início a uma fase operativa, que pode, definitivamente, ensejar intervenções militares diretas sobre a região”. John Major, 1992, então primeiro ministro da Inglaterra.
“A Amazônia é um patrimônio da humanidade. A posse dessa imensa > área pelos países mencionados (Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru e Equador) é meramente Circunstancial”. Conselho Mundial de Igrejas Cristãs reunidas em Genebra, 1992.
“Os países industrializados não poderão viver da maneira como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição os recursos naturais não renováveis do planeta. Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos garantidores da consecução de seus intentos”. Henry Kissinger, 1994, ex-secretário de Estado americano.
“Caso o Brasil resolva fazer um uso da Amazônia que ponha em risco o meio ambiente dos Estados Unidos, temos de estar prontos para interromper esse processo imediatamente.”
General Patrick Hugles, Chefe do Órgão Central de Informações das Forças Armadas Americanas, em 16 abril de 1998, em palestra no Instituto de Tecnologia Massachusetts (Fonte: VEJA de 22 ABR 98).
Ex-presidente Clinton: ‘‘Quando necessário, quando não houver concordância da ONU com os EUA, faremos a intervenção, onde quer que seja, mesmo sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU’’.
O vice-presidente Gore fez coro: ‘‘Acabou a fase de contemporização. Agora é a vez da ação militar, pois os países que têm a Amazônia dela não sabem cuidar’’
Vocês ainda acreditam que isso seja paranóia….São países que invadem o iraque sem autorização da ONU e preparam uma invasão por décadas, instruindo seus cidadãos através de filmes, revistas e etc, de que é justo invadir uma nação por petróleo ou recursos minerais, ou falsos motivos ecológicos e políticos. Esse nosso mundo e muito hipócrita, cretino injusto. Quem não estiver preparado para fazer valer seus interesses será dominado e ainda vai passar como vilão da história…
Lamento que existam pessoas no nosso país que são míopes, alienadas e desinformadas a ponto de esquecer tais frases, só demonstrando o quanto vulneráveis estamos…
Plano Brasil
Quer dizer que os gringos dizem paranóia….aqui vão algumas frases ditas na imprensa mundial naquele período (final da década de 80/90)..
Al Gore, ex-Vice-Presidente norte-americano: “…ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós”.
Gorbatchov, ex-Presidente da Rússia: “O Brasil deve delegar parte dos seus direitos sobre a Amazônia aos Organismos Internacionais Competentes”.
Margaret Thatcher, a “Dama de Ferro” inglesa, também advogando a internacionalização da área: “…se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas”.
“A destruição da Amazônia seria a destruição do Mundo”. Parlamento Italiano, 1989.
“O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia” François Mitterrand, 1989, então presidente da França.
“A Amazônia deve ser intocável, pois constitui-se no banco de reservas florestais da Humanidade”. Congresso de Ecologistas Alemães, 1990.
“Só a internacionalização pode salvar a Amazônia”. Grupo dos Cem, 1989, Cidade do México.
“As nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo. As campanhas ecologistas internacionais que visam à limitação das soberanias nacionais sobre a região amazônica estão deixando a fase propagandística para dar início a uma fase operativa, que pode, definitivamente, ensejar intervenções militares diretas sobre a região”. John Major, 1992, então primeiro ministro da Inglaterra.
“A Amazônia é um patrimônio da humanidade. A posse dessa imensa > área pelos países mencionados (Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru e Equador) é meramente Circunstancial”. Conselho Mundial de Igrejas Cristãs reunidas em Genebra, 1992.
“Os países industrializados não poderão viver da maneira como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição os recursos naturais não renováveis do planeta. Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos garantidores da consecução de seus intentos”. Henry Kissinger, 1994, ex-secretário de Estado americano.
“Caso o Brasil resolva fazer um uso da Amazônia que ponha em risco o meio ambiente dos Estados Unidos, temos de estar prontos para interromper esse processo imediatamente.”
General Patrick Hugles, Chefe do Órgão Central de Informações das Forças Armadas Americanas, em 16 abril de 1998, em palestra no Instituto de Tecnologia Massachusetts (Fonte: VEJA de 22 ABR 98).
Ex-presidente Clinton: ‘‘Quando necessário, quando não houver concordância da ONU com os EUA, faremos a intervenção, onde quer que seja, mesmo sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU’’.
O vice-presidente Gore fez coro: ‘‘Acabou a fase de contemporização. Agora é a vez da ação militar, pois os países que têm a Amazônia dela não sabem cuidar’’
Vocês ainda acreditam que isso seja paranóia….São países que invadem o iraque sem autorização da ONU e preparam uma invasão por décadas, instruindo seus cidadãos através de filmes, revistas e etc, de que é justo invadir uma nação por petróleo ou recursos minerais, ou falsos motivos ecológicos e políticos. Esse nosso mundo e muito hipócrita, cretino injusto. Quem não estiver preparado para fazer valer seus interesses será dominado e ainda vai passar como vilão da história…
Lamento que existam pessoas no nosso país que são míopes, alienadas e desinformadas a ponto de esquecer tais frases, só demonstrando o quanto vulneráveis estamos…
Do Cairo a Alexandria – O fim de Mubarak está próximo. Quem vem depois?
10/08/2010Comandante.MelkDeixar um comentárioIr para os comentários
Por Gustavo Chacra
Quando um líder de um regime ditatorial inimigo adoece, como Fidel Castro em Cuba ou Kim Jong-il, na Coréia do Norte, os Estados Unidos e seus aliados torcem pela queda do regime. Quando o comandante é de um país aliado, como o Egito de Hosni Mubarak, a Casa Branca fica apreensiva, temendo mudanças que coloquem seus interesses em risco.
O líder egípcio completou 82 anos, está doente, passou por tratamento na Alemanha e não tem um vice-presidente. Mais grave, não indicou quem ele gostaria de ver no seu lugar no Cairo.
Apesar das críticas por reprimir a oposição, censurar a imprensa e fraudar eleições, Mubarak sempre honrou seus compromissos com os americanos e os israelenses. Por menos democrático que seja, o presidente do Egito tem sido um aliado leal de Washington e Jerusalém. A dúvida nos EUA é sobre como será o futuro presidente do Egito.
Analistas comparam a sua sucessão com a do líder sírio Hafez al Assad, que morreu há dez anos. No seu lugar, entrou seu filho Bashar al Assad. Caso o mesmo fenômeno aconteça no Egito, o escolhido para o lugar do atual presidente será o seu filho, Gamal Mubarak, que conta com o apoio da emergente elite econômica do Cairo e de Alexandria. Como Bashar al Assad, ele também fala inglês fluentemente, morou no Ocidente e é visto como modernizador. Sua plataforma seria parecida com a da China, que se tornou moda em regimes fechados – abrir a economia, mas manter o país distante da democracia.
“Porém Gamal não é do Exército e existe uma certa relutância dos militares em ver um civil no comando do regime”, disse ao Estado Hani Sabra, analista de Egito da consultoria de risco político Eurasia. Bashar não enfrentou este problema. Apesar de ser oftalmologista, o líder sírio passou por anos de treinamento militar.
O Egito também se difere da Síria por sua história. A sucessão de Hafez para Bashar foi a primeira em Damasco sem envolver golpe. O Egito passou por outras duas sucessões dentro do sistema no atual regime, depois das mortes de Gamal Abdel Nasser e de Anwar Sadat, que antecederam Mubarak. E nenhum dos dois foi sucedido por seus filhos.
Caso o favorito Gamal seja excluído, a avaliação é de que o sucessor de Mubarak “será alguém de dentro do regime. Não deve haver instabilidade”, diz Sabra, acrescentando que dificilmente a rachada Irmandade Muçulmana, principal grupo opositor, assumirá o poder. Além disso, sem democratização, são nulas as chances de elegerem Mohammad el Baradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica.
Todos os outros nomes citados, além de Gamal, são ligados a Mubarak. Omar Suleiman, chefe da inteligência, sempre recebe citações de analistas e diplomatas como um nome forte. Depois de Mubarak, é certamente a figura mais poderosa do Egito. Mesmo que não seja o sucessor do atual presidente, ele certamente estará envolvido na escolha do próximo governante.
Zakaria Azmi, chefe de gabinete de Mubarak e forte no regime, também costuma ter seus nomes nas listas. A Eurasia e outras consultorias de risco político, como a Stratfor, também trabalham com a hipótese de algum militar do segundo escalão ser o escolhido. Assim, o regime teria uma cara mais nova e de dentro do Exército, diferentemente de Gamal. Começaria assim mais uma dinastia na terra dos faraós.
O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de “O Estado de S. Paulo” em Nova York.
Por Gustavo Chacra
Quando um líder de um regime ditatorial inimigo adoece, como Fidel Castro em Cuba ou Kim Jong-il, na Coréia do Norte, os Estados Unidos e seus aliados torcem pela queda do regime. Quando o comandante é de um país aliado, como o Egito de Hosni Mubarak, a Casa Branca fica apreensiva, temendo mudanças que coloquem seus interesses em risco.
O líder egípcio completou 82 anos, está doente, passou por tratamento na Alemanha e não tem um vice-presidente. Mais grave, não indicou quem ele gostaria de ver no seu lugar no Cairo.
Apesar das críticas por reprimir a oposição, censurar a imprensa e fraudar eleições, Mubarak sempre honrou seus compromissos com os americanos e os israelenses. Por menos democrático que seja, o presidente do Egito tem sido um aliado leal de Washington e Jerusalém. A dúvida nos EUA é sobre como será o futuro presidente do Egito.
Analistas comparam a sua sucessão com a do líder sírio Hafez al Assad, que morreu há dez anos. No seu lugar, entrou seu filho Bashar al Assad. Caso o mesmo fenômeno aconteça no Egito, o escolhido para o lugar do atual presidente será o seu filho, Gamal Mubarak, que conta com o apoio da emergente elite econômica do Cairo e de Alexandria. Como Bashar al Assad, ele também fala inglês fluentemente, morou no Ocidente e é visto como modernizador. Sua plataforma seria parecida com a da China, que se tornou moda em regimes fechados – abrir a economia, mas manter o país distante da democracia.
“Porém Gamal não é do Exército e existe uma certa relutância dos militares em ver um civil no comando do regime”, disse ao Estado Hani Sabra, analista de Egito da consultoria de risco político Eurasia. Bashar não enfrentou este problema. Apesar de ser oftalmologista, o líder sírio passou por anos de treinamento militar.
O Egito também se difere da Síria por sua história. A sucessão de Hafez para Bashar foi a primeira em Damasco sem envolver golpe. O Egito passou por outras duas sucessões dentro do sistema no atual regime, depois das mortes de Gamal Abdel Nasser e de Anwar Sadat, que antecederam Mubarak. E nenhum dos dois foi sucedido por seus filhos.
Caso o favorito Gamal seja excluído, a avaliação é de que o sucessor de Mubarak “será alguém de dentro do regime. Não deve haver instabilidade”, diz Sabra, acrescentando que dificilmente a rachada Irmandade Muçulmana, principal grupo opositor, assumirá o poder. Além disso, sem democratização, são nulas as chances de elegerem Mohammad el Baradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica.
Todos os outros nomes citados, além de Gamal, são ligados a Mubarak. Omar Suleiman, chefe da inteligência, sempre recebe citações de analistas e diplomatas como um nome forte. Depois de Mubarak, é certamente a figura mais poderosa do Egito. Mesmo que não seja o sucessor do atual presidente, ele certamente estará envolvido na escolha do próximo governante.
Zakaria Azmi, chefe de gabinete de Mubarak e forte no regime, também costuma ter seus nomes nas listas. A Eurasia e outras consultorias de risco político, como a Stratfor, também trabalham com a hipótese de algum militar do segundo escalão ser o escolhido. Assim, o regime teria uma cara mais nova e de dentro do Exército, diferentemente de Gamal. Começaria assim mais uma dinastia na terra dos faraós.
O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de “O Estado de S. Paulo” em Nova York.
Dilma deve liquidar a fatura no primeiro turno
Messias Pontes *
O candidato demo-tucano à Presidência da República, José Serra, já deve estar bastante arrependido de ter cedido às pressões da grande mídia conservadora, venal e golpista para deixar o governo de São Paulo, onde tinha uma reeleição praticamente certa para se aventurar na disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi na onda dos editorialistas e colonistas dos jornalões e na pesquisa forjada do Datafolha e certamente vai dar com os burros n’água.
Tudo para ele tudo está dando errado. Como dizia o grande comunicador e forrozeiro Guajará Cialdini, “quando o pau nasce torto até a cinza é de banda”. Os jornalistas amestrados a serviço das famíglias Marinho, Frias, Mesquita e Civita repetiram exaustivamente que o presidente Lula não transferia voto e que seria muito fácil derrotar a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) porque esta não tinha experiência eleitoral e muito menos administrativa. Davam como exemplo a eleição presidencial do Chile, onde a presidente Michelle Bachellet não conseguiu eleger o seu candidato mesmo tendo uma popularidade quase igual à do presidente Lula.
Desde quando foi lançada candidata, Dilma vem numa curva ascendente enquanto Serra mantém a curva descendente. Até mesmo o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, que no ano passado declarou que a candidata petista “patinaria” nos 15%, chegando ao máximo de 20% das intenções de voto, agora admite a vitória dela já em 3 de outubro. Marcos Coimbra, do Vox Populi e Ricardo Mendes, do Sensus, igualmente admitem a vitória de Dilma no primeiro turno.
As últimas pesquisas divulgadas pelo Ibope, Vox Populi, e Sensus dão vantagem a Dilma de cinco, oito e dez pontos percentuais, respectivamente. Só o Datafolha aponta empate técnico, com um ponto a mais para o candidato da direita. E todos apontam Serra como o mais rejeitado.
Se tudo isso não bastasse, a tucanada e aliados começam a pular do barco que está fazendo água. Até mesmo o senador amazonense Arthur Virgílio, um dos mais ferrenhos opositores de Lula, e o ex-governador paraense Almir Gabriel, já pularam fora. Não se encontra, em nenhum estado brasileiro, cartazes dos candidatos oposicionistas – majoritários ou proporcionais – com a foto de Serra. Aqui no Ceará, o mesmo acontece com os cartazes de Marcos Cals, candidato a governador, e do senador Tasso Jereissati.
A debandada está fora de controle: líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, para livrar a própria pele, se aliou, informalmente, ao candidato a governador do seu estado, Alfredo Nascimento (PR), que foi ministro dos Transportes do governo Lula e trabalha tenazmente para dar grande maioria à Dilma Rousseff. O apoio ao presidente Lula no Amazonas é quase unânime.
Em Pernambuco, 15 dos 17 prefeitos tucanos se jogaram nos braços do governador socialista Eduardo Campos, deixando a ver navios o senador Jarbas Vasconcelos que se lançou candidato para dar palanque a Serra e hoje se encontra praticamente sozinho. Na terra natal de Lula, Dilma deve ter uma votação consagradora, devendo ultrapassar os 70%.
No Ceará, a situação do candidato da direita igualmente levará uma “surra” pra nunca mais esquecer. É que o governador Cid Gomes (PSB), que lidera com folga a intenção de voto , obtendo mais que a soma dos seus concorrentes, enfatizou que pretende dar a Dilma mais de 70% dos votos. Outra grande liderança cearense empenhada em “humilhar” Serra nas urnas é o deputado federal Ciro Gomes, o mais votado proporcionalmente no Brasil. Ciro odeia o candidato da direita e vai se engajar na campanha da candidata do presidente Lula. Para ele é uma questão de honra.
Mas onde Serra vai perder o resto de cabelo que lhe resta na cabeça é em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País e governado por tucano. Ali, Dilma já coloca 12 pontos percentuais à sua frente. A chapa Dilmasia – Dilma e Anastasia (PSDB) – vai repetir o Lulécio de 2006 (Lula e Aécio). O movimento Dilmasia é liderado em Minas pelo prefeito do município de Salinas, José Prates, do PTB, partido coligado ao demotucanato. Prates já conta com 350 prefeitos e espera fechar os 500 até o final deste mês no movimento por ele liderado.
E para complicar de vez a situação do candidato do Coisa Ruim (FHC), dos três principais candidatos a presidente – os mais competitivos -, ele é quem menos arrecadou fundos para a sua campanha. O mais grave é que um tucano do bico grosso, credenciado para solicitar doações em dinheiro aos empresários, sumiu com cerca de R$ 4 milhões. Por se tratar de caixa 2, a polícia não pode ser acionada. E para coroar o inferno astral, os financiadores de campanha passam longe do ninho tucano.
Como essa candidatura de José Serra nasceu torta, a cinza dela está de banda. Por isso Dilma Rousseff deve liquidar a fatura logo no primeiro turno.
Gráfica da Folha que vazou Enem em 2009, agora briga na justiça com o MEC para fazer impressão das provas do Enem 2010
Na terça-feira, 10, a Justiça suspendeu a licitação para a impressão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), acatando mandado de segurança impetrado pela Gráfica Plural, da Folha de São Paulo, e suspendeu o pregão eletrônico, que será retomado dia 16 de agosto.
A discussão começou logo depois do anúncio do resultado de um primeiro pregão feito para escolher que empresa imprimiria as provas. A gráfica Plural da Folha de SP, ficou em primeiro lugar porque ofereceu o menor preço, mas foi desclassificada e teve o serviço recusado, segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC), por não se enquadrar nos quesitos segurança e sigilo na impressão.
A gráfica recorre e impetrou na justiça um mandado de segurança, e a liminar que conseguiue suspende temporariamente todo o processo de escolha da empresa que vai imprimir as provas.
O MEC afirmou que a suspensão não vai atrapalhar o cronograma do exame porque ele já foi feito prevendo eventuais atrasos. Segundo o cronograma original, os trabalhos de pré-impressão deveriam começar na quinta-feira (dia 12), e seriam concluídos até o dia 27. A impressão seria feita a partir do dia 30.O Enem recebeu 4.611.441 inscrições, e a prova está prevista para acontecer nos dias 6 e 7 de novembro
Para recordar
Em 2009, Gráfica Plural que é da Folha de São Paulo mudou segurança do Enem sem autorização do Inep,e o manuseio da prova foi realizado em local não autorizado pelo MEC.
Responsável pela impressão do exame a Grafica da Folha, abriu um galpão para manuseio das provas impressas sem que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) tivesse autorizado. Foi nessa estrutura, sem a segurança devidamente checada e aprovada pelos técnicos do instituto, que a prova teria sido obtida pelos laranjas Luciano Rodrigues e Gregory Camillo de Oliveira Craid, que depois tentaram vender a prova a jornalistas do Estadão. Lembram disso?
Na época, o ministroda Educação, Fernando Haddad, disse a imprensa; “Por que se criou um ambiente inseguro? Essa é a questão que precisa ser devidamente explicada pelo consórcio. Ele tem de esclarecer essa decisão que é o principal elemento para explicar o vazamento”
A Folha, não gosta do Governo Lula, do Presidente, da Dilma, e odeia o PT. Mas, briga pelo dinheiro do cofre público federal
A discussão começou logo depois do anúncio do resultado de um primeiro pregão feito para escolher que empresa imprimiria as provas. A gráfica Plural da Folha de SP, ficou em primeiro lugar porque ofereceu o menor preço, mas foi desclassificada e teve o serviço recusado, segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC), por não se enquadrar nos quesitos segurança e sigilo na impressão.
A gráfica recorre e impetrou na justiça um mandado de segurança, e a liminar que conseguiue suspende temporariamente todo o processo de escolha da empresa que vai imprimir as provas.
O MEC afirmou que a suspensão não vai atrapalhar o cronograma do exame porque ele já foi feito prevendo eventuais atrasos. Segundo o cronograma original, os trabalhos de pré-impressão deveriam começar na quinta-feira (dia 12), e seriam concluídos até o dia 27. A impressão seria feita a partir do dia 30.O Enem recebeu 4.611.441 inscrições, e a prova está prevista para acontecer nos dias 6 e 7 de novembro
Para recordar
Em 2009, Gráfica Plural que é da Folha de São Paulo mudou segurança do Enem sem autorização do Inep,e o manuseio da prova foi realizado em local não autorizado pelo MEC.
Responsável pela impressão do exame a Grafica da Folha, abriu um galpão para manuseio das provas impressas sem que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) tivesse autorizado. Foi nessa estrutura, sem a segurança devidamente checada e aprovada pelos técnicos do instituto, que a prova teria sido obtida pelos laranjas Luciano Rodrigues e Gregory Camillo de Oliveira Craid, que depois tentaram vender a prova a jornalistas do Estadão. Lembram disso?
Na época, o ministroda Educação, Fernando Haddad, disse a imprensa; “Por que se criou um ambiente inseguro? Essa é a questão que precisa ser devidamente explicada pelo consórcio. Ele tem de esclarecer essa decisão que é o principal elemento para explicar o vazamento”
A Folha, não gosta do Governo Lula, do Presidente, da Dilma, e odeia o PT. Mas, briga pelo dinheiro do cofre público federal
Dilma encontra-se com o setor ferroviário. Serra não vai: ferrovias não tem pedágios.
Dilma Rousseff (PT) participa nesta quarta-feira (11), do encontro "Brasil nos Trilhos", promovido pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários – ANTF.
O evento tem o tema “A importância das ferrovias para o futuro do País”, e debate as prioridades de investimentos no transporte ferroviário brasileiro.
A ANTF lançou um documento de nome "Carta aos Presidenciáveis", onde lista cinco pontos para o desenvolvimento do setor, que será entregue em mãos à Dilma Rousseff, a única presidenciável presente ao evento.
Nas ferrovias, não dá para Serra e Alckmin cobrar os pedágios
Por que Serra falta a esse encontro? Seria sua opção preferencial pela rodovias, onde ele pode cobrar pedágios?
Os pedágios abusivos paulistas (e federais, concedidos por décadas na época FHC) foram fontes de receitas bilionárias para governos demo-tucanos, com concessões onerosas que equivalem a bitributação, porque o preço pago pela concessão ao governo demo-tucano era repassado nas tarifas pagas pelos usuários. Ganharam o governo tucano, ganham as concessionárias, perde o cidadão e transportadores que pagam pedágio.
Não por acaso, Serra também é contra o trem-bala. Só no trecho Campinas-São Paulo-São José dos Campos, onde o trem bala terá mais passageiros, é possível que, em alguns anos, o valor arrecadado pelas concessionárias nas praças de pedágios seja superior ao preço do trem-bala.
Transmissão ao vivo pela internet
A Agência T1 anunciou a transmissão do evento ao vivo pela internet (se não tiver problemas). A presença de Dilma está agendada para as 14:30hs.
O evento tem o tema “A importância das ferrovias para o futuro do País”, e debate as prioridades de investimentos no transporte ferroviário brasileiro.
A ANTF lançou um documento de nome "Carta aos Presidenciáveis", onde lista cinco pontos para o desenvolvimento do setor, que será entregue em mãos à Dilma Rousseff, a única presidenciável presente ao evento.
Nas ferrovias, não dá para Serra e Alckmin cobrar os pedágios
Por que Serra falta a esse encontro? Seria sua opção preferencial pela rodovias, onde ele pode cobrar pedágios?
Os pedágios abusivos paulistas (e federais, concedidos por décadas na época FHC) foram fontes de receitas bilionárias para governos demo-tucanos, com concessões onerosas que equivalem a bitributação, porque o preço pago pela concessão ao governo demo-tucano era repassado nas tarifas pagas pelos usuários. Ganharam o governo tucano, ganham as concessionárias, perde o cidadão e transportadores que pagam pedágio.
Não por acaso, Serra também é contra o trem-bala. Só no trecho Campinas-São Paulo-São José dos Campos, onde o trem bala terá mais passageiros, é possível que, em alguns anos, o valor arrecadado pelas concessionárias nas praças de pedágios seja superior ao preço do trem-bala.
Transmissão ao vivo pela internet
A Agência T1 anunciou a transmissão do evento ao vivo pela internet (se não tiver problemas). A presença de Dilma está agendada para as 14:30hs.
Para Serra, no DF, sobrou a “ficha meia-boca”
quarta-feira, 11 agosto, 2010 às 9:25
Brasília, o sonho de José Serra, é um pesadelo para o tucano.
Primeiro perdeu seu provável vice, o ex-governandor José Roberto Arruda, a quem, como ele próprio dizia, permitir “votar num careca e levar dois”. Devorado pelo escândalo do panetone, Arruda hoje é pior do que mau-olhado.
Depois, para ter um palanque em Brasília, Serra aliou-se ao ex-padrinho de Arruda, Joaquim Roriz. Este, como todos sabem, caiu no ficha-suja e perdeu o registro de candidato.
Sobrou a candidata Maria de Lourdes Abadia, ex-vice de Roriz, que tinha uma condenação por suposta compra de votos. O TRE do Distrito Fedral, numa decisão sui-generis resolveu que Abadia pode concorrer, porque, como não foi eleita, a condenação por compra de votos – que seria a perda do mandato- não aconteceu, pois ela não foi eleita e, assim, não tinha mandato. Limitou-se, portanto, ao pagamento de multa.
À parte esta estranha interpretação da lei – se você corrompe e ganha, é ficha-suja; se corrompe e perde, é ficha-limpa – que cria a figura do “ficha “meia-boca”, é curioso ver que Serra, no DF, saltou do fogo de Arruda para a frigideira de Roriz e, daí, para a panela em banho Maria, de Lourdes Abadia.
Brasília, o sonho de José Serra, é um pesadelo para o tucano.
Primeiro perdeu seu provável vice, o ex-governandor José Roberto Arruda, a quem, como ele próprio dizia, permitir “votar num careca e levar dois”. Devorado pelo escândalo do panetone, Arruda hoje é pior do que mau-olhado.
Depois, para ter um palanque em Brasília, Serra aliou-se ao ex-padrinho de Arruda, Joaquim Roriz. Este, como todos sabem, caiu no ficha-suja e perdeu o registro de candidato.
Sobrou a candidata Maria de Lourdes Abadia, ex-vice de Roriz, que tinha uma condenação por suposta compra de votos. O TRE do Distrito Fedral, numa decisão sui-generis resolveu que Abadia pode concorrer, porque, como não foi eleita, a condenação por compra de votos – que seria a perda do mandato- não aconteceu, pois ela não foi eleita e, assim, não tinha mandato. Limitou-se, portanto, ao pagamento de multa.
À parte esta estranha interpretação da lei – se você corrompe e ganha, é ficha-suja; se corrompe e perde, é ficha-limpa – que cria a figura do “ficha “meia-boca”, é curioso ver que Serra, no DF, saltou do fogo de Arruda para a frigideira de Roriz e, daí, para a panela em banho Maria, de Lourdes Abadia.
Rodrigo Vianna: Como a Globo “aliviou” para Serra em 2006
10 de agosto de 2010 às 22:02
Rodrigo Vianna, no Escrevinhador, descreve o que ele testemunhou pessoalmente, em 2006, quando José Serra era candidato a governador:
Pelo histórico da Globo em eleições passadas, difícil que isso ocorra. Eu estava na TV Globo, em 2006, quando um diretor pediu para mudar as perguntas (na sabatina feita pelo “SPTV”) que seriam endereçadas a Serra, então candidato a governador. Três jornalistas – todos eles seguem na emissora, por isso não revelarei os nomes – confirmaram diretamente a mim que a ordem veio do Rio: “mudem essa pergunta, não façam aquela outra, façam esa aqui”. Ganha uma foto do Serra sorridente quem adivinhar qual foi o diretor que deu a ordem, direto do Rio?
Na época, as entrevistas com os outros candidatos a governador de São Paulo, foram duras – mas feitas com elegância por Carlos Tramontina. Na hora do Serra, a ordem foi aliviar geral…
Estilo pitbull de Bonner não ilude Estadão
publicada terça-feira, 10/08/2010 às 14:31 e atualizada quarta-feira, 11/08/2010 às 10:26
O estilo “pitbull” de Bonner (com todo respeito aos cães) na entrevista com Dilma, na última segunda-feira, poderia ser encarado apenas como uma “dificuldade técnica” do apresentador. Há outras formas de fazer entrevistas duras e reveladoras, sem apelas para a falta de elegância. Minha colega Adriana Araújo – hoje na Record - é um exemplo de como isso pode ser feito: mineira, come o entrevistado pelas beiradas, e faz o sujeito falar sobre tudo que interessa, sem aparecer mais do que a pessoa que está sendo entrevistada (lembro bem que ela fez isso com Renan Calheiros, logo após o “escândalo” da filha fora do casamento).
Bonner, aparentemente, não sabe agir assim. O que pode ser visto apenas como uma deficiência técnica (ou falta de educação pura e simples), se ele mostrar esse mesmo comportamento com todos os entrevistados no “JN”. Será que vai repetir a dose com Serra e Marina? O telespectador não gosta. Mas, vá lá. Se fizer com todos os candidatos, ao menos terá sido deselegante com todos.
Pelo histórico da Globo em eleições passadas, difícil que isso ocorra. Eu estava na TV Globo, em 2006, quando um diretor pediu para mudar as perguntas (na sabatina feita pelo “SPTV”) que seriam endereçadas a Serra, então candidato a governador. Três jornalistas – todos eles seguem na emissora, por isso não revelarei os nomes – confirmaram diretamente a mim que a ordem veio do Rio: “mudem essa pergunta, não façam aquela outra, façam esa aqui”. Ganha uma foto do Serra sorridente quem adivinhar qual foi o diretor que deu a ordem, direto do Rio?
Na época, as entrevistas com os outros candidatos a governador de São Paulo, foram duras – mas feitas com elegância por Carlos Tramontina. Na hora do Serra, a ordem foi aliviar geral… E o tucano nem precisava disso. Os aloprados já tinham atrapalhado a candidatura de Mercadante ao governo, pelo PT. Mas a “Globo” não resiste – é o DNA…
Fato curioso é que o estilo “pitbull” de Bonner não nocauteou Dilma no “JN” de segunda-feira. Deixou a candidata nervosa, é fato. Mas quem saiu mal daquilo foi o Bonner.
Nem o “Estadão” se impressionou com a entrevista. Na edição impressa, o jornal (que não esconde a simpatia por Serra) convocou alguns especialistas para avaliar a entrevista. Fizeram uma análise bastante equilibrada. Confiram aqui os links:
- Desconforto do vídeo ao vivo sob controle, por Marcus Figueiredo;
- Sem tropeço e com simpatia de aeromoça, por Carlos Melo;
- Entrevista-relâmpago, respostas repetitivas, por João Bosco Rabello.
Rodrigo Vianna, no Escrevinhador, descreve o que ele testemunhou pessoalmente, em 2006, quando José Serra era candidato a governador:
Pelo histórico da Globo em eleições passadas, difícil que isso ocorra. Eu estava na TV Globo, em 2006, quando um diretor pediu para mudar as perguntas (na sabatina feita pelo “SPTV”) que seriam endereçadas a Serra, então candidato a governador. Três jornalistas – todos eles seguem na emissora, por isso não revelarei os nomes – confirmaram diretamente a mim que a ordem veio do Rio: “mudem essa pergunta, não façam aquela outra, façam esa aqui”. Ganha uma foto do Serra sorridente quem adivinhar qual foi o diretor que deu a ordem, direto do Rio?
Na época, as entrevistas com os outros candidatos a governador de São Paulo, foram duras – mas feitas com elegância por Carlos Tramontina. Na hora do Serra, a ordem foi aliviar geral…
Estilo pitbull de Bonner não ilude Estadão
publicada terça-feira, 10/08/2010 às 14:31 e atualizada quarta-feira, 11/08/2010 às 10:26
O estilo “pitbull” de Bonner (com todo respeito aos cães) na entrevista com Dilma, na última segunda-feira, poderia ser encarado apenas como uma “dificuldade técnica” do apresentador. Há outras formas de fazer entrevistas duras e reveladoras, sem apelas para a falta de elegância. Minha colega Adriana Araújo – hoje na Record - é um exemplo de como isso pode ser feito: mineira, come o entrevistado pelas beiradas, e faz o sujeito falar sobre tudo que interessa, sem aparecer mais do que a pessoa que está sendo entrevistada (lembro bem que ela fez isso com Renan Calheiros, logo após o “escândalo” da filha fora do casamento).
Bonner, aparentemente, não sabe agir assim. O que pode ser visto apenas como uma deficiência técnica (ou falta de educação pura e simples), se ele mostrar esse mesmo comportamento com todos os entrevistados no “JN”. Será que vai repetir a dose com Serra e Marina? O telespectador não gosta. Mas, vá lá. Se fizer com todos os candidatos, ao menos terá sido deselegante com todos.
Pelo histórico da Globo em eleições passadas, difícil que isso ocorra. Eu estava na TV Globo, em 2006, quando um diretor pediu para mudar as perguntas (na sabatina feita pelo “SPTV”) que seriam endereçadas a Serra, então candidato a governador. Três jornalistas – todos eles seguem na emissora, por isso não revelarei os nomes – confirmaram diretamente a mim que a ordem veio do Rio: “mudem essa pergunta, não façam aquela outra, façam esa aqui”. Ganha uma foto do Serra sorridente quem adivinhar qual foi o diretor que deu a ordem, direto do Rio?
Na época, as entrevistas com os outros candidatos a governador de São Paulo, foram duras – mas feitas com elegância por Carlos Tramontina. Na hora do Serra, a ordem foi aliviar geral… E o tucano nem precisava disso. Os aloprados já tinham atrapalhado a candidatura de Mercadante ao governo, pelo PT. Mas a “Globo” não resiste – é o DNA…
Fato curioso é que o estilo “pitbull” de Bonner não nocauteou Dilma no “JN” de segunda-feira. Deixou a candidata nervosa, é fato. Mas quem saiu mal daquilo foi o Bonner.
Nem o “Estadão” se impressionou com a entrevista. Na edição impressa, o jornal (que não esconde a simpatia por Serra) convocou alguns especialistas para avaliar a entrevista. Fizeram uma análise bastante equilibrada. Confiram aqui os links:
- Desconforto do vídeo ao vivo sob controle, por Marcus Figueiredo;
- Sem tropeço e com simpatia de aeromoça, por Carlos Melo;
- Entrevista-relâmpago, respostas repetitivas, por João Bosco Rabello.
11 de agosto de 2010 às 10:31 Apaes: “Serra distorceu informações, tirou proveito das angústias de pais e reforçou preconceitos”
por Conceição Lemes
Na última quinta-feira, durante o debate entre presidenciáveis na Band, José Serra (PSDB), ao questionar Dilma Rousseff (PT), fez acusações ao governo Lula, ao ministro Fernando Haddad, da Educação, e, por tabela, à candidata petista:
O Ministério da Educação [MEC] quis proibir a Apae [Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais] de ensinar, dar o ensino primário, fazer isso, aquilo. Mais que isso. Cortaram todo tipo de convênio, cortaram equipamentos…Os convênios vem sendo encolhidos… Uma crueldade. As Apaes estão sendo perseguidas…Por que o governo neste momento está discriminando as Apaes?
“Serra distorceu as informações”, denuncia o professor Roberto Franklin Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Tirou proveito de dúvidas e angústias de pais de crianças com necessidades especiais e da desinformação da população em geral, para reforçar preconceitos e se promover eleitoralmente.”
Até o final de 2006, as Apaes e outras entidades especializadas no atendimento de pessoas com necessidades especiais, como as deficientes auditivas e visuais, ficavam na dependência de convênios. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), instituído em 1996, originalmente não lhes destinava verbas.
Em 2007, o Fundef deu lugar ao Fundeb — o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. O Fundeb, desde a sua criação, fez constar no orçamento do MEC, de municípios e estados a previsão de repasses específicos para a educação de crianças especiais.
É lei. Independentemente do inquilino do Palácio do Planalto, tem de ser cumprida. Segundo o MEC, em 2009, as Apaes e outras instituições especializadas receberam via Fundeb R$ 282.271.920,02. Em 2010, R$ 293.241.435,86.
Além disso, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) envia recursos às instituições filantrópicas para merenda, livro e aqueles originários do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Nos últimos três anos, foram repassados para essas ações R$ 53.641.014,94.
No dia do debate, premonitoriamente, a Apae de Patos de Minas (MG) desmentia Serra. Com a presença de diretores, professores, pais e alunos em festa, apresentou três veículos, incluindo um ônibus com 42 lugares, equipado com elevador, para facilitar o acesso de estudantes cadeirantes. Custaram R$357.232,48 e foram comprados com a verba de convênios com o FNDE.
Então, por que das acusações ?
Desde sexta-feira, o Viomundo ouviu vários educadores. Os fatos são estes:
1) Parte das Apaes diverge da forma como o MEC repassa atualmente as verbas. Esse é um dos motivos das críticas de certos representantes dessas entidades.
2) Também parte das Apaes defende que as crianças especiais só estudem com crianças especiais. Já o MEC propõe que crianças com necessidades especiais estudem junto com as demais em escolas públicas regulares.
3) O MEC nunca proibiu as Apaes — atendem principalmente portadores de síndrome de Down – de ensinar, dar cursos.
4) Nenhum pai é obrigado a colocar a sua criança especial numa escola pública regular. Tampouco está sendo criminalizado se não o fizer, como disse Serra na semana passada.
5) A matrícula e o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência devem ser preferencialmente na rede regular de ensino. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, atende a esse preceito.
6) A Convenção de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2006, assegura às pessoas com deficiência o acesso a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis.
7) Para o MEC, “o direito à educação inclusiva é uma conquista dos movimentos sociais e dos governos comprometidos com as transformações. O acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos público alvo da educação especial no ensino regular estão entre os seus princípios”.
8) É possível, sim, a criança com necessidades especiais estudar com as demais. Nos Estados Unidos e em vários países da Europa, isso já acontece há muitos anos.
Os dois lados se beneficiam. Em 2005, quando essa nova política começou a ser implantada pelo MEC, 87% das crianças especiais estavam inscritas em instituições especializadas e 13%, em escolas regulares. Em 2009, pela primeira vez, inverteu-se a proporção: 57% se matricularam em escolas regulares e 43% nas especializadas.
Para aprofundar esse debate, conversamos mais com Roberto Franklin Leão, presidente da CNTE e professor da rede estadual de ensino de São Paulo.
Viomundo – As Apaes estão sendo mesmo perseguidas, discriminadas, como disse o Serra?
Roberto Franklin Leão – De jeito nenhum. As Apaes e outras entidades que atuam com portadores de necessidades especiais prestaram – e prestam — serviços relevantes à população brasileira, inclusive porque o Estado sempre foi ausente nessa área.
Porém, a partir de 2007, o Estado chamou para si a responsabilidade de atender a essa demanda, não contemplada plenamente pelas entidades da sociedade civil, apesar da boa vontade. A prova são as crianças, adolescentes, jovens e adultos especiais por esse Brasil afora que vivem em situação precária. Quantos ficam “jogados”, “amarrados”, “presas” em casa, por que na cidade onde moram não tem entidade que cuide delas?
O Estado, portanto, começou a atuar onde não agia. E isso é muito bem-vindo, pois vai permitir a universalização do atendimento aos portadores de necessidades especiais. E, aí, é lógico que as entidades vão começar a receber menos, porque o dinheiro que seria destinado a elas vai ser usado no atendimento prestado pelo Estado.
No meu entendimento, esse dinheiro tem de ir para a educação pública. Em hipótese alguma caracteriza perseguição à entidade a, b ou c. Este é o papel do Estado. Garantir educação de qualidade a todas e todos, independentemente da sua condição.
O que o MEC fez foi alterar o processo de repasse de dinheiro às entidades da sociedade civil que prestam serviços nas áreas de crianças com necessidades especiais.
Viomundo – Como era antes?
Roberto Franklin Leão — Além de verbas do Fundef limitadas a crianças de 7 a 14 anos, as Apaes e outras instituições recebiam recursos por meio de convênios com prefeituras, estados, governo federal ou doações. E convênio é convênio. Hoje tem, amanhã não. Tem de ser renovado constantemente, pois tem prazo de validade.
Com o Fundeb, isso mudou. Pela primeira vez na história, o repasse de verbas está previsto em lei para toda e qualquer pessoa com deficiência matriculada em escola pública, filantrópica, confessional ou conveniada. Essas três últimas desde que cadastradas no MEC.
Viomundo – Então as entidades não precisam mais passar o chapéu?
Roberto Franklin Leão – Exatamente, apesar de o investimento ainda ser insuficiente para atender integralmente a demanda, como de resto acontece com toda a Educação. Mas é preciso reconhecer que algo inovador e melhor já começou. Temos de aplaudir. Só que, desde que o início desse debate, parte das Apaes é contra o novo formato de repasse de verbas.
Viomundo – Pelo que apurei, o repasse de verbas pelo MEC obedece ao seguinte critério. Se pela manhã a criança especial estuda numa escola pública, essa escola recebe X. Se à tarde ela oferece também atendimento especializado, recebe dois X. O mesmo acontece se a criança estuda na escola pública e em instituição especializada, como a Apae. O MEC paga à escola pública e à Apae. Ou seja, paga o dobro por essa criança. Agora, se a pessoa freqüentar apenas a instituição especializada, o MEC paga uma só vez. Isso é correto?
Roberto Franklin Leão — Sim. Veja bem. A escola pública está praticando política de inclusão. E a escola especializada atua naquilo que a gente chama de atendimento especializado. Portanto, é justo que ambas recebam por essa criança.
Agora se escola pública cria um espaço para trabalhar também com essa criança numa sala especial, é correto que receba em dobro. Ao dar atendimento adicional, está ajudando essa criança a progredir mais. E, é claro, vai ter mais despesa Afinal, além de atendê-la na sala comum junto com os outros alunos, vai dar o suporte especial que ela precisa, já que não é absolutamente igual aos demais.
Viomundo – E qual a reivindicação de parte das Apae?
Roberto Franklin Leão – Pelo que consta, elas querem receber o mesmo valor repassado às escolas públicas regulares que praticam educação integrada.
Não tem sentido. Se a criança freqüenta apenas a Apae, a entidade só deve receber uma vez. A verba pública tem de ir, prioritariamente, para a escola pública. E o público tem de servir para sustentar o sistema público de ensino. É o que reza a Constituição.
Eu insisto. Essas entidades existem, porque o Estado não atuava. A partir do momento em que o Estado começa a construir a sua rede, é natural que o repasse do dinheiro às entidades beneficentes diminua.
Viomundo – Segundo o MEC, há um aumento progressivo de alunos especiais matriculados nas escolas públicas regulares. O senhor acha que elas estão preparadas para lidar com esse novo desafio?
Roberto Franklin Leão — É um processo lento em que as escolas públicas regulares terão de se adequar aos poucos a essa nova realidade. O que não pode ser feito é o que aconteceu em São Paulo na gestão do ex-governador Mário Covas (PSBB). Em 1999, o Conselho Estadual de Educação deliberou mudanças no atendimento da educação especial. Elas entraram em vigor em 2000.
Na rede estadual de ensino, havia classes especiais para atender a crianças portadoras de déficit visual, auditivo e mental. As salas foram desmontadas e as crianças incluídas nas salas comuns, sem que tivessem qualquer tipo de acompanhamento. Os próprios professores não tiveram o preparo necessário para orientar as crianças.
Viomundo – Todas as salas especiais foram extintas?!
Roberto Franklin Leão — Talvez ainda exista alguma sala que eu desconheça, mas praticamente todas foram extintas sem que houvesse a necessária integração, inclusive entre os professores, para atender as necessidades dessas crianças. Essa integração tem de ser acompanhada, planejada e os técnicos especializados no assunto não podem ser deixados de lado, como aconteceu em São Paulo.
Viomundo – Ou seja, não basta colocar numa sala comum as crianças com necessidades especiais.
Roberto Franklin Leão – Exatamente. As crianças com necessidades especiais têm de ir para a classe comum, mas elas necessitam também do atendimento diferenciado. Aqui, em São Paulo, o governo tucano fez uma integração que, na verdade, acabou não atendendo às necessidades das crianças e causou muita insatisfação nos professores. Não poderiam de jeito algum ter destruído o que já existia na rede, pois tudo aquilo era necessário para que as crianças conseguissem evoluir.
Viomundo – A integração foi na marra?
Roberto Franklin Leão — Foi como se as crianças tivessem ido dormir numa sala especial e acordado numa sala comum. Não foi bom para elas nem para os professores, que ficavam preocupados, pois não conseguiam fazer com que elas acompanhassem, ainda que no ritmo delas, o desenvolvimento desse programa de ensino.
Tanto que em São Paulo, em muitos lugares, os pais resistem. Reclamam muito. E com razão. O governo deixou de dar às crianças o atendimento especializado que elas tinham na própria rede pública estadual.
Viomundo – Essa situação persiste?
Roberto Franklin Leão – Aqui, as crianças continuam, sim, a ser integradas na sala de aula de maneira comum.
Viomundo – Como deveria ser a integração?
Roberto Franklin Leão – Ainda que num período do dia estejam na mesma sala que as demais, as crianças especiais precisam de atendimento especializado, pois isso faz parte do processo de desenvolvimento dela.
É importante ressaltar que o projeto do MEC não exclui o atendimento especializado. Num período do dia, as crianças freqüentam as escolas regulares. No outro, a escola especial. Aquelas com deficiência auditiva aprendem Libras – a Língua Brasileira de Sinais. As com deficiência visual, o código braile. Já as com déficit mental, se necessário, podem receber atendimento especializado nas Apaes ou na própria rede pública de ensino. Portanto, educação mista. Nos casos mais graves, obrigatoriamente só poderão estudar em escolas especializadas.
Viomundo – Quais os benefícios da integração?
Roberto Franklin Leão – Houve um momento da história em que as instituições especializadas eram o que existia de melhor para as crianças com necessidades especiais. Com o tempo se comprovou que se elas tiverem contato com pessoas sem as mesmas necessidades, elas podem se desenvolver melhor. Ao conviverem só com iguais, elas não têm condições de sair daquele mundo.
As crianças especiais se sentem mais integradas, fazendo parte da sociedade em geral. Ao mesmo tempo, as outras crianças, sem qualquer deficiência física ou mental, aprendem desde cedo a aceitar e respeitar o diferente. Desenvolvem ainda a tolerância e a solidariedade. Respeitando a deficiência do outro, aceitamos mais as nossas próprias. Portanto, todos se beneficiam.
Viomundo – E o preconceito e as resistências, como ficam?
Roberto Franklin Leão — Existem, claro. Há pais de alunos sem deficiência que acham que o convívio com os especiais vai ter repercussão negativa na vida de seus filhos. Isso não é verdade. Mas é um preconceito que ainda tem de ser superado na nossa sociedade.
Há pais também que têm vergonha de ter um filho especial e esconde a criança, pois sabe do preconceito que existe na sociedade em relação às pessoas especiais. A melhor maneira de fazer com que as crianças especiais sejam mais felizes é fazer com que elas consigam conviver com as outras pessoas. Mas é fundamental que tenham atendimento extra. Elas não podem ser colocadas simplesmente numa sala de aula comum e largadas lá.
Viomundo – Nessa altura, alguns vão dizer: “Ah, mas as crianças especiais não vão acompanhar o restante da turma…”
Roberto Franklin Leão – E daí? Deixe-as tocar no ritmo delas. Os ganhos sociais e emocionais ganham longe. Por isso, o Estado tem de chamar para si, cada vez mais, a responsabilidade pela educação desses meninos e meninas. É dever do Estado oferecer educação gratuita de boa qualidade a todos e todas, do berçário ao ensino. Isso tem de ser aplaudido.
Viomundo – E como ficam as instituições especializadas da sociedade civil?
Roberto Franklin Leão – Ainda que exista um período de transição, a verba pública tem de ser usada na escola pública, na educação pública, com todo o respeito ao grande trabalho desenvolvido por essas entidades. Mas à medida que o Estado for desenvolvendo a sua rede própria, elas terão de buscar outras formas de se sustentar que não as verbas públicas.
Ainda que tenhamos uma ligação afetiva e de respeito com essas entidades, é fundamental que o Estado assuma, cada vez mais, o papel de grande investidor da educação pública. Apesar do empenho dessas entidades beneméritas, elas não dão conta da demanda, que não é pequena. Tanto que muitas e muitas crianças ficaram sem atendimento nesses anos todos.
É uma educação cara. E só o Estado tem condições efetivas de universalizar o acesso da criança que precisa desse atendimento.
Viomundo – Mas, professor, muitas famílias têm preconceito em relação ao atendimento na rede pública. Algumas se apavoram apenas de pensar nessa possibilidade. Como vencer isso?
Roberto Franklin Leão – É uma cultura de décadas e décadas. Um preconceito que terá de ser vencido aos poucos. Quem tem um filho com necessidades especiais procura cercá-lo de todos os cuidados. Mas a grande preocupação desses pais é o que vai acontecer com o seu filho quando eles não estiverem mais aqui.
Pois bem, o Estado intervindo e dando a essas crianças a possibilidade de terem um projeto de integração mais humanizado, em que elas se sintam mais felizes e se acostumem a conviver mais com as demais, vai lhes ajudar no futuro. Com certeza, viu, pai, viu, mãe?
Nota do Viomundo: Palmas para os pais e mães de crianças especiais que estão dando uma lição de cidadania a José Serra. Aplausos também para as escolas regulares que aceitam crianças especiais. Quanto a você, pai e mãe, não é porque seu filho é diferente e tem dificuldades, que não será querido e feliz. Arregacem as mangas. Aproveite cada momento do dia para ensinar e ele aprender. A boa mãe e o bom pai, além de não se envergonharem de mostrar o filho ao mundo, mostram o mundo ao filho. Pratique inclusão social, cidadania, tolerância e solidariedade.
Na última quinta-feira, durante o debate entre presidenciáveis na Band, José Serra (PSDB), ao questionar Dilma Rousseff (PT), fez acusações ao governo Lula, ao ministro Fernando Haddad, da Educação, e, por tabela, à candidata petista:
O Ministério da Educação [MEC] quis proibir a Apae [Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais] de ensinar, dar o ensino primário, fazer isso, aquilo. Mais que isso. Cortaram todo tipo de convênio, cortaram equipamentos…Os convênios vem sendo encolhidos… Uma crueldade. As Apaes estão sendo perseguidas…Por que o governo neste momento está discriminando as Apaes?
“Serra distorceu as informações”, denuncia o professor Roberto Franklin Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Tirou proveito de dúvidas e angústias de pais de crianças com necessidades especiais e da desinformação da população em geral, para reforçar preconceitos e se promover eleitoralmente.”
Até o final de 2006, as Apaes e outras entidades especializadas no atendimento de pessoas com necessidades especiais, como as deficientes auditivas e visuais, ficavam na dependência de convênios. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), instituído em 1996, originalmente não lhes destinava verbas.
Em 2007, o Fundef deu lugar ao Fundeb — o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. O Fundeb, desde a sua criação, fez constar no orçamento do MEC, de municípios e estados a previsão de repasses específicos para a educação de crianças especiais.
É lei. Independentemente do inquilino do Palácio do Planalto, tem de ser cumprida. Segundo o MEC, em 2009, as Apaes e outras instituições especializadas receberam via Fundeb R$ 282.271.920,02. Em 2010, R$ 293.241.435,86.
Além disso, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) envia recursos às instituições filantrópicas para merenda, livro e aqueles originários do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Nos últimos três anos, foram repassados para essas ações R$ 53.641.014,94.
No dia do debate, premonitoriamente, a Apae de Patos de Minas (MG) desmentia Serra. Com a presença de diretores, professores, pais e alunos em festa, apresentou três veículos, incluindo um ônibus com 42 lugares, equipado com elevador, para facilitar o acesso de estudantes cadeirantes. Custaram R$357.232,48 e foram comprados com a verba de convênios com o FNDE.
Então, por que das acusações ?
Desde sexta-feira, o Viomundo ouviu vários educadores. Os fatos são estes:
1) Parte das Apaes diverge da forma como o MEC repassa atualmente as verbas. Esse é um dos motivos das críticas de certos representantes dessas entidades.
2) Também parte das Apaes defende que as crianças especiais só estudem com crianças especiais. Já o MEC propõe que crianças com necessidades especiais estudem junto com as demais em escolas públicas regulares.
3) O MEC nunca proibiu as Apaes — atendem principalmente portadores de síndrome de Down – de ensinar, dar cursos.
4) Nenhum pai é obrigado a colocar a sua criança especial numa escola pública regular. Tampouco está sendo criminalizado se não o fizer, como disse Serra na semana passada.
5) A matrícula e o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência devem ser preferencialmente na rede regular de ensino. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, atende a esse preceito.
6) A Convenção de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2006, assegura às pessoas com deficiência o acesso a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis.
7) Para o MEC, “o direito à educação inclusiva é uma conquista dos movimentos sociais e dos governos comprometidos com as transformações. O acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos público alvo da educação especial no ensino regular estão entre os seus princípios”.
8) É possível, sim, a criança com necessidades especiais estudar com as demais. Nos Estados Unidos e em vários países da Europa, isso já acontece há muitos anos.
Os dois lados se beneficiam. Em 2005, quando essa nova política começou a ser implantada pelo MEC, 87% das crianças especiais estavam inscritas em instituições especializadas e 13%, em escolas regulares. Em 2009, pela primeira vez, inverteu-se a proporção: 57% se matricularam em escolas regulares e 43% nas especializadas.
Para aprofundar esse debate, conversamos mais com Roberto Franklin Leão, presidente da CNTE e professor da rede estadual de ensino de São Paulo.
Viomundo – As Apaes estão sendo mesmo perseguidas, discriminadas, como disse o Serra?
Roberto Franklin Leão – De jeito nenhum. As Apaes e outras entidades que atuam com portadores de necessidades especiais prestaram – e prestam — serviços relevantes à população brasileira, inclusive porque o Estado sempre foi ausente nessa área.
Porém, a partir de 2007, o Estado chamou para si a responsabilidade de atender a essa demanda, não contemplada plenamente pelas entidades da sociedade civil, apesar da boa vontade. A prova são as crianças, adolescentes, jovens e adultos especiais por esse Brasil afora que vivem em situação precária. Quantos ficam “jogados”, “amarrados”, “presas” em casa, por que na cidade onde moram não tem entidade que cuide delas?
O Estado, portanto, começou a atuar onde não agia. E isso é muito bem-vindo, pois vai permitir a universalização do atendimento aos portadores de necessidades especiais. E, aí, é lógico que as entidades vão começar a receber menos, porque o dinheiro que seria destinado a elas vai ser usado no atendimento prestado pelo Estado.
No meu entendimento, esse dinheiro tem de ir para a educação pública. Em hipótese alguma caracteriza perseguição à entidade a, b ou c. Este é o papel do Estado. Garantir educação de qualidade a todas e todos, independentemente da sua condição.
O que o MEC fez foi alterar o processo de repasse de dinheiro às entidades da sociedade civil que prestam serviços nas áreas de crianças com necessidades especiais.
Viomundo – Como era antes?
Roberto Franklin Leão — Além de verbas do Fundef limitadas a crianças de 7 a 14 anos, as Apaes e outras instituições recebiam recursos por meio de convênios com prefeituras, estados, governo federal ou doações. E convênio é convênio. Hoje tem, amanhã não. Tem de ser renovado constantemente, pois tem prazo de validade.
Com o Fundeb, isso mudou. Pela primeira vez na história, o repasse de verbas está previsto em lei para toda e qualquer pessoa com deficiência matriculada em escola pública, filantrópica, confessional ou conveniada. Essas três últimas desde que cadastradas no MEC.
Viomundo – Então as entidades não precisam mais passar o chapéu?
Roberto Franklin Leão – Exatamente, apesar de o investimento ainda ser insuficiente para atender integralmente a demanda, como de resto acontece com toda a Educação. Mas é preciso reconhecer que algo inovador e melhor já começou. Temos de aplaudir. Só que, desde que o início desse debate, parte das Apaes é contra o novo formato de repasse de verbas.
Viomundo – Pelo que apurei, o repasse de verbas pelo MEC obedece ao seguinte critério. Se pela manhã a criança especial estuda numa escola pública, essa escola recebe X. Se à tarde ela oferece também atendimento especializado, recebe dois X. O mesmo acontece se a criança estuda na escola pública e em instituição especializada, como a Apae. O MEC paga à escola pública e à Apae. Ou seja, paga o dobro por essa criança. Agora, se a pessoa freqüentar apenas a instituição especializada, o MEC paga uma só vez. Isso é correto?
Roberto Franklin Leão — Sim. Veja bem. A escola pública está praticando política de inclusão. E a escola especializada atua naquilo que a gente chama de atendimento especializado. Portanto, é justo que ambas recebam por essa criança.
Agora se escola pública cria um espaço para trabalhar também com essa criança numa sala especial, é correto que receba em dobro. Ao dar atendimento adicional, está ajudando essa criança a progredir mais. E, é claro, vai ter mais despesa Afinal, além de atendê-la na sala comum junto com os outros alunos, vai dar o suporte especial que ela precisa, já que não é absolutamente igual aos demais.
Viomundo – E qual a reivindicação de parte das Apae?
Roberto Franklin Leão – Pelo que consta, elas querem receber o mesmo valor repassado às escolas públicas regulares que praticam educação integrada.
Não tem sentido. Se a criança freqüenta apenas a Apae, a entidade só deve receber uma vez. A verba pública tem de ir, prioritariamente, para a escola pública. E o público tem de servir para sustentar o sistema público de ensino. É o que reza a Constituição.
Eu insisto. Essas entidades existem, porque o Estado não atuava. A partir do momento em que o Estado começa a construir a sua rede, é natural que o repasse do dinheiro às entidades beneficentes diminua.
Viomundo – Segundo o MEC, há um aumento progressivo de alunos especiais matriculados nas escolas públicas regulares. O senhor acha que elas estão preparadas para lidar com esse novo desafio?
Roberto Franklin Leão — É um processo lento em que as escolas públicas regulares terão de se adequar aos poucos a essa nova realidade. O que não pode ser feito é o que aconteceu em São Paulo na gestão do ex-governador Mário Covas (PSBB). Em 1999, o Conselho Estadual de Educação deliberou mudanças no atendimento da educação especial. Elas entraram em vigor em 2000.
Na rede estadual de ensino, havia classes especiais para atender a crianças portadoras de déficit visual, auditivo e mental. As salas foram desmontadas e as crianças incluídas nas salas comuns, sem que tivessem qualquer tipo de acompanhamento. Os próprios professores não tiveram o preparo necessário para orientar as crianças.
Viomundo – Todas as salas especiais foram extintas?!
Roberto Franklin Leão — Talvez ainda exista alguma sala que eu desconheça, mas praticamente todas foram extintas sem que houvesse a necessária integração, inclusive entre os professores, para atender as necessidades dessas crianças. Essa integração tem de ser acompanhada, planejada e os técnicos especializados no assunto não podem ser deixados de lado, como aconteceu em São Paulo.
Viomundo – Ou seja, não basta colocar numa sala comum as crianças com necessidades especiais.
Roberto Franklin Leão – Exatamente. As crianças com necessidades especiais têm de ir para a classe comum, mas elas necessitam também do atendimento diferenciado. Aqui, em São Paulo, o governo tucano fez uma integração que, na verdade, acabou não atendendo às necessidades das crianças e causou muita insatisfação nos professores. Não poderiam de jeito algum ter destruído o que já existia na rede, pois tudo aquilo era necessário para que as crianças conseguissem evoluir.
Viomundo – A integração foi na marra?
Roberto Franklin Leão — Foi como se as crianças tivessem ido dormir numa sala especial e acordado numa sala comum. Não foi bom para elas nem para os professores, que ficavam preocupados, pois não conseguiam fazer com que elas acompanhassem, ainda que no ritmo delas, o desenvolvimento desse programa de ensino.
Tanto que em São Paulo, em muitos lugares, os pais resistem. Reclamam muito. E com razão. O governo deixou de dar às crianças o atendimento especializado que elas tinham na própria rede pública estadual.
Viomundo – Essa situação persiste?
Roberto Franklin Leão – Aqui, as crianças continuam, sim, a ser integradas na sala de aula de maneira comum.
Viomundo – Como deveria ser a integração?
Roberto Franklin Leão – Ainda que num período do dia estejam na mesma sala que as demais, as crianças especiais precisam de atendimento especializado, pois isso faz parte do processo de desenvolvimento dela.
É importante ressaltar que o projeto do MEC não exclui o atendimento especializado. Num período do dia, as crianças freqüentam as escolas regulares. No outro, a escola especial. Aquelas com deficiência auditiva aprendem Libras – a Língua Brasileira de Sinais. As com deficiência visual, o código braile. Já as com déficit mental, se necessário, podem receber atendimento especializado nas Apaes ou na própria rede pública de ensino. Portanto, educação mista. Nos casos mais graves, obrigatoriamente só poderão estudar em escolas especializadas.
Viomundo – Quais os benefícios da integração?
Roberto Franklin Leão – Houve um momento da história em que as instituições especializadas eram o que existia de melhor para as crianças com necessidades especiais. Com o tempo se comprovou que se elas tiverem contato com pessoas sem as mesmas necessidades, elas podem se desenvolver melhor. Ao conviverem só com iguais, elas não têm condições de sair daquele mundo.
As crianças especiais se sentem mais integradas, fazendo parte da sociedade em geral. Ao mesmo tempo, as outras crianças, sem qualquer deficiência física ou mental, aprendem desde cedo a aceitar e respeitar o diferente. Desenvolvem ainda a tolerância e a solidariedade. Respeitando a deficiência do outro, aceitamos mais as nossas próprias. Portanto, todos se beneficiam.
Viomundo – E o preconceito e as resistências, como ficam?
Roberto Franklin Leão — Existem, claro. Há pais de alunos sem deficiência que acham que o convívio com os especiais vai ter repercussão negativa na vida de seus filhos. Isso não é verdade. Mas é um preconceito que ainda tem de ser superado na nossa sociedade.
Há pais também que têm vergonha de ter um filho especial e esconde a criança, pois sabe do preconceito que existe na sociedade em relação às pessoas especiais. A melhor maneira de fazer com que as crianças especiais sejam mais felizes é fazer com que elas consigam conviver com as outras pessoas. Mas é fundamental que tenham atendimento extra. Elas não podem ser colocadas simplesmente numa sala de aula comum e largadas lá.
Viomundo – Nessa altura, alguns vão dizer: “Ah, mas as crianças especiais não vão acompanhar o restante da turma…”
Roberto Franklin Leão – E daí? Deixe-as tocar no ritmo delas. Os ganhos sociais e emocionais ganham longe. Por isso, o Estado tem de chamar para si, cada vez mais, a responsabilidade pela educação desses meninos e meninas. É dever do Estado oferecer educação gratuita de boa qualidade a todos e todas, do berçário ao ensino. Isso tem de ser aplaudido.
Viomundo – E como ficam as instituições especializadas da sociedade civil?
Roberto Franklin Leão – Ainda que exista um período de transição, a verba pública tem de ser usada na escola pública, na educação pública, com todo o respeito ao grande trabalho desenvolvido por essas entidades. Mas à medida que o Estado for desenvolvendo a sua rede própria, elas terão de buscar outras formas de se sustentar que não as verbas públicas.
Ainda que tenhamos uma ligação afetiva e de respeito com essas entidades, é fundamental que o Estado assuma, cada vez mais, o papel de grande investidor da educação pública. Apesar do empenho dessas entidades beneméritas, elas não dão conta da demanda, que não é pequena. Tanto que muitas e muitas crianças ficaram sem atendimento nesses anos todos.
É uma educação cara. E só o Estado tem condições efetivas de universalizar o acesso da criança que precisa desse atendimento.
Viomundo – Mas, professor, muitas famílias têm preconceito em relação ao atendimento na rede pública. Algumas se apavoram apenas de pensar nessa possibilidade. Como vencer isso?
Roberto Franklin Leão – É uma cultura de décadas e décadas. Um preconceito que terá de ser vencido aos poucos. Quem tem um filho com necessidades especiais procura cercá-lo de todos os cuidados. Mas a grande preocupação desses pais é o que vai acontecer com o seu filho quando eles não estiverem mais aqui.
Pois bem, o Estado intervindo e dando a essas crianças a possibilidade de terem um projeto de integração mais humanizado, em que elas se sintam mais felizes e se acostumem a conviver mais com as demais, vai lhes ajudar no futuro. Com certeza, viu, pai, viu, mãe?
Nota do Viomundo: Palmas para os pais e mães de crianças especiais que estão dando uma lição de cidadania a José Serra. Aplausos também para as escolas regulares que aceitam crianças especiais. Quanto a você, pai e mãe, não é porque seu filho é diferente e tem dificuldades, que não será querido e feliz. Arregacem as mangas. Aproveite cada momento do dia para ensinar e ele aprender. A boa mãe e o bom pai, além de não se envergonharem de mostrar o filho ao mundo, mostram o mundo ao filho. Pratique inclusão social, cidadania, tolerância e solidariedade.
Objetivo Irã: os riscos de uma Terceira Guerra Mundial
As consequências de um ataque mais amplo por parte dos EUA, da OTAN e de Israel contra o Irã são de grande alcance. A guerra e a crise econômica estão intimamente relacionadas. A economia de guerra é financiada por Wall Street que, por sua vez, se ergue como credor da administração dos EUA. Por sua vez, “a luta pelo petróleo” no Oriente Médio e Ásia Central serve diretamente aos interesses dos gigantes do petróleo anglo-estadunidense. Os EUA e seus aliados estão “batendo os tambores da guerra” na altura de uma depressão econômica mundial, para não mencionar a catástrofe ambiental mais grave na história da humanidade. O artigo é de Michel Chossudovsky, diretor do Centro para Investigação sobre a Globalização.
Michel Chossudovsky - Global Research
Centro para a Investigação da Globalização (Global Research on Globalization)
A humanidade está numa encruzilhada perigosa. Os preparativos de guerra para atacar o Irã estão em estágio avançado. Sistemas de alta tecnologia, incluindo armas nucleares, estão totalmente desenvolvidos. Esta aventura militar está colocada sobre o tabuleiro de xadrez do Pentágono desde meados da década de 1990. Primeiro o Iraque, depois o Irã, segundo documentos desclassificados de 1995, do Comando Central dos EUA.
A escalada é parte da agenda militar. Além do Irã, próximo objetivo junto com a Síria e o Líbano, esse desdobramento estratégico ameaça também a Coréia do Norte, a China e a Rússia. Desde 2005, os EUA e seus aliados, incluídos aqui os Estados Unidos da OTAN e Israel, estão envolvidos numa ampla atividade e no armazenamento de sistemas de armas avançados.
Os sistemas de defesa aéreos dos EUA, os países membros da OTAN e Israel estão totalmente integrados. Trata-se de uma tarefa coordenada pelo Pentágono, pela OTAN e pela Força de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), com a participação ativa de militares de vários países da OTAN e não só, incluindo os estados árabes de primeira linha (os membros da OTAN do Mediterrâneo e a Iniciativa de Cooperação de Istambul), Arábia Saudita, Japão, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, Singapura, Austrália, entre outros. A OTAN se compõe de 28 estados membros. Outros 21 países são membros do Conselho da Aliança Euro-Atlântica (EAPC); o Diálogo Mediterrânico e a Iniciativa de Cooperação de Istambul contam com dez países árabes e Israel.
O papel do Egito, dos Estados do Golfo e da Arábia Saudita (dentro de uma aliança militar ampliada) é de particular relevância. O Egito controla o trânsito de barcos de guerra e de barcos petroleiros pelo Canal de Suez. Arábia Saudita e os Estados do Golfo ocupam a costa ocidental do sul do Golfo Pérsico, o estreito de Ormuz e o Golfo de Omã.
Em princípios de junho deste ano o Egito informou que permitiu a onze barcos dos EUA e de Israel passar pelo Canal de Suez, numa aparente sinalização ao Irã. Em 12 de junho, vozes da imprensa regional informaram que os sauditas haviam dado a Israel autorização para sobrevoar seu espaço aéreo (Mirak Weissbach Muriel, Israel Insane War on Iran Must Be Prevented, Global Research, 31 de julho de 2010). Na doutrina militar consagrada após o 11 de setembro, o estabelecimento massivo de armamento militar se definiu como parte da chamada Guerra Global contra o terrorismo, dirigido para organizações terroristas não estatais, como a Al Qaeda e os chamados Estados patrocinadores do terrorismo, entre eles o Irã, Síria, Líbano e Sudão.
A criação de novas bases militares dos EUA, o armazenamento de armas avançadas, incluindo as armas nucleares táticas, etc. foram levadas a cabo como parte da preventiva doutrina militar defensiva debaixo do guarda chuva da "Guerra Global contra o Terrorismo".
Guerra e crise econômica
As consequências de um ataque mais amplo por parte dos EUA, da OTAN e de Israel contra o Irã são de grande alcance. A guerra e a crise econômica estão intimamente relacionadas. A economia de guerra é financiada por Wall Street que, por sua vez, se ergue como credor da administração dos EUA.
Os produtores de armas dos EUA são os destinatários de bilhões de dólares do Departamento de Defesa do país, pelos contratos de aquisição de sistemas de armas avançadas.
Por sua vez, “a luta pelo petróleo” no Oriente Médio e Ásia Central serve diretamente aos interesses dos gigantes do petróleo anglo-estadunidense. Os EUA e seus aliados estão “batendo os tambores da guerra” na altura de uma depressão econômica mundial, para não mencionar a catástrofe ambiental mais grave na história da humanidade. Por amarga ironia, a British Petroleum, uma das maiores jogadoras do tabuleiro de xadrez geopolítico da Ásia Central no Médio Oriente, antigamente conhecida como Anglo-Persian Oil, causou a terrível catástrofe ecológica no Golfo do México.
Meios de desinformação
A opinião pública, influenciada pelo barulho dos meios de comunicação, oferece apoio tático, indiferente ou ignorante dos possíveis impactos daquilo que se mantém propositalmente como um fator punitivo da operação dirigida contra as instalações nucleares do Irã em lugar de uma guerra total.
Os preparativos de guerra incluem o aumento da atividade dos fabricantes de armas nucleares dos EUA e de Israel. Neste contexto, as consequências devastadoras de uma guerra nuclear são banalizadas ou simplesmente não se mencionam. A crise “real” que ameaça a humanidade é o “aquecimento global” e não a guerra.
A guerra contra o Irã é apresentada à opinião pública como um tema banal entre tantos outros. Não é apresentado como uma ameaça à Mãe Terra, como é o caso do aquecimento global. Não se noticia com destaque. O fato de que um ataque contra o Irã poderia levar a uma potencial escalada e o desencadear uma guerra global não é motivo de preocupação.
Culto à morte e a destruição
A máquina global de matar é sustentada pelo culto à morte e pela destruição que impregnam muitos dos filmes de Hollywood, e por não mencionar as guerras no horário nobre. E também pelas séries de televisão sobre delinquência.
Este culto à matança está respaldado pela CIA e pelo Pentágono, que apóia, financiando, produções de Hollywood como instrumento de propaganda de guerra.
O ex-agente da CIA Bob Baer disse: "Existe uma simbiose entre a CIA e Hollywood e revelou que o ex-diretor da CIA, George Tenet, se encontra atualmente em Hollywood, conversando com os estúdios. (Matthew Alford and Robie Graham, “Lights, Camera Covert Action: The Deep Politics of Hollywood”, Global Research, 31 de janeiro de 2009).
A máquina de matar se desenvolveu em nível global dentro do marco de estrutura de comando de combate unificado. E é mantida habitualmente por instituições de governo, meios corporativos, altos funcionários e intelectuais que se colocam à disposição de uma Nova Ordem Mundial a partir de um grupo de pensadores de Washington e dos institutos de investigação de estudos estratégicos, como instrumento indiscutível da paz e da prosperidade mundial. É a cultura da morte e da violência gravando-se na consciência humana.
A guerra está amplamente aceita como parte de um projeto social: a Pátria tem que ser defendida e protegida.
A violência legitimada e as execuções extrajudiciais contra os terroristas são mantidas nas democracias ocidentais como instrumentos necessários de segurança nacional.
Uma “guerra humanitária” é sustentada pela chamada comunidade internacional. Não é condenada como um ato criminoso. Seus principais idealizadores são recompensados por suas contribuições à paz mundial. Em relação ao Irã, o que se está desenvolvendo é a legitimação direta de uma guerra em nome de uma idéia ilusória de segurança mundial.
Um ataque aéreo “preventivo” contra o Irã levaria a uma escalada. Na atualidade existem três teatros de guerra no Oriente Médio e Ásia Central: Iraque, Afeganistão/Paquistão e Palestina.
Se o Irã se tornar objeto de um ataque “preventivo” por forças aliadas, toda a região, desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira da China com o Afeganistão e o Paquistão poderia arder em chamas, o que nos conduz, potencialmente, a um cenário de Terceira Guerra Mundial.
A guerra se estenderia ao Líbano e a Síria. É muito pouco provável que se os ataques, caso se concretizassem, ficassem circunscritos a instalações nucleares do Irã, como afirmam as declarações oficiais dos EUA e da OTAN. O mais provável será um ataque aéreo tanto a infraestruturas militares como civis, sistemas de transporte, fábricas e edifícios públicos.
O Irã, com dez por cento estimados do petróleo mundial, ocupa o terceiro lugar em reservas de gás, depois da Arábia Saudita (25%) e o Iraque (11%), pelo tamanho de suas reservas. Em comparação, os EUA têm menos de 2,8% das reservas mundiais de petróleo. (Cf. Eric Waddell, The Battle for Oil, Global Research, dezembro de 2004).
É de grande importância o recente descobrimento no Irã, nas regiões de Soumar e Halgan, das segundas maiores reservas mundiais conhecidas que se estimam em 12,4 bilhões de pés cúbicos. Apontar as armas ao Irã não só consiste em recuperar o controle anglo-estadunidense sobre o petróleo e a economia de gás, incluindo-se as rotas de oleodutos, mas também questiona a influência da China e da Rússia na região.
O ataque planificado contra o Irã faz parte de um mapa global coordenado de orientação militar. É parte da “longa guerra do Pentágono”, uma proveitosa guerra sem fronteiras, um projeto de dominação mundial, uma sequencia de operações militares.
Os planificadores militares dos EUA e da OTAN têm previsto diversos cenários da escalada militar. E são também muito conscientes das implicações geopolíticas, como por exemplo, saber que a guerra poderá se estender para além da região do Oriente Médio e da Ásia Central. Os efeitos econômicos sobre os mercados do petróleo, etc. são também analisados. Enquanto o Irã, a Síria e o Líbano são os objetivos imediatos, China, Rússia, Coréia do Norte, sem contar Venezuela e Cuba, são também objeto de ameaça dos EUA.
Está em jogo a estrutura das alianças militares. As atividades militares da OTAN-EUA-Israel, incluindo manobras e exercícios realizados na Rússia e suas fronteiras próximas com a China têm uma relação direta com a guerra proposta contra o Irã. Estas ameaças veladas, incluindo o seu calendário, constituem um claro aviso aos antigos poderes da época da Guerra Fria, para evitar que possam ou venham a interferir em um ataque dos EUA ao Irã.
Guerra Mundial
O objetivo estratégico em médio prazo é chegar ao Irã e neutralizar seus aliados, através da diplomacia dos tiros de canhão. O objetivo militar em longo prazo é dirigir-se diretamente à China e a Rússia.
Ainda que o Irã seja o objetivo imediato, o desdobramento militar não se limita ao Oriente Médio e a Ásia Central. Uma agenda militar global está estabelecida. O avanço das tropas de coalizão e os sistemas de armas avançadas dos EUA, da OTAN e seus sócios, está se configurando de forma simultânea em todas as principais regiões do mundo.
As recentes ações dos militares dos EUA em frente as costas da Coréia do Norte em forma de manobras são parte de um desenho global. Os exercícios militares, simulações de guerra, o deslocamento de armas, etc. dos EUA, da OTAN e seus aliados que se estão realizando simultaneamente nos principais pontos geopolíticos, visam principalmente a Rússia e a China.
-A península da Coréia, o Mar do Japão, o estreito de Taiwan, o Mar Meridional da China, ameaçam a China.
- O deslocamento de mísseis Patriot para Polônia, o Centro de Alerta próximo à República Checa, ameaça a Rússia.
- Avanços navais na Bulgária, na Romênia e Mar Negro, ameaçam a Rússia.
- Avanços de tropas da OTAN e dos EUA na Geórgia também.
- Um deslocamento naval de grande dimensão no Golfo Pérsico, incluindo-se submarinos israelenses, dirigidos contra o Irã.
Ao mesmo tempo, o Mediterrâneo Oriental, o Mar Negro, o Caribe, América Central e região andina da América do Sul, são as zonas de militarização em curso. Na América Latina e no Caribe, as ameaças se dirigem à Venezuela e a Cuba.
“Ajuda militar” dos EUA
Por sua vez, transferências de armas em grande escala foram feitas sob a bandeira norte americana como “ajuda militar” a países selecionados, incluindo-se cinco bilhões de dólares num acordo de armamento com a Índia que se destina a melhorar as capacidades bélicas da Índia contra a China. (Huge U.S – Índia Arms Deal To Contain China, Global Times, 13 de julho de 2010).
“Isto (a venda de armas) significa melhorar as relações entre Washington e Nova Delhi e, de forma deliberada ou não terá o efeito de conter a influência da China na região”. (Citado em Rick Rozoff, Confronting both China and Russia: U.S. Risks Military Clash With China in Yellow Sea, Global Research, 16 de julho de 2010).
Os EUA conseguiram acordos de cooperação militar com alguns países do sul da Ásia Oriental, como Singapura, Vietnã e Indonésia, incluindo sua “ajuda militar”, assim como a participação em manobras militares, sempre dirigidas pelos Estados Unidos, na órbita do Pacífico (julho/agosto de 2010). Esses acordos são de apoio às implementações de armas dirigidas contra a República Popular da China. (Cf. Rick Rozoff, op. Cit.)
Do mesmo modo e mais diretamente relacionado ao ataque planificado contra o Irã, os EUA estão armando os Estados do Golfo (Bahrein, Kuwait, Qatar e os Emirados Árabes Unidos) com o interceptador de mísseis terra-ar Patriot Advanced Capability-3 (THAAD), assim como os baseados nos modelos de mísseis mar-3, interceptadores instalados em barcos de guerra de classe Aegis no Golfo Pérsico. (Cf. Rick Rozoff, NATO’s Role in the Military Encirclement of Iran, 10 de fevereiro de 2010).
Calendário de provisão e armazenamento militar
No que diz respeito à transferência de armas dos EUA para sócios e aliados, o crucial é o momento da entrega e do seu desdobramento. O lançamento de uma operação militar dos EUA ocorrerá, uma vez que esses sistemas de armas estejam em seu lugar mediante o desenvolvimento efetivo da aplicação e da capacitação do pessoal preparado. (Por exemplo, a Índia)
Estamos falando de um desenho militar mundial cuidadosamente coordenado e controlado pelo Pentágono, com a participação de forças armadas combinadas de mais de quarenta países. Esse desdobramento militar mundial é, com certeza, o maior desdobramento de sistema de armas avançados da história.
Por sua vez, os EUA e seus aliados têm estabelecido novas bases militares em diferentes partes do mundo. “A superfície da terra está estruturada como se fosse um enorme campo de batalha” (Cf. Jules Dufour, The Worldwide Network of US Military Bases, Investigación Global, 01 de julho de 2007).
O Comando Unificado da estrutura geográfica dividida em comandos de combate tem como base uma estratégia de militarização em nível global. “Os militares norte americanos têm bases em 63 países. E novas bases foram construídas a partir do 11 de setembro de 2001 em sete países. No total, existem 255.065 militares dos EUA distribuídos por todo o mundo”. (Cf. Jules Dufour, op. Cit.)
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O cenário da Terceira Guerra Mundial
Esse desdobramento militar se produz em várias regiões e ao mesmo tempo sob a coordenação dos comandos regionais dos EUA com a participação de aliados no armazenamento de arsenais norte americanos, inclusive antigos inimigos, como o Vietnã e o Japão.
O contexto atual se caracteriza por uma acumulação militar global controlada por uma superpotência mundial que está utilizando seus aliados para desencadear numerosas guerras regionais.
A diferença que se estabelece com a Segunda Guerra Mundial, que foi também uma conjunção de distintas guerras regionais, é que com a tecnologia de comunicações e sistemas de armas da década de 1940, não havia estratégia em “tempo real” para coordenar as ações militares entre grandes regiões geográficas.
A guerra mundial se apóia num desdobramento coordenado de uma só potência militar dominante, que supervisiona as ações de seus aliados e sócios.
Com exceção de Hiroshima e Nagasak, a Segunda Guerra Mundial se caracterizou pelo uso de armas convencionais. A planificação de uma guerra mundial se baseia na militarização do espaço ultra terrestre.
Se uma guerra contra o Irã se inicia, não somente o uso de armas nucleares, mas toda uma gama de novos sistemas de armas avançadas, incluindo armas eletrônicas e técnicas de modificação ambiental, seria utilizada.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas
O Conselho de Segurança da ONU aprovou em princípios de junho último uma quarta rodada de sanções de grande alcance contra a República Islâmica do Irã, que incluem o embargo de armas e “controles financeiros mais estritos”.
Em amarga ironia, esta resolução foi aprovada poucos dias depois da negativa pura e simples do mesmo Conselho de Segurança em adotar uma moção de condenação ao Estado de Israel em seu ataque à Frota pela Liberdade em Gaza em águas internacionais.
Tanto a China quanto a Rússia, pressionados pelos EUA, têm apoiado o regime de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas em seu próprio prejuízo. Suas decisões no CS contribuem para enfraquecer sua própria aliança militar, a Organização de Cooperação de Xangai (OCS), onde o Irã tem o estatuto de observador. A resolução do Conselho de Segurança congela os respectivos acordos de cooperação militar e econômica da China e da Rússia com o Irã. Isto tem graves repercussões no sistema de defesa aérea do Irã que, em parte, depende da tecnologia e da experiência russas. A Resolução do Conselho de Segurança outorga, de fato, “luz verde” para liberar uma guerra preventiva contra o Irã.
A inquisição estadunidense: construção de um consenso político para a guerra
Em coro, os meios de comunicação ocidentais têm qualificado o Irã como uma ameaça à segurança mundial por seu suposto (inexistente) programa de armas nucleares. Fazendo eco com as declarações oficiais, os meios de comunicação estão exigindo agora a aplicação de bombardeios punitivos dirigidos contra o Irã, a fim de salvaguardar a integridade de Israel.
Esse mesmos meios de comunicação fazem soar os tambores de guerra. O propósito é incutir na mente das pessoas, a partir da repetição de notícias até a exaustão, a idéia de que a ameaça iraniana é real e que a República islâmica deve ser “banida”.
O processo de criação de um consenso para fazer a guerra é similar ao da Inquisição espanhola. Requer e exige submissão à idéia de que a guerra é uma tarefa humanitária.
Contudo, conhecida e documentada, a verdadeira ameaça à segurança global vem da aliança EUA-OTAN-Israel; na verdade, a realidade por um ambiente inquisitorial é exatamente o seu oposto: os belicistas parecem estar comprometidos com a paz, enquanto as vítimas da guerra se apresentam como protagonistas do conflito.
Considerando que em 2006 quase dois terços dos norte americanos se opunham a uma ação militar contra o Iraque, uma recente pesquisa feita em 2010 pela Reuter-Zogby, indica que 56% dos estadunidenses são favoráveis a uma ação militar da OTAN contra o Irã. A construção de um consenso político que se nutre de uma mentira não pode, contudo, confiar somente na posição oficial daqueles que são a fonte da própria mentira.
Os movimentos pacifistas nos EUA, que em parte têm sido infiltrados e cooptados, assumiram uma posição fragilizada em relação ao Irã. O movimento contra a guerra está dividido. A ênfase se coloca contra as guerras que estão em andamento (Afeganistão e Iraque) ao invés de se oporem vigorosamente a guerras que estão sendo preparadas e que se encontram sobre o tabuleiro de xadrez do Pentágono.
Desde a posse de Barack Obama, o movimento contra a guerra perdeu muito da sua força. Por outro lado, aqueles que se opõem ativamente às guerras no Afeganistão e no Iraque, não se opõem necessariamente à realização de “bombardeios punitivos” contra o Irã, nem consideram essas ações como atos de guerra. Guerra esta que poderia ser o prelúdio da Terceira Guerra Mundial.
A escalada de protestos contra a guerra em relação ao Irã tem sido mínima em comparação com as enormes manifestações que precederam os bombardeios de 2003 e a invasão do Iraque.
Mas a verdadeira ameaça à segurança do mundo vem da aliança EUA-OTAN-Israel. À operação Irã, não se opuseram, no âmbito diplomático, tanto a China quanto a Rússia, sendo que conta também com o apoio dos governos dos estados árabes de primeira linha que integram o diálogo OTAN - Mediterrâneo. Conta também com o apoio tácito da opinião pública ocidental.
Fazemos aqui um apelo às pessoas de todos os países, nas Américas, Europa Ocidental, Turquia, Israel, em todo o mundo, a levantarem-se contra este projeto militar, contra os seus governos que apóiam a ação militar no Irã, a levantarem-se contra os meios de comunicação que servem para dissimular as devastadoras conseqüências de uma guerra contra o Irã. Esta guerra será uma insanidade.
A Terceira Guerra Mundial é terminal. Albert Einstein sabia dos perigos da guerra nuclear e da extinção da vida na terra, que já começou com a contaminação radioativa resultante do urânio empobrecido. “Não sei com que armas se fará a luta numa III Guerra Mundial, mas na IV Guerra Mundial se lutará com paus e pedras”. Os meios de comunicação, os intelectuais, os cientistas e os políticos, em coro, ofuscam a verdade não contada, ou seja, que a guerra que utiliza ogivas nucleares destrói a humanidade e que este complexo processo de destruição gradual já começou.
Quando a mentira se converte em verdade, já não há volta atrás. Quando a guerra se invoca como uma “tarefa humanitária”, a justiça e todo o sistema jurídico internacional são tomados ao contrário: o pacifismo e o movimento contra a guerra são criminalizados. Opor-se à guerra se converte num ato criminoso.
A mentira deve ser exposta como aquilo que é e o que faz: sanciona a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças. Destrói famílias e pessoas. Destrói o compromisso das pessoas com os seus semelhantes. Impede as pessoas de expressarem sua solidariedade pelos que sofrem. Defende a guerra e o estado policial como a única saída. Destrói o internacionalismo.
Impedir a mentira significa impedir um projeto criminoso de destruição global. Nela, a busca do benefício é a força primordial. Este benefício, movendo a agenda militar, destrói os valores humanos e transforma as pessoas em zumbis inconscientes. Vamos inverter essa maré.
Desafio aos criminosos de guerra em seus altos cargos e em suas poderosas corporações, bem como aos grupos de pressão que os apóiam: fim da inquisição dos Estados Unidos da América. Fim da cruzada militar EUA-OTAN-Israel.Fechem as fábricas de armas e as bases militares. Retirada das tropas dos campos de guerra. Os membros das Forças Armadas devem desobedecer às ordens e negarem-se a participar de uma guerra criminosa.
(*) Michel Chossudovsky é laureado autor, professor (emérito) de Economia na Universidade de Ottawa e diretor do Centro para Investigação sobre a Globalização (CRG), Montreal. É autor de ‘La Globalización de la Pobreza y el Nuevo Orden Mundial’ (2003) e de ‘La guerra de América contra el terrorismo’ (2005). Também é colaborador da Enciclopédia Britânica. Seus escritos são publicados em mais de vinte idiomas.
Tradução do espanhol de Izaías Almada.
Michel Chossudovsky - Global Research
Centro para a Investigação da Globalização (Global Research on Globalization)
A humanidade está numa encruzilhada perigosa. Os preparativos de guerra para atacar o Irã estão em estágio avançado. Sistemas de alta tecnologia, incluindo armas nucleares, estão totalmente desenvolvidos. Esta aventura militar está colocada sobre o tabuleiro de xadrez do Pentágono desde meados da década de 1990. Primeiro o Iraque, depois o Irã, segundo documentos desclassificados de 1995, do Comando Central dos EUA.
A escalada é parte da agenda militar. Além do Irã, próximo objetivo junto com a Síria e o Líbano, esse desdobramento estratégico ameaça também a Coréia do Norte, a China e a Rússia. Desde 2005, os EUA e seus aliados, incluídos aqui os Estados Unidos da OTAN e Israel, estão envolvidos numa ampla atividade e no armazenamento de sistemas de armas avançados.
Os sistemas de defesa aéreos dos EUA, os países membros da OTAN e Israel estão totalmente integrados. Trata-se de uma tarefa coordenada pelo Pentágono, pela OTAN e pela Força de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), com a participação ativa de militares de vários países da OTAN e não só, incluindo os estados árabes de primeira linha (os membros da OTAN do Mediterrâneo e a Iniciativa de Cooperação de Istambul), Arábia Saudita, Japão, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, Singapura, Austrália, entre outros. A OTAN se compõe de 28 estados membros. Outros 21 países são membros do Conselho da Aliança Euro-Atlântica (EAPC); o Diálogo Mediterrânico e a Iniciativa de Cooperação de Istambul contam com dez países árabes e Israel.
O papel do Egito, dos Estados do Golfo e da Arábia Saudita (dentro de uma aliança militar ampliada) é de particular relevância. O Egito controla o trânsito de barcos de guerra e de barcos petroleiros pelo Canal de Suez. Arábia Saudita e os Estados do Golfo ocupam a costa ocidental do sul do Golfo Pérsico, o estreito de Ormuz e o Golfo de Omã.
Em princípios de junho deste ano o Egito informou que permitiu a onze barcos dos EUA e de Israel passar pelo Canal de Suez, numa aparente sinalização ao Irã. Em 12 de junho, vozes da imprensa regional informaram que os sauditas haviam dado a Israel autorização para sobrevoar seu espaço aéreo (Mirak Weissbach Muriel, Israel Insane War on Iran Must Be Prevented, Global Research, 31 de julho de 2010). Na doutrina militar consagrada após o 11 de setembro, o estabelecimento massivo de armamento militar se definiu como parte da chamada Guerra Global contra o terrorismo, dirigido para organizações terroristas não estatais, como a Al Qaeda e os chamados Estados patrocinadores do terrorismo, entre eles o Irã, Síria, Líbano e Sudão.
A criação de novas bases militares dos EUA, o armazenamento de armas avançadas, incluindo as armas nucleares táticas, etc. foram levadas a cabo como parte da preventiva doutrina militar defensiva debaixo do guarda chuva da "Guerra Global contra o Terrorismo".
Guerra e crise econômica
As consequências de um ataque mais amplo por parte dos EUA, da OTAN e de Israel contra o Irã são de grande alcance. A guerra e a crise econômica estão intimamente relacionadas. A economia de guerra é financiada por Wall Street que, por sua vez, se ergue como credor da administração dos EUA.
Os produtores de armas dos EUA são os destinatários de bilhões de dólares do Departamento de Defesa do país, pelos contratos de aquisição de sistemas de armas avançadas.
Por sua vez, “a luta pelo petróleo” no Oriente Médio e Ásia Central serve diretamente aos interesses dos gigantes do petróleo anglo-estadunidense. Os EUA e seus aliados estão “batendo os tambores da guerra” na altura de uma depressão econômica mundial, para não mencionar a catástrofe ambiental mais grave na história da humanidade. Por amarga ironia, a British Petroleum, uma das maiores jogadoras do tabuleiro de xadrez geopolítico da Ásia Central no Médio Oriente, antigamente conhecida como Anglo-Persian Oil, causou a terrível catástrofe ecológica no Golfo do México.
Meios de desinformação
A opinião pública, influenciada pelo barulho dos meios de comunicação, oferece apoio tático, indiferente ou ignorante dos possíveis impactos daquilo que se mantém propositalmente como um fator punitivo da operação dirigida contra as instalações nucleares do Irã em lugar de uma guerra total.
Os preparativos de guerra incluem o aumento da atividade dos fabricantes de armas nucleares dos EUA e de Israel. Neste contexto, as consequências devastadoras de uma guerra nuclear são banalizadas ou simplesmente não se mencionam. A crise “real” que ameaça a humanidade é o “aquecimento global” e não a guerra.
A guerra contra o Irã é apresentada à opinião pública como um tema banal entre tantos outros. Não é apresentado como uma ameaça à Mãe Terra, como é o caso do aquecimento global. Não se noticia com destaque. O fato de que um ataque contra o Irã poderia levar a uma potencial escalada e o desencadear uma guerra global não é motivo de preocupação.
Culto à morte e a destruição
A máquina global de matar é sustentada pelo culto à morte e pela destruição que impregnam muitos dos filmes de Hollywood, e por não mencionar as guerras no horário nobre. E também pelas séries de televisão sobre delinquência.
Este culto à matança está respaldado pela CIA e pelo Pentágono, que apóia, financiando, produções de Hollywood como instrumento de propaganda de guerra.
O ex-agente da CIA Bob Baer disse: "Existe uma simbiose entre a CIA e Hollywood e revelou que o ex-diretor da CIA, George Tenet, se encontra atualmente em Hollywood, conversando com os estúdios. (Matthew Alford and Robie Graham, “Lights, Camera Covert Action: The Deep Politics of Hollywood”, Global Research, 31 de janeiro de 2009).
A máquina de matar se desenvolveu em nível global dentro do marco de estrutura de comando de combate unificado. E é mantida habitualmente por instituições de governo, meios corporativos, altos funcionários e intelectuais que se colocam à disposição de uma Nova Ordem Mundial a partir de um grupo de pensadores de Washington e dos institutos de investigação de estudos estratégicos, como instrumento indiscutível da paz e da prosperidade mundial. É a cultura da morte e da violência gravando-se na consciência humana.
A guerra está amplamente aceita como parte de um projeto social: a Pátria tem que ser defendida e protegida.
A violência legitimada e as execuções extrajudiciais contra os terroristas são mantidas nas democracias ocidentais como instrumentos necessários de segurança nacional.
Uma “guerra humanitária” é sustentada pela chamada comunidade internacional. Não é condenada como um ato criminoso. Seus principais idealizadores são recompensados por suas contribuições à paz mundial. Em relação ao Irã, o que se está desenvolvendo é a legitimação direta de uma guerra em nome de uma idéia ilusória de segurança mundial.
Um ataque aéreo “preventivo” contra o Irã levaria a uma escalada. Na atualidade existem três teatros de guerra no Oriente Médio e Ásia Central: Iraque, Afeganistão/Paquistão e Palestina.
Se o Irã se tornar objeto de um ataque “preventivo” por forças aliadas, toda a região, desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira da China com o Afeganistão e o Paquistão poderia arder em chamas, o que nos conduz, potencialmente, a um cenário de Terceira Guerra Mundial.
A guerra se estenderia ao Líbano e a Síria. É muito pouco provável que se os ataques, caso se concretizassem, ficassem circunscritos a instalações nucleares do Irã, como afirmam as declarações oficiais dos EUA e da OTAN. O mais provável será um ataque aéreo tanto a infraestruturas militares como civis, sistemas de transporte, fábricas e edifícios públicos.
O Irã, com dez por cento estimados do petróleo mundial, ocupa o terceiro lugar em reservas de gás, depois da Arábia Saudita (25%) e o Iraque (11%), pelo tamanho de suas reservas. Em comparação, os EUA têm menos de 2,8% das reservas mundiais de petróleo. (Cf. Eric Waddell, The Battle for Oil, Global Research, dezembro de 2004).
É de grande importância o recente descobrimento no Irã, nas regiões de Soumar e Halgan, das segundas maiores reservas mundiais conhecidas que se estimam em 12,4 bilhões de pés cúbicos. Apontar as armas ao Irã não só consiste em recuperar o controle anglo-estadunidense sobre o petróleo e a economia de gás, incluindo-se as rotas de oleodutos, mas também questiona a influência da China e da Rússia na região.
O ataque planificado contra o Irã faz parte de um mapa global coordenado de orientação militar. É parte da “longa guerra do Pentágono”, uma proveitosa guerra sem fronteiras, um projeto de dominação mundial, uma sequencia de operações militares.
Os planificadores militares dos EUA e da OTAN têm previsto diversos cenários da escalada militar. E são também muito conscientes das implicações geopolíticas, como por exemplo, saber que a guerra poderá se estender para além da região do Oriente Médio e da Ásia Central. Os efeitos econômicos sobre os mercados do petróleo, etc. são também analisados. Enquanto o Irã, a Síria e o Líbano são os objetivos imediatos, China, Rússia, Coréia do Norte, sem contar Venezuela e Cuba, são também objeto de ameaça dos EUA.
Está em jogo a estrutura das alianças militares. As atividades militares da OTAN-EUA-Israel, incluindo manobras e exercícios realizados na Rússia e suas fronteiras próximas com a China têm uma relação direta com a guerra proposta contra o Irã. Estas ameaças veladas, incluindo o seu calendário, constituem um claro aviso aos antigos poderes da época da Guerra Fria, para evitar que possam ou venham a interferir em um ataque dos EUA ao Irã.
Guerra Mundial
O objetivo estratégico em médio prazo é chegar ao Irã e neutralizar seus aliados, através da diplomacia dos tiros de canhão. O objetivo militar em longo prazo é dirigir-se diretamente à China e a Rússia.
Ainda que o Irã seja o objetivo imediato, o desdobramento militar não se limita ao Oriente Médio e a Ásia Central. Uma agenda militar global está estabelecida. O avanço das tropas de coalizão e os sistemas de armas avançadas dos EUA, da OTAN e seus sócios, está se configurando de forma simultânea em todas as principais regiões do mundo.
As recentes ações dos militares dos EUA em frente as costas da Coréia do Norte em forma de manobras são parte de um desenho global. Os exercícios militares, simulações de guerra, o deslocamento de armas, etc. dos EUA, da OTAN e seus aliados que se estão realizando simultaneamente nos principais pontos geopolíticos, visam principalmente a Rússia e a China.
-A península da Coréia, o Mar do Japão, o estreito de Taiwan, o Mar Meridional da China, ameaçam a China.
- O deslocamento de mísseis Patriot para Polônia, o Centro de Alerta próximo à República Checa, ameaça a Rússia.
- Avanços navais na Bulgária, na Romênia e Mar Negro, ameaçam a Rússia.
- Avanços de tropas da OTAN e dos EUA na Geórgia também.
- Um deslocamento naval de grande dimensão no Golfo Pérsico, incluindo-se submarinos israelenses, dirigidos contra o Irã.
Ao mesmo tempo, o Mediterrâneo Oriental, o Mar Negro, o Caribe, América Central e região andina da América do Sul, são as zonas de militarização em curso. Na América Latina e no Caribe, as ameaças se dirigem à Venezuela e a Cuba.
“Ajuda militar” dos EUA
Por sua vez, transferências de armas em grande escala foram feitas sob a bandeira norte americana como “ajuda militar” a países selecionados, incluindo-se cinco bilhões de dólares num acordo de armamento com a Índia que se destina a melhorar as capacidades bélicas da Índia contra a China. (Huge U.S – Índia Arms Deal To Contain China, Global Times, 13 de julho de 2010).
“Isto (a venda de armas) significa melhorar as relações entre Washington e Nova Delhi e, de forma deliberada ou não terá o efeito de conter a influência da China na região”. (Citado em Rick Rozoff, Confronting both China and Russia: U.S. Risks Military Clash With China in Yellow Sea, Global Research, 16 de julho de 2010).
Os EUA conseguiram acordos de cooperação militar com alguns países do sul da Ásia Oriental, como Singapura, Vietnã e Indonésia, incluindo sua “ajuda militar”, assim como a participação em manobras militares, sempre dirigidas pelos Estados Unidos, na órbita do Pacífico (julho/agosto de 2010). Esses acordos são de apoio às implementações de armas dirigidas contra a República Popular da China. (Cf. Rick Rozoff, op. Cit.)
Do mesmo modo e mais diretamente relacionado ao ataque planificado contra o Irã, os EUA estão armando os Estados do Golfo (Bahrein, Kuwait, Qatar e os Emirados Árabes Unidos) com o interceptador de mísseis terra-ar Patriot Advanced Capability-3 (THAAD), assim como os baseados nos modelos de mísseis mar-3, interceptadores instalados em barcos de guerra de classe Aegis no Golfo Pérsico. (Cf. Rick Rozoff, NATO’s Role in the Military Encirclement of Iran, 10 de fevereiro de 2010).
Calendário de provisão e armazenamento militar
No que diz respeito à transferência de armas dos EUA para sócios e aliados, o crucial é o momento da entrega e do seu desdobramento. O lançamento de uma operação militar dos EUA ocorrerá, uma vez que esses sistemas de armas estejam em seu lugar mediante o desenvolvimento efetivo da aplicação e da capacitação do pessoal preparado. (Por exemplo, a Índia)
Estamos falando de um desenho militar mundial cuidadosamente coordenado e controlado pelo Pentágono, com a participação de forças armadas combinadas de mais de quarenta países. Esse desdobramento militar mundial é, com certeza, o maior desdobramento de sistema de armas avançados da história.
Por sua vez, os EUA e seus aliados têm estabelecido novas bases militares em diferentes partes do mundo. “A superfície da terra está estruturada como se fosse um enorme campo de batalha” (Cf. Jules Dufour, The Worldwide Network of US Military Bases, Investigación Global, 01 de julho de 2007).
O Comando Unificado da estrutura geográfica dividida em comandos de combate tem como base uma estratégia de militarização em nível global. “Os militares norte americanos têm bases em 63 países. E novas bases foram construídas a partir do 11 de setembro de 2001 em sete países. No total, existem 255.065 militares dos EUA distribuídos por todo o mundo”. (Cf. Jules Dufour, op. Cit.)
.
O cenário da Terceira Guerra Mundial
Esse desdobramento militar se produz em várias regiões e ao mesmo tempo sob a coordenação dos comandos regionais dos EUA com a participação de aliados no armazenamento de arsenais norte americanos, inclusive antigos inimigos, como o Vietnã e o Japão.
O contexto atual se caracteriza por uma acumulação militar global controlada por uma superpotência mundial que está utilizando seus aliados para desencadear numerosas guerras regionais.
A diferença que se estabelece com a Segunda Guerra Mundial, que foi também uma conjunção de distintas guerras regionais, é que com a tecnologia de comunicações e sistemas de armas da década de 1940, não havia estratégia em “tempo real” para coordenar as ações militares entre grandes regiões geográficas.
A guerra mundial se apóia num desdobramento coordenado de uma só potência militar dominante, que supervisiona as ações de seus aliados e sócios.
Com exceção de Hiroshima e Nagasak, a Segunda Guerra Mundial se caracterizou pelo uso de armas convencionais. A planificação de uma guerra mundial se baseia na militarização do espaço ultra terrestre.
Se uma guerra contra o Irã se inicia, não somente o uso de armas nucleares, mas toda uma gama de novos sistemas de armas avançadas, incluindo armas eletrônicas e técnicas de modificação ambiental, seria utilizada.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas
O Conselho de Segurança da ONU aprovou em princípios de junho último uma quarta rodada de sanções de grande alcance contra a República Islâmica do Irã, que incluem o embargo de armas e “controles financeiros mais estritos”.
Em amarga ironia, esta resolução foi aprovada poucos dias depois da negativa pura e simples do mesmo Conselho de Segurança em adotar uma moção de condenação ao Estado de Israel em seu ataque à Frota pela Liberdade em Gaza em águas internacionais.
Tanto a China quanto a Rússia, pressionados pelos EUA, têm apoiado o regime de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas em seu próprio prejuízo. Suas decisões no CS contribuem para enfraquecer sua própria aliança militar, a Organização de Cooperação de Xangai (OCS), onde o Irã tem o estatuto de observador. A resolução do Conselho de Segurança congela os respectivos acordos de cooperação militar e econômica da China e da Rússia com o Irã. Isto tem graves repercussões no sistema de defesa aérea do Irã que, em parte, depende da tecnologia e da experiência russas. A Resolução do Conselho de Segurança outorga, de fato, “luz verde” para liberar uma guerra preventiva contra o Irã.
A inquisição estadunidense: construção de um consenso político para a guerra
Em coro, os meios de comunicação ocidentais têm qualificado o Irã como uma ameaça à segurança mundial por seu suposto (inexistente) programa de armas nucleares. Fazendo eco com as declarações oficiais, os meios de comunicação estão exigindo agora a aplicação de bombardeios punitivos dirigidos contra o Irã, a fim de salvaguardar a integridade de Israel.
Esse mesmos meios de comunicação fazem soar os tambores de guerra. O propósito é incutir na mente das pessoas, a partir da repetição de notícias até a exaustão, a idéia de que a ameaça iraniana é real e que a República islâmica deve ser “banida”.
O processo de criação de um consenso para fazer a guerra é similar ao da Inquisição espanhola. Requer e exige submissão à idéia de que a guerra é uma tarefa humanitária.
Contudo, conhecida e documentada, a verdadeira ameaça à segurança global vem da aliança EUA-OTAN-Israel; na verdade, a realidade por um ambiente inquisitorial é exatamente o seu oposto: os belicistas parecem estar comprometidos com a paz, enquanto as vítimas da guerra se apresentam como protagonistas do conflito.
Considerando que em 2006 quase dois terços dos norte americanos se opunham a uma ação militar contra o Iraque, uma recente pesquisa feita em 2010 pela Reuter-Zogby, indica que 56% dos estadunidenses são favoráveis a uma ação militar da OTAN contra o Irã. A construção de um consenso político que se nutre de uma mentira não pode, contudo, confiar somente na posição oficial daqueles que são a fonte da própria mentira.
Os movimentos pacifistas nos EUA, que em parte têm sido infiltrados e cooptados, assumiram uma posição fragilizada em relação ao Irã. O movimento contra a guerra está dividido. A ênfase se coloca contra as guerras que estão em andamento (Afeganistão e Iraque) ao invés de se oporem vigorosamente a guerras que estão sendo preparadas e que se encontram sobre o tabuleiro de xadrez do Pentágono.
Desde a posse de Barack Obama, o movimento contra a guerra perdeu muito da sua força. Por outro lado, aqueles que se opõem ativamente às guerras no Afeganistão e no Iraque, não se opõem necessariamente à realização de “bombardeios punitivos” contra o Irã, nem consideram essas ações como atos de guerra. Guerra esta que poderia ser o prelúdio da Terceira Guerra Mundial.
A escalada de protestos contra a guerra em relação ao Irã tem sido mínima em comparação com as enormes manifestações que precederam os bombardeios de 2003 e a invasão do Iraque.
Mas a verdadeira ameaça à segurança do mundo vem da aliança EUA-OTAN-Israel. À operação Irã, não se opuseram, no âmbito diplomático, tanto a China quanto a Rússia, sendo que conta também com o apoio dos governos dos estados árabes de primeira linha que integram o diálogo OTAN - Mediterrâneo. Conta também com o apoio tácito da opinião pública ocidental.
Fazemos aqui um apelo às pessoas de todos os países, nas Américas, Europa Ocidental, Turquia, Israel, em todo o mundo, a levantarem-se contra este projeto militar, contra os seus governos que apóiam a ação militar no Irã, a levantarem-se contra os meios de comunicação que servem para dissimular as devastadoras conseqüências de uma guerra contra o Irã. Esta guerra será uma insanidade.
A Terceira Guerra Mundial é terminal. Albert Einstein sabia dos perigos da guerra nuclear e da extinção da vida na terra, que já começou com a contaminação radioativa resultante do urânio empobrecido. “Não sei com que armas se fará a luta numa III Guerra Mundial, mas na IV Guerra Mundial se lutará com paus e pedras”. Os meios de comunicação, os intelectuais, os cientistas e os políticos, em coro, ofuscam a verdade não contada, ou seja, que a guerra que utiliza ogivas nucleares destrói a humanidade e que este complexo processo de destruição gradual já começou.
Quando a mentira se converte em verdade, já não há volta atrás. Quando a guerra se invoca como uma “tarefa humanitária”, a justiça e todo o sistema jurídico internacional são tomados ao contrário: o pacifismo e o movimento contra a guerra são criminalizados. Opor-se à guerra se converte num ato criminoso.
A mentira deve ser exposta como aquilo que é e o que faz: sanciona a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças. Destrói famílias e pessoas. Destrói o compromisso das pessoas com os seus semelhantes. Impede as pessoas de expressarem sua solidariedade pelos que sofrem. Defende a guerra e o estado policial como a única saída. Destrói o internacionalismo.
Impedir a mentira significa impedir um projeto criminoso de destruição global. Nela, a busca do benefício é a força primordial. Este benefício, movendo a agenda militar, destrói os valores humanos e transforma as pessoas em zumbis inconscientes. Vamos inverter essa maré.
Desafio aos criminosos de guerra em seus altos cargos e em suas poderosas corporações, bem como aos grupos de pressão que os apóiam: fim da inquisição dos Estados Unidos da América. Fim da cruzada militar EUA-OTAN-Israel.Fechem as fábricas de armas e as bases militares. Retirada das tropas dos campos de guerra. Os membros das Forças Armadas devem desobedecer às ordens e negarem-se a participar de uma guerra criminosa.
(*) Michel Chossudovsky é laureado autor, professor (emérito) de Economia na Universidade de Ottawa e diretor do Centro para Investigação sobre a Globalização (CRG), Montreal. É autor de ‘La Globalización de la Pobreza y el Nuevo Orden Mundial’ (2003) e de ‘La guerra de América contra el terrorismo’ (2005). Também é colaborador da Enciclopédia Britânica. Seus escritos são publicados em mais de vinte idiomas.
Tradução do espanhol de Izaías Almada.
PSDB de Serra e o cheiro do povo
Primeiro é preciso afogar o FHC no Rio Tietê.
Dizer que aposentado não é vagabundo.
Entender o sotaque dos brasileiros.
Não culpar os “migrantes” pela péssima qualidade do ensino público de São Paulo.
Não dar mais “vale-coxinha” a professor.
Não pagar o salário PSDB (Pior Salário do Brasil).
Não dar passagem de volta pra nordestino que mora nas favelas.
Desalagar o Jardim Romano.
Derrubar do YouTube o vídeo da Eliane Cantanhêde, que chama o PSDB de “massa cheirosa”: clique aqui para ver o vídeo antes que tirem do ar!
Paulo Henrique Amorim
Narcotraficante Uribe revela-se também maior genocida da história latino-americana
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05/08/2010
(Chico Villela) Texto de colaboradora reproduzido pelo Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, revela: na Colômbia, a maior vala comum de hoje, com 2.000 esqueletos, é obra do governo do herói dos EUA.
Wikileaks existe, sites e movimentos anti-guerra multiplicam-se nos EUA, a guerra no Afeganistão já foi perdida. Mas por aqui, na América Latina, os genocidas são recebidos com tapetes e nutridos em dólares pelo pusilânime BHObama. Foram 6 bilhões de dólares durante anos para construir o maior e mais poderoso (sem Brasil) exército latino-americano, cinco vezes maior que o da vizinha Venezuela. Pobres EUA: sem heróis, a não ser os velhos dos quadrinhos, congelados na sua eternidade vazia, nem sequer encontram pessoa digna de consideração para associar-se no poder. (negritos meus)
Antes de ler, veja um vídeo e ouça o cantor ativista David Rovics comentando os acontecimentos de Gaza e do ataque israelense à flotilha turca da liberdade (veja comentário ao final sobre a presença de Uribe na comissão internacional de investigação do crime de guerra israelense).
Encontrada na Colômbia a maior vala comum da América Latina
Recentemente, na Colômbia, foi descoberta a maior vala comum da
história contemporânea do continente latino-americano, horrenda
descoberta que foi quase totalmente invisibilizada pelos meios de
comunicação de massa na Colômbia e no mundo. A vala comum contém os
restos de ao menos 2.000 pessoas e está em La Macarena, departamento
de Meta. Desde 2005, o Exército, espalhado pela zona, enterrou ali
milhares de pessoas, sepultadas sem nome.
A reportagem está publicada no sítio colombiano Cronicón, 29-07-2010.
A tradução é do Cepat.
A população da região, alertada pelas infiltrações putrefatas dos
cadáveres na água potável, e afetada pelos desaparecimentos, já havia
denunciado a existência da vala em várias ocasiões ao longo de 2009:
havia sido em vão, pois a fiscalia não realizava as investigações. Foi
graças à perseverança dos familiares de desaparecidos e à visita de
uma delegação de sindicalistas e parlamentares britânicos que
investigava a situação dos direitos humanos na Colômbia, em dezembro
de 2009, que se conseguiu trazer à luz este horrendo crime perpetrado
pelos agentes militares de um Estado que lhes garantia a impunidade.
Trata-se da maior vala comum do continente. Dois mil corpos em uma
vala comum, isso é um assunto grave para o Estado colombiano, mas sua
mídia, e a mídia mundial, cúmplices do genocídio, se encarregaram de
mantê-lo quase totalmente em silêncio, quando para encontrar uma
atrocidade parecida é preciso remontar às valas nazistas. Este
silêncio midiático está sem dúvida vinculado aos imensos recursos
naturais da Colômbia e aos mega-negócios que ali se gestam em base aos
massacres.
A Comissão Asturiana de Direitos Humanos, que visitou a Colômbia em
janeiro de 2010 (menos de um mês depois da descoberta da vala),
perguntou às autoridades sobre o caso. As respostas foram
preocupantes: na fiscalia, na procuradoria, no Ministério do Interior,
na ONU, todos tentam se esquivar do assunto. E enquanto isso, tratam
de “operar” a vala para minimizá-la, mas a delegação britânica a
constatou, e as próprias autoridades reconheceram ao menos 2.000
cadáveres. Em dezembro, “o prefeito, aliado do governo, o denunciou
também junto ao sepulteiro”, mas depois, as pressões oficiais tendem a
fazer “diminuir suas apreciações sobre o número de corpos”.
A Delegação Asturiana denunciou a ostensiva vontade de alterar a cena
do crime: “ninguém está protegendo o lugar. Ninguém está impedindo que
se possam alterar as provas. Que um trator possa entrar e voltar a
misturar os cadáveres anônimos, a tirá-los e levá-los para outro
lugar”. “Solicitamos às instituições responsáveis do Governo e do
Estado colombiano que implementem as medidas cautelares necessárias
para assegurar as informações já registradas nos documentos oficiais,
que tomem as medidas cautelares necessárias com a finalidade de
assegurar o perímetro para prevenir a modificação da cena, a exumação
ilegal dos cadáveres e a destruição do material probatório que ali se
encontra (…) É fundamental a criação de um Centro de Identificação
Forense em La Macarena com a finalidade de conseguir a
individualização e plena identificação dos cadáveres ali sepultados”.
A Delegação Asturiana transmitiu às autoridades outra denúncia. As
autoridades aduziram desconhecimento, e alegaram incapacidade
operativa: “há tantas valas comuns em nosso país que…”. Trata-se do
município de Argelia em Cauca: “Um ‘matadouro’ de gente, onde as
famílias não puderam ir buscar os corpos de seus desaparecidos, pois
os paramilitares não as deixaram entrar novamente em suas comunidades:
deslocaram os sobreviventes”. As vítimas sobreviventes relataram:
“havia pessoas amarradas que soltavam aos cachorros esfomeados para
que os assassinassem pouco a pouco”.
Na Colômbia, a Estratégia Paramilitar do Estado colombiano, combinada
com a ação de policiais e militares, foi o instrumento de expansão de
latifúndios. O Estado colombiano desapareceu com mais de 50.000
pessoas através de seus aparelhos assumidos (policiais, militares) e
de seu aparelho encoberto: sua Estratégia Paramilitar. O Estado
colombiano é o instrumento da oligarquia e das multinacionais para a
sua guerra classista contra a população: é o garante do saque, a
Estratégia Paramilitar se inscreve nessa lógica econômica.
A invisibilização de uma vala comum das dimensões da vala de La
Macarena se inscreve no contexto de que os negócios de multinacionais
e oligarquias se baseiam nesse horror, e em que esta vala seja produto
de assassinatos diretamente perpetrados pelo Exército nacional da
Colômbia, o que prova ainda mais o caráter genocida do Estado
colombiano em seu conjunto (para além do seu presidente Uribe, cujos
negócios e vínculos com o narcotráfico e o paramilitarismo estão mais
do que comprovados).
A cumplicidade da grande imprensa é criminosa, tanto a nível nacional
como internacional. Os povos devem romper o silêncio com que se
pretende ocultar o genocídio. Urge solidariedade internacional: a
Colômbia é, sem dúvida, um dos lugares do planeta no qual o horror do
capitalismo se plasma da forma mais evidente, em seu paroxismo mais
absoluto.”
Chico Villela, 9/ago: Uribe visitou a base de Macarena, responsável por encher a maior vala do hemisfério ocidental (veja a matéria que faz esta afirmação) e discursou contra as entidades de direitos humanos. Agora, a comissão da ONU montada para investigar o crime de guerra contra a flotilha turca formada por ativistas de direitos humanos de todo o mundo, de 4 membros, terá a participação de Uuribe. Israel festejou. Óbvio. Criminosos de guerra se entendem.
Ele faz par de baile com outro criminoso de guerra, Tony Blair, que também ganhou um cargo de “pacificador” da região do Oriente Médio. Aliás, eles se parecem até mesmo fisicamente. Tudo a ver!
05/08/2010
(Chico Villela) Texto de colaboradora reproduzido pelo Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, revela: na Colômbia, a maior vala comum de hoje, com 2.000 esqueletos, é obra do governo do herói dos EUA.
Wikileaks existe, sites e movimentos anti-guerra multiplicam-se nos EUA, a guerra no Afeganistão já foi perdida. Mas por aqui, na América Latina, os genocidas são recebidos com tapetes e nutridos em dólares pelo pusilânime BHObama. Foram 6 bilhões de dólares durante anos para construir o maior e mais poderoso (sem Brasil) exército latino-americano, cinco vezes maior que o da vizinha Venezuela. Pobres EUA: sem heróis, a não ser os velhos dos quadrinhos, congelados na sua eternidade vazia, nem sequer encontram pessoa digna de consideração para associar-se no poder. (negritos meus)
Antes de ler, veja um vídeo e ouça o cantor ativista David Rovics comentando os acontecimentos de Gaza e do ataque israelense à flotilha turca da liberdade (veja comentário ao final sobre a presença de Uribe na comissão internacional de investigação do crime de guerra israelense).
Encontrada na Colômbia a maior vala comum da América Latina
Recentemente, na Colômbia, foi descoberta a maior vala comum da
história contemporânea do continente latino-americano, horrenda
descoberta que foi quase totalmente invisibilizada pelos meios de
comunicação de massa na Colômbia e no mundo. A vala comum contém os
restos de ao menos 2.000 pessoas e está em La Macarena, departamento
de Meta. Desde 2005, o Exército, espalhado pela zona, enterrou ali
milhares de pessoas, sepultadas sem nome.
A reportagem está publicada no sítio colombiano Cronicón, 29-07-2010.
A tradução é do Cepat.
A população da região, alertada pelas infiltrações putrefatas dos
cadáveres na água potável, e afetada pelos desaparecimentos, já havia
denunciado a existência da vala em várias ocasiões ao longo de 2009:
havia sido em vão, pois a fiscalia não realizava as investigações. Foi
graças à perseverança dos familiares de desaparecidos e à visita de
uma delegação de sindicalistas e parlamentares britânicos que
investigava a situação dos direitos humanos na Colômbia, em dezembro
de 2009, que se conseguiu trazer à luz este horrendo crime perpetrado
pelos agentes militares de um Estado que lhes garantia a impunidade.
Trata-se da maior vala comum do continente. Dois mil corpos em uma
vala comum, isso é um assunto grave para o Estado colombiano, mas sua
mídia, e a mídia mundial, cúmplices do genocídio, se encarregaram de
mantê-lo quase totalmente em silêncio, quando para encontrar uma
atrocidade parecida é preciso remontar às valas nazistas. Este
silêncio midiático está sem dúvida vinculado aos imensos recursos
naturais da Colômbia e aos mega-negócios que ali se gestam em base aos
massacres.
A Comissão Asturiana de Direitos Humanos, que visitou a Colômbia em
janeiro de 2010 (menos de um mês depois da descoberta da vala),
perguntou às autoridades sobre o caso. As respostas foram
preocupantes: na fiscalia, na procuradoria, no Ministério do Interior,
na ONU, todos tentam se esquivar do assunto. E enquanto isso, tratam
de “operar” a vala para minimizá-la, mas a delegação britânica a
constatou, e as próprias autoridades reconheceram ao menos 2.000
cadáveres. Em dezembro, “o prefeito, aliado do governo, o denunciou
também junto ao sepulteiro”, mas depois, as pressões oficiais tendem a
fazer “diminuir suas apreciações sobre o número de corpos”.
A Delegação Asturiana denunciou a ostensiva vontade de alterar a cena
do crime: “ninguém está protegendo o lugar. Ninguém está impedindo que
se possam alterar as provas. Que um trator possa entrar e voltar a
misturar os cadáveres anônimos, a tirá-los e levá-los para outro
lugar”. “Solicitamos às instituições responsáveis do Governo e do
Estado colombiano que implementem as medidas cautelares necessárias
para assegurar as informações já registradas nos documentos oficiais,
que tomem as medidas cautelares necessárias com a finalidade de
assegurar o perímetro para prevenir a modificação da cena, a exumação
ilegal dos cadáveres e a destruição do material probatório que ali se
encontra (…) É fundamental a criação de um Centro de Identificação
Forense em La Macarena com a finalidade de conseguir a
individualização e plena identificação dos cadáveres ali sepultados”.
A Delegação Asturiana transmitiu às autoridades outra denúncia. As
autoridades aduziram desconhecimento, e alegaram incapacidade
operativa: “há tantas valas comuns em nosso país que…”. Trata-se do
município de Argelia em Cauca: “Um ‘matadouro’ de gente, onde as
famílias não puderam ir buscar os corpos de seus desaparecidos, pois
os paramilitares não as deixaram entrar novamente em suas comunidades:
deslocaram os sobreviventes”. As vítimas sobreviventes relataram:
“havia pessoas amarradas que soltavam aos cachorros esfomeados para
que os assassinassem pouco a pouco”.
Na Colômbia, a Estratégia Paramilitar do Estado colombiano, combinada
com a ação de policiais e militares, foi o instrumento de expansão de
latifúndios. O Estado colombiano desapareceu com mais de 50.000
pessoas através de seus aparelhos assumidos (policiais, militares) e
de seu aparelho encoberto: sua Estratégia Paramilitar. O Estado
colombiano é o instrumento da oligarquia e das multinacionais para a
sua guerra classista contra a população: é o garante do saque, a
Estratégia Paramilitar se inscreve nessa lógica econômica.
A invisibilização de uma vala comum das dimensões da vala de La
Macarena se inscreve no contexto de que os negócios de multinacionais
e oligarquias se baseiam nesse horror, e em que esta vala seja produto
de assassinatos diretamente perpetrados pelo Exército nacional da
Colômbia, o que prova ainda mais o caráter genocida do Estado
colombiano em seu conjunto (para além do seu presidente Uribe, cujos
negócios e vínculos com o narcotráfico e o paramilitarismo estão mais
do que comprovados).
A cumplicidade da grande imprensa é criminosa, tanto a nível nacional
como internacional. Os povos devem romper o silêncio com que se
pretende ocultar o genocídio. Urge solidariedade internacional: a
Colômbia é, sem dúvida, um dos lugares do planeta no qual o horror do
capitalismo se plasma da forma mais evidente, em seu paroxismo mais
absoluto.”
Chico Villela, 9/ago: Uribe visitou a base de Macarena, responsável por encher a maior vala do hemisfério ocidental (veja a matéria que faz esta afirmação) e discursou contra as entidades de direitos humanos. Agora, a comissão da ONU montada para investigar o crime de guerra contra a flotilha turca formada por ativistas de direitos humanos de todo o mundo, de 4 membros, terá a participação de Uuribe. Israel festejou. Óbvio. Criminosos de guerra se entendem.
Ele faz par de baile com outro criminoso de guerra, Tony Blair, que também ganhou um cargo de “pacificador” da região do Oriente Médio. Aliás, eles se parecem até mesmo fisicamente. Tudo a ver!
Coisas da Política - JBlog - Jornal do Brasil - Réquiem para os “renascentistas”
Réquiem para os “renascentistas”
10/08/2010 - 23:31 | Enviado por: Mauro Santayana
Por Mauro Santayana
Recordemos a queda do muro de Berlim, o desmantelamento do sistema socialista, que pretendia ser o retorno ao liberalismo do século 19. Mais do que a globalização da economia, que continua, tivemos o tripúdio sobre os pobres. Houve quem anunciasse, com obscena soberba, que os incapazes deveriam tornar-se dóceis servos dos competentes. Era essa a lei da vida, a lei da natureza, a essência do sistema de liberdades cimentado pelo capitalismo sem limites.
Em nosso país, um intelectual, que se dizia de esquerda, assumiu a Presidência da República e, sob o efeito de relampejante conversão na maturidade, abraçou o novo e único fundamentalismo, como esplêndida e gloriosa era. “É um novo Renascimento”, proclamou, com a segurança e a autoridade dos profetas ungidos pela graça da Revelação.
Não tínhamos, país abaixo do Equador, povoado de mestiços, que inventar rodas e modas; bastava-nos seguir a corrente, integrarmo-nos na economia novamente liberal, depois do despertar do sonho do socialismo e do fim da “ociosidade” do povo, debitada ao Estado de Bem-Estar Social.
O capital financeiro assenhoreou-se do mundo. Ao aceno de nosso renascentista, ruíram as barreiras alfandegárias, revogaram-se os dispositivos constitucionais que protegiam o sistema financeiro nacional, entregaram-se bancos brasileiros a preços simbólicos a grandes consórcios financeiros internacionais (como foi o caso do Bamerindus, cedido ao HSBC), e o Estado recuou, no mundo inteiro, menos na velha China. Sobretudo nos países ao sul do Equador político, o Estado se viu acuado, envergonhado, enquanto as ONGs assumiam o seu papel. No Brasil, privatizaram-se a toque de caixa, para impedir a reação da cidadania, empresas estatais estratégicas, que geravam recursos e tecnologia de ponta.
Não foram necessárias duas décadas para descobrir que o neoliberalismo era um expediente dos donos do mundo, que, com métodos pavlovianos de gestão (em que se combinam o suborno e a repressão), criaram quadrilhas de executivos financeiros, que roubaram do Estado e de pequenos e médios investidores – sempre com a ajuda de arrogantes acadêmicos, entre eles alguns brasileiros. Os grandes executivos, de salários milionários, não passavam de audaciosos ladrões, que manipularam as finanças internacionais da mesma forma que os old boys de Chicago controlavam o mercado das bebidas, da droga, do lenocínio. Os new boys da Escola Neoliberal de Chicago, e de instituições semelhantes, que os mexicanos chamam los perfumados, se tornaram os executores dessa nova ordem, também contra seus próprios povos.
Contra os ladrões de Wall Street, a nova legislação obtida por Obama (Dodd-Frank Act) prevê premiar os que denunciarem falcatruas no sistema financeiro, com uma porcentagem (de 10 a 30%) das penalidades financeiras que incidirem sobre os culpados. Um dos denunciantes do esquema Madoff recebeu 1 milhão de dólares de recompensa, antes mesmo da aprovação do novo dispositivo legal. O novo Renascimento não está sendo posto à prova somente no caso dos ladrões que, ao contrário dos que se arriscam a assaltar de fora para dentro, atuam de dentro dos próprios bancos. O sistema está em processo de erosão na fragilidade de seus grandes exércitos, diante da resistência dos povos. Não lhes tendo bastado a lição do Vietnã, há mais de 30 anos, os senhores da guerra mordem a poeira no Afeganistão, depois de mordê-la no Iraque. Mas sempre lhes restam as ogivas nucleares, contra o Irã – e outros alvos.
10/08/2010 - 23:31 | Enviado por: Mauro Santayana
Por Mauro Santayana
Recordemos a queda do muro de Berlim, o desmantelamento do sistema socialista, que pretendia ser o retorno ao liberalismo do século 19. Mais do que a globalização da economia, que continua, tivemos o tripúdio sobre os pobres. Houve quem anunciasse, com obscena soberba, que os incapazes deveriam tornar-se dóceis servos dos competentes. Era essa a lei da vida, a lei da natureza, a essência do sistema de liberdades cimentado pelo capitalismo sem limites.
Em nosso país, um intelectual, que se dizia de esquerda, assumiu a Presidência da República e, sob o efeito de relampejante conversão na maturidade, abraçou o novo e único fundamentalismo, como esplêndida e gloriosa era. “É um novo Renascimento”, proclamou, com a segurança e a autoridade dos profetas ungidos pela graça da Revelação.
Não tínhamos, país abaixo do Equador, povoado de mestiços, que inventar rodas e modas; bastava-nos seguir a corrente, integrarmo-nos na economia novamente liberal, depois do despertar do sonho do socialismo e do fim da “ociosidade” do povo, debitada ao Estado de Bem-Estar Social.
O capital financeiro assenhoreou-se do mundo. Ao aceno de nosso renascentista, ruíram as barreiras alfandegárias, revogaram-se os dispositivos constitucionais que protegiam o sistema financeiro nacional, entregaram-se bancos brasileiros a preços simbólicos a grandes consórcios financeiros internacionais (como foi o caso do Bamerindus, cedido ao HSBC), e o Estado recuou, no mundo inteiro, menos na velha China. Sobretudo nos países ao sul do Equador político, o Estado se viu acuado, envergonhado, enquanto as ONGs assumiam o seu papel. No Brasil, privatizaram-se a toque de caixa, para impedir a reação da cidadania, empresas estatais estratégicas, que geravam recursos e tecnologia de ponta.
Não foram necessárias duas décadas para descobrir que o neoliberalismo era um expediente dos donos do mundo, que, com métodos pavlovianos de gestão (em que se combinam o suborno e a repressão), criaram quadrilhas de executivos financeiros, que roubaram do Estado e de pequenos e médios investidores – sempre com a ajuda de arrogantes acadêmicos, entre eles alguns brasileiros. Os grandes executivos, de salários milionários, não passavam de audaciosos ladrões, que manipularam as finanças internacionais da mesma forma que os old boys de Chicago controlavam o mercado das bebidas, da droga, do lenocínio. Os new boys da Escola Neoliberal de Chicago, e de instituições semelhantes, que os mexicanos chamam los perfumados, se tornaram os executores dessa nova ordem, também contra seus próprios povos.
Contra os ladrões de Wall Street, a nova legislação obtida por Obama (Dodd-Frank Act) prevê premiar os que denunciarem falcatruas no sistema financeiro, com uma porcentagem (de 10 a 30%) das penalidades financeiras que incidirem sobre os culpados. Um dos denunciantes do esquema Madoff recebeu 1 milhão de dólares de recompensa, antes mesmo da aprovação do novo dispositivo legal. O novo Renascimento não está sendo posto à prova somente no caso dos ladrões que, ao contrário dos que se arriscam a assaltar de fora para dentro, atuam de dentro dos próprios bancos. O sistema está em processo de erosão na fragilidade de seus grandes exércitos, diante da resistência dos povos. Não lhes tendo bastado a lição do Vietnã, há mais de 30 anos, os senhores da guerra mordem a poeira no Afeganistão, depois de mordê-la no Iraque. Mas sempre lhes restam as ogivas nucleares, contra o Irã – e outros alvos.
Coisas da Política - JBlog - Jornal do Brasil - Réquiem para os “renascentistas”
Réquiem para os “renascentistas”
10/08/2010 - 23:31 | Enviado por: Mauro Santayana
Por Mauro Santayana
Recordemos a queda do muro de Berlim, o desmantelamento do sistema socialista, que pretendia ser o retorno ao liberalismo do século 19. Mais do que a globalização da economia, que continua, tivemos o tripúdio sobre os pobres. Houve quem anunciasse, com obscena soberba, que os incapazes deveriam tornar-se dóceis servos dos competentes. Era essa a lei da vida, a lei da natureza, a essência do sistema de liberdades cimentado pelo capitalismo sem limites.
Em nosso país, um intelectual, que se dizia de esquerda, assumiu a Presidência da República e, sob o efeito de relampejante conversão na maturidade, abraçou o novo e único fundamentalismo, como esplêndida e gloriosa era. “É um novo Renascimento”, proclamou, com a segurança e a autoridade dos profetas ungidos pela graça da Revelação.
Não tínhamos, país abaixo do Equador, povoado de mestiços, que inventar rodas e modas; bastava-nos seguir a corrente, integrarmo-nos na economia novamente liberal, depois do despertar do sonho do socialismo e do fim da “ociosidade” do povo, debitada ao Estado de Bem-Estar Social.
O capital financeiro assenhoreou-se do mundo. Ao aceno de nosso renascentista, ruíram as barreiras alfandegárias, revogaram-se os dispositivos constitucionais que protegiam o sistema financeiro nacional, entregaram-se bancos brasileiros a preços simbólicos a grandes consórcios financeiros internacionais (como foi o caso do Bamerindus, cedido ao HSBC), e o Estado recuou, no mundo inteiro, menos na velha China. Sobretudo nos países ao sul do Equador político, o Estado se viu acuado, envergonhado, enquanto as ONGs assumiam o seu papel. No Brasil, privatizaram-se a toque de caixa, para impedir a reação da cidadania, empresas estatais estratégicas, que geravam recursos e tecnologia de ponta.
Não foram necessárias duas décadas para descobrir que o neoliberalismo era um expediente dos donos do mundo, que, com métodos pavlovianos de gestão (em que se combinam o suborno e a repressão), criaram quadrilhas de executivos financeiros, que roubaram do Estado e de pequenos e médios investidores – sempre com a ajuda de arrogantes acadêmicos, entre eles alguns brasileiros. Os grandes executivos, de salários milionários, não passavam de audaciosos ladrões, que manipularam as finanças internacionais da mesma forma que os old boys de Chicago controlavam o mercado das bebidas, da droga, do lenocínio. Os new boys da Escola Neoliberal de Chicago, e de instituições semelhantes, que os mexicanos chamam los perfumados, se tornaram os executores dessa nova ordem, também contra seus próprios povos.
Contra os ladrões de Wall Street, a nova legislação obtida por Obama (Dodd-Frank Act) prevê premiar os que denunciarem falcatruas no sistema financeiro, com uma porcentagem (de 10 a 30%) das penalidades financeiras que incidirem sobre os culpados. Um dos denunciantes do esquema Madoff recebeu 1 milhão de dólares de recompensa, antes mesmo da aprovação do novo dispositivo legal. O novo Renascimento não está sendo posto à prova somente no caso dos ladrões que, ao contrário dos que se arriscam a assaltar de fora para dentro, atuam de dentro dos próprios bancos. O sistema está em processo de erosão na fragilidade de seus grandes exércitos, diante da resistência dos povos. Não lhes tendo bastado a lição do Vietnã, há mais de 30 anos, os senhores da guerra mordem a poeira no Afeganistão, depois de mordê-la no Iraque. Mas sempre lhes restam as ogivas nucleares, contra o Irã – e outros alvos.
10/08/2010 - 23:31 | Enviado por: Mauro Santayana
Por Mauro Santayana
Recordemos a queda do muro de Berlim, o desmantelamento do sistema socialista, que pretendia ser o retorno ao liberalismo do século 19. Mais do que a globalização da economia, que continua, tivemos o tripúdio sobre os pobres. Houve quem anunciasse, com obscena soberba, que os incapazes deveriam tornar-se dóceis servos dos competentes. Era essa a lei da vida, a lei da natureza, a essência do sistema de liberdades cimentado pelo capitalismo sem limites.
Em nosso país, um intelectual, que se dizia de esquerda, assumiu a Presidência da República e, sob o efeito de relampejante conversão na maturidade, abraçou o novo e único fundamentalismo, como esplêndida e gloriosa era. “É um novo Renascimento”, proclamou, com a segurança e a autoridade dos profetas ungidos pela graça da Revelação.
Não tínhamos, país abaixo do Equador, povoado de mestiços, que inventar rodas e modas; bastava-nos seguir a corrente, integrarmo-nos na economia novamente liberal, depois do despertar do sonho do socialismo e do fim da “ociosidade” do povo, debitada ao Estado de Bem-Estar Social.
O capital financeiro assenhoreou-se do mundo. Ao aceno de nosso renascentista, ruíram as barreiras alfandegárias, revogaram-se os dispositivos constitucionais que protegiam o sistema financeiro nacional, entregaram-se bancos brasileiros a preços simbólicos a grandes consórcios financeiros internacionais (como foi o caso do Bamerindus, cedido ao HSBC), e o Estado recuou, no mundo inteiro, menos na velha China. Sobretudo nos países ao sul do Equador político, o Estado se viu acuado, envergonhado, enquanto as ONGs assumiam o seu papel. No Brasil, privatizaram-se a toque de caixa, para impedir a reação da cidadania, empresas estatais estratégicas, que geravam recursos e tecnologia de ponta.
Não foram necessárias duas décadas para descobrir que o neoliberalismo era um expediente dos donos do mundo, que, com métodos pavlovianos de gestão (em que se combinam o suborno e a repressão), criaram quadrilhas de executivos financeiros, que roubaram do Estado e de pequenos e médios investidores – sempre com a ajuda de arrogantes acadêmicos, entre eles alguns brasileiros. Os grandes executivos, de salários milionários, não passavam de audaciosos ladrões, que manipularam as finanças internacionais da mesma forma que os old boys de Chicago controlavam o mercado das bebidas, da droga, do lenocínio. Os new boys da Escola Neoliberal de Chicago, e de instituições semelhantes, que os mexicanos chamam los perfumados, se tornaram os executores dessa nova ordem, também contra seus próprios povos.
Contra os ladrões de Wall Street, a nova legislação obtida por Obama (Dodd-Frank Act) prevê premiar os que denunciarem falcatruas no sistema financeiro, com uma porcentagem (de 10 a 30%) das penalidades financeiras que incidirem sobre os culpados. Um dos denunciantes do esquema Madoff recebeu 1 milhão de dólares de recompensa, antes mesmo da aprovação do novo dispositivo legal. O novo Renascimento não está sendo posto à prova somente no caso dos ladrões que, ao contrário dos que se arriscam a assaltar de fora para dentro, atuam de dentro dos próprios bancos. O sistema está em processo de erosão na fragilidade de seus grandes exércitos, diante da resistência dos povos. Não lhes tendo bastado a lição do Vietnã, há mais de 30 anos, os senhores da guerra mordem a poeira no Afeganistão, depois de mordê-la no Iraque. Mas sempre lhes restam as ogivas nucleares, contra o Irã – e outros alvos.
EUA julgam em Guantánamo jovem preso desde os 15
Blog Tijolaço
terça-feira, 10 agosto, 2010 às 23:18
Omar está preso há oito anos e disse ter confessado sob tortura
O tribunal militar de exceção de Guantánamo, que opera paralelamente ao sistema judiciário dos Estados Unidos, iniciou hoje o primeiro julgamento sob o governo de Barack Obama, que chegou a assinar uma ordem para o fechamento dessa prisão em território cubano, onde a tortura foi praticada como método de interrogatório.
Além de todo o absurdo legal em que se constituem esses julgamentos, o réu de hoje foi preso em 2002, quando tinha apenas 15 anos, o que contraria o entendimento da ONU de que crianças em situação de guerra devem ser tratadas como vítimas. O canadense Omar Khadr, preso em 2002, passou da adolescência à idade adulta em uma cadeia de Guantánamo, acusado de ter jogado uma granada que matou um soldado americano no Afeganistão durante conflito com o exército norte-americano, do qual saiu gravemente ferido.
O jovem alega que sua confissão foi obtida sob tortura e se recusa a negociar com os militares americanos. Sua defesa afirma que este é o primeiro julgamento de um soldado criança na história e pede à Suprema Corte dos EUA que que se pronuncie sobre a legalidade dos tribunais militares de exceção de Guantánamo ou tome sua própria decisão.
No caso de Omar Khadr, os EUA não respeitaram os padrões internacionais de justiça juvenil, que desencorajam a prisão de jovens, e ainda o deixou preso por dois anos antes de lhe garantir o direito a um advogado. Durante os oito anos que passou preso, Omar passou tempos na solitária e também junto a presos adultos, o que contraria qualquer padrão legal.
Em janeiro de 2009, grupos de direitos humanos enviaram carta ao presidente Obama pedindo que retirasse as acusações das comissões militares contra Omar e o repatriasse ao Canadá ou o processasse na Justiça federal dos EUA, mas em novembro passado o secredtário de Defesa, Robert Gates, anunciou que Omar seria julgado por um tribunal militar.
O julgamento de Omar em Guantánamo é uma vergonha para os EUA e para o governo de Obama, que deixou de ter o fechamento da prisão como prioridade diante da resistência da oposição republicana e de setores das Forças Armadas.
terça-feira, 10 agosto, 2010 às 23:18
Omar está preso há oito anos e disse ter confessado sob tortura
O tribunal militar de exceção de Guantánamo, que opera paralelamente ao sistema judiciário dos Estados Unidos, iniciou hoje o primeiro julgamento sob o governo de Barack Obama, que chegou a assinar uma ordem para o fechamento dessa prisão em território cubano, onde a tortura foi praticada como método de interrogatório.
Além de todo o absurdo legal em que se constituem esses julgamentos, o réu de hoje foi preso em 2002, quando tinha apenas 15 anos, o que contraria o entendimento da ONU de que crianças em situação de guerra devem ser tratadas como vítimas. O canadense Omar Khadr, preso em 2002, passou da adolescência à idade adulta em uma cadeia de Guantánamo, acusado de ter jogado uma granada que matou um soldado americano no Afeganistão durante conflito com o exército norte-americano, do qual saiu gravemente ferido.
O jovem alega que sua confissão foi obtida sob tortura e se recusa a negociar com os militares americanos. Sua defesa afirma que este é o primeiro julgamento de um soldado criança na história e pede à Suprema Corte dos EUA que que se pronuncie sobre a legalidade dos tribunais militares de exceção de Guantánamo ou tome sua própria decisão.
No caso de Omar Khadr, os EUA não respeitaram os padrões internacionais de justiça juvenil, que desencorajam a prisão de jovens, e ainda o deixou preso por dois anos antes de lhe garantir o direito a um advogado. Durante os oito anos que passou preso, Omar passou tempos na solitária e também junto a presos adultos, o que contraria qualquer padrão legal.
Em janeiro de 2009, grupos de direitos humanos enviaram carta ao presidente Obama pedindo que retirasse as acusações das comissões militares contra Omar e o repatriasse ao Canadá ou o processasse na Justiça federal dos EUA, mas em novembro passado o secredtário de Defesa, Robert Gates, anunciou que Omar seria julgado por um tribunal militar.
O julgamento de Omar em Guantánamo é uma vergonha para os EUA e para o governo de Obama, que deixou de ter o fechamento da prisão como prioridade diante da resistência da oposição republicana e de setores das Forças Armadas.
Primeiro turno?
Lula fez o que estava ao seu alcance para que cada vez mais pessoas identificassem Dilma como sua candidata. Mas foi a imprensa quem mais contribuiu para que seu objetivo — universalizar a informação de que ele a apoiava — fosse sendo progressivamente atingido
A cada momento, as eleições suscitam perguntas diferentes. Já foram várias: Dilma decolará? Serra será candidato? Marina vai empolgar? Quanto de sua popularidade Lula conseguirá transferir? A mais nova e interessante diz respeito a um cenário que muitos consideravam impensável há pouco tempo: será que Dilma vai ganhar no primeiro turno? Algumas pessoas acham que apenas formular essa pergunta é tomar partido de Dilma, querer que ela vença ou torcer por ela. São os que supõem que a hipótese é tão absurda que só faria sentido na cabeça de um “dilmista”. Na verdade, não.
São cada vez mais numerosos os analistas que trabalham com essa possibilidade. Até quem sempre raciocinou unicamente com a situação inversa, de Serra vencer no primeiro turno, hoje admite que ela existe e que está se tornando a cada dia mais provável.
Já faz tempo, no entanto, que as pesquisas permitiam antevê-la. A rigor, desde o fim do ano passado, quando Serra ainda estava com folgada dianteira. Bastava levar em conta o que diziam as pessoas que conseguiam estabelecer a ligação entre Dilma e Lula.
Entre os que sabiam que ela era a candidata do presidente, a liderança do ex-governador de São Paulo desaparecia e os dois ficavam com a mesma intenção de voto. Mas, ao considerar o perfil socioeconômico dos que não sabiam, via-se que ela tinha grande potencial de crescimento, bastando, para isso, que a informação aumentasse e alcançasse os segmentos mais propensos a votar em seu nome.
De dezembro em diante, as pesquisas foram mostrando que, a cada ponto que subia o conhecimento de que ela era a candidata de Lula, aumentavam suas intenções de voto. Ou seja, embora Serra continuasse liderando, sua vantagem era frágil, pois se sustentava em algo que a campanha eleitoral se encarregaria de alterar. Era a desinformação que lhe dava vantagem, e essa tenderia a desaparecer à medida que a eleição se avizinhasse.
Lula fez o que estava ao seu alcance para que cada vez mais pessoas identificassem Dilma como sua candidata. Levou-a a todos os palanques, convidou-a para inaugurações e solenidades, viajou com ela Brasil afora. Mas foi a imprensa quem mais contribuiu para que seu objetivo — universalizar a informação de que ele a apoiava — fosse sendo progressivamente atingido.
Em 2010, fora seus discursos para as plateias reunidas nesses eventos, Lula só se dirigiu diretamente ao conjunto dos eleitores para falar em Dilma uma vez: quando estrelou os comerciais e o programa partidário do PT em maio. Apenas nessa oportunidade usou uma mídia de massa para falar olhando nos olhos do eleitor e pedir seu voto.
Hoje, cerca de 80% dos eleitores são capazes de associar Dilma a Lula, mas menos de 25% dizem conhecê-la bem. Faltam 20% que sequer a conhecem e há uma larga fatia que somente sabe seu nome.
Engana-se quem olha seus atuais 40% de intenções de voto como teto. Ela chegou a esse patamar por meio de um processo de difusão da informação que alcançou o eleitor popular fundamentalmente através do chamado “boca a boca”. Nele, a bem dizer, a televisão foi apenas coadjuvante.
Quando, a partir da semana que vem, a propaganda eleitoral começar e Lula passar a aparecer diariamente no programa e nos comerciais na TV e no rádio, Dilma deverá entrar em uma nova etapa de crescimento. Até onde irá, é difícil dizer.
Como as perspectivas de crescimento de Serra são reduzidas, a esperança de quem quer dois turnos se deslocou para Marina e para os pequenos candidatos. Mas a mídia que terão é tão exígua (Marina, por exemplo, disporá de um único comercial em horário nobre por semana) que é pouco provável que sejam sequer percebidos pela maioria do eleitorado.
É por essas (e outras) que quem entende de eleição cada vez mais considera possível a vitória, em primeiro turno, da candidata de Lula. Marcos Coimbra - Correio Braziliense
A cada momento, as eleições suscitam perguntas diferentes. Já foram várias: Dilma decolará? Serra será candidato? Marina vai empolgar? Quanto de sua popularidade Lula conseguirá transferir? A mais nova e interessante diz respeito a um cenário que muitos consideravam impensável há pouco tempo: será que Dilma vai ganhar no primeiro turno? Algumas pessoas acham que apenas formular essa pergunta é tomar partido de Dilma, querer que ela vença ou torcer por ela. São os que supõem que a hipótese é tão absurda que só faria sentido na cabeça de um “dilmista”. Na verdade, não.
São cada vez mais numerosos os analistas que trabalham com essa possibilidade. Até quem sempre raciocinou unicamente com a situação inversa, de Serra vencer no primeiro turno, hoje admite que ela existe e que está se tornando a cada dia mais provável.
Já faz tempo, no entanto, que as pesquisas permitiam antevê-la. A rigor, desde o fim do ano passado, quando Serra ainda estava com folgada dianteira. Bastava levar em conta o que diziam as pessoas que conseguiam estabelecer a ligação entre Dilma e Lula.
Entre os que sabiam que ela era a candidata do presidente, a liderança do ex-governador de São Paulo desaparecia e os dois ficavam com a mesma intenção de voto. Mas, ao considerar o perfil socioeconômico dos que não sabiam, via-se que ela tinha grande potencial de crescimento, bastando, para isso, que a informação aumentasse e alcançasse os segmentos mais propensos a votar em seu nome.
De dezembro em diante, as pesquisas foram mostrando que, a cada ponto que subia o conhecimento de que ela era a candidata de Lula, aumentavam suas intenções de voto. Ou seja, embora Serra continuasse liderando, sua vantagem era frágil, pois se sustentava em algo que a campanha eleitoral se encarregaria de alterar. Era a desinformação que lhe dava vantagem, e essa tenderia a desaparecer à medida que a eleição se avizinhasse.
Lula fez o que estava ao seu alcance para que cada vez mais pessoas identificassem Dilma como sua candidata. Levou-a a todos os palanques, convidou-a para inaugurações e solenidades, viajou com ela Brasil afora. Mas foi a imprensa quem mais contribuiu para que seu objetivo — universalizar a informação de que ele a apoiava — fosse sendo progressivamente atingido.
Em 2010, fora seus discursos para as plateias reunidas nesses eventos, Lula só se dirigiu diretamente ao conjunto dos eleitores para falar em Dilma uma vez: quando estrelou os comerciais e o programa partidário do PT em maio. Apenas nessa oportunidade usou uma mídia de massa para falar olhando nos olhos do eleitor e pedir seu voto.
Hoje, cerca de 80% dos eleitores são capazes de associar Dilma a Lula, mas menos de 25% dizem conhecê-la bem. Faltam 20% que sequer a conhecem e há uma larga fatia que somente sabe seu nome.
Engana-se quem olha seus atuais 40% de intenções de voto como teto. Ela chegou a esse patamar por meio de um processo de difusão da informação que alcançou o eleitor popular fundamentalmente através do chamado “boca a boca”. Nele, a bem dizer, a televisão foi apenas coadjuvante.
Quando, a partir da semana que vem, a propaganda eleitoral começar e Lula passar a aparecer diariamente no programa e nos comerciais na TV e no rádio, Dilma deverá entrar em uma nova etapa de crescimento. Até onde irá, é difícil dizer.
Como as perspectivas de crescimento de Serra são reduzidas, a esperança de quem quer dois turnos se deslocou para Marina e para os pequenos candidatos. Mas a mídia que terão é tão exígua (Marina, por exemplo, disporá de um único comercial em horário nobre por semana) que é pouco provável que sejam sequer percebidos pela maioria do eleitorado.
É por essas (e outras) que quem entende de eleição cada vez mais considera possível a vitória, em primeiro turno, da candidata de Lula. Marcos Coimbra - Correio Braziliense
Lula homenageia Dilma em BH pela entrevista no JN
Lula dá rosa a Dilma por não aceitar provocações da Globo
Merdoval mente como sempre
alista global As inverdades de Merval Pereira
Blog Leituras Favre
ntem o principal articulista do jornal O Globo e comentarista da Globone Merval ereira, acusou a candidata Dilma Rousseff de ter afirmado “uma série de rdadedurante sua entrevista feita na vespera para o JN da rede Globo. Merval foi axao:O problema é que disse uma série de inverdades, que passaram como fatos para os elespectadores.
Por exemplo, quando afirmou que os investimentos em saneamento na favela da Rocinha, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) representam uma mudança de comportamento do governo federal.
Simplesmente, na Rocinha, não há nenhum investimento do PAC relativo a saneamento.” (O Globo – 10/8/2010 – “Saltando barreiras”, coluna de Merval Pereira).
Pois bem, Merval deve desculpas e o jornal O Globo, no mínimo, uma explicação mais honesta.
Hoje o mesmo jornal O Globo, e também o jornal O Estado S. Paulo, informam que são R$80 milhões e não R$ 300 milhões citados por Dilma, o investimento em saneamento na Rocinha. A cifra de Dilma incluía toda a obra na favela. Hoje O Globo diz que Dilma infla os números, mas não diz que seu articulista oculta a realidade.
“Na entrevista ao “JN”, Dilma foi confrontada com indicadores modestos com relação a saneamento no país. Em sua resposta, a candidata do PT disse que os investimentos apenas na Rocinha se equiparavam a tudo o que tinha sido aplicado por governos passados.
— O Brasil investia menos de R$ 300 milhões no país inteiro.
Hoje, aqui no Rio, numa favela, a Rocinha, nós investimos mais de R$ 270 milhões — afirmou Dilma, citando dados errados.
O valor citado pela ex-ministra corresponde, na verdade, ao pacote total das obras do PAC na Rocinha, que prevê ainda projetos de urbanização, construção de uma passarela, centro esportivo — onde Dilma foi anteontem gravar imagens para o seu programa eleitoral — e uma unidade de atendimento médico.
Segundo a Emop, 81% das obras já foram entregues.” (O Globo 11/8/2010 – Dilma infla dados sobre saneamento).
Como se vê Dilma confundiu aparentemente o total investido na Rocinha, com a parte exclusivamente alocada a saneamento.
Ao contrário, Merval diz uma inverdade flagrante e com a maior desenvoltura de quem pretende questionar a retitude de Dilma. A má fé do jornalista fica mais evidente quando lemos, na mesma matéria do Globo acima citada, que “Apesar de ter inflado os números do investimento do governo federal em saneamento na Rocinha, Dilma Rousseff esqueceu de projetos do PAC que estão sendo realizados nos Complexo do Alemão e de Manguinhos, e que preveem melhorias no esgotamento e abastecimento de água. Em Manguinhos, as obras somam R$ 661 milhões, dos quais R$ 297,8 milhões são recursos do Orçamento da União e R$ 363,96 de contrapartida do estado e da prefeitura do Rio.”
O que Merval procura é ocultar a evidência do que Dilma apontou. O governo FHC investiu R$ 300 milhões no pais inteiro e ninguém questionou esses dados.
No que concerne o governo Lula-Dilma, Estadão, que seguramente não é um apologista do governo petista, informa por sua vez que “Entre 2005 e 2009, os investimentos do governo federal com obras do setor cresceram quase 20 vezes, passando de R$ 81,9 milhões para R$ 1,6 bilhão, de acordo com números do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) obtidos pela ONG Contas Abertas a pedido do Estado.”
Quando os dados incorporarem todos os gastos em saneamento realizados em 2010, a comparação com FHC ficará em evidência e a realidade também.
Realidade negada por escribas como Merval Pereira, mas valorizadas com carinho pela população das favelas de Rio ou das palafitas de Recife, para não falar em Estados governados por tucanos, como Alagoas.
Merval deveria reconhecer que errou acusando Dilma. Os leitores do jornal deveriam exigir que o articulista defenda suas opiniões sem recorrer a inverdades.
Luis Favre
O retrato de José Serra e a maldição de Dorian Gray
A maldição de Dorian Gray parece ter se abatido sobre José Serra. A imagem meiga e angelical pintada na capa da revista Veja vai se transformando, ao longo da campanha no retrato de alguém truculento, autoritário e especialista em provocar “antagonismos corrosivos”.
Marco Aurélio Weissheimer
Em uma matéria sobre a candidatura de José Serra, publicada no dia 21 de abril de 2010, a revista Veja apresentou o candidato tucano como o homem capaz de “liderar o Brasil na era pós-Lula”. “Eu me preparei a vida inteira para ser presidente”, diz Serra na matéria que apresenta entre as supostas virtudes do candidato a capacidade de “formar boas equipes e desestimular antagonismos corrosivos entre os membros do governo”.
Infelizmente, para a Veja e para Serra, de lá para cá, o que menos se vê na campanha tucana é a “formação de boas equipes” e o “desestímulo a antagonismos corrosivos”. Muito pelo contrário. Antagonismos corrosivos parecem ser um dos eixos programáticos da candidatura Serra. O processo de escolha do vice é rico em ilustrações a respeito. Em meio ao fogo cruzado que se estabeleceu entre PSDB e DEM, no debate sobre a escolha do vice, aliados de Serra deram depoimentos a respeito do candidato que não definem exatamente alguém capaz de “desestimular antagonismos corrosivos”.
“O poder do Serra de desorganizar as coisas é fora do comum. O Álvaro Dias não acrescenta nada e desagrega muito”, escreveu o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) no twitter, logo após ter ficado sabendo, pela imprensa, da indicação de Dias para ser vice de Serra. “O DEM não poderia saber da indicação do vice pela imprensa. Que tipo de parceria é esta?”, acrescentou o deputado Felipe Maia (DEM-RN). Fiel ao seu estilo,o ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, respondeu, também pelo twitter: “O DEM é uma merda”. Em meio a esse tiroteio, a campanha de Serra sofreu outro revés. No dia 30 de junho, o Partido Social Cristão (PSC) rompeu a aliança que havia feito com o PSDB e anunciou o apoio formal à candidatura de Dilma Rousseff á presidência da República.
As brigas, antagonismos e desencontros se sucedem na campanha tucana. Aliados históricos de Serra imprimiram seus materiais de campanha sem mencionar seu nome nos mesmos. De Norte e Sul do país, diferentes marqueteiros dão o mesmo conselho: associar o nome a Serra pode custar muitos votos. Mesmo aliados tradicionais de Serra, como Arthur Virgílio (PSDB-AM) e José Agripino Maia (DEM-RN) estão distribuindo material de campanha sem mencionar o nome de seu candidato a presidente. Neste cenário, a matéria da Veja assume tons cômicos:
“Para aumentar sua massa de eleitores no Norte e no Nordeste, Serra conta com bons palanques estaduais. Ele terá, ao contrário do que ocorreu com Geraldo Alckmin em 2006, diversos candidatos competitivos disputando o cargo de governador a lhe dar sustentação nessa empreitada” – profetizou Veja com toda sua sabedoria.
As brigas na campanha de Serra fazem lembrar as propagandas das famosas facas guinsu, aquelas que cortavam até canos de aço sem perder o fio. Quando você acha que acabou lá vem o aviso: mas isso não é tudo. A última de Serra é a briga que ele comprou com o presidente do DEM, Rodrigo Maia. Matéria do jornal O Estado de São Paulo (10/08/2010) informa:
"Não existem mais pontes entre o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), e o candidato tucano. As poucas que um dia chegaram a existir foram todas "dinamitadas". A gota d'água numa relação que sempre foi tumultuada aconteceu na semana passada. Serra cobrou Maia sobre uma declaração que ele havia dado a respeito da candidatura de Fernando Gabeira (PV) no Rio de Janeiro. Diante da falta de empenho, Gabeira disse que, se eleito, se sentia no direito de "dar uma banana" aos aliados. Maia, em seguida, afirmou que a "banana" devia ser para Serra. O tucano ligou para o presidente do DEM e pediu que se retratasse. Maia não fez retificação e os dois romperam".
A maldição de Dorian Gray parece ter se abatido sobre José Serra. A imagem meiga e angelical pintada na capa da revista Veja vai se transformando, ao longo da campanha no retrato de alguém truculento, autoritário e especialista em provocar “antagonismos corrosivos”. Serra vem exercitando essa capacidade com amigos e inimigos, sem distinção. Além de dinamitar pontes com aliados, já xingou e brigou com jornalistas, acusou o governo de um país amigo do Brasil de estimular o tráfico de drogas e qualificou de farsa o processo de integração sulamericano.
Curiosamente, o retrato de José Serra que vai aparecendo durante a campanha se assemelha cada vez mais aquele que seus aliados tentam colar em Dilma Rousseff. Vide a “entrevista” truculenta conduzida por William Bonner, no Jornal Nacional (as aspas são uma homenagem à inusitada prática de perguntar e não deixar a entrevistada responder, mais uma contribuição da Globo à inovação do jornalismo brasileiro). O comportamento recente de Serra com jornalistas recomenda uma boa dose de cautela para o casal Bonner-Bernardes quando for a vez de entrevistá-lo. Perguntas sobre práticas truculentas e autoritárias podem ser respondidas com uma demonstração didática das mesmas. O retrato pintado pela revista Veja começa a apresentar contornos e tonalidades que variam entre o incômodo e o sinistro.
Marco Aurélio Weissheimer é editor-chefe da Carta Maior (correio eletrônico: gamarra@hotmail.com)
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