Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 24 de março de 2016

Veja como seria a nossa reportagem para substituir a sopa de letras do Jornal Nacional: Odebrecht lista 17 “parceiros históricos” da empreiteira na política, 11 são do PMDB

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Entre o Jornal Nacional e a madrugada na GloboNews, o PSDB sumiu!
Da Redação
Foi mais uma noite histórica do Jornal Nacional. Por “falta de tempo” ele simplesmente desistiu de fazer jornalismo.
A “incerteza” calou a Globo.
Logo ela, que reproduziu ipsis literis as transcrições de conversas do ex-presidente Lula como se fossem verdades definitivas.
A Globo que nos trouxe o depoimento de um porteiro sobre o triplex do Guarujá e condenou Lula por palestras, pedalinhos e pelo barquinho de lata. O Jornal Nacional que foi a Las Vegas observar o laranjal da Mossack&Fonseca mas não descobriu uma certa Vaincre LLC, dona de uma certa mansão.
Na noite desta quarta-feira o Jornal Nacional simplesmente trocou o jornalismo por uma sopa de letras. Imaginem só, a Globo com suas centenas de produtores, repórteres e editores simplesmente fugiu da pauta.
Ao colocar no ar um emaranhado de siglas, a Globo deu mais um show de manipulação: igualou o PSOL ao PMDB, e passou longe da fina flor do impeachment na contabilidade da empreiteira. Igualou o PCB, que já desmentiu a emissora, ao PT e ao PSDB.
Enquanto isso, um simples blogueiro sujo imprimiu os documentos, pôs-se a analisá-los e, em algumas horas, produziu uma versão que acredita estar razoavelmente próxima da verdade factual: a Odebrecht é dona do PMDB.
Talvez isso explique o motivo de o JN refugar: enterrar o PMDB, agora, atrapalha a agenda do impeachment. Mas, vamos à reportagem para a qual certamente não faltaria tempo:
Apresentador do JN: Trezentos e dezesseis políticos de vinte e quatro partidos aparecem na contabilidade de doações de empresas ligadas à empreiteira Odebrecht nas eleições de 2010, 2012 e 2014.
Apresentadora do JN: Nomes e valores constam de papéis apreendidos no apartamento do executivo Benedicto Barbosa Silva Junior, presidente da Odebrecht Infraestrutura.
Repórter: Os nomes e valores que aparecem nas planilhas demonstram que a empreiteira irrigou todo o sistema político brasileiro nas três últimas eleições. Não é de hoje.
As listas mencionam políticos que a Odebrecht considera “parceiros históricos”.
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Nesta categoria aparecem o ex-presidente da República José Sarney, o atual presidente do Senado Renan Calheiros, o atual presidente da Câmara Eduardo Cunha e os senadores Romero Jucá e Henrique Alves, todos do PMDB. A empresa também considera “parceiros históricos” o atual governador e um ex-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão e Sergio Cabral e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Jorge Picciani.
No Rio de Janeiro a Odebrecht toca importantes obras de infraestrutura, como o Porto Maravilha e uma linha do Metrô.
Outros parceiros “históricos”mencionados nas planilhas são o senador Cássio Cunha Lima e o ex-governador Teotonio Vilela Filho, ambos do PSDB; José Agripino, presidente do Democratas, os senadores Garibaldi Alves Filho (PMDB), Eunício Oliveira (PMDB), Francisco Dornelles (PP) e Lindbergh Farias (PT) e os deputados estaduais cariocas Paulo Melo (PMDB) e André Correa (PSD).
Dos 17 “parceiros históricos”, 11 são do PMDB.
As empreiteiras lideram o ranking de doações na política brasileira.
Entrevistado: Pedro Campos, autor de A ditadura dos empreiteiros
[Na construção de Brasília] reuniram-se empreiteiras de vários Estados e começaram a manter contato, se organizar politicamente. Depois, passaram pelo planejamento da tomada de poder dos militares e pautaram as políticas públicas do país. Cresceram exponencialmente no regime militar. Todos os indícios são de que a corrupção não aumentou. O que a gente tem hoje é uma série de mecanismos de fiscalização que expõe mais, bem maior do que havia antes. Na ditadura não tinha muitos mecanismos fiscalizadores, e que o havia era limitado.
Repórter: O que pode ser a contabilidade paralela da Odebrecht foi apreeendida numa fase da Operação Lava Jato.
Alguns políticos receberam codinomes.
O atual chefe do Gabinete Pessoal da presidente da República, Jacques Wagner, do PT, aparece como Passivo. O governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, é o Caseiro. O senador Randolfe Rodrigues, que era do PSOL, é Múmia. Raul Jungmann, do PPS, Bruto. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, do PMDB, Nervosinho. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Caranguejo.
Entrevistado: Eduardo Cunha, presidente da Câmara
Não sei o que quiseram dizer com isso, quem apelidou é quem tem que dizer. Eu só recebo doação de caixa 1, não recebi diretamente da Odebrecht na minha conta, mas efetivamente a Odebrecht doou para o PMDB, alocada em outras campanhas do PMDB, e provavelmente parte a meu pedido.
Nas eleições de 2010, Eduardo Cunha aparece como beneficiário de três doações de empresas ligadas à Odebrecht, totalizando R$ 5 milhões. Uma das doações é destinada ao PMDB, mas as duas outras foram, segundo os papéis, para o Diretório Nacional do Partido Social Cristão, o PSC, e para o Partido da República, PR.
É um indício de que a empreiteira fazia doações a pedido.
Em 2010, o prefeito do Rio Eduardo Paes não participou de eleições. Mesmo assim, aparece nas planilhas como beneficiário de nove doações com o codinome Nervosinho. De acordo com as anotações, Paes destinou um milhão e oitocentos mil reais ao PMDB, ao PTB, ao PDT e a candidatos ao Congresso, como o vereador carioca Luiz Carlos Ramos, o Homem do Chapéu, que tentou se eleger deputado federal.
Candidato a governador de São Paulo em 2010, o atual ministro Aluizio Mercadante aparece como beneficiário de doações feitas ao PTB e ao PRP de São Paulo, partidos que se aliaram ao PT naquela disputa. Também foi contemplado o candidato a senador Ciro Moura, do Partido Trabalhista Cristão, o PTC.  Segundo as planilhas, foram ao todo 200 mil reais. As alianças políticas são importantes para definir o tempo de televisão das coalizões.
Há pelo menos uma tabela comparando a doação feita pela empresa com o desempenho do candidato: no primeiro turno da eleição municipal de 2012, o tucano José Serra aparece na lista com doação de R$ 3,2 milhões, mas teve apenas 30,8% dos votos, contra 29% do petista Fernando Haddad na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Naquela eleição, segundo os documentos, a Odebrecht doou para candidatos do PT em 17 estados. Os que mais receberam foram Patrus Ananias (Belo Horizonte), Nelson Pelegrino (Salvador) e Gleisi Hoffmann (Curitiba) — R$ 1,5 milhão cada. O nome dela aparece associado ao do então ministro Paulo Bernardo. Fernando Haddad, candidato em São Paulo, segundo os papéis recebeu R$ 1 milhão.
A Odebrecht investiu em regiões onde tinha interesses econômicos diretos.
Sempre de acordo com os documentos, no entorno do Comperj, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, a empresa destinou 200 mil reais a candidatos indicados pelo deputado estadual André Correa; doou $ 1 milhão ao candidato a prefeito de Macaé, Dr. Aluizio, do PV, outro milhão à candidata do PR à Prefeitura de Campos, Rosinha Garotinho. Investiu em candidatos a prefeito e vereador nas cidades de Mirante do Paranapanema e Teodoro Sampaio, em São Paulo; Euclides da Cunha, na Bahia; Mineiros, Perolandia e Cachoeira Alta, em Goiás.
A empreiteira não faz discriminação ideológica. De acordo com os papéis, em 2012 doou 300 mil à candidata do PCdoB à Prefeitura de Porto Alegre, Manuela DÁvila, que recebeu o codinome de Avião, e 500 mil cada aos candidatos do PRB e do PDT à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomano e Paulinho da Força.
O atual prefeito do Rio, cogitado para ser candidato do PMDB ao Planalto em 2018, é quem mais aparece na documentação. De acordo com as planilhas, ele também recebeu a maior doação individual, de R$ 3 milhões.
Iintegrantes da tropa de choque do impeachment no Congresso aparecem na contabilidade da Odebrecht: Roberto Freire, do PPS; Jutahy Magalhães Junior e Raul Jungmann, do PSDB; Rodrigo Maia, Mendonça Filho e José Carlos Aleluia, todos do Democratas.
Os prefeitos de Belo Horizonte e Salvador, Márcio Lacerda (PSB) e ACM Neto (DEM) também aparecem na lista.
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, é descrito como beneficário de um repasse de R$ 120 mil e Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, segundo a lista recebeu doação de R$ 400 mil. O nome da presidente Dilma não aparece nos papéis.
A Polícia Federal vai investigar se todos os valores que constam dos documentos foram repassados legalmente.
Apresentador do JN: Deixamos de apresentar esta reportagem porque a corrupção foi introduzida no Brasil pelo PT, os papéis provavelmente são falsos e não podemos neste momento nevrálgico comprometer os que se empenham na derrubada do governo Dilma e na prisão do Lula. Boa noite!
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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Dirigente do WWF: “Tirar o pré-sal da lista também seria uma boa ideia”

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por Luiz Carlos Azenha, a partir da dica do FrancoAtirador

Como a ONG se coloca no papel de, ainda que indiretamente, interferir na política eleitoral interna dos países em que atua (você verá logo mais), é mais que justo que a gente também lembre que o onguismo vem sendo crescentemente criticado no mundo.
Não estou falando de Hugo Chávez ou Vladimir Putin. O primeiro, na Venezuela, proibiu as ONGs de financiar as atividades locais que eram formas disfarçadas de ajudar a oposição. Putin fez o mesmo na Rússia e chegou a ameaçar que expulsaria todas as ONGs do território nacional.
Estas atitudes não cairam do céu.
Na Venezuela, a advogada Eva Golinger revelou a existência de um plano escrito para causar distúrbios durante o governo de Nicolás Maduro, sucessor de Chávez. O documento está aqui. Uma reportagem sobre ele publicada pelo Viomundoaqui.
O documento foi produzido em encontro, em junho de 2013, pela empresa de consultoria FTI Consulting, dos Estados Unidos e pelas organizações colombianas Fundación Centro de Pensamiento Primero Colombia e Fundación Internacionalismo Democratico. Ambas teriam ligações com o ex-presidente de extrema-direita, Álvaro Uribe. Da reunião em que se definiu a estratégia contra o chavismo participaram o chefe regional da famosa USAID (Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos), o psicólogo e estrategista Juan Jose Rendon e líderes da oposição venezuelana, inclusive Maria Corina Machado, que tem viajado o mundo denunciando Chávez/Maduro.
Aqui, permitam-me uma digressão. Eu era correspondente da TV Manchete em Nova York quando aconteceu o grande escândalo no governo conservador de Ronald Reagan, o Irã-Contras. Secretamente, os Estados Unidos venderam armas ao Irã, país com o qual não mantinham relações diplomáticas e que estava sob embargo internacional para compra de armas. Foi em 1986. O Irã estava em guerra contra o vizinho Iraque, numa disputa por campos de petróleo fronteiriços.
Os Estados Unidos forneciam informações relevantes a Saddam Hussein, do Iraque, sobre o movimento de tropas do Irã (o ditador iraquiano correu risco de ser derrotado militarmente). Os iranianos atacavam com ondas humanas e, com fotos de satélite fornecidas por Washington, Saddam sabia antecipadamente onde as ofensivas estavam sendo organizadas.
No mesmo período, os Estados Unidos venderam armas ao Irã. Com o dinheiro, financiaram outra guerra, a dos chamados “contras”, que tentavam derrubar o governo legítimo, constitucional, sandinista e de esquerda da Nicarágua.
Quando a casa de Reagan quase caiu e ele ficou sob o risco de ver fechada a torneira no Congresso, optou por uma espécie de privatização da política externa. A CIA era muito visada pelos crimes em série que havia cometido mundo a fora. Assim, foi criado o NED, o National Endownment for Democracy, uma super ONG financiada com dinheiro público que passou a “promover a democracia” no mundo, obviamente sob a tutela financeira e política de Washington. O NED, vamos dizer, é generoso: repassa dinheiro para entidades ligadas a republicanos e democratas, sindicatos e empresários. Ao NED se juntaram outras fundações e entidades que se dizem de fins não lucrativos, todas interessadas em “promover a democracia”. Há, inclusive, divergência entre elas.
Porém, basicamente o que fazem é treinar a chamada sociedade civil de outros países para ensinar democracia ao estilo dos Estados Unidos. Algumas são mais agressivas, outras não. Algumas prestam serviços de fato relevantes. O fato central é que elas fixam, nas pessoas “treinadas” por elas, a ideia de que não há alternativa ao modelo norte-americano. Ajudam a promover um pluralismo de fachada, já que exlcuem qualquer transformação mais profunda de estruturas intrinsicamente injustas. Confinam o debate.
O NED e associados, como a Fundação Soros, incentivam a “exportação de democracia” treinando militantes, focando em jovens, ensinando novas formas de comunicação. Não foram as responsáveis, mas estimularam revoltas no Leste Europeu, na África e no Oriente Médio. Coincidentemente, quanto mais fragilizados estiverem outros Estados, mais fácil fica o domínio dos países centrais sobre os recursos naturais do mundo.
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Vejamos agora o que a revista alemã Der Spiegelque não é comunista, escreveu sobre o WWF, aqui:
Título: Verniz verde: O WWF ajuda a indústria mais que o meio ambiente
Trechos relevantes:
Quer proteger as florestas tropicais? Para começar, tudo de que você precisa é de 5 euros. Salvar os gorilas? Três euros e você será incluído. Você pode fazer sua parte ajudando a natureza com apenas 50 centavos — desde que confie o dinheiro ao World Wide Fund for Nature (WWF), que ainda é conhecido nos Estados Unidos e Canadá por seu nome original de World Wildlife Fund. No ano passado, a WWF, junto com a cadeia varejista Rewe, vendeu mais de 2 milhões de peças a colecionadores. Em apenas seis semanas, o programa levantou 875,088 euros, que a Rewe transferiu à WWF. (…) Os governos também dão muito dinheiro para a organização. Ao longo dos anos, a WWF recebeu um total de U$ 120 milhões de dólares da USAID, a Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos. Por muito tempo, os ministérios do governo alemão foram tão generosos com a organização que a própria WWF decidiu, nos anos 90, limitar o financiamento recebido de governos. A WWF estava ansiosa para não ser vista como mera extensão das agências de proteção ambiental governamentais. (…)
A WWF, cuja sede mundial está em Gland, na Suiça, é vista como a mais poderosa organização conservacionista. É ativa em mais de 100 países, onde tem conexões com os ricos e poderosos. Sua marca registrada, um Panda, aparece nos copos de iogurte da Danone e nas roupas de socialites como a princesa Charlene de Mônaco. As companhias pagam taxas milionárias pelo privilégio de usar o logotipo. A WWF tem 430 mil integrantes só na Alemanha e milhões de pessoas doam sua poupança à organização. A questão é quão suntentavelmente o dinheiro é investido. (…) Representantes de organizações independentes do governo alemão, como as ONGs Rettet den Regenwald (Rainforest Rescue) e Robin Wood já não enxergam a WWF como defensora dos animais. Em vez disso, enxergam na WWF uma cúmplice das corporações. Na opinião delas, a WFF dá às corporações licença para destruir a natureza, em troca de grandes doações e pequenas concessões.
Agora vejam, logo abaixo, um trecho de entrevista que fiz com o seringueiro Osmarino Amâncio, no Acre (para ver a entrevista imperdível, clique aqui). Lá atrás, ele foi companheiro de “empates” de Marina Silva, ou seja, ambos batalharam na floresta contra a chegada de latifundiários “paulistas”, que queriam detonar os seringais e implantar pecuária extensiva e devastadora na Amazônia.


Notem o que ele diz sobre a relação entre WWF e a candidata ao Planalto Marina Silva, quando ela era ministra do Meio Ambiente no governo Lula:

Agora que contextualizamos, vamos ao que disse a chefe da WWF no Brasil, num trecho da entrevista à GloboNews:

“O que a presidente precisa dizer é o que será feito no futuro. Não é suficiente dizer que a gente já economizou dinheiro se a gente quiser continuar vivendo no futuro daqui pra frente. A gente tem que fazer mais. Eu acho que o que a presidente talvez pudesse de nos dar de alento é mostrar que a nossa matriz energética está apostando em energia eólica e solar, coisa que a gente não tá vendo num crescimento que deveria ver, porque ainda estamos naquela lógica de, sim, temos muita hidreletricidade, ou seja energia produzida com grandes reservatórios que conservam água. Isso também é impactante, isso também joga carbono na atmosfera face aos processos construtivos e de manutenção. Falta a nossa presidente nos mostrar um caminho mais agressivo e mais do século 21 no que diz respeito às energias. E tirar o pré-sal da lista também seria uma boa ideia”.

É um discurso muito, muito parecido com o de Marina Silva, que já foi premiada pelo WWF com a importante honraria do Duque de Edimburgo.
Maria Cecília Wei de Brito é uma pessoa respeitadíssima. Mas repete o comportamento dos diversos “lobismos” que atuam para influenciar políticas públicas. A falta de — uma frase que certamente agradaria Marina Silva — uma “visão holística”, política e econômica, do processo.
A produção de energia hidrelétrica ainda oferece uma vantagem competitiva à indústria brasileira na disputa pelo mercado internacional. Há um debate interessante na área. Há quem advogue pelas PCH, as pequenas centrais hidreléticas, como Ivo Pugnaloni, em artigo publicado no Viomundo. Há quem diga que, ao fim e ao cabo, a energia hidrelétrica não é limpa, nem barata, como disse o professor Celio Bermann em entrevista ao ViomundoPara ele, a hidrelétrica de Belo Monte serve essencialmente aos aliados de José Sarney e às mineradoras.
Mas o fato, o fato concreto, é que hoje temos já implantado um grande parque hidrelétrico no Brasil. Fazer a transição custa dinheiro.
Poderemos desenvolver nossos próprios cataventos (muitos comprados na Alemanha) e painéis solares (muitos vindos da China).
O Brasil não pode se dar ao luxo de, ao fazer a transição, ser mero importador de tecnologia. Isso, se quiser criar os empregos de qualidade de que precisa.
O programa econômico dos liberais (Aécio) e hiperliberais (Marina Silva) pensa, grosseiramente, assim: a gente derruba os salários, tira alguns direitos sociais, submete a indústria brasileira à competição externa em melhores condições e, assim, vamos exportar mais. O risco, como nos disse em entrevista o professor André Biancarelli, é abrir totalmente o mercado interno de 200 milhões de consumidores e perder justamente o que salvou a economia brasileira depois da crise financeira de 2008.
Poderemos ter um grande aporte de capital internacional no Brasil, ainda maior, para tirar proveito da mão-de-obra barateada, mas também poderemos ter um número crescente de maquiladoras, como o México, El Salvador e outros países centro-americanos.
Em resumo, nossa dependência externa pode aumentar justamente num momento de crise econômica internacional duradoura, em que a China produz sua própria tecnologia, conta com mão-de-obra barata e coloca seus produtos de forma avassaladora no mercado mundial.
Quanto aos países do capitalismo central, optaram por tecnologia de ponta, de altíssimo valor agregado, de empregos que pagam bem, que preservam o meio ambiente, ganhando também ao exportar para os países pobres suas tecnologias poluentes e já ultrapassadas.
Tudo o que a chefe do WWF no Brasil quer é mesmo desejável — recuperar os rios, acabar com represamentos, restaurar as várzeas e as matas ciliares, devolver à população o prazer de se banhar no Tietê despoluído, trazer de volta espécies que correm risco porque dependem de um rio livre para fazer a piracema (nadar contra a correnteza e se reproduzir), acabar com as ‘retificações’ de rios introduzidas no tempo em que era preciso acelerar as águas (por causa do risco de doenças), colocar escadas para piracema nas hidrelétricas brasileiras que não as possuem — com isso protegendo a biodiversidade –, preservar as nascentes — tudo isso é mesmo desejável no século 21.
Mas o Brasil não é a Alemanha, nem os Estados Unidos.
É justamente aí em que reside o problema destas ONGs que pretendem “nos ajudar”. Elas pensam com a cabeça daqueles que as financiam. Num dos trechos de sua entrevista, Maria Cecília Wei de Brito disse textualmente: “E tirar o pré-sal da lista também seria uma boa ideia”.
Porém, reside no pré-sal a possibilidade de o Brasil, ao ser exportador de petróleo, financiar o desenvolvimento de tecnologias próprias, de cadeias produtivas internas, para construir pelo menos parte dos painéis solares, cataventos, motores menos poluentes e pequenas centrais hidrelétricas a serem utilizados na fase de transição.
Não explorar o pré-sal é congelar o Brasil numa espécie de mundo sonhático, em que desperdiçamos nossa principal fonte de riqueza, enfraquecemos a indústria nacional de automóveis, perdemos ou rebaixamos a qualidade dos empregos e nos tornamos ainda mais dependentes de tecnologia importada.
Talvez sob a influência de seus financiadores, algumas ONGs querem que o Brasil assuma um papel desproporcional na proteção do ambiente mundial, uma espécie de “santuário” onde 200 milhões de pessoas precisam comer, estudar e trabalhar — Neca Setubal, inclusive.
Porém, notem no gráfico do Der Spiegel, baseado em dados de 2005, quem mais emitiu gás carbônico no planeta desde 1850:
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Ou seja, eles querem que o Brasil pague agora, de forma desproporcional, a conta que vem sendo pendurada no meio ambiente há mais de um século e meio!
Sei que, como eu, o WWF sonha com ciclistas atléticos, rios limpos, florestas preservadas e um país produtor apenas de tecnologia e energia limpas. Mas, pela força das circunstâncias que expliquei acima, se o Brasil descartar o pré-sal o sonho do WWF só vai se realizar na Alemanha.
canastra
Olhar para o entorno é sempre bom (foto Luiz Carlos Azenha, na cachoeira Casca D’Anta, na serra da Canastra)
[O conteúdo exclusivo do Viomundo, como o documentário sobre o Choque de Gestão em Montezuma, que fiz recentemente com edição de Padu Palmério, é bancado exclusivamente pelos assinantes deste site. Torne-se um deles]
PS do Viomundo: Durante a entrevista, a GloboNews faz uma reportagem se referindo à nascente do rio São Francisco como sendo um riacho em São Roque de Minas, na serra da Canastra, onde estive recentemente. Há controvérsiasa partir de um estudo que colocou a nascente no município de Medeiros, embora não haja reconhecimento oficial da mudança. Além disso, o problema principal para preservar as importantes nascentes dali são as disputas jurídicas com fazendeiros que querem impedir a implantação do Parque Nacional como foi originalmente planejado, além do interesse de mineradoras. Depois da campanha, esperamos o WWF também lá, lutando contra fazendeiros e mineradoras e garantindo o parque íntegro, da forma como foi criado.
Leia também:

terça-feira, 10 de junho de 2014

Ex-diretor da Petrobras vendeu ilha da Globo ? Como é que é ? Esse que é o “mega-corrupto” do PiG ?

Grave denúncia da UOL: camarotes da arena Vila Nova cheiram a tinta!
   
Datafolha em SP: Dilma, 23%; Aécio, 20%

Legado da Copa: capacidade de aeroportos cresceu 36%; a da rede hoteleira, 20% ; novas vias e meios de transporte foram agregados; parque esportivo foi renovado; transmissão de dados saltou 50% em várias capitais (Valor)



Metroviários negociam fim da greve, mas Alckmin quer tripudiar eleitoralmente e destila intransigência

MTST e governo federal fazem amplo acordo para erguer moradias populares e Guilherme Boulos anuncia fim das manifestações contra a Copa. 

A 48 horas da Copa, o grande desastre previsto pelo conservadorismo aconteceu em obra gerida pelo PSDB de SP: viga de monotrilho cai e mata operário

Do incansável Stanley Burburinho:



O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, negociou a venda de uma ilha das Organizações Globo, no Rio de Janeiro?

Hoje, a Globonews transmitiu o depoimento do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. O ex-diretor contou que a consultoria que ele criou em agosto de 2012, a Costa Global, depois de ter saído da Petrobras, tinha como missão fazer o “casamento” de investidores com donos de projetos.

Segundo ele, a consultoria Costa Global chegou a fechar 81 contratos e chegou a ter cinco funcionários, entre eles a sua filha, Arianna Azevedo Costa Bachmann.

Entre esses contratos, disse, estaria a participação de um processo de venda de uma ilha das Organizações Globo, no Rio de Janeiro. Ele não deu mais detalhes sobre o contrato.

Imediatamente após ele ter dito isso, a Globonews cortou a transmissão da CPI e passou a transmitir a convenção do PMDB.


Link para o Valor: http://www.valor.com.br/politica/3580098/costa-aceitei-carro-de-youssef-porque-estava-precisando-trocar
/Dica @rnsouza27

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

LUIZA AOS CORVOS: “MÍDIA SÓ VÊ O COPO DO LADO VAZIO”

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Na mídia, manifestação agora é “bloqueio, interdição,fechamento…”











Ler os sites de notícia, agora de manhã, é um exercício de sociologia política.
Sumiram os rostos jovens, os cartazes em primeiro plano, “a voz das ruas…”
Gente quase não aparece, quando aparece é de longe.
Em seu lugar, embora as manifestações sejam ordeiras e pacíficas, sem depredações ou vandalismo, imagens abertas, distantes, que mostram apenas ônibus  parados e vias fechadas.
A chamada do último jornal da Globonews era mais ou menos assim: vias fechadas, ônibus parados, hospitais sem atendimento: centrais sindicais fazem protesto”.
Os telejornais da Globo parecem boletins de trânsito.
A democracia da mídia é seletiva.
Classe média é bonita, não é essa gente feia que acorda cedo para protestar, não é?
Aliás, tem algum Anonymous por aí?
Chega mais, rapaziada…
 Por: Fernando Brito

sexta-feira, 21 de junho de 2013

REDE GLOBO E OS PROTESTOS: OPORTUNISMO E AMBIGUIDADE

quarta-feira, 19 de junho de 2013

PIG ENFIOU O PASSE LIVRE NO BOLSO. É O GOLPE DO CHÁVEZ Os jovens que não se “contaminaram” com a política realizarão uma obra-prima da política continental: o Golpe de Estado midiático.


Os jovens do Movimento Passe Livre são muito simpáticos.

São “puros”: não se deixaram contaminar pela “maldição” da política.

São inflexíveis como os milenaristas: serão os portadores da Justiça, da Harmonia e da Paz.

Sua arma é a Constituição.

E são de Classe Média.

Clique aqui para ler o que Marilena Chauí acha da “classe média”.

Essas manifestações de jovens “puros” ou não dão em nada ou derrubam o Governo.

Na Praça da Paz Celestial não deram em nada.

Na Praça Tahir, no Cairo, derrubaram um ditador decrépito.

No Occupy Wall Street não deram em nada.

Na Plaza Mayor, em Madrid, elegeram um Generalíssimo Franco.

Aqui no Brasil, há uma singularidade.

Uma jabuticaba.

É a concentração da mídia, expressa na exorbitante hegemonia da Globo – clique aqui para ler “jornal nacional, 40 minutos de Golpe na veia”.

Não existe movimento de massa “ingênuo”.

Muito menos onde a Globo e o PiG (*) têm o poder excepcional que preservam, impunemente, no Brasil.

O movimento do Passe Livre ultrapassou o alcance das redes sociais.

Ele foi abduzido pelo PiG – e sobretudo pela Globo.

O Globo convoca as manifestações – dá endereços e tudo.

A GloboNews se auto-intitula Governo e diz o que o Governo deve fazer.

A Globo aberta dá uma de João sem braço: enaltece o caráter pacífico, “constitucional” dos manifestantes – mas desequilibra a cobertura.

A Dilma no jornal nacional fala 4 segundos e o pau na Dilma dura 40 minutos.

Omite que o Haddad abriu espaço para negociar COM os empresários donos de ônibus – enquanto seus repórteres tentam dar a impressão de que ele recuou covardemente.

O que está nas ruas é menos importante do que o que está no espectro eletromagnético – que, como até o Bernardão sabe, pertence ao conjunto do povo brasileiro.

Ainda bem que a Polícia Militar do Alckmin, tão eficiente em Pinheirinho e na USP, demorou uma eternidade para chegar à sede da Prefeitura.

Melhor para a Globo.

O movimento se transformou num surto de vandalismo, num caracazo, no centro de São Paulo – melhor ainda para derrubar a Dilma !

Onde já se viu uma Secretaria de Segurança não saber com a devida antecedência para onde vão 50 mil manifestantes ?  – Clique aqui para ler “Alckmin recuou mais do que bateu”.

E os direitos constitucionais dos não-manifestantes ?

É o Golpe de dois dias que derrubou o Chávez: um Golpe da e na  televisão.

Que poderia ter sido dado ontem, terça-feira, quando Dilma saiu de Brasília para encontrar o Lula em São Paulo, o que, na prática, significou a destituição do ministro zé da Justiça.

A “vacância” do poder, diria o grande estadista paulista Auro de Moura Andrade …

Não há passeatas ingênuas.

Não há 100 mil, 80 mil, 50 mil pessoas ingênuas na rua.

Ou isso não dá em nada, pela inconsistência de suas posições políticas.

Ou serão a bucha do canhão do Golpe contra a Dilma.

A Globo, como se sabe, não ganha eleição.

A Globo dá Golpe.

Deu ao levar a segunda eleição de Lula para o segundo turno, ao montar o jornal nacional com a edição do debate do Lula com o Collor e ao puxar o gatilho do revólver que apontava para o peito de Vargas.

Roberto Marinho não perdoa.

Ele tem interesses.

Ele sabe que “essa gente” que governa o Brasil há dez anos não é de confiança.

E os jovens do Passe Livre, que se banharam no Rio Jordão, são instrumentos ideais para um Golpe – dentro da “Constituição” !


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.