Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Pesos e medidas
Mino Carta
13 de agosto de 2010 às 12:30h
Mutáveis os da mídia nativa, certa de que nós da plateia não passamos de um bando de idiotas. Por Mino Carta
Mutáveis os da mídia nativa, certa de que nós da plateia não passamos de um bando de idiotas
Não há semelhança possível entre um estúdio de tevê e um ringue. Pelo menos não havia até poucos dias atrás. A gravação de uma entrevista na TV 5, filiada à Rede Bandeirantes em Rio Branco, acabou em vale-tudo entre o entrevistador, o jornalista Demóstenes Nascimento, e o entrevistado, candidato ao Senado pelo Acre, o emedebista João Correia. De categoria nitidamente superior, Demóstenes pareceu mais talhado para catch-as-you-catch-can e ganhou a luta com bom aproveitamento tanto nos socos quanto nos pontapés. Empate em matéria de insultos e palavrões.
O entrevistado farejou certa agressividade em uma pergunta sobre segurança pública e reagiu com acusações ao atual governo acriano. O entrevistador negou-lhe condições morais para manifestar-se ao apontá-lo como envolvido em certo escândalo. O candidato ergueu-se de sua poltrona aos gritos de “lacaio, vendido”. Partiram para a briga e a célebre turma-do-deixa-disso demorou para entrar em ação.
Correia sofreu escoriações no rosto e no joelho direito e lesão no tendão do dedo anular, também direito. Trata-se de um lutador comprovadamente destro. Mas o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre e a Federação Nacional divulgaram uma nota para verberar “a atitude covarde e agressiva” do entrevistado. Nada como a eterna vigilância dos paladinos da liberdade de imprensa, mesmo quando participam de refregas desiguais, representados por pesos-pesados chamados a enfrentar moscas ou galos.
A luta de Rio Branco é um episódio novo na nossa história das campanhas eleitorais, mesmo porque, salvo melhor juízo, os candidatos entrevistados não pulam corda ou socam o punching ball antes de qualquer entrevista. Para revidar às perguntas que não são do seu gosto, o candidato José Serra adota uma linha de refinado senso de humor. Anota a repórter Juliana Cipriani, de O Estado de Minas, que Serra “parece ter dificuldade em entender o que dizem os brasileiros ou inventou uma nova estratégia para evitar responder às perguntas que não o agradam”.
Em meados de julho passado, em Pernambuco, o repórter de um jornal local dirigiu-lhe uma pergunta sobre o trem-bala destinado a ligar São Paulo ao Rio: obra feita ou tiro de festim? A pergunta deveria ser do seu gosto, pois o candidato é contrário ao projeto. Surpresa. “Não entendi, foi muito sotaque”, decretou Serra. Em Minas, quando um jornalista o questionou sobre recente entrevista de Lula em que o presidente lamenta-lhe a falta de sorte ao enfrentá-lo em 2002 e agora diante de Dilma Rousseff, Serra escandiu: “Esta fala mineira de vocês eu não entendo”.
O candidato tucano consegue, porém, ser mais cordato, a depender das situações. Lá pelas tantas desta tertúlia eleitoral, o repórter Fábio Turci dirige a Serra uma pergunta sobre juros. O perguntado não esconde sua irritação, e indaga com a devida veemência: “De onde você é?” Turci esclarece ser da Globo. E Serra, de pronto: “Ah, então desculpe”. Tucano não voa, mas sabe onde pisa.
Na noite de 11 de agosto coube a ele ser sabatinado por 12 minutos pelo casal JN, William Bonner e Fátima Bernardes, os sorrisos mais radiosos do Brasil. Antes, a oportunidade foi bondosamente oferecida às candidatas Dilma Rousseff, segunda 9, e Marina Silva, terça 10. Para ambas, um sufoco. As perguntas do locutor que considera Homer Simpson como telespectador ideal foram muito mais esticadas que as respostas, quando estas não foram furibundamente atropeladas.
No caso de Dilma, o propósito foi mostrar (ingenuamente?) que ela é ao mesmo tempo uma marionete na mão de Lula e personagem dura, prepotente, mandona. De sorte a suscitar a observação da entrevistada, mais ou menos do seguinte teor: então, como vocês me querem, como títere do titereiro ou como a ministra inflexível que chama às falas os colegas de gabinete? Na vez de Marina, o intuito foi outro: provar que ela saiu do governo por discordâncias sobre a política ambiental enquanto, tempos antes, não se incomodou com o mensalão, o escândalo pretendido e até hoje não provado. A certa altura, a ex-ministra teve de reagir com alguma, insólita veemência, para pedir que a deixassem concluir o raciocínio.
Com Serra, na quarta 11, tudo mudou. O casal JN deixou o candidato falar à vontade. E quando a entrevista pretendeu chegar ao ponto de fervura, a pergunta foi: o senhor não se sente constrangido de ter o apoio do PTB, partido metido no escândalo do mensalão petista? Nada do mensalão mineiro nem do escândalo do DEM em Brasília. Maluf e Quércia? Esquecidos. E os votos comprados para a reeleição de FHC?
Segundo momento de aperto. Pergunta a evocar os usuários que reclamam dos preços altos do pedágio em São Paulo. Serra ganha a oportunidade de falar mal das estradas federais. Aí Bonner acrescenta: não existe um meio-termo, só dá para ter estradas boas e caras ou ruins e baratas? Serra emenda, feliz, que na última concessão que fez, os preços do pedágio caíram pela metade. Omitiu que os postos de cobrança foram dobrados e ao cabo cita sua origem humilde, estudante de escola pública etc. etc. Só falta chorar.
A rapaziada não se dá ao respeito. Quem sabe haja quem se incomoda ao perceber que nos enxergam como malta de idiotas. Esta visão da plateia é própria, aliás, dos jornalistas nativos e seus patrões. Será que não usam na medição o metro recomendável para medir a si mesmos?
13 de agosto de 2010 às 12:30h
Mutáveis os da mídia nativa, certa de que nós da plateia não passamos de um bando de idiotas. Por Mino Carta
Mutáveis os da mídia nativa, certa de que nós da plateia não passamos de um bando de idiotas
Não há semelhança possível entre um estúdio de tevê e um ringue. Pelo menos não havia até poucos dias atrás. A gravação de uma entrevista na TV 5, filiada à Rede Bandeirantes em Rio Branco, acabou em vale-tudo entre o entrevistador, o jornalista Demóstenes Nascimento, e o entrevistado, candidato ao Senado pelo Acre, o emedebista João Correia. De categoria nitidamente superior, Demóstenes pareceu mais talhado para catch-as-you-catch-can e ganhou a luta com bom aproveitamento tanto nos socos quanto nos pontapés. Empate em matéria de insultos e palavrões.
O entrevistado farejou certa agressividade em uma pergunta sobre segurança pública e reagiu com acusações ao atual governo acriano. O entrevistador negou-lhe condições morais para manifestar-se ao apontá-lo como envolvido em certo escândalo. O candidato ergueu-se de sua poltrona aos gritos de “lacaio, vendido”. Partiram para a briga e a célebre turma-do-deixa-disso demorou para entrar em ação.
Correia sofreu escoriações no rosto e no joelho direito e lesão no tendão do dedo anular, também direito. Trata-se de um lutador comprovadamente destro. Mas o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre e a Federação Nacional divulgaram uma nota para verberar “a atitude covarde e agressiva” do entrevistado. Nada como a eterna vigilância dos paladinos da liberdade de imprensa, mesmo quando participam de refregas desiguais, representados por pesos-pesados chamados a enfrentar moscas ou galos.
A luta de Rio Branco é um episódio novo na nossa história das campanhas eleitorais, mesmo porque, salvo melhor juízo, os candidatos entrevistados não pulam corda ou socam o punching ball antes de qualquer entrevista. Para revidar às perguntas que não são do seu gosto, o candidato José Serra adota uma linha de refinado senso de humor. Anota a repórter Juliana Cipriani, de O Estado de Minas, que Serra “parece ter dificuldade em entender o que dizem os brasileiros ou inventou uma nova estratégia para evitar responder às perguntas que não o agradam”.
Em meados de julho passado, em Pernambuco, o repórter de um jornal local dirigiu-lhe uma pergunta sobre o trem-bala destinado a ligar São Paulo ao Rio: obra feita ou tiro de festim? A pergunta deveria ser do seu gosto, pois o candidato é contrário ao projeto. Surpresa. “Não entendi, foi muito sotaque”, decretou Serra. Em Minas, quando um jornalista o questionou sobre recente entrevista de Lula em que o presidente lamenta-lhe a falta de sorte ao enfrentá-lo em 2002 e agora diante de Dilma Rousseff, Serra escandiu: “Esta fala mineira de vocês eu não entendo”.
O candidato tucano consegue, porém, ser mais cordato, a depender das situações. Lá pelas tantas desta tertúlia eleitoral, o repórter Fábio Turci dirige a Serra uma pergunta sobre juros. O perguntado não esconde sua irritação, e indaga com a devida veemência: “De onde você é?” Turci esclarece ser da Globo. E Serra, de pronto: “Ah, então desculpe”. Tucano não voa, mas sabe onde pisa.
Na noite de 11 de agosto coube a ele ser sabatinado por 12 minutos pelo casal JN, William Bonner e Fátima Bernardes, os sorrisos mais radiosos do Brasil. Antes, a oportunidade foi bondosamente oferecida às candidatas Dilma Rousseff, segunda 9, e Marina Silva, terça 10. Para ambas, um sufoco. As perguntas do locutor que considera Homer Simpson como telespectador ideal foram muito mais esticadas que as respostas, quando estas não foram furibundamente atropeladas.
No caso de Dilma, o propósito foi mostrar (ingenuamente?) que ela é ao mesmo tempo uma marionete na mão de Lula e personagem dura, prepotente, mandona. De sorte a suscitar a observação da entrevistada, mais ou menos do seguinte teor: então, como vocês me querem, como títere do titereiro ou como a ministra inflexível que chama às falas os colegas de gabinete? Na vez de Marina, o intuito foi outro: provar que ela saiu do governo por discordâncias sobre a política ambiental enquanto, tempos antes, não se incomodou com o mensalão, o escândalo pretendido e até hoje não provado. A certa altura, a ex-ministra teve de reagir com alguma, insólita veemência, para pedir que a deixassem concluir o raciocínio.
Com Serra, na quarta 11, tudo mudou. O casal JN deixou o candidato falar à vontade. E quando a entrevista pretendeu chegar ao ponto de fervura, a pergunta foi: o senhor não se sente constrangido de ter o apoio do PTB, partido metido no escândalo do mensalão petista? Nada do mensalão mineiro nem do escândalo do DEM em Brasília. Maluf e Quércia? Esquecidos. E os votos comprados para a reeleição de FHC?
Segundo momento de aperto. Pergunta a evocar os usuários que reclamam dos preços altos do pedágio em São Paulo. Serra ganha a oportunidade de falar mal das estradas federais. Aí Bonner acrescenta: não existe um meio-termo, só dá para ter estradas boas e caras ou ruins e baratas? Serra emenda, feliz, que na última concessão que fez, os preços do pedágio caíram pela metade. Omitiu que os postos de cobrança foram dobrados e ao cabo cita sua origem humilde, estudante de escola pública etc. etc. Só falta chorar.
A rapaziada não se dá ao respeito. Quem sabe haja quem se incomoda ao perceber que nos enxergam como malta de idiotas. Esta visão da plateia é própria, aliás, dos jornalistas nativos e seus patrões. Será que não usam na medição o metro recomendável para medir a si mesmos?
A CONTRIBUIÇÃO DO JORNALISMO DE ECONOMIA PARA LEVAR SERRA AO 2º TURNO
Desmoralizada a ‘pauta de julho’, a do ‘superaquecimento da demanda’ que legitimaria novo round de alta nos juros em plena campanha eleitoral, o diretório midiático pró-Serra elegeu três assuntos prioritários para que o ‘jornalismo econômico’ faça a sua parte nos negócios, gerando imagens e ‘incertezas’ (sua especialidade) para levar a eleição ao 2º turno. Nesse esforço, o vale tudo não é força de expressão. Às pautas: 1] enfraquecer a Petrobras e inviabilizar a capitalização da empresa, indispensável ao exercício da soberania brasileira no pré-sal; aqui vale desde manipular notícias para desvalorizar as ações da estatal na Bolsa, à criação de um clima de ‘tragédia’ iminente em plataformas marítimas, explorando a associação com o desastre da BP; 2] paralisar o financiamento estratégico do BNDES para devolver aos ‘mercados’ a supremacia no controle do crédito e da política econômica em que pese o risco de um novo mergulho recessivo na economia mundial; aqui já se recorre à veiculação de notícias falsas, como fez o Estadão nesta 6º feira. O patriarca do neoliberalismo impresso informou em seu site que a OMC teria colocado o BNDES sob investigação por dumping na concessão de crédito barato; uma hora depois, a notícia foi desmentida pelo jornal Valor ; 3] implodir o Mercosul para realinhar a política externa à hegemonia norte-americana e solapar a integração regional progressista, que não interessa à coalizão de interesses pró-Serra. A pauta do ‘eixo-do-mal’ que uniria PT+Farcs+tráfico+Chávez etc perdeu apelo depois que a Venezuela e a Colômbia reataram relações esta semana. Mas a mídia nativa não desistiu de colocar Serra na vaga deixada por Álvaro Uribe, credenciando-o como novo líder da reação latinoamericana –-para isso é preciso, antes de mais nada, impedir a vitória de Dilma no 1º turno.
“Quem cuida da Amazônia é o Brasil” é lema de seminário em Manaus
"Quem cuida da Amazônia brasileira, a serviço da humanidade e de si mesmo, é o Brasil". Sob esse lema, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) promove o seminário “Rumo 2022: desafios estratégicos para a Segurança da Amazônia”. O evento, que começou na última quarta-feira (11), prossegue até domingo (15), em Manaus (AM). Além das apresentações e debates, os participantes visitarão uma Brigada de Infantaria de Selva e a um Pelotão Especial de Fronteira, neste sábado (14).
A SAE, em parceira com o Exército, reuniu 80 especialistas para diagnosticarem os principais desafios da presença militar na Amazônia, principalmente quanto à integração regional, o desenvolvimento sustentável e as estratégias de segurança, que requer maior presença do Estado na região.
Ao final do evento, será elaborado um documento que servirá para orientar o planejamento estratégico para a defesa-desenvolvimento da Amazônia, com definição das prioridades e o volume de recursos a serem alocados. O documento reunirá o quadro atualizado dos problemas e servirá para orientar o trabalho de defesa da região até o ano de 2022.
O evento pretende capacitar servidores do governo federal, militares das Forças Armadas e representantes de entidades públicas e privadas, na execução de políticas públicas que sejam propostas.
Vigilantes
A Estratégia Nacional de Defesa preconiza que o Brasil será vigilante na reafirmação incondicional de sua soberania sobre a Amazônia brasileira, e não permitirá que organizações ou indivíduos sirvam de instrumentos para interesses estrangeiros.
Para cumprir a tarefa de realizar estudos e pesquisas para o planejamento de longo prazo governamental e contribuir para a implementação da Estratégia Nacional de Defesa, a Secretaria de Assuntos Estratégicos criou o programa “Encontros da SAE”.
O programa realiza palestras, seminários e oficinas de trabalho visando aprofundar o entendimento de temas considerados estratégicos para o desenvolvimento socioeconômico e para a segurança nacional. Entre os assuntos a serem examinados no ano de 2010 estão a segurança da Amazônia e da “Amazônia Azul”.
O seminário faz parte desse programa e está sendo realizado na forma de painéis e contará com duas conferências: a conferência de abertura foi do Comandante Militar da Amazônia, General de Exército Luis Carlos Gomes Mattos, e a de encerramento, será do ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães.
Com informações da SAE
A SAE, em parceira com o Exército, reuniu 80 especialistas para diagnosticarem os principais desafios da presença militar na Amazônia, principalmente quanto à integração regional, o desenvolvimento sustentável e as estratégias de segurança, que requer maior presença do Estado na região.
Ao final do evento, será elaborado um documento que servirá para orientar o planejamento estratégico para a defesa-desenvolvimento da Amazônia, com definição das prioridades e o volume de recursos a serem alocados. O documento reunirá o quadro atualizado dos problemas e servirá para orientar o trabalho de defesa da região até o ano de 2022.
O evento pretende capacitar servidores do governo federal, militares das Forças Armadas e representantes de entidades públicas e privadas, na execução de políticas públicas que sejam propostas.
Vigilantes
A Estratégia Nacional de Defesa preconiza que o Brasil será vigilante na reafirmação incondicional de sua soberania sobre a Amazônia brasileira, e não permitirá que organizações ou indivíduos sirvam de instrumentos para interesses estrangeiros.
Para cumprir a tarefa de realizar estudos e pesquisas para o planejamento de longo prazo governamental e contribuir para a implementação da Estratégia Nacional de Defesa, a Secretaria de Assuntos Estratégicos criou o programa “Encontros da SAE”.
O programa realiza palestras, seminários e oficinas de trabalho visando aprofundar o entendimento de temas considerados estratégicos para o desenvolvimento socioeconômico e para a segurança nacional. Entre os assuntos a serem examinados no ano de 2010 estão a segurança da Amazônia e da “Amazônia Azul”.
O seminário faz parte desse programa e está sendo realizado na forma de painéis e contará com duas conferências: a conferência de abertura foi do Comandante Militar da Amazônia, General de Exército Luis Carlos Gomes Mattos, e a de encerramento, será do ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães.
Com informações da SAE
Caminhada com Dilma reúne centenas de pessoas em Florianópolis
Dilma desfilou em carro aberto pelas ruas da capital catarinense com a candidata do PT ao governo de SC, Ideli Salvatti
A candidata a presidência Dilma Rousseff esteve nesta quinta-feira (12) em Florianópolis, onde concedeu entrevistas e, ao final do dia, realizou uma caminhada pelo centro da capital, reunindo centenas de pessoas.
As ruas centrais da capital catarinense ficaram tomadas por centenas de pessoas que foram ver a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff. Ela estava acompanhada de Ideli Salvatti (PT), que concorre ao governo do Estado.
Além da correligionária Ideli Salvatti, Dilma estava acompanhada do presidente do PDT catarinense Manoel Dias, aliado nacional de seu partido, mas que em Santa Catarina é candidato a vice-governador na chapa da progressista Ângela Amin. O presidente do PMDB João Matos, defensor de Dilma à Presidência também pegou carona. O ex-governador Paulo Afonso Vieira (PMDB), que chegou a processar o PT que o denunciou no escândalo das letras esbanjou energia pró Dilma durante o ato.
Durante a caravana, entre Praça Miramar e o Mercado Público, Dilma recebeu flores, acenou para os militantes e os moradores e trabalhadores que foram até a janela dos prédios no centro histórico de Floripa, autografou camisetas e cantou com a militância o jingle da campanha.
Durante o ato, integrantes dos partidos que apoiam Dilma em Santa Catarina entregaram rosas às pessoas pelas ruas como forma de protestar contra o apresentador do Jornal Nacional, William Bonner. Segundo o presidente do diretório municipal do PT, Nildomar Freire, a atitude seria uma resposta ao que os aliados qualificaram como "indelicadeza" durante entrevista veiculada no início da semana. "Queremos mostrar a indignação contra o que foi feito com a nossa candidata durante o Jornal Nacional", disse.
Serra na "garupa de FHC"
A caravana durou cerca de 40 minutos e chamou a atenção de comerciantes de rua, idosos que estavam na praça e dos trabalhadores do comércio em geral. Foi a primeira visita de Dilma à capital catarinense desde o início da campanha.
Mais cedo, Dilma havia concedido entrevista ao programa Painel RBS, da TV COM, e participado de almoço na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). Na saída da RBS TV, Dilma foi recebida por um grupo de moradores da comunidade. Eles foram agradecer o empenho dela e do governo federal para melhorar suas condições de moradia.
Na Fiesc, após discursar para empresários, Dilma conheceu o projeto social do Centro Cultural Escrava Anastácia, uma ONG que ajuda reduz o risco social das crianças carentes oferecendo cursos na área de esportes. Uma das iniciativas dos voluntários reúne mais de 70 crianças e jovens para aprender surf no horário livre dos estudos.
Após o evento, ela ironizou a declaração de José Serra, ontem, no Jornal Nacional, da Rede Globo, de que o próximo presidente não pode governar na garupa. "Meu adversário tem medo enorme da comparação do governo FHC com Lula. Ele não pode estar na garupa do FHC porque seria até covardia" respondeu ao ser questionada pelo iG.
Superando Serra no Sul
Dilma permanecerá na região Sul até esta sexta-feira. A candidata, que até o momento aparece na região atrás do principal adversário, José Serra (PSDB), nas pesquisas de intenção de voto, quer reverter esta tendência e parece que não está longe de alcançar o objetivo.
Segundo a coluna Poder Online, do portal iG, há "pânico na campanha tucana com as pesquisas na região Sul do país".
"No Rio Grande do Sul, a aproximação de Serra com a governadora e candidata à reeleição Yeda Crussius (PSDB) só o fez andar para trás. Algumas pesquisas já começam a apontar vitória de Dilma no Estado. Para o comando de campanha tucano, Serra tem que fazer um tours de force nos três estados do Sul. Se continuar a perder eleitores na região, adeus campanha eleitoral", diz a notinha da coluna.
Matéria reeditada às 22h para acréscimo de informações
Bom conselho” que não dão de graça
O Globo republica hoje uma matéria onde o diretor do Instituto Fernand Braudel, muy amigo, diz que Lula põe em perigo sua popularidade ao arriscar-se demais numa “euforia petroleira” ao reservar para a Petrobras a exploração do pré-sal. Diz Normal Gall, diretor-executivo do instituto:
- As necessidades financeiras da companhia (a Petrobras) são tão grandes agora que fazem parecer pequena a capacidade de investimento do governo federal do Brasil, em um país que precisa desesperadamente gastar mais em infraestrutura e educação.
Segundo ele, o petróleo vai “tirar recursos de outras prioridades”, como a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016, a hidrelétrica de Belo Monte e o trem-bala entre Rio e São Paulo. E profetiza que “se o Brasil não endireitar suas prioridades, Lula pode descobrir em breve que sua reputação está afundando à mesma profundidade que as reservas de petróleo que tanto entusiasmaram seu país.”
Olha, Mr. Gall, acho que o presidente Lula agradece, penhorado, suas preocupações, mas a gente está cansado desta conversinha de que é preciso que o capital estrangeiro, tão bonzinho e desinteressado, vir aqui fazer por nós o desenvolvimento. Por um pequeno detalhe, Mister Gall, os senhores nunca o fizeram. Ninguém está proibindo o capital internacional e mesmo as multis do petróleo de virem participar da exploração do pré-sal. mas sob comando brasileiro e recebendo apenas uma parte, não o bolo das nossas riquezas.
Engraçado que o Brasil nunca foi tanto para o buraco do endividamento quando, para atrair estes benemerentes capitais mundiais, entregou o seu patrimônio em troca da ajudar dos que iam fazer o nosso desenvolvimento.
Eu sei que um instituto patrocinado, entre outros, pela BASF, Bradesco, British Gas, Itaú, Safra, GE, Unibanco, Estadão, Philips, Klabin, British American Tobacco (Souza Cruz), Unilever e Vale é um ente preocupadíssimo com a popularidade de Lula. Mas o senhor pode deixar, viu, que a gente vai ter recursos de sobra para explorar o pré-sal.
Sabe por que? Porque seus patrocinadores adoram bons negócios, mesmo quando eles são minoritários. Só que, agora, Mister Gall, o Brasil mudou. Podemos dar uns pedacinhos de nossas riquezas, mas agora não somos o país que aceitava as migalhas dos seus próprios tesouros.
A popularidade de Lula, Mr. Gall, não vai afundar como as jazidas do pré-sal. Vai é jorrar neste processo eleitoral, dando a Dilma uma vitória acachapante sobre Serra. Daqui a quatro anos, os senhores, bonzinhos, dêem novos conselhos para a gente entregar a rapadura a vocês, tá bem?
http://www.tijolaco.com/?p=22620
- As necessidades financeiras da companhia (a Petrobras) são tão grandes agora que fazem parecer pequena a capacidade de investimento do governo federal do Brasil, em um país que precisa desesperadamente gastar mais em infraestrutura e educação.
Segundo ele, o petróleo vai “tirar recursos de outras prioridades”, como a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016, a hidrelétrica de Belo Monte e o trem-bala entre Rio e São Paulo. E profetiza que “se o Brasil não endireitar suas prioridades, Lula pode descobrir em breve que sua reputação está afundando à mesma profundidade que as reservas de petróleo que tanto entusiasmaram seu país.”
Olha, Mr. Gall, acho que o presidente Lula agradece, penhorado, suas preocupações, mas a gente está cansado desta conversinha de que é preciso que o capital estrangeiro, tão bonzinho e desinteressado, vir aqui fazer por nós o desenvolvimento. Por um pequeno detalhe, Mister Gall, os senhores nunca o fizeram. Ninguém está proibindo o capital internacional e mesmo as multis do petróleo de virem participar da exploração do pré-sal. mas sob comando brasileiro e recebendo apenas uma parte, não o bolo das nossas riquezas.
Engraçado que o Brasil nunca foi tanto para o buraco do endividamento quando, para atrair estes benemerentes capitais mundiais, entregou o seu patrimônio em troca da ajudar dos que iam fazer o nosso desenvolvimento.
Eu sei que um instituto patrocinado, entre outros, pela BASF, Bradesco, British Gas, Itaú, Safra, GE, Unibanco, Estadão, Philips, Klabin, British American Tobacco (Souza Cruz), Unilever e Vale é um ente preocupadíssimo com a popularidade de Lula. Mas o senhor pode deixar, viu, que a gente vai ter recursos de sobra para explorar o pré-sal.
Sabe por que? Porque seus patrocinadores adoram bons negócios, mesmo quando eles são minoritários. Só que, agora, Mister Gall, o Brasil mudou. Podemos dar uns pedacinhos de nossas riquezas, mas agora não somos o país que aceitava as migalhas dos seus próprios tesouros.
A popularidade de Lula, Mr. Gall, não vai afundar como as jazidas do pré-sal. Vai é jorrar neste processo eleitoral, dando a Dilma uma vitória acachapante sobre Serra. Daqui a quatro anos, os senhores, bonzinhos, dêem novos conselhos para a gente entregar a rapadura a vocês, tá bem?
http://www.tijolaco.com/?p=22620
Crise nos EUA: Como é de perto o colapso do império
Friday, Aug 6, 2010 12:07 ET
What collapsing empire looks like
By Glenn Greenwald, no Salon
No momento em que entramos no nono ano da Guerra do Afeganistão com uma tropa reforçada e continuamos a ocupar o Iraque indefinidamente e alimentamos o Estado de Vigilância sem fim, notícias tem surgido de que a Comissão do Déficit Público está trabalhando num plano para cortar benefícios da Previdência Social, do Medicare [programa de atendimento aos idosos] e até mesmo no congelamento dos salários dos militares. Mas um artigo do New York Times de hoje ilustra vividamente com o que se parece um império em colapso, ao mostrar os tipos de cortes de orçamento que cidades de todo o país tem sido forçadas a fazer. Aqui vão alguns exemplos:
Muitas empresas e negócios congelaram as contratações de funcionários este ano, mas o estado do Havaí foi além — congelou os estudantes. As escolas públicas de todo o estado ficaram fechadas em 17 sextas-feiras do mais recente ano escolar, dando aos estudantes o ano acadêmico mais curto do país.
Muitos sistemas de transporte público reduziram serviços para cortar gastos, mas o condado de Clayton, na Geórgia, um subúrbio de Atlanta, adotou o corte total e acabou com todo o sistema público de ônibus. Os últimos ônibus circularam no dia 31 de março, deixando sem transporte 8.400 usuários por dia.
Mesmo a segurança pública não ficou imune ao facão no orçamento. Em Colorado Springs, a crise vai ser lembrada, literalmente, como a idade da escuridão: a cidade apagou um terço dos 24.512 postes de rua para economizar dinheiro em eletricidade, além de reduzir a força policial e vender os helicópteros da polícia.
Há algumas ótimas fotos acompanhando o artigo, inclusive uma mostrando como fica uma rua do Colorado na escuridão causada pelo corte de energia. Enquanto isso, a pequena porção dos mais ricos — aqueles que causaram nossos problemas — continua a se dar bem. Vamos relembrar o que o ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional escreveu na revista Atlantic sobre o que acontece em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento quando surge uma crise financeira causada pela elite:
“Apertar os oligarcas, no entanto, é poucas vezes a escolha dos governos de países emergentes. Ao contrário: no início da crise, os oligarcas são normalmente os primeiros a conseguir ajuda-extra do governo, como acesso preferencial a moedas estrangeiras ou talvez um corte de impostos ou — aqui vai uma técnica clássica do Kremlin — a assunção pelo governo de obrigações de dívidas privadas. Sob pressão, a generosidade para com os amigos assume formas inovadoras. Enquanto isso, se é preciso apertar alguém, a maior parte dos governos de países emergentes primeiro olha para as pessoas comuns — pelo menos até que os protestos se tornem grandes demais”.
A questão real é se o público estadunidense é muito apático e treinado em submissão para que isso aconteça aqui.
Nota: É também importante considerar um artigo publicado no Wall St. Journal no mês passado — com o subtítulo “De volta à Idade da Pedra”– no qual é descrito como “estradas pavimentadas, emblemas históricos de conquistas dos Estados Unidos, estão sendo desmanteladas em regiões rurais do país e substituídas por estradas de cascalho ou outros pavimentos, já que os condados enfrentam orçamentos apertados e não há verbas estaduais ou federais”. O estado de Utah está considerando seriamente eliminar um ano da escola secundária ou torná-lo opcional. E foi anunciado esta semana que “Camden [Nova Jersey] está se preparando para fechar definitivamente seu sistema de bibliotecas até o final do ano, potencialmente deixando os residentes da cidade entre os poucos dos Estados Unidos sem condições de emprestar um livro de graça.”
Alguém duvida que quando uma sociedade não pode mais pagar por escolas, transporte, estradas asfaltadas, bibliotecas e iluminação pública — ou quando escolhe que não pode pagar por isso em busca de prioridades imperiais ou a manutenção de um Estado de Segurança e Vigilância Nacional — um grande problema surgiu, que as coisas desandaram, que o colapso imperial, por definição, é algo inevitavelmente iminente? De qualquer forma, eu apenas queria deixá-los com alguma luz e pensamentos positivos para o fim-de-semana.
What collapsing empire looks like
By Glenn Greenwald, no Salon
No momento em que entramos no nono ano da Guerra do Afeganistão com uma tropa reforçada e continuamos a ocupar o Iraque indefinidamente e alimentamos o Estado de Vigilância sem fim, notícias tem surgido de que a Comissão do Déficit Público está trabalhando num plano para cortar benefícios da Previdência Social, do Medicare [programa de atendimento aos idosos] e até mesmo no congelamento dos salários dos militares. Mas um artigo do New York Times de hoje ilustra vividamente com o que se parece um império em colapso, ao mostrar os tipos de cortes de orçamento que cidades de todo o país tem sido forçadas a fazer. Aqui vão alguns exemplos:
Muitas empresas e negócios congelaram as contratações de funcionários este ano, mas o estado do Havaí foi além — congelou os estudantes. As escolas públicas de todo o estado ficaram fechadas em 17 sextas-feiras do mais recente ano escolar, dando aos estudantes o ano acadêmico mais curto do país.
Muitos sistemas de transporte público reduziram serviços para cortar gastos, mas o condado de Clayton, na Geórgia, um subúrbio de Atlanta, adotou o corte total e acabou com todo o sistema público de ônibus. Os últimos ônibus circularam no dia 31 de março, deixando sem transporte 8.400 usuários por dia.
Mesmo a segurança pública não ficou imune ao facão no orçamento. Em Colorado Springs, a crise vai ser lembrada, literalmente, como a idade da escuridão: a cidade apagou um terço dos 24.512 postes de rua para economizar dinheiro em eletricidade, além de reduzir a força policial e vender os helicópteros da polícia.
Há algumas ótimas fotos acompanhando o artigo, inclusive uma mostrando como fica uma rua do Colorado na escuridão causada pelo corte de energia. Enquanto isso, a pequena porção dos mais ricos — aqueles que causaram nossos problemas — continua a se dar bem. Vamos relembrar o que o ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional escreveu na revista Atlantic sobre o que acontece em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento quando surge uma crise financeira causada pela elite:
“Apertar os oligarcas, no entanto, é poucas vezes a escolha dos governos de países emergentes. Ao contrário: no início da crise, os oligarcas são normalmente os primeiros a conseguir ajuda-extra do governo, como acesso preferencial a moedas estrangeiras ou talvez um corte de impostos ou — aqui vai uma técnica clássica do Kremlin — a assunção pelo governo de obrigações de dívidas privadas. Sob pressão, a generosidade para com os amigos assume formas inovadoras. Enquanto isso, se é preciso apertar alguém, a maior parte dos governos de países emergentes primeiro olha para as pessoas comuns — pelo menos até que os protestos se tornem grandes demais”.
A questão real é se o público estadunidense é muito apático e treinado em submissão para que isso aconteça aqui.
Nota: É também importante considerar um artigo publicado no Wall St. Journal no mês passado — com o subtítulo “De volta à Idade da Pedra”– no qual é descrito como “estradas pavimentadas, emblemas históricos de conquistas dos Estados Unidos, estão sendo desmanteladas em regiões rurais do país e substituídas por estradas de cascalho ou outros pavimentos, já que os condados enfrentam orçamentos apertados e não há verbas estaduais ou federais”. O estado de Utah está considerando seriamente eliminar um ano da escola secundária ou torná-lo opcional. E foi anunciado esta semana que “Camden [Nova Jersey] está se preparando para fechar definitivamente seu sistema de bibliotecas até o final do ano, potencialmente deixando os residentes da cidade entre os poucos dos Estados Unidos sem condições de emprestar um livro de graça.”
Alguém duvida que quando uma sociedade não pode mais pagar por escolas, transporte, estradas asfaltadas, bibliotecas e iluminação pública — ou quando escolhe que não pode pagar por isso em busca de prioridades imperiais ou a manutenção de um Estado de Segurança e Vigilância Nacional — um grande problema surgiu, que as coisas desandaram, que o colapso imperial, por definição, é algo inevitavelmente iminente? De qualquer forma, eu apenas queria deixá-los com alguma luz e pensamentos positivos para o fim-de-semana.
Histórias do PIG para boi dormir Posted by eduguim on 11/08/10 • Categorized as Opinião do blog
Por Eduardo Guimarães-Blog Cidadania
Por vezes incontáveis a grande imprensa repisou uma história sobre que uma maioria expressiva da sociedade rejeita mesmo depois de tanto tempo sofrendo esse bombardeio opinativo que visa reverter-lhe a percepção. Tendo as Organizações Globo, o Grupo Folha, o Grupo Estado e a Editora Abril à frente, esse movimento “jornalístico” tenta convencer os brasileiros de que o governo anterior do país, presidido por Fernando Henrique Cardoso, tem a maior parte do mérito pelos sucessos deste governo.
Em mais um entre os milhares de textos, em mais uma entre as muitas versões que essa mídia produziu para a mesma história a colunista de economia de O Globo e da TV Globo Miriam Leitão tenta conseguir o que gente muito mais hábil do que ela tentou e jamais conseguiu, ou seja, vender a mais popular das histórias da imprensa golpista para boi dormir, a de que o governo Lula tem o único mérito de ter continuado a fazer na economia, no social, enfim, em tudo que dá certo, apenas o que FHC começou.
Quando digo que a grande maioria dos brasileiros não engole essa tese, digo com base em fatos como a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) encomendada ao Instituto Sensus no fim do ano passado e que pediu aos entrevistados uma comparação entre o atual governo e o anterior.
Para 76% dos pesquisados, o governo Luiz Inácio Lula da Silva é melhor do que o de Fernando Henrique Cardoso. A rejeição a FHC é tanta que a pesquisa CNT/Sensus revelou que 49,3% dos dois mil entrevistados afirmaram que não votariam em um candidato indicado pelo ex-presidente. Ao mesmo tempo, a rejeição a um nome indicado por Lula era de 16%. Agora deve ser menos…
Não obstante o insucesso monumental que a mídia tem tido em vender essa tese, não desiste. E cada uma das suas tentativas de “fechar” a venda encerra certa peculiaridade marcante: o otimismo aparente e a intenção clara de apresentar aquela versão velha como fato novo que, finalmente, vem a público. É o que faz Miriam Leitão no texto que reproduzo a seguir, sobre o qual faço algumas considerações ao final desta postagem.
Em nome dos fatos
Miriam Leitão em O Globo de 11/08/2010
Inflação fora de controle quem enfrentou foi o Plano Real. O acumulado em 12 meses estava em 5.000% em julho de 1994. Quando a inflação subiu em 2002, no último ano do governo Fernando Henrique, pela incerteza eleitoral criada pelo velho discurso radical do PT, ficou em 12%.
Ela foi reduzida pelo instrumental que o PT havia renegado. Isso é a História. O resto é propaganda e manipulação.
O PT e o governo Lula têm dito que receberam o país com descontrole inflacionário e a candidata Dilma Rousseff repetiu isso na entrevista do Jornal Nacional. O interesse é mexer com o imaginário popular que lembra do tormento da inflação.
A grande vitória contra a inflação foi conquistada no governo Itamar Franco, no plano elaborado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, como todos sabem. Nos primeiros anos do governo FH houve várias crises decorrentes, em parte, do sucesso no combate à inflação, como a crise bancária.
Foi necessário enfrentar todas essas ondas para garantir a estabilização. Nada daquela luta foi fácil. A inflação havia derrotado outros cinco planos, e feito o país perder duas décadas.
Todos sabem disso. Se por acaso a candidata Dilma Rousseff andava distraída nesta época, o seu principal assessor Antonio Palocci sabe muito bem o que foi que houve. Ele ajudou a convencer os integrantes do partido a ter uma atitude mais madura e séria no combate à inflação.
O PT votou contra o Plano Real e fez oposição a cada medida necessária para consolidar a nova ordem. As ideias que o partido tinha sobre como derrotar a alta dos preços eram rudimentares.
Em 2002, a inflação subiu principalmente nos dois últimos meses, após a eleição. A taxa, que havia ficado abaixo de 6% em 2000, subiu um pouco em 2001 e ficou quase todo o ano de 2002 em torno de 7%. Em outubro daquele ano, o acumulado em 12 meses foi para 8,5%. Em novembro, com Lula eleito, subiu para 10,9% e em dezembro fechou em 12,5%.
É tão falso culpar o governo Fernando Henrique por aquela alta da inflação — de 12,5% repita-se, e não os 5.000% que ele enfrentou — quanto culpar o governo Lula pela queda do PIB do ano passado, que foi provocada pela crise internacional.
Recentemente, conversei com um integrante do governo Lula que, longe dos holofotes e da campanha, admitiu que essa aceleração final foi decorrente do fato de que a maioria dos empresários não acreditava que o governo Lula fosse pagar o preço de manter a estabilização.
Esse foi o mérito do PT. Foi ter contrariado seu próprio discurso, abandonado suas próprias propostas, por ter percebido o valor da estabilização.
Esse esforço foi liderado por Palocci e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A inflação entraria numa rota de descontrole que poderia até ter destruído o esforço feito durante os oito anos anteriores se o governo Lula tivesse persistido nas suas propostas.
A História foi essa e não a que a candidata Dilma Rousseff apresentou.
É profunda a fragilidade dessa versão dos fatos em nome da qual Leitão pretende se manifestar. Até no texto dela é possível ver elementos que mostram toda distorção espertalhona que está sendo praticada.
Ela diz, a certa altura, que, “Em 2002, a inflação subiu principalmente nos dois últimos meses, após a eleição. A taxa, que havia ficado abaixo de 6% em 2000, subiu um pouco em 2001 e ficou quase todo o ano de 2002 em torno de 7%. Em outubro daquele ano, o acumulado em 12 meses foi para 8,5%. Em novembro, com Lula eleito, subiu para 10,9% e em dezembro fechou em 12,5%.
Ora, o que Leitão acaba de descrever nada mais é do que um processo inicial de descontrole inflacionário, de inflação ascendente, iniciado em 1999, quando a maxidesvalorização do real, imposta ao país pela retenção irresponsável da desvalorização da moeda por FHC – que não tomou as medidas necessárias no momento certo visando as eleições de 1998 –, gerou inflação ao encarecer os insumos importados na economia.
Claro que a ascensão de Lula nas pesquisas e a probabilidade de ele vencer a eleição presidencial provocaram, sim, intranqüilidade na economia e, sobretudo, entre o capital estrangeiro. Isso, no entanto, ocorreu não só por idéias pretéritas do PT que assustavam os mercados, mas devido a um terrorismo feito pelo PSDB, com Regina Duarte e tudo, enquanto que o então partido oposicionista tentava convencer sociedade e aqueles mercados de que mudara sua visão.
Outra versão absurda dos fatos é a de que, como diz Leitão, o plano Real tenha sido “elaborado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, como todos sabem”. Conversa. O mesmo Plano já tinha sido imposto por Ronald Reagan a boa parte da América Latina. Países como Argentina, Bolívia ou México, entre outros, já tinham adotado o modelo que se baseava em âncora cambial e privatizações para quebrar a dinâmica inflacionária.
A candidata Dilma Rousseff faria um bem enorme ao país se repetisse os argumentos que exibo aqui da próxima vez que o candidato José Serra vier mentir na cara de todo um povo que, como revelam as sondagens da opinião pública da natureza da que reproduzi, não crê em uma única palavra que conste de versões dos fatos como a descrita por Miriam Leitão no texto acima.
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