Emir Sader
Bem que a direita tentou. Primeiro, buscando questionar a contagem de votos, depois buscando denúncias de corrupção contra a Dilma, para finalmente ficar com a via golpista de usar uma maioria parlamentar para aprovar um impeachment sem fundamento e levar Temer ao governo interino. Tudo foi devidamente montado, inclusive o circo midiático-parlamentar daquela vergonhosa votação na Câmara, para que se conseguisse o sonho da direita desde 2003: terminar com o ciclo de governos do PT.
Porém, muito cedo Temer demonstrou que não está à altura da pantomima. Seu governo revelou-se rapidamente ser inviável. A começar porque sofre as mais amplas manifestações de repúdio de todos os setores da sociedade, com a exceção da mídia monopolista e do grande empresariado, assim como amplos setores do Judiciário. Os outros setores, de jovens a mulheres, de torcidas de futebol a movimento de música negra, de advogados a professores, de trabalhadores da cidade a trabalhadores do campo, entre tantos outros, repudiam o governo e fazem ecoar diariamente o clamor das ruas do Fora Temer!
Mesmo resignado a governar para o 1% mais rico, o governo interino se revela inviável. Composto por um núcleo de políticos corruptos, cujas gravações já demonstraram seu objetivo de chegar ao governo para se verem livres das acusações de corrução que pesam sobre eles, que inclui o próprio presidente interino, o governo não tem a mínima estabilidade para atuar. Diariamente está convulsionado por novas acusações, por riscos de prisão e possibilidades de novas substituições no governo. Não tem a mínima estabilidade desde dentro mesmo do governo e está sitiado pelas manifestações populares.
Um presidente que, ao invés de transmitir confiança, esperança, de se congraçar com a população, não pode sair às ruas, nem sequer frequentar sua casa em São Paulo. Foge do povo, como foge das acusações que pesam também sobre ele de ter recebido recursos de forma ilegal. Além de que, vergonhosamente, é um politico ficha-suja, um presidente ficha-suja, inelegível por 8 anos.
O país não aguenta um presidente, mesmo interino, e um governo assim. O Brasil precisa, urgentemente, de uma condução politica legítima, eleita pelo povo, com apoio dos brasileiros, para resgatar o Brasil da crise profunda e prolongada que vive.
O governo Temer se revelou inviável, aumentou e não diminuiu a ingovernabilidade, apesar da maioria parlamentar e do apoio da mídia. Não conseguirá sequer abrir as Olimpíadas sem manifestações generalizadas de escracho contra ele, que confirmaram para o mundo sua ilegitimidade e o repúdio dos brasileiros contra ele.
Temer deve renunciar, porque não consegue governar, não consegue impor o programa econômico antipopular e antinacional que anuncia, porque não tem estabilidade interna e nenhum apoio democrático da população. Será um governo de espasmos, de sustos, de instabilidades, acuado, assustado, foragido.
Já não é apenas o clamor das ruas, é o próprio senso comum que diz, pelo bem do Brasil: Fora Temer!