Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 12 de novembro de 2013

A restauração em marcha

Sinais de esfriamento na demanda por bens de capital consolidam percepção de que o investimento ficará na moita até as eleições de 2014; economia fica na dependência do consumo e do investimento público.

Ciclo Serra/Kassab abrigou um carrossel da corrupção na prefeitura de São Paulo

Sinal amarelo: emprego industrial cai 0,4% em setembro; é o 5º recuo no ano; folha de pagamento ainda cresce (1,6% entre agosto e setembro), mas a anemia do emprego vai ajustar todo o resto e terá impacto na demanda. 


Os 500 maiores fundos globais do planeta recuperaram o volume de recursos anterior à crise de 2008; papéis de grandes corporações dos EUA acumulam um recorde

por: Saul Leblon 

A  restauração em marcha

A coagulação rentista ganha corpo e se expande no caldeirão da inércia econômica pós-2008,  aqui e alhures.

É como a nata que toma conta da superfície líquida, à medida  em que a temperatura sobe na leiteira.

A pregação  sem rodeios do arrocho em defesa dos juros e contra o salário mínimo, ecoada por assessores econômicos de Aécio -- sintomaticamente não autorizada por ele--   é parte da restauração em marcha.

Aqui e alhures estão de volta os que nunca se foram.

 Apenas haviam submergido, parcialmente, quando o auge da ganância rentista desligou a fornalha para mitigar os efeitos da implosão descontrolada da crosta especulativa que inflamou todo o ambiente econômico. 

Os mesmos protagonistas, as mesmas propostas, as mesmas somas desconcertantes de capital fictício avultam outra vez em espirais ascendentes.

O conjunto sugere  coordenação.

Mas a coordenação que existe é a da ação por gravidade de interesses nunca efetivamente afrontados nestes cinco anos que separam a quebra do Lehman Brothers, dos dias que correm.

Os dados internacionais são sugestivos da  espuma ascendente de onde decolam as bolhas.

O comportamento anêmico da inflação nos EUA  atesta a ainda frágil recuperação do emprego e das vendas na maior economia do planeta.

O mundo real se arrasta sem a força e a velocidade regeneradoras  de outras retomadas.

 Mas os  preços das terras agrícolas, o custo do m2 nos centros e comerciais e , especialmente, a cotação das ações avançam com desenvoltura.

Como é possível a  nata se recompor se a temperatura persiste morna  na base?

 Uma parte da explicação remete ao fato de que essa crise preservou, em grande parte, a higidez da riqueza fictícia que a originou.

O leite derramado em jorros de fome, empobrecimento e desemprego  não arrastou o grosso da nata gordurosa para o ralo.

Salvou-a  a ação generosa das injeções fiscais e monetárias disparadas pelas autoridades econômicas e os Bancos Centrais.

E teria sido muito pior se tal não acontecesse.

A restauração em curso  não denigre a ação contracíclica onde quer que tenha sido acionada, antes, atesta o seu acanhamento e  insuficiência.

Desprovida de políticas ativas de natureza regulatória, fiscal e tributária que pudessem restaurar a supremacia do interesse público sobre os apetites unilaterais da bocarra financeira, a ação do Estado ficou travada entre a boa intenção –quando houve--   e a inexistência de um protagonista político capaz de  desdobrá-la em reordenação do desenvolvimento.

O governo Obama é a síntese desse lodaçal onde as boas intenções empoçam sem dispor de uma alavanca política que as faça prosperar além  da correlação de forças prevalecente.

Alguns números ilustram  o tamanho da restauração em marcha.

Os 500 maiores fundos globais do planeta recuperaram o  volume de recursos anterior à crise de 2008: seus gestores dispõem novamente de US$ 68 trilhões para bancar apostas  em um planeta cujo PIB é pouco superior a US$ 70 trilhões.

Há mais.

Informações do Wall Street Journal desta 2ª feira flagram a famosa  ‘exuberância irracional’ exercitando as asas nos mercados acionários.

Uma das características da crise de 2008 foi a inflamável dissociação entre o valor especulativo das ações e os fundamentos aos quais elas deveriam se reportar crivelmente  -- as fatias proporcionais dos lucros das empresas cabíveis aos detentores das carteiras acionárias.

A relação preço/lucro (P/L)  atingiria níveis marcianos nos idos de 2008, requerendo múltiplos decênios de alta rentabilidade para justificá-los.

Quando o cipó de aroeira se abateu sobre os pregões, as bolsas derreteram: as perdas foram da ordem de US$ 11 trilhões,  umas oito vezes o PIB brasileiro.

Vai por aí a coisa novamente?

Há suspeitas borbulhantes no ar.

Na semana passada, a Twiter Inc. fez uma emissão primária de ações e vendeu instantaneamente um volume de papéis no  valor de US$ 2,1 bilhões.

A volúpia reprodutiva do capital fictício  fez os preços das ações saltarem de US$26 no lançamento, para US$ 44,90 no fechamento dos negócios: 43% de alta.

O preço de mercado da Twitter registrou uma sob todos os critérios apreciável  valorização de US$ 10 bilhões.

Na manhã da quinta-feira (07/11) a Twitter Inc valia US$ 15 bi; na tarde do mesmo dia, seu preço havia saltado para US$ 25 bi.

Nem todos serão incinerados exemplarmente como Eike Batista, ex-mago da Veja, Exame, Valor etc.

Mas a mecânica é a mesma. E guarda profunda semelhança com o exuberância anterior a 2008.

Com um agravante: talvez agora os lírios floresçam e feneçam em ciclos explosivamente mais curtos.

A tinta do desastre ainda está fresca na memória dos mercados.

Nada que os faça abdicar voluntariamente de uma natureza intrinsecamente especulativa e irracional.

Mas o torque da sofreguidão ficou mais arisco. Ele acelera o ritmo para dançar o baile e sair antes que a porta se feche.   

É uma corrida entre a esperteza e a gula, não há vaga para a seriedade.

O mesmo insuspeito Wall Street Journal informa que as empresas norte-americanas já captaram US$ 51 bilhões em emissões primárias de ações este ano.

É o maior volume desde os US$ 63 bi de 2000.

Outros papéis de grandes corporações dos EUA acumulam um volume de captação da ordem de US$ 910 bilhões –recorde em 13 anos.

E assim por diante.

A liquidez faminta vive a sua maré de lua cheia e vasculha a terra firme em busca de um porto seguro.

É nessa antessala de uma próxima e quase inevitável vazante que a ortodoxia e o jornalismo conservador multiplicam os decibéis em defesa daquilo que em sua opinião deve suceder ao governo Dilma em 2014.

A saber:

-esvaziar  o grande  trunfo brasileiro para enfrentar a turbulência internacional, qual seja, o mercado interno de massa baseado em níveis elevados de emprego e na preservação do poder de compra popular;

- deflagrar um longo ciclo de altas contínuas dos juros para devolver a inflação ao centro da meta mesmo que a custa de uma recessão;

- desmontar todas as políticas ativas de indução ao desenvolvimento e diminuir o tamanho do BNDES;

- delegar o destino da base industrial brasileira à competição selvagem da manufatura asiática e norte-americana, com um forte tranco de redução abrupta de tarifas;

- deixar o dólar atingir a cotação que os mercados quiserem e quando eles quiserem;

- desfrutar o desemprego e a mudança nos termos das trocas internacionais, decorrente desse conjunto, para baratear selvagemente o custo do trabalhador brasileiro.

Esse é o lacto purga apresentado como farmacêutica moderna pelo insopitável espírito público  de economistas que, no passado, como se sabe, levaram o Brasil ao bom destino.

Eles farejam a restauração  em marcha.

A proposta que preparam para Aécio, em 2014,  é incluir o Brasil nela.

De joelhos.

Trajetória de Kassab é marcada por problemas com a lei e denúncias


Nos últimos dias, estabeleceu-se pela imprensa bate-boca entre Fernando Haddad e seu antecessor Gilberto Kassab. Esse bate-boca ocorre no âmbito de escândalo que, apesar de circunscrito à capital paulista, alcançou dimensão nacional devido a que não se pode falar da gestão Kassab sem falar na de seu padrinho José Serra – Kassab já teve outros “padrinhos”.
No domingo, no âmbito da espantosa corrupção que brota da investigação da gestão anterior pela atual (o escândalo do ISS, ou da “máfia dos fiscais”), manchete de primeira página da Folha de São Paulo reproduziu declaração de Haddad de que teria encontrado “descalabro” quando assumiu a prefeitura paulistana.
No dia seguinte, a mesma Folha traz, também na manchete principal de primeira página, a resposta de Kassab: “Descalabro é gestão de Haddad”.
Quem foi acusado indiretamente, portanto, reagiu acusando diretamente. Ainda que pareça um detalhe que Haddad não tenha citado Kassab em sua crítica, mas que tenha sido citado por ele na resposta, o que se extrai desse fato é uma subida de tom do ex-prefeito, que preferiu responder a uma crítica dura com dureza ainda maior.
A opinião sobre os seis anos de Kassab ou os 10 meses de Haddad naquela prefeitura, porém, fica ao gosto do freguês, mas sempre deixando registrado que a opinião de quem escreve é a de que ainda é cedo para julgar a segunda gestão, mas é mais do que possível julgar a primeira…
Pode-se dizer, pois, que a maioria dos paulistanos reprovou não apenas a gestão Kassab, mas, também, a de quem o elegeu, José Serra. E pode-se dizer isso sem sombra de dúvida porque Serra disputou a sucessão do governo que elegeu em 2004 e reelegeu em 2008 e foi pessoalmente reprovado, ao não ter sido eleito.
Serra está pagando o mesmo preço que pagou Paulo Maluf, que, como o tucano, elegeu-se prefeito com muito apoio na capital paulista e, graças ao mau sucessor que pediu aos paulistanos que elegessem, entrou na mesma decadência.
Com efeito, quem elegeu Fernando Haddad no ano passado não foi só ele mesmo; Kassab tem parte do mérito. A principal estratégia da campanha petista foi vincular o adversário tucano ao então prefeito, quem, no estertor da campanha eleitoral de 2012, batia recordes sucessivos de impopularidade.
Kassab surpreendeu a muitos com a sua má gestão, pois foi eleito sob um discurso de “competência” e de resgate do Executivo municipal. Tal qual Haddad, Kassab afirmou, logo que ele e Serra assumiram a prefeitura (2005), que a receberam de Marta Suplicy na mesma situação de “descalabro”. O início da gestão Serra, então, foi marcado por acusações à antecessora. E Kassab manteve o discurso.
Haddad, o suave Haddad, porém, retribuiu na mesma moeda a crítica que recebeu de Kassab lá atrás, quando acusou a gestão de que o atual prefeito participou de ter entregue uma administração falida e cheia de irregularidades. A única diferença, porém, é que os fatos dão razão à acusação de Haddad, mas não dão à de seu antecessor.
Ou alguém sabe citar algum escândalo sequer similar ao de agora durante ou após a gestão Marta Suplicy? Afinal, até aqui já se sabe que meio bilhão de reais foi surrupiado e o atual prefeito, que investigou e denunciou o “descalabro”, já anuncia que o que apurou seria a ponta do iceberg…
Contudo, o que está sendo levantado não deveria surpreender. Qualquer um que conheça um pouco a história de Kassab irá se lembrar da comoção que causou a escolha dele por Serra para ser candidato a vice-prefeito em sua chapa em 2004 devido não só à participação do então pefelista no governo Celso Pitta, mas a suspeitas sobre seu patrimônio. Entre outras.
Como o bate-boca entre o atual prefeito e o antecessor aconteceu na Folha, talvez este Blog possa oferecer um pouco de “memoriol” ao jornal para, quem sabe, lembrar aos seus leitores quem é quem nessa história.
Uma pesquisa nos arquivos da Folha, por exemplo, poderia ser muito esclarecedora. De forma a colaborar com a prevalência dos fatos, então, aqui vai um breve mergulho na história de Kassab, ou à forma como ela foi contada por esse jornal.
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Em 15 de março de 1994, Kassab aparece pela primeira vez nos arquivos da Folha. Foi em uma reportagem sobre coligação entre o PSDB e o PL, partido do qual o ex-prefeito, então vereador em São Paulo pelo PL, era presidente estadual. A negociação de Kassab se deu com o presidente do PSDB paulista, o então deputado estadual Geraldo Alckmin.
Em 6 de agosto de 1994, cerca de quatro parcos meses depois, em sua segunda aparição na Folha, Kassab já debuta no noticiário sobre corrupção em São Paulo – a partir dali, não pararia mais.
O que ocorreu foi que, no dia anterior, a Polícia Federal apreendeu 49.012 bônus eleitorais, no valor total de R$ 11.424.200,00 na sede da empresa Guararapes, de propriedade de Nevaldo Rocha – pai do então candidato do PL à Presidência, Flávio Rocha.
A apreensão dos bônus eleitorais, dos cheques recebidos a título de contribuição para a campanha do PL e dos livros de contabilidade do partido foi determinada pelo então corregedor-eleitoral de São Paulo, Márcio Martins Bonilha.
Segundo a Justiça eleitoral, à época, o cofre da Guararapes era um local “impróprio” para a guarda de tais documentos – os bônus deveriam estar sob a guarda do partido, e não no cofre de uma empresa privada.
Naquele 5 de agosto de 1994, Kassab desvinculou-se pela primeira vez de irregularidades que estavam ocorrendo sob seus olhos. Como presidente regional do PL em São Paulo, o então vereador Gilberto Kassab disse que os bônus comercializados de forma irregular eram “de única responsabilidade do candidato Flávio Rocha”.
Durante depoimento ao juiz eleitoral Waldir de Souza José, Kassab disse que esses bônus foram repassados a Rocha pela Executiva Nacional do seu partido, o PL.
A matéria da Folha ainda informou que “Kassab compareceu espontaneamente ao TRE, antes de sua convocação”.
Em 22 de março de 1995, Kassab volta ao noticiário pouco abonador. A matéria da Folha é sobre nepotismo na Assembleia Legislativa e ele, no ano anterior, elegera-se deputado estadual pelo PL de São Paulo.
Segundo a matéria, três deputados contrataram familiares para trabalhar em seus gabinetes, por R$ 1.500. Um deles era Kassab. Pôs a irmã Márcia como secretária. “Ela trabalha comigo direitinho há oito anos”, justificou.
Em 11 de maio de 1996, a Folha publica matéria sobre festa em que ocorrera o lançamento da candidatura de Celso Pitta pelo então prefeito Paulo Maluf. Kassab aparece no texto por ter sido citado como possível candidato a vice-prefeito na chapa de Pitta, que, ao longo de sua gestão, sofreu acusações pelo primeiro escândalo da máfia dos fiscais paulistanos.
Em 10 de dezembro de 1996, com Pitta e seu fura-fila já eleitos pelo ainda prefeito Maluf, o deputado estadual Gilberto Kassab – agora no PFL – é indicado secretário de Planejamento do governo que começaria em cerca de três semanas.
Em 22 de março de 1997, a impressionantes menos de três meses da posse, e após um mês com a Prefeitura de São Paulo praticamente paralisada por causa das denúncias da CPI dos Precatórios, secretários, vereadores e assessores políticos começaram a articular uma campanha “reage, Pitta”.
O objetivo da campanha que Kassab abraçara era estancar os prejuízos causados pelas denúncias de corrupção na CPI e mostrar publicamente que o governo Pitta estava funcionando normalmente, apesar da crise.
“Essa operação de resgate da imagem do prefeito não só é necessária como também justa. Ele é um homem correto e merece toda a confiança”, declarou Gilberto Kassab, então secretário de Planejamento.
Em 4 de maio de 1997, ocorreu um fato sobre o qual os que acham que o trânsito de São Paulo hoje é “caótico” deveriam refletir. Reportagem da Folha mostrou que urbanistas, técnicos de trânsito e associações de moradores afirmaram, à época, que São Paulo se tornaria ainda mais caótica se o novo Plano Diretor, proposto pelo então prefeito Celso Pitta, fosse implantado.
Detalhe: Gilberto Kassab, então secretário municipal do Planejamento, foi o responsável pela elaboração daquele Plano Diretor.
Em 10 de outubro de 1997, vejam só, o então secretário do Planejamento de São Paulo, Gilberto Kassab, não atendeu às ligações da Folha sobre assunto de sua influência, a liberação irregular de construção de um prédio na região do parque do Ibirapuera, onde a lei não permitia. Se alguém teve algum déjà vu, teve boas razões para tanto…
Em 12 de abril de 1998, Kassab já estava fora do governo Pitta. Saiu para ser candidato a uma vaga de deputado federal pelo PFL de São Paulo. Naquele dia, o colunista da Folha Elio Gaspari comentou assim a campanha dele:
“(…) A opulência da campanha à Câmara do pefelista Gilberto Kassab, um dos caixas da campanha dos vereadores em 96, está provocando inveja entre os demais candidatos do próprio PFL e do coligado PPB (…)”
Em 10 de junho de 1998, o então deputado Paulo Lima (PFL-SP) acusou Paulo Maluf de ter pago R$ 30 milhões ao PFL para apoiar sua candidatura ao governo do Estado, e também acusou o então deputado estadual Gilberto Kassab de estar por trás do negócio.
Em 27 de junho de 1998, o então prefeito Celso Pitta foi condenado em primeira instância pela Justiça por usar verba pública em propaganda pessoal. Com ele, foram condenados dois secretários e um assessor de imprensa do prefeito. Kassab foi um dos quatro condenados. Posteriormente, safou-se.
Em 19 de junho de 1999, a coluna Painel da Folha afirma que Kassab era considerado pelas “más línguas” como o “dono” do PFL em São Paulo.
Em 25 de fevereiro de 2000, em ação de improbidade administrativa em que foi condenado junto com o então prefeito Celso Pitta por uso de verba oficial de publicidade em benefício deste, Kassab argumentou em sua defesa que a responsabilidade pelo anúncio fora do prefeito e de sua assessoria de imprensa, adotando uma postura de se distanciar dos escândalos que mantém até hoje. Mais tarde, Kassab se safaria da condenação em instância superior da Justiça paulista.
Em 6 de maio de 2000, a Folha noticiou que a ex-primeira-dama Nicéa Pitta e o vereador cassado Vicente Viscome acusaram o então vereador Toninho Paiva e o então deputado federal Gilberto Kassab (PFL-SP) de comandarem um esquema de corrupção em cemitérios municipais e em unidades da secretaria municipal dos Esportes.
Em 17 de setembro de 2003, a Polícia Rodoviária Estadual de São Paulo apreendeu US$ 130 mil com um investigador da Polícia Civil na rodovia Anhanguera, em de Santa Rita do Passa Quatro (253 km de SP). Segundo o policial que fez a apreensão, o dinheiro era do então deputado federal Gilberto Kassab (PFL).
O investigador Marco Antônio Beolchi Adami trabalhava no Departamento de Polícia Judiciária do Interior de São José dos Campos e foi detido com Aldemir Torquato de Araújo em um Ômega.
De acordo com a Polícia Federal de Araraquara, o dinheiro estava em uma bolsa no porta-malas do veículo. “Segundo os policiais rodoviários, eles [a dupla] disseram que na bolsa havia tênis. O motorista tentou fugir”, disse o delegado.
Adami disse aos policiais que o dinheiro era resultado da venda de um imóvel feita pelo deputado federal.
Kassab, mais uma vez, desconhecia um problema com a lei em que apareceu. Disse não saber a origem do dinheiro e estranhou o fato de os homens terem citado o seu nome à polícia.
“Deve estar havendo algum engano ou alguém está agindo de má-fé. Não conheço essas pessoas e não vendi nenhum imóvel.”
Em 22 de junho de 2004, a Folha noticiou que no dia anterior o PFL indicara Kassab para candidato a vice-prefeito na chapa de José Serra.
Em 24 de junho de 2004, tucanos levaram ao então governador Geraldo Alckmin relatório sobre processo em que Gilberto Kassab, vice escolhido pelo PFL para a candidatura de José Serra a prefeito, foi condenado por improbidade administrativa praticada quando secretário do Planejamento de Celso Pitta. A leitura, segundo a Folha, impressionou o governador.
Isso porque, em 1998, a 10ª Vara da Fazenda Pública tirou os direitos políticos de Kassab por cinco anos. E, em 2000, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmara a sentença, depois suspensa pelo STJ.
Os tucanos ficaram aflitos com a solução Kassab e propuseram ao PFL que escolhesse outro nome. Contudo, o PFL permaneceu impassível sobre aquela “solução”.
Em 7 de julho de 2004, a Folha informa que o patrimônio de Kassab tivera salto de 316% em 4 anos – entre 1994 e 1998, quando foi secretário de Celso Pitta e sofreu ação por improbidade administrativa.
Ao se candidatar à Assembleia Legislativa em 1994, Kassab declarou ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) um patrimônio de R$ 102 mil, em valores da época. Em dezembro de 2003, o mesmo Kassab atingiu R$ 3,9 milhões de patrimônio.
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A partir daquele ponto de 2004, a campanha tomou o noticiário, Kassab parou de sofrer acusações na mídia, Serra se elegeu e ele virou vice-prefeito. Nos anos seguintes, até 2011, o noticiário da mídia paulista sobre a administração de São Paulo tornou-se escasso. Parecia que a cidade não tinha prefeito.
Houve alguma agitação em relação à administração paulistana quando Serra, em 2006, rompeu promessa que fizera por escrito na campanha de 2004 e deixou o cargo de prefeito para se candidatar a governador, mas, a partir de 2006, pouco se ouviu falar do sucessor do tucano na prefeitura.
Enquanto isso, a cidade afundava de uma forma que tornaria Kassab o grande peso para seu padrinho político na eleição municipal do ano passado, quando a associação com o afilhado derrotou o tucano.
O que este texto pretendeu oferecer ao leitor, pois, foi subsídio para decidir quem pode ter mais razão nesse bate-boca entre o prefeito anterior e o atual. A trajetória política de Kassab nos últimos vinte anos mostra um político eternamente enroscado com a lei e alvo de acusações de corrupção em áreas que, agora, todos estão vendo em que estado de descalabro estão.
A trajetória de Haddad, por sua vez, está mais fresca na mente dos paulistanos e, como se sabe, é bem melhor do que a de quem o antecedeu diretamente na prefeitura.
Kassab, além disso, aparece neste texto como um dos grandes responsáveis pelo que São Paulo é hoje, para o bem ou para o mal. Mas a julgar pelo que opinam os paulistanos sobre sua cidade, o que São Paulo é hoje não contribui para a imagem do ex-prefeito.  A São Paulo atual sugere que Kassab usou mal a grande influência que exerceu sobre ela nesse tempo todo.

'GLOBO QUER CENSURAR A INTERNET NO PAÍS'

PETROBRAS: UMA ODE À POLÍTICA ! Se Vargas ficasse só com o Jango, a Standard Oli vencia a batalha do petróleo brasileiro.

Na ante-sala do gabinete da Presidente Graça Foster há uma singela mesa de madeira em que Vargas assinou em 3 de outubro de 1953 a Lei 2004, que criou a Petrobras.

E a reprodução do Diário Oficial com a assinatura dos ministros.

Faz parte da exposição dos 60 anos da empresa, no prédio na Avenida Chile, no Rio.

Além dos militares, assinaram a Lei 2004 Tancredo Neves (Justiça), Vicente Rao (Relações Exteriores), Oswaldo Aranha (Fazenda), João Cleofas (Agricultura), Antonio Balbino (Educação), José Américo (Viação) e João Goulart (Trabalho).

O único do PTB, o partido de Getúlio, era Jango – clique aqui para ler “PiG falsificou a autópsia política de Jango”.

Os outros eram da base aliada de Vargas no Congresso.

Muitos deles da oposição, como Cleofas e José Américo, que pertenceram à UDN.

E o próprio Aranha, um dos heróis da Revolução de 1930, mas que, por vezes, associou-se à UDN e aos interesses americanos no Brasil.

Invariavelmente contra a Petrobras esteve, sempre, Assis Chateaubriand, um campeão do PiG (*).

E, se, agora, o PiG e Cerra defendem a Chevron, na época Chatô defendia a Standard Oil.

Dá no mesmo.

Chatô chegou a dizer :

“Estamos militando num trágico equivoco, ao pensar que, pondo nas mãos de brasileiros, de brasileiros tupinambás, de brasileiros tupiniquins, de brasileiros guaicurus, os negócios de petróleo do Brasil, ficaremos mais garantidos das influencias estranhas. Puro engano.”

E mais, dizia o Ataulfo (**), quer dizer o Chatô (mal comparando …):

“… o movimento suposto nacionalista, no fundo, se fia na mesma linha russa (comunista – PHA) de combate aos que nos podem ajudar … Onde o caráter espoliador ? Na Venezuela, no Canadá, no Irã, o que existe ou existiu foi um esplêndido esforço de cooperação !”

(Como se sabe, depois disso o Irã e a Venezuela estatizaram o petróleo …)

(Extraído de “A Batalha do Petróleo Brasileiro” – Mário Victor, Civilização Brasileira, 1970, coleção “Retratos do Brasil”.)
A Bláblárina é contra o petróleo.
Prefere a energia derivada do cuspe.
Seu parceiro, o Dudu Campriles, na entrevista coletiva que concedeu à Folha (***) já avisou que pretende tirar a Petrobras da exploração do pré-sal.
Deve ser para entregar à Standard Oil.
(Ah !, o que diria o Vovô Miguel ?)
(Além de detonar a Lei do Salário Mínimo, que garante aumentos reais.)
Mas, o objetivo aqui é concentrar no embustério – diz um amigo navegante – da Bláblárina.
Ela não tem base social, massa, povo atrás dela.
Não fala pela maioria dos evangélicos.
Nem pela maioria dos ambientalistas, já que nem todos são contra a hidreletricidade ou bagrólogos radicais.
Há ambientalistas sensatos, que ainda não pediram asilo à Big House.
A Bláblárina só tem uma base eleitoral.
É a dos que são contra a política.
Os que negam a política.
(Não incluir aí o Dudu dos Severinos e Inocêncios, que faz política desde o nascimento do avô no Crato.)
São os black blocs travestidos de doentes infantis do transportismo, devidamente capturados pela Globo Overseas.
A negação da Política é a apologia da ditadura.
Da tirania, do pensamento único.
De ir pra cima, pular sobre as instituições, como tentou a Blablá, para aprovar a Rede no TSE.
Lula faz política.
Vargas fez política.
E só conseguiu criar a Petrobras porque fez política.
Porque, se ficasse só com o PTB, o Chateaubriand teria vencido a batalha do petróleo.
O que, no fundo, é o secreto desejo da turma do “qualquer um deles serve, desde que não seja a Dilma”.






Paulo Henrique Amorim
A mesa singela testemunha uma obra-prima a Política !

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia. E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.

(***) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.