Até parece que a derrota esportiva é culpa de Dilma Rousseff. Já após o segundo gol da Alemanha, grandes portais, blogs e redes sociais foram infestados por milhares de comentários e fotomontagens buscando vincular a presidente da República ao desempenho da Seleção.
No Mineirão, a mesma “torcida” dos camarotes VIPs repetiu os mesmos insultos à presidente que foram disparados na abertura da Copa, em São Paulo, na Arena Corinthians, em 12 de junho último. Reapareceu o já famigerado “Dilma, VTNC!”, que, segundo o Datafolha, foi abominado por 76% dos brasileiros.
Enquanto isso, militantes de esquerda e direita da oposição ao governo federal e ao PT se esbaldavam na internet com comentários comemorativos ao vexame do “escrete canarinho”, sempre buscando relacionar a presidente da República ao resultado de Brasil e Alemanha.
Segundo a Folha de São Paulo, os grupos que promovem protestos violentos contra a Copa acham que esses protestos irão crescer por conta da derrota do Brasil. Vários sites que apoiam esses movimentos dizem, sem pudor, que a derrota do Brasil dá razão aos que criticavam a Copa (?!!).
No portal UOL, colunista da Folha já contabiliza, um a um, todos os lucros políticos que acha que a oposição irá colher da derrota do Brasil. Já não há mais vergonha ou pudor em julgar o governo pelo resultado da Seleção em campo.
A oposição a Dilma, porém, foi mais esperta, desta vez. Segundo a mesma Folha, Comemorar fiasco é tiro no pé, diz oposição. A matéria afirma que tanto Aécio Neves quanto Eduardo Campos se abstiveram de tentar faturar politicamente o desastre desportivo do Brasil.
Mas de que adianta isso se a militância desses candidatos – e a de partidos de esquerda que empregaram todos os meios imagináveis para melar a Copa – mostram o contrário publicamente?
É como no caso do Bolsa Família, que os candidatos tucanos a presidente Geraldo Alckmin (2006), José Serra (2010) e, agora, Aécio Neves sempre disseram que apoiavam, mas ninguém acreditou porque a militância tucana dizia – e ainda diz – o contrário.
Como no caso dos insultos a Dilma na abertura da Copa, é possível que novos insultos também sejam condenados pela maioria, que também pode condenar a tentativa de tirar votos da presidente usando fato sobre o qual ela não tem responsabilidade, o desempenho da Seleção.
Claro que a dimensão da derrota foi muito grande e mexeu muito com as pessoas. Independentemente de posição político-ideológica, não há brasileiro “normal” que tenha escapado de um sentimento avassalador de tristeza – à exceção dos que comemoraram a derrota da Seleção, que são tão minoritários quanto os que insultaram a presidente.
É muito alta a aposta dessa militância troglodita que partidos de direita e esquerda espalharam pela internet e pelas ruas. Claro que tudo pode acontecer, mas a lógica insinua que aquela militância só está expondo o que seus candidatos tentam esconder.