Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Mídia e militantes de direita e esquerda buscam lucro político na derrota da Seleção


Até parece que a derrota esportiva é culpa de Dilma Rousseff. Já após o segundo gol da Alemanha, grandes portais, blogs e redes sociais foram infestados por milhares de comentários e fotomontagens buscando vincular a presidente da República ao desempenho da Seleção.
No Mineirão, a mesma “torcida” dos camarotes VIPs repetiu os mesmos insultos à presidente que foram disparados na abertura da Copa, em São Paulo, na Arena Corinthians, em 12 de junho último. Reapareceu o já famigerado “Dilma, VTNC!”, que, segundo o Datafolha, foi abominado por 76% dos brasileiros.
Enquanto isso, militantes de esquerda e direita da oposição ao governo federal e ao PT se esbaldavam na internet com comentários comemorativos ao vexame do “escrete canarinho”, sempre buscando relacionar a presidente da República ao resultado de Brasil e Alemanha.
Segundo a Folha de São Paulo, os grupos que promovem protestos violentos contra a Copa acham que esses protestos irão crescer por conta da derrota do Brasil. Vários sites que apoiam esses movimentos dizem, sem pudor, que a derrota do Brasil dá razão aos que criticavam a Copa (?!!).
No portal UOL, colunista da Folha já contabiliza, um a um, todos os lucros políticos que acha que a oposição irá colher da derrota do Brasil. Já não há mais vergonha ou pudor em julgar o governo pelo resultado da Seleção em campo.
A oposição a Dilma, porém, foi mais esperta, desta vez. Segundo a mesma Folha, Comemorar fiasco é tiro no pé, diz oposição. A matéria afirma que tanto Aécio Neves quanto Eduardo Campos se abstiveram de tentar faturar politicamente o desastre desportivo do Brasil.
Mas de que adianta isso se a militância desses candidatos – e a de partidos de esquerda que empregaram todos os meios imagináveis para melar a Copa – mostram o contrário publicamente?
É como no caso do Bolsa Família, que os candidatos tucanos a presidente Geraldo Alckmin (2006), José Serra (2010) e, agora, Aécio Neves sempre disseram que apoiavam, mas ninguém acreditou porque a militância tucana dizia – e ainda diz – o contrário.
Como no caso dos insultos a Dilma na abertura da Copa, é possível que novos insultos também sejam condenados pela maioria, que também pode condenar a tentativa de tirar votos da presidente usando fato sobre o qual ela não tem responsabilidade, o desempenho da Seleção.
Claro que a dimensão da derrota foi muito grande e mexeu muito com as pessoas. Independentemente de posição político-ideológica, não há brasileiro “normal” que tenha escapado de um sentimento avassalador de tristeza – à exceção dos que comemoraram a derrota da Seleção, que são tão minoritários quanto os que insultaram a presidente.
É muito alta a aposta dessa militância troglodita que partidos de direita e esquerda espalharam pela internet e pelas ruas. Claro que tudo pode acontecer, mas a lógica insinua que aquela militância só está expondo o que seus candidatos tentam esconder.

Chega de Lei Pelé e de neolibelismo Essa, além do Gilmar, é uma das heranças malditas do Principe da Privataria



A derrota sofrida pela Seleção Brasileira para a Alemanha não significa somente uma tragédia nacional.

Vai além.

Representa um choque de realidade que escancara a distância entre o futebol brasileiro e o alemão.

Lá, como lembraram os jornalistas Guilherme Pavarin e Alexandre Versignassi, a eliminação na primeira fase da Eurocopa em 2000 surtiu efeito.

“Estávamos pensando exatamente como vocês brasileiros pensam hoje: que não precisávamos aprender nada. E fomos jogando cada vez pior, pior e pior”, disse o ídolo alemão  Paul Breitner, em entrevista a ESPN Brasil.

Dois anos depois, o país chegava à final da Copa do Mundo com o mesmo Brasil eliminado ontem.

E hoje tem a seleção mais uma vez na final de um Mundial, o Bayern e o  Borussia Dortmund foram os finalistas da Champions League e revela jovens talentos como poucos.

A CBF deles não é um órgão privado, o que colaborou para que os investimentos necessários fossem feitos pelo governo local. A média de público do campeonato alemão, a Bundesliga,  é de  45 mil pessoas por jogo, a melhor do mundo. No Brasil, é 15 mil, menor do que a segunda divisão deles.

Por aqui, ocorreu o inverso: o Campeonato Brasileiro é cada vez menos atraente, garotos vão para o exterior como nunca e os clubes ficam relegados às federações e à emissora dona dos direitos de transmissão, que, para Alex, é quem manda.

A Lei Pelé, norma que substituiu a Lei Zico, assinada durante o governo Fernando Henrique Cardoso, com Pelé de Ministro dos Esportes, contribuiu com isso.

O neoliberalismo saiu dos ideais e planos econômicos da gestão tucana e foi para o futebol.

A lei tinha o objetivo de dar  transparência e profissionalismo ao esporte nacional, disciplinar a prestação de contas por dirigentes de clubes e a criação de ligas, profissionalizar as gestões e conceder aos jogadores o direito do seu passe.

Exceção ao Passe Livre, nada mudou.

Na teoria, a lei visava dar liberdade aos jogadores, que antes eram presos aos clubes. Na prática, foi a realização do sonhos dos empresários de futebol. Uma carreira que ganhou força a partir dali, e hoje é a categoria que mais se beneficia do esporte.

A ação dos empresários de futebol é abrangente. Podem mediar transferências internacionais e milionárias, assim como descobrem talentos ainda na infância. Garimpam talento e visam o lucro próprio. As categorias de base se tornaram, então, uma caixa preta nos grandes clubes.

As famosas “peneiras” ganharam um novo ingrediente. Bons talentos acabam reprovados nos testes para, na sequência, serem abordados por agentes. Eles oferecem estrutura e uma perspectiva de sucesso para os garotos. Tratam até com os pais dos atletas. Depois, o jogador volta ao mesmo clube, mas com uma diferença: já é agenciado pelo empresário.

Ou seja, o jogador poderia ser uma descoberta do clube, mas passa a ser terceirizado pelo empresário. Em uma futura venda, o lucro é dividido. Os clubes servem quase que como barriga de aluguel. Expõem e valorizam o atleta. E aí, com os atletas em mãos, é mais fácil levá-los para a Europa, onde está o grande faturamento.

Temos alguns exemplos na própria Seleção: você sabe de onde vem o Hulk, amigo navegante? E o David Luiz? O Fernandinho? Daria para falar sobre cada um deles. Tirando Neymar, Júlio César, Hernanes e mais um ou outro, a grande maioria desse elenco fez carreira desde cedo na Europa.

Inclusive alguns dos que saíram do Brasil como ídolos de grandes times, como Paulinho e Thiago Silva, vinham de experiências frustradas – e precoces – no Velho Continente. Poucos sabem, mas Paulinho passou por Polônia e Lituânia antes de brilhar no Corinthians. O capitão Thiago Silva teve sérios problemas de saúde na Rússia, para depois ser ídolo do Fluminense.

Por que sair tão cedo? Porque, além do lugar comum de sonhar com o futebol europeu, alguém lucra com isso. Interessa a alguém que o jogador vá para o exterior sem um intermediário.

Com a Lei Pelé, não foi o jogador que ganhou. Foram os empresários. E quem perdeu, além dos clubes, foi o futebol brasileiro.

Como se sabe, o legado de FHC é abrangente. Tem como um de seus exponenciais a ida de Gilmar Mendes ao STF. Podemos adicionar mais essa contribuição do Príncipe da Privataria ao país: a derrocada do esporte mais popular do mundo.


Em tempo: Foi após a Lei Pelé que empresas estrangeiras como a ISL, Hicks Muse e MSI passaram a patrocinar agremiações como Flamengo, Corinthians e deixaram os clubes em situação financeira pior do que quando chegaram


Alisson Matos e João de Andrade Neto, editores do Conversa Afiada

Como a Globo usa o BV na CBF Reforma sem tirar a Globo do meio do campo é udenismo



No julgamento do mensalão do PT – porque o mensalão tucano virou espuma, como as análises dos pigais comentaristas do Valor e da Fel-lha (*) – o BV, o Bônus de Volume era pecado mortal.

(Não confundir com “volume morto” do Alckmin.)

Por causa do BV que a Visanet pagou às agências imaculadas do Marcos Valério, o Pizzollatto, à falta de outras provas, foi condenado.

O BV da Globo é casto.

É lei …

O BV da Globo é o maior faturamento das 90 maiores agências de publicidade do Brasil.

É uma espécie de serviço análogo à servidão: as agências se comprometem a veicular na Globo e recebem um percentual ADIANTADO.

Ou seja, faça chuva ou sol, TÊM que anunciar na Globo – porque já embolsaram sua fatia.

Aqui no Brasil, a Globo conseguiu transformar isso em Lei.

Nos Estados Unidos e na Inglaterra se chama isso de “kick back” – propina.

Com os clubes da CBF, do Brasileirinho, a Globo faz o mesmo.

Paga adiantado, para assegurar a exclusividade da cobertura.

Ela escraviza os clubes com dinheiro, na frente.

E se eles tiverem um aperto, precisarem de uma grana para contratar um craque – que não se vê há muito tempo … – a Globo comparece, com o bote salva-vidas.

Portanto, qualquer programa de reforma do futebol brasileiro, inclusive com as boas ideias do Bom Senso FC,  tem que começar com a Globo.

A Globo é o elefante na sala dos 7 a 1.

Não basta espinafrar o Felipão, o Marín ou o Del Nero.

Tem que ir pra cima do Galvao, do Kamel, dos filhos do Roberto Marinho.

Se não, é como fazer uma Ley de Medios (que a Dilma esqueceu de incluir no programa ) e proteger a Globo, como prega o Ministro Plim-Plim.

Em nenhum país latino-americano um Campeonato Nacional deixa de ter a cobertura de canais estatais ou educativos.

Na Argentina, a Cristina comprou os direitos do Brasileirinho e distribui a todos.

Mas, a Argentina, como se sabe, fica no Hemisfério Norte.

Em tempo: de todos os espécimes pigais, o mais histérico nesta quarta-ferira é o Globo, que não paga o DARF: “Vergonha ! Vexame ! Humilhação !”

E o Ver-mal, ou Ataulfo Merval (**) faz uma pirueta, sem rede embaixo: a Dilma vai perder a eleição porque quis “faturar” a Copa. Como diz o Mino, no Brasil os jornalistas são piores que os patrões …

Paulo Henrique Amorim



(*)  Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse . Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.