O Conversa Afiada reproduz texto de Régis Eric Maia Barros, psiquiatra e psicanalista:
Costumo dizer que a célula fascista sempre
esteve viva durante toda a história do mundo moderno e contemporâneo.
Ela fica adormecida como um patógeno oportunista num hospedeiro,
teoricamente, saudável. Em condições favoráveis, ela se replica e cria
um corpo coletivo de idéias fascistas.
Pois bem, recentemente, uma atriz verbalizou que ela e seus pares do Sul e Sudeste “pagam o Bolsa-Família ao Nordeste”. De fato, o inconsciente fala e, para quem sabe escutar e decifrar, ele grita em alto e bom som. Infelizmente, essa fala não é só dela. Ela foi porta-voz de muitos. São incontáveis os que crêem nisso. O problema é que, ao crer nessa barbaridade, há uma estratificação manifesta. De um lado, os que “pagam o bolsa-família” e do outro, “os que recebem e se esbaldam dessa política inclusiva”. Há um maniqueísmo: os que trabalham e os que são vagabundos! A atriz pode até não ter notado, mas é notória, nessa fala pútrida, a idéia de especiação.
Um escalonamento de base fascista que coloca o diferente num patamar sempre inferior. Daí, para o preconceito é um passo, para a exclusão é um pulo e para o extermínio é uma braçada. Se a voz coletiva assim se constituir, tudo é validado e o mais fraco, mesmo que em maioria, será exterminado. Não se precisa exterminar com câmaras de gás. Pode-se exterminar, simplesmente, com os atos de não aceitar, de rotular, de apelidar, de não incluir e com o ato de culpabilizar.
A atriz foi clara. Ela pediu que todos silenciassem, porque ela sustenta os miseráveis do Nordeste. Gostaria de acreditar que essa construção fosse produto somente do desconhecimento. Contudo, a sua forma arrogante, vertical, agressiva e preconceituosa foi capaz de desnudá-la. Eis a célula fascista saindo da quiescência. O meio de cultura dos dias de hoje é apropriado. Um crescimento conservador sem igual. O julgamento do certo e do errado pela falsa roupagem do equilíbrio moral pleno até por que os que propõem isso são repletos de imoralidade. Essa célula fascista fará muitas mitoses em cada indivíduo solitário que a possui. Depois, os que foram contaminados por essa célula farão um coro único – uma coletividade fascista.
O povo nordestino não é sustentado por seu ninguém. Pelo contrário, nessas terras brotam inúmeras riquezas humanas, artísticas, culturais e naturais. Sugiro que a atriz leia “Os Sertões”. Só assim, ela poderá entender que “antes de tudo, somos fortes...”
Pois bem, recentemente, uma atriz verbalizou que ela e seus pares do Sul e Sudeste “pagam o Bolsa-Família ao Nordeste”. De fato, o inconsciente fala e, para quem sabe escutar e decifrar, ele grita em alto e bom som. Infelizmente, essa fala não é só dela. Ela foi porta-voz de muitos. São incontáveis os que crêem nisso. O problema é que, ao crer nessa barbaridade, há uma estratificação manifesta. De um lado, os que “pagam o bolsa-família” e do outro, “os que recebem e se esbaldam dessa política inclusiva”. Há um maniqueísmo: os que trabalham e os que são vagabundos! A atriz pode até não ter notado, mas é notória, nessa fala pútrida, a idéia de especiação.
Um escalonamento de base fascista que coloca o diferente num patamar sempre inferior. Daí, para o preconceito é um passo, para a exclusão é um pulo e para o extermínio é uma braçada. Se a voz coletiva assim se constituir, tudo é validado e o mais fraco, mesmo que em maioria, será exterminado. Não se precisa exterminar com câmaras de gás. Pode-se exterminar, simplesmente, com os atos de não aceitar, de rotular, de apelidar, de não incluir e com o ato de culpabilizar.
A atriz foi clara. Ela pediu que todos silenciassem, porque ela sustenta os miseráveis do Nordeste. Gostaria de acreditar que essa construção fosse produto somente do desconhecimento. Contudo, a sua forma arrogante, vertical, agressiva e preconceituosa foi capaz de desnudá-la. Eis a célula fascista saindo da quiescência. O meio de cultura dos dias de hoje é apropriado. Um crescimento conservador sem igual. O julgamento do certo e do errado pela falsa roupagem do equilíbrio moral pleno até por que os que propõem isso são repletos de imoralidade. Essa célula fascista fará muitas mitoses em cada indivíduo solitário que a possui. Depois, os que foram contaminados por essa célula farão um coro único – uma coletividade fascista.
O povo nordestino não é sustentado por seu ninguém. Pelo contrário, nessas terras brotam inúmeras riquezas humanas, artísticas, culturais e naturais. Sugiro que a atriz leia “Os Sertões”. Só assim, ela poderá entender que “antes de tudo, somos fortes...”